Capítulo
3:
O segundo fruto que se há-de colher da
consideração da primeira Palavra dita por Cristo na Cruz 3
Quanto ao argumento de que
um animal é levado por sua própria natureza a atacar o animal inimigo de sua espécie,
respondo que isto é o resultado de serem animais irracionais, que não podem
distinguir entre a natureza e o que é vicioso na natureza. Mas os homens, que
são dotados de razão, hão-de traçar uma linha entre a natureza ou a pessoa,
que, criadas por Deus, são boas, e o vício ou o pecado que é mau e não procede
de Deus. Da mesma maneira, quando um homem for insultado, deve amar a pessoa de
seu inimigo e odiar o insulto, e deve antes se compadecer dele que se perturbar
com ele, assim como um médico que ama seus pacientes e lhes prescreve com o
devido cuidado, mas que odeia a enfermidade e luta com todos os recursos a sua
disposição para afugentá-la, destruí-la, torná-la inofensiva. E isto é o que o
Mestre e Doutor de nossas almas, Cristo Nosso Senhor, ensina quando diz:
"Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que
vos perseguem e caluniam" 2. Cristo, nosso Mestre, não é como os Escribas
e Fariseus que se sentavam na cátedra de Moisés e ensinavam, mas não praticavam
o que ensinavam. Quando subiu ao púlpito da Cruz, Ele praticou o que ensinou ao
rezar por seus inimigos, que amava: "Pai, Perdoa-lhes, porque não sabem o
que fazem". Porém, a razão pela qual a visão de um inimigo faz que em
algumas pessoas o sangue ferva em suas veias, é esta: são animais que não
aprenderam a trazer as moções da parte inferior da alma, comum tanto à raça
humana como à criação selvagem, sob o domínio da razão, ao passo que os homens
espirituais não estão sujeitos a estes movimentos da carne, pois sabem como
mantê-los controlados, e não se turbam com aqueles que os injuriaram, senão
que, ao contrário, se compadecem, e, estendendo a eles atos de bondade, se
esforçam por levar-lhes a paz e a unidade.
são
roberto belarmino
(Tradução:
Permanência, revisão ama).
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Notas:
2.
Mt 5,44.
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