24/05/2014

As sete palavras de Cristo na Cruz 24

Capítulo 4: Explicação textual da segunda palavra: “Amém, Eu te digo: Hoje estarás comigo no paraíso. 6

Atentemos agora à resposta do Cristo: “amém, Eu te digo: hoje estarás comigo no Paraíso.” A palavra “amém” era usada pelo Cristo cada vez que queria fazer uma declaração solene e grave a seus seguidores. Santo Agostinho não duvidara em afirmar que essa palavra era, na boca do Senhor, uma sorte de juramento. Por certo, não podia ser um juramento, de acordo com as palavras do Cristo: “Pois vos digo que não jureis de modo algum... Seja vossa linguagem: sim, sim; não, não; o que passa além disso vem do Maligno” 22. Não podemos, por conseguinte, concluir que Nosso Senhor realizava um juramento cada vez que usava a palavra “amém”. “Amém” era um termo habitual em seus lábios, e em algumas oportunidades não apenas precedia suas afirmações com “amém”, mas com “amém, amém”. Assim, pois, a observação de Santo Agostinho — de que a palavra “amém” não é um juramento, mas uma espécie de juramento — é perfeitamente justa, porque o sentido da palavra é “verdadeiramente”: em verdade; e quando o Cristo diz: verdadeiramente vos digo, Ele afiança gravemente o que diz, e, por conseguinte, a expressão tem quase a mesma força de um juramento. Com grande razão, dirigiu-se assim ao ladrão, dizendo: “amém, Eu te asseguro”, i. é, Eu te asseguro do modo mais solene que posso sem prestar juramento: uma vez que o ladrão poderia negar — por três razões — dar crédito à promessa do Cristo, se Ele não a asseverasse solenemente. Em primeiro lugar, poderia se negar a crer por razão de sua indignidade ao ser o receptor de um prêmio tão grande, de um favor tão elevado. Pois quem imaginaria que o ladrão seria de pronto trasladado de uma cruz para um reino? Em segundo lugar, poderia se negar a crer por razão da pessoa que fez a promessa, ao ver que Ele estava, nesse momento, reduzido ao extremo da pobreza, da debilidade e do infortúnio, podendo o ladrão por isso ter argumentado: “se este homem não pôde, durante sua vida, fazer um favor a seus amigos, como vai ser capaz de assisti-los depois da morte?” Por último, poderia se negar a crer por razão da mesma promessa. Cristo prometeu o Paraíso. Pois bem, os judeus interpretavam a palavra “Paraíso” em referência ao corpo e à alma — pois sempre a usavam no sentido de um Paraíso terrestre. Se Nosso Senhor quisesse dizer: “hoje mesmo tu estarás comigo em um lugar de repouso, junto a Abraão, Isaque e Jacó”, o ladrão o creria facilmente; mas como não quis dizer isso, firmara Sua promessa com esta garantia: “amém, Eu te asseguro”.

são roberto belarmino

(Tradução: Permanência, revisão ama).


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