A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Evangelho: Lc 10, 21-37
21 Naquela mesma hora Jesus exultou de alegria no Espírito
Santo, e disse: «Graças Te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque
escondeste estas coisas aos sábios e aos prudentes, e as revelaste aos simples.
Assim é, ó Pai, porque assim foi do Teu agrado. 22 Todas as coisas
Me foram entregues por Meu Pai; e ninguém sabe quem é o Filho, senão o Pai, nem
quem é o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar». 23
Depois, tendo-Se voltado para os discípulos, disse: «Felizes os olhos que vêem
o que vós vedes. 24 Porque Eu vos afirmo que muitos profetas e reis
desejaram ver o que vós vedes e não o viram, ouvir o que vós ouvis e não o
ouviram». 25
Eis que se levantou um doutor da lei, e disse-Lhe para o experimentar: «Mestre,
que devo eu fazer para alcançar a vida eterna?». 26 Jesus
respondeu-lhe: «O que é que está escrito na Lei? Como lês tu?». 27
Ele respondeu: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua
alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e o teu próximo
como a ti mesmo». 28 Jesus disse-lhe: «Respondeste bem: faz isso e
viverás». 29 Mas ele, querendo justificar-se, disse a Jesus: «E quem
é o meu próximo?». 30 Jesus, retomando a palavra, disse: «Um homem
descia de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos ladrões, que o despojaram,
o espancaram e retiraram-se, deixando-o meio morto. 31 Ora aconteceu
que descia pelo mesmo caminho um sacerdote que, quando o viu, passou de largo. 32
Igualmente um levita, chegando perto daquele lugar e vendo-o, passou adiante. 33
Um samaritano, porém, que ia de viagem, chegou perto dele e, quando o viu,
encheu-se de compaixão. 34 Aproximou-se, ligou-lhe as feridas,
deitando nelas azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu jumento, levou-o a uma
estalagem e cuidou dele. 35 No dia seguinte tirou dois denários,
deu-os ao estalajadeiro e disse-lhe: Cuida dele; quanto gastares a mais, eu to
pagarei quando voltar. 36 Qual destes três te parece que foi o
próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões?». 37 Ele respondeu:
«O que usou de misericórdia com ele». Então Jesus disse-lhe: «Vai e faz tu o
mesmo».
CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA
DEI VERBUM
SOBRE A REVELAÇÃO DIVINA
CAPÍTULO
III
A INSPIRAÇÃO DIVINA DA
SAGRADA ESCRITURA E A SUA INTERPRETAÇÃO
Natureza
da inspiração e verdade da Sagrada Escritura
11.
As coisas reveladas por Deus, contidas e manifestadas na Sagrada Escritura,
foram escritas por inspiração do Espírito Santo. Com efeito, a santa mãe
Igreja, segundo a fé apostólica, considera como santos e canónicos os livros
inteiros do Antigo e do Novo Testamento com todas as suas partes, porque,
escritos por inspiração do Espírito Santo (cfr. Jo. 20,31, 2 Tim. 3,16, 2 Ped.
1, 19-21, 3, 15-16), têm Deus por autor, e como tais foram confiados à própria
Igreja [i].
Todavia, para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens
na posse das suas faculdades e capacidades [ii],
para que, agindo Ele neles e por eles [iii],
pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele
queria [iv].
E
assim, como tudo quanto afirmam os autores inspirados ou hagiógrafos deve ser
tido como afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve acreditar que os
livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que
Deus, para nossa salvação, quis que fosse consignada nas sagradas Letras [v].
Por isso, «toda a Escritura é divinamente inspirada e útil para ensinar, para
corrigir, para instruir na justiça: para que o homem de Deus seja perfeito,
experimentado em todas as obras boas» (Tim. 3, 7-17 gr.).
Interpretação
da Sagrada Escritura
12.
Como, porém, Deus na Sagrada Escritura falou por meio dos homens e à maneira
humana [vi],
o intérprete da Sagrada Escritura, para saber o que Ele quis comunicar-nos,
deve investigar com atenção o que os hagiógrafos realmente quiseram significar
e que aprouve a Deus manifestar por meio das suas palavras.
Para
descobrir a intenção dos hagiógrafos, devem ser tidos também em conta, entre
outras coisas, os «géneros literários». Com efeito, a verdade é proposta e
expressa de modos diversos, segundo se trata de géneros históricos, proféticos,
poéticos ou outros. Importa, além disso, que o intérprete busque o sentido que
o hagiógrafo em determinadas circunstâncias, segundo as condições do seu tempo
e da sua cultura, pretendeu exprimir e de facto exprimiu servindo-se dos
géneros literários então usados [vii].
Com efeito, para entender rectamente o que autor sagrado quis afirmar, deve
atender-se convenientemente, quer aos modos nativos de sentir, dizer ou narrar
em uso nos tempos do hagiógrafo, quer àqueles que costumavam empregar-se
frequentemente nas relações entre os homens de então [viii].
Mas,
como a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com
que foi escrita [ix],
não se deve dar menos atenção, na investigação do recto sentido dos textos
sagrados, ao contexto e à unidade de toda a Escritura, tendo em conta a
Tradição viva de toda a Igreja e a analogia da fé. Cabe aos exegetas trabalhar,
de harmonia com estas regras, por entender e expor mais profundamente o sentido
da Escritura, para que, mercê deste estudo de algum modo preparatório,
amadureça o juízo da Igreja. Com efeito, tudo quanto diz respeito à
interpretação da Escritura, está sujeito ao juízo último da Igreja, que tem o
divino mandato e o ministério de guardar e interpretar a palavra de Deus [x].
Condescendência
de Deus
13.
Portanto, na Sagrada Escritura, salvas sempre a verdade e a santidade de Deus,
manifesta-se a admirável «condescendência» da eterna sabedoria, «para
conhecermos a inefável benignidade de Deus e com quanta acomodação Ele falou,
tomando providência e cuidado da nossa natureza» [xi].
As palavras de Deus com efeito, expressas por línguas humanas, tornaram-se
intimamente semelhantes à linguagem humana, como outrora o Verbo do eterno Pai
se assemelhou aos homens tomando a carne da fraqueza humana.
CAPÍTULO
IV
O
ANTIGO TESTAMENTO
A
história da salvação consignada nos livros do Antigo Testamento
14.
Deus amantíssimo, desejando e preparando com solicitude a salvação de todo o
género humano, escolheu por especial providência um povo a quem confiar as suas
promessas. Tendo estabelecido aliança com Abraão (cfr. Gén. 15,18), e com o
povo de Israel por meio de Moisés (cfr. Ex. 24,8), revelou-se ao Povo escolhido
como único Deus verdadeiro e vivo, em palavras e obras, de tal modo que Israel
pudesse conhecer por experiência os planos de Deus sobre os homens, os
compreendesse cada vez mais profunda e claramente, ouvindo o mesmo Deus falar
por boca dos profetas, e os difundisse mais amplamente entre os homens (cfr.
Salm. 21, 28-29, 95, 1-3, Is. 2, 1-4, Jer. 3,17). A «economia» da salvação de
antemão anunciada, narrada e explicada pelos autores sagrados, encontra-se nos
livros do Antigo Testamento como verdadeira palavra de Deus. Por isso, estes
livros divinamente inspirados conservam um valor perene: «Tudo quanto está
escrito, para nossa instrução está escrito, para que, por meio da paciência e
consolação que nos vem da Escritura, tenhamos esperança» (Rom. 15,4).
Importância
do Antigo Testamento para os cristãos
15.
A «economia» do Antigo Testamento destinava-se sobretudo a preparar, a anunciar
profeticamente (cfr. Lc. 24,44, Jo. 5,39, 1 Ped. 1,10) e a simbolizar com
várias figuras (cfr. 1 Cor. 10,11) o advento de Cristo, redentor universal, e o
do reino messiânico. Mas os livros do Antigo Testamento, segundo a condição do
género humano antes do tempo da salvação estabelecida por Cristo, manifestam a
todos o conhecimento de Deus e do homem, e o modo com que Deus justo e
misericordioso trata os homens. Tais livros, apesar de conterem também coisas
imperfeitas e transitórias, revelam, contudo, a verdadeira pedagogia divina [xii].
Por isso, os fiéis devem receber com devoção estes livros que exprimem o vivo
sentido de Deus, nos quais se encontram sublimes doutrinas a respeito de Deus,
uma sabedoria salutar a respeito da vida humana, bem como admiráveis tesouros
de preces, nos quais, finalmente, está latente o mistério da nossa salvação.
Unidade
de ambos ao Testamentos
16.
Foi por isso que Deus, inspirador e autor dos livros dos dois Testamentos,
dispôs tão sabiamente as coisas, que o Novo Testamento está latente no Antigo,
e o Antigo está patente no Novo [xiii].
Pois, apesar de Cristo ter alicerçado à nova Aliança no seu sangue (cfr. Lc.
22,20, 1 Cor. 11,25), os livros do Antigo Testamento, ao serem integralmente
assumidos na pregação evangélica [xiv]
adquirem e manifestam a sua plena significação no Novo Testamento (cfr. Mt.
5,17, Lc. 24,27, Rom. 16, 25-26, 2 Cor. 3, 1416), que por sua vez iluminam e
explicam.
CAPÍTULO
V
O NOVO TESTAMENTO
Excelência
do Novo Testamento
17.
A palavra de Deus, que é virtude de Deus para a salvação de todos os crentes
(cfr. Rom. 1,16), apresenta-se e manifesta o seu poder dum modo eminente nos
escritos do Novo Testamento. Com efeito, quando chegou a plenitude dos tempos
(cfr. Gál. 4,4), o Verbo fez-se carne e habitou entre nós cheio de graça e
verdade (cfr. Jo. 1,14). Cristo estabeleceu o reino de Deus na terra,
manifestou com obras e palavras o Pai e a Si mesmo, e levou a cabo a Sua obra
com a Sua morte, ressurreição, e gloriosa ascensão, e com o envio do Espírito
Santo. Sendo levantado da terra, atrai todos a si (cfr. Jo. 12,32 gr.), Ele que
é o único que tem palavras de vida eterna (cfr. Jo. 6,68). Este mistério,
porém, não foi descoberto a outras gerações como foi agora revelado aos seus
santos Apóstolos e aos profetas no Espírito Santo (cfr. Ef. 3, 46 gr.) para que
pregassem o Evangelho, e despertassem a fé em Jesus Cristo e Senhor, e
congregassem a Igreja. Os escritos do Novo Testamento são um testemunho perene
e divino de todas estas coisas.
Origem
apostólica dos Evangelhos
18.
Ninguém ignora que entre todas as Escrituras, mesmo do Novo Testamento, os
Evangelhos têm o primeiro lugar, enquanto são o principal testemunho da vida e
doutrina do Verbo encarnado, nosso salvador.
A
Igreja defendeu e defende sempre e em toda a parte a origem apostólica dos
quatro Evangelhos. Com efeito, aquelas coisas que os Apóstolos, por ordem de
Cristo, pregaram, foram depois, por inspiração do Espírito Santo, transmitidas
por escrito por eles mesmos e por varões apostólicos como fundamento da fé, ou
seja, o Evangelho quadriforme, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João [xv].
Carácter
histórico dos Evangelhos
19.
A santa mãe Igreja defendeu e defende firme e constantemente que estes quatro
Evangelhos, cuja historicidade afirma sem hesitação, transmitem fielmente as
coisas que Jesus, Filho de Deus, durante a sua vida terrena, realmente operou e
ensinou para salvação eterna dos homens, até ao dia em que subiu ao céu (cfr.
Act. 1. 1-2). Na verdade, após a ascensão do Senhor, os Apóstolos transmitiram
aos seus ouvintes, com aquela compreensão mais plena de que eles, instruídos
pelos acontecimentos gloriosos de Cristo e iluminados pelo Espírito de verdade [xvi]
gozavam [xvii],
as coisas que Ele tinha dito e feito. Os autores sagrados, porém, escreveram os
quatro Evangelhos, escolhendo algumas coisas entre as muitas transmitidas por
palavra ou por escrito, sintetizando umas, desenvolvendo outras, segundo o
estado das igrejas, conservando, finalmente, o carácter de pregação, mas sempre
de maneira a comunicar-nos coisas autênticas e verdadeiras acerca de Jesus [xviii].
Com efeito, quer relatassem aquilo de que se lembravam e recordavam, quer se
baseassem no testemunho daqueles «que desde o princípio foram testemunhas
oculares e ministros da palavra», fizeram-no sempre com intenção de que
conheçamos a «verdade» das coisas a respeito das quais fomos instruídos (cfr.
Lc. 1, 2-4).
Os
restantes escritos do Novo Testamento
20.
O cânon do Novo Testamento contém igualmente além dos quatro Evangelhos, as
Epístolas de S. Paulo e outros escritos apostólicos redigidos por inspiração do
Espírito Santo, com os quais, segundo o plano da sabedoria divina, é confirmado
o que diz respeito a Cristo Senhor, é explicada mais e mais a sua genuína
doutrina, é pregada a virtude salvadora da obra divina de Cristo, são narrados
os começos da Igreja e a sua admirável difusão, e é anunciada a sua consumação
gloriosa.
Com
efeito, o Senhor Jesus assistiu os seus Apóstolos como tinha prometido (cfr.
Mt. 28,20) e enviou-lhes o Espírito consolador que os devia introduzir na
plenitude da verdade (cfr. Jo. 16,13).
Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.
[i]
Cfr. Conc.
Vat. I, Const. dogm. de fide cath., Dei Filius, cap. 2: Denz. 1787 (3006).
Denz. da Comissão Biblica, 18 jun. 1915: Denz. 2180 (3629) , EB 420. Santo
Officio, Epist., 22 dez. 1923: EB 499.
[ii]
Cfr. Pio XII,
Encíclica Divino afflante Spiritu, 30 set. 1944: AAS 35 (1943) 314, EB 556.
[iii]
Em
o por o homem: cfr. Hebr. 1,1 e 4,7 (Em), 2 Sam. 23,2, Mt. 1,22 e passim (por),
Conc. Vat. I: schema de doctr. cath., nota 9: Coll. Lac. VII, 522.
[iv]
Leão
XIII, Encíclica Providentissimus Deus, 18 nov. 1893: Denz. 1952 (3293) EB 125.
[v]
Cfr. S.
Agostinho, De Gen. ad Litt. 2, 9, 20: PL 34, 270-271, CSEL 28, 1, 46-47 e
Epist. 82, 3: PL 33, 277: CSEL 34, 2, p. 354.—S. Tomás, De Ver. q. 12, a. 2 c.
—Conc. de Trento, decr. De canonicis Scripturis: Denz. 783 (1501) —Ledo XIII,
Enc. Providentissimus: EB 121, 124, 126-127—Pio XII, Enc. Divino afflante
Spiritu: EB 539.
[vi]
S.
Agostinho, De civ. Dei, XVII, 6, 2: PL 41, 537: CSEL XL 2, 228.
[vii]
S. Agostinho,
De doct. christ., III, 18, 26: PL 34, 75-76, CSEL 80, 95.
[viii]
Pio XII, 1.
c.: Denz. 2294 (3829-3830), EB 557-562.
[ix]
Cfr. Bento XV, Enc. Spiritus Paraclitus, 15 set. 1920:
EB 469.- S. Jerónimo, In Gal., 5, 19-21: PL 26, 417 A.
[xi]
S. João
Crisóstomo, In Gen. 3,8 (hom. 17,1): PG 53, 134. «Acomodação», em grego
synkatábasis.
[xii] Pio
XI, Enc. Mit brennender Sorge, 14 mar. 1937: AAS 29 (1937) 151.
[xiv] S. Ireneu, Adv.:
Haer. III, 21, 3: PG 7, 950: ( = 25, 1: Harvey 2, p. 115). S. Cirilo de
Jerusalém, Caech. 4, 35: PG 33, 497, Teodoro de Mopsuesta, In Soph. 1, 4-6: PG
66, 452 D-453 A.
[xvi]
Cfr.
Jo. 14,26, 16,13,
[xvii]
Cfr.
Jo. 2,22, 12,16, eft. 14,26, 16, 12-13, 7,39.
[xviii]
Cfr.
Instrução Sancta Mater Ecclesia, da Pontifícia Comisão Bíblica: AAS 56 (1964)
715.
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