Capítulo
3:
O segundo fruto que se há-de colher da consideração da primeira Palavra dita
por Cristo na Cruz 7
Continuo ainda a ouvir
objecções. Se decidimos retribuir o mal com o bem, o insulto com a bondade, a maldição
com a bênção, os maus se tornarão insolentes, os infames se tornarão aprumados,
os justos serão oprimidos, e a virtude calcada sob seus pés. Este resultado não
se dará, pois de ordinário, no dizer do Homem Sábio, "a resposta branda
aquieta a ira" 12. Ademais, a paciência de um homem justo não poucas vezes
enche de admiração seu opressor, e o persuade a estender a mão da amizade. Por
outra, esquecemos que o Estado nomeia magistrados, reis e príncipes, cujo dever
é fazer que os malvados sintam a severidade da lei, e prover meios para que os
homens honestos vivam uma vida tranquila e pacífica? E se em alguns casos a
justiça humana é tardia, a Providência de Deus, que nunca permite que um ato
malévolo passe sem castigo ou um ato bom sem recompensa, está continuamente nos
observando e, de um modo imprevisível, cuidando para que as ocasiões em que os
malvados creem que humilharão os virtuosos, conduzam estes à exaltação e honra.
Pelo menos assim o diz São Leão: "Estiveste furioso, ó perseguidor da
Igreja de Deus, estiveste furioso com o mártir, e aumentaste sua glória
aumentando sua dor. Pois que inventaste em tua ingenuidade que se voltasse em
tua honra, se até seus instrumentos de tortura foram tomados em triunfo?".
O mesmo deve ser dito de todos os mártires e santos da antiga lei, pois que
trouxe mais reputação e glória ao patriarca José que a perseguição de seus
irmãos? O ter sido vendido por inveja aos ismaelitas foi ocasião para que se
convertesse em senhor de todo Egipto e príncipe de todos seus irmãos.
são
roberto belarmino
(Tradução:
Permanência, revisão ama).
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Notas:
12.
Pr 15,1.
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