Capítulo
4: Explicação
textual da segunda palavra: “Amém, Eu te
digo: Hoje estarás comigo no paraíso.”
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Atentemos agora à resposta
do Cristo: “amém, Eu te digo: hoje estarás comigo no Paraíso.” A palavra “amém”
era usada pelo Cristo cada vez que queria fazer uma declaração solene e grave a
seus seguidores. Santo Agostinho não duvidara em afirmar que essa palavra era,
na boca do Senhor, uma sorte de juramento. Por certo, não podia ser um
juramento, de acordo com as palavras do Cristo: “Pois vos digo que não jureis
de modo algum... Seja vossa linguagem: sim, sim; não, não; o que passa além
disso vem do Maligno” 22. Não podemos, por conseguinte, concluir que Nosso
Senhor realizava um juramento cada vez que usava a palavra “amém”. “Amém” era
um termo habitual em seus lábios, e em algumas oportunidades não apenas precedia
suas afirmações com “amém”, mas com “amém, amém”. Assim, pois, a observação de
Santo Agostinho — de que a palavra “amém” não é um juramento, mas uma espécie
de juramento — é perfeitamente justa, porque o sentido da palavra é
“verdadeiramente”: em verdade; e quando o Cristo diz: verdadeiramente vos digo,
Ele afiança gravemente o que diz, e, por conseguinte, a expressão tem quase a
mesma força de um juramento. Com grande razão, dirigiu-se assim ao ladrão,
dizendo: “amém, Eu te asseguro”, i. é, Eu te asseguro do modo mais solene que
posso sem prestar juramento: uma vez que o ladrão poderia negar — por três
razões — dar crédito à promessa do Cristo, se Ele não a asseverasse
solenemente. Em primeiro lugar, poderia se negar a crer por razão de sua
indignidade ao ser o receptor de um prêmio tão grande, de um favor tão elevado.
Pois quem imaginaria que o ladrão seria de pronto trasladado de uma cruz para
um reino? Em segundo lugar, poderia se negar a crer por razão da pessoa que fez
a promessa, ao ver que Ele estava, nesse momento, reduzido ao extremo da
pobreza, da debilidade e do infortúnio, podendo o ladrão por isso ter
argumentado: “se este homem não pôde, durante sua vida, fazer um favor a seus
amigos, como vai ser capaz de assisti-los depois da morte?” Por último, poderia
se negar a crer por razão da mesma promessa. Cristo prometeu o Paraíso. Pois
bem, os judeus interpretavam a palavra “Paraíso” em referência ao corpo e à
alma — pois sempre a usavam no sentido de um Paraíso terrestre. Se Nosso Senhor
quisesse dizer: “hoje mesmo tu estarás comigo em um lugar de repouso, junto a
Abraão, Isaque e Jacó”, o ladrão o creria facilmente; mas como não quis dizer
isso, firmara Sua promessa com esta garantia: “amém, Eu te asseguro”.
são
roberto belarmino
(Tradução:
Permanência, revisão ama).
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