Um
diálogo comigo mesmo!
Estranha
coisa!
Parece-me
uma perda de tempo, porque, na verdade, não se trata de um diálogo no
verdadeiro sentido do termo mas de um monólogo.
Desta
discussão será difícil surgir um vencedor. Que um prevaleça sobre o outro
parece-me quase impossível já que conheço em detalhe os argumentos de cada uma
das partes.
Pensando
um pouco melhor… resolvi continuar.
Perda
de tempo?
Não…
talvez conseguisse arranjar algo que justificasse este envolvimento em coisa
tão singular.
Argumentei
muito com a vida, as incidências do dia-a-dia, daquilo que acontece contra
todas as previsões, as dificuldades, os problemas, os entusiasmos e sonhos
caídos por terra, a conclusão, por vezes triste, de uma condição humana nada
agradável.
Não
entendo como é possível este ‘encarniçamento’ divino contra mim.
O
que é que Deus pretende?
Levar-me
ao limite das minhas forças, da minha compreensão, da minha capacidade de
aceitar?
Porque,
na verdade, parece-me que é isto que tem acontecido e, pior, parece-me que é
isto que vai continuar a acontecer só que, piorando e muito as coisas.
É
possível Deus ter-se enganado a meu respeito, achar que eu sou capaz, que
aguento, que “convenho” realmente aos Seus planos, sejam eles quais forem?
Que
qualidades terá encontrado – qualidades que eu não descubro – para Se
‘arriscar’ em tal aventura?
Dei
comigo a pensar na vida e na morte e, chego à conclusão que tenho mais medo da
vida que da morte.
Aliás,
da morte não tenho medo nenhum e, até, penso nela com frequência, não a
desejando mas… quase. Seria coisa cómoda, como disse S. Josemaria e, isso, é o
suficiente para que Deus a não queira, ainda, para mim.
Começo
a desenhar o percurso de há mais ou menos doze anos para cá e descubro,
atónito, como que um plano muito bem delineado para me levar onde estou agora.
As
promessas que não foram cumpridas por parte de pessoas em quem acreditei
cegamente, as expectativas goradas dia após dia, mês após mês, os enganos,
embustes, adiamentos o fazer de conta.
E… eu? O que fiz? Sou uma vítima pura e
simples?
Claro que sou uma vítima mas de mim
próprio. Não ter visto a realidade da vida, querer ser alguém que nunca poderia
ser, a vaidade, o orgulho, o protagonismo sempre desejado, o atordoamento com
fortunas passageiras, o malbaratar a vida, as oportunidades, os ensejos.
“Atiro” sempre para os lados quando o alvo
está aqui, neste metro e oitenta e tal de carne e ossos que por vezes se
esquece que é bastante mais que isso: Uma imagem, concreta, real, verdadeira do
Deus Criador e Senhor de todas as coisas!
Fui e sou, ‘o carpinteiro da minha cruz’. [1]
De facto, não
precisei de ajuda de ninguém, fiz tudo sozinho com aplicação e esmero tais que,
agora, nada mais me resta que pedir a Deus que a leve por mim que, eu, não
posso!
(ama, 2008.01.18) [2]
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