27/02/2014

Leitura espiritual para Fev 27

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. 
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 1, 39-56

39 Naqueles dias, levantando-se Maria, foi com pressa às montanhas, a uma cidade de Judá. 40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. 41 Aconteceu que, logo que Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe no ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo; 42 e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre. 43 Donde a mim esta dita, que venha ter comigo a mãe do meu Senhor? 44 Porque, logo que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, o menino saltou de alegria no meu ventre.45 Bem-aventurada a que acreditou, porque se hão-de cumprir as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor». 46 Então Maria disse: «A minha alma glorifica o Senhor; 47 e o meu espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador, 48 porque olhou para a humildade da Sua serva. Portanto, eis que, de hoje em diante, todas as gerações me chamarão ditosa, 49 porque o Todo-poderoso fez em mim grandes coisas. O Seu nome é Santo, 50 e a Sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem.51 Manifestou o poder do Seu braço, dispersou os homens de coração soberbo.52 Depôs do trono os poderosos, elevou os humildes. 53 Encheu de bens os famintos, e aos ricos despediu de mãos vazias. 54 Tomou cuidado de Israel, Seu servo, lembrado da Sua misericórdia; 55 conforme tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre». 56 Maria ficou com Isabel cerca de três meses; depois voltou para sua casa.



JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

Iniciação à Cristologia

3. A comunicação da obra redentora de Cristo aos homens. A redenção objectiva e subjectiva

a) A redenção objectiva e subjectiva

    Assim como dizemos que há uma cura quando realmente é curado o doente; do mesmo modo a redenção dos homens é efectiva quando eles são libertados do mal.
Por isso, a redenção é um processo que continua até ao fim dos tempos, conforme os homens se vão unindo ao Senhor e participando da salvação, que só estará consumada com a Ressurreição futura. Todavia, nesta única realidade, que é a redenção do homem, podemos distinguir dois aspectos:

    A redenção objectiva.

Chama-se «redenção objectiva» à obra levada a cabo pelo Redentor, tanto na sua vida terrena como desde o céu, na sua vida gloriosa, com a cooperação do Espírito Santo.
Esta obra de Cristo constitui a causa da salvação dos homens ao ser-lhes comunicada. Podemos compará-la a um remédio que fosse capaz de curar toda a doença, ou – como ensina Jesus – a uma fonte de água viva que salta até à vida eterna e pode saciar a sede para sempre. (cf. Jo 4,10-14).

    A redenção subjectiva.

Mas para que esse remédio tenha eficácia é necessário que o doente o tome.
Assim pois, se chama «redenção subjectiva» à participação nos frutos da obra de Cristo em cada um dos homens, à efectiva salvação do homem.

    Ainda que Cristo seja a Cabeça do género humano e o princípio da vida sobrenatural de todos os homens, a sua obra redentora não se nos comunica imediatamente por meio da natureza humana, como sucede com o pecado de Adão, mas por um renascimento espiritual pelo qual nos incorporamos n’Ele.
Então Jesus é «para nós, sabedoria, justiça, santificação e redenção» (1 Cor 1,30): então participamos da sua sabedoria, da sua graça e santidade, então somos redimidos e deixamos de ser escravos.

    Esta regeneração, por um lado, é fruto da acção de Cristo e, por outro lado, da nossa acção para nos unirmos a Ele.
Cada um de nós tem de acolher a acção do Espírito Santo e incorporar-se com a sua própria liberdade no Redentor: é necessário que cada um voluntariamente vá a Jesus e beba dessa água, e então encher-se-á do Espírito divino. (cf. Jo 7,37-39).
    Por isso, a universalidade da redenção não significa que todos os homens de facto se salvem:

Cristo, certamente, é o redentor de todo o género humano e, pela acção do Espírito Santo, oferece a cada homem a salvação, mas o homem pode rejeitar a graça que se lhe oferece.

Assim diz a Escritura: «Veio a luz ao mundo e os homens amaram mais as trevas que a luz» (Jo 3,19; cf. Jo 1,11).

b) O Espírito Santo na comunicação da obra redentora aos homens

    Jesus Cristo é a fonte de toda a graça:

Jesus é a vide e nós os sarmentos que recebemos a vida que procede da cepa (cf. Jo 15,1-5).

E já sabemos que a sua humanidade, como instrumento unido à pessoa do Verbo, nos comunica a vida sobrenatural não pelo poder próprio da sua natureza humana, mas sim pelo poder divino.
Esta omnipotência divina alcança todos os homens, e faz com que as acções e méritos de Cristo se possam aplicar e ter eficácia salvífica em cada um.

    Ainda que este poder seja comum más três pessoas divinas, costuma-se apropriar ao Espírito Santo: Cristo salva-nos pela acção do Espírito Santo – in Spiritu sancto, ou in virtute spiritus (cf. Rom 15,16.19) -, com o poder do espírito divino.

    Assim pois, os homens alcançam a salvação pela acção do Espírito que nos faz partícipes da obra de Cristo.
E sendo o Espírito Santo a causa eficiente principal e Cristo-homem a instrumental (e não ao contrário), a acção salvífica de ambos é uma só, de modo que não se podem separar efeitos diferentes de um ou de outro.
Portanto, cada um dos homens é «tocado» pela acção dos dois; em nenhum caso se dá uma acção do Espírito Santo fora da obra de Cristo, à margem da fé n’Ele e dos meios que estabeleceu:

«Todo o que se faz pelo Espírito Santo, também é feito por Cristo»[1].

c) Cristo comunica a salvação aos homens na Igreja e pela Igreja

    O único Redentor do mundo, elevado ao céu e glorificado, continua a sua presença e a sua obra salvífica na Igreja para comunicar universalmente os frutos da redenção.
Deste modo todos os homens podem encontrar de uma for exequível e visível a luz da verdade, a libertação do pecado e a comunhão com Deus: numa palavra, na Igreja e pela Igreja encontram Cristo e a salvação.

    No desígnio de Deus, a Igreja unida e subordinada a Jesus Cristo, que é a sua Cabeça, tem uma relação indispensável com a salvação de cada homem; daí que seja «sacramento universal de salvação»[2].

Assim pois, toda a graça provém de Cristo, é comunicada pelo Espírito Santo, e está misteriosamente relacionada com a Igreja: todo o tesouro da graça de Cristo pertence também à sua esposa e a ela se orienta. P
or isso «a Igreja peregrina é necessária para a salvação, pois Cristo é o único Mediador e caminho de salvação e faz-se presente em nós no seu corpo que é a Igreja»[3].

d) O que se requer por parte do homem para unir-se a Cristo e participar da redenção

    Segundo o desígnio divino, o homem tem que incorporar-se livremente em Cristo e assim pode receber os frutos da sua obra redentora[4].

E o homem une-se a Cristo pela fé viva e os sacramentos da Igreja.

    A fé viva.

O início da união que podemos ter com Cristo neste mundo é a fé, que é a nossa livre acolhida e aceitação do Senhor.
A fé é o requisito necessário para participar da obra de Cristo: ninguém se pode salvar sem a fé, que é o fundamento e a origem de to a justificação (cf. Heb 116).

    Segundo os ensinamentos da Escritura, pela fé em Cristo alcançamos a justificação, pela fé ele habita nos nossos corações (cf. Ef 3,17) e por e pela somos feitos filhos de Deus (Cf. Gal 3,26).
Mas esta fé que nos faz partícipes da salvação não consiste só em aceitar as palavras de Jesus, ou em confiar na misericórdia divina, mas na adesão sem reservas à verdade em pessoa, que é Ele mesmo.
A fé que nos incorpora em Cristo e que nos salva é a fé viva, a fé que obra por caridade (cf. Gal 5,6), a fé acompanhada pelo arrependimento dos pecados e obras para cumprir os mandatos do Senhor (cf. Sant 2,14-26).

A participação nos sacramentos.

Os sacramentos são os meios visíveis principais que o Senhor estabeleceu para que nós, homens, entremos em comunhão com Ele e assim fazer-nos partícipes dos frutos da sua obra redentora.
Entre eles destaquemos:

    O baptismo.

O baptismo é o sacramento do nascimento para a vida sobrenatural, é a porta da vida no Espírito que nos liberta do pecado e nos comunica a nova vida que Cristo nos ganhou.
Produz a primeira união do homem com Cristo, e n’Ele, a união com o seu Corpo místico: este sacramento faz-nos membros de Cristo e da Igreja. Sem baptismo não há união com o nosso Salvador, nem podemos ter vida sobrenatural; por isso é necessário para a salvação (cf. Jo 3,2).

    A Eucaristia.

Jesus Cristo, que está contido realmente neste sacramento, une consigo os fiéis que o recebem.
Fá-los uma só coisa com Ele, fá-los partícipes de tudo o seu e comunica-lhes a vida eterna.
Ele é o «pão da vida», de modo que se não participamos deste sacramento não temos vida em nós (cf. Jo 6,48-58)[5].

    Se isto é assim, podem salvar-se os não cristãos?

A resposta é que a doutrina sobre a necessidade da fé e dos sacramentos para nos unirmos a Cristo e receber os frutos da redenção não se contrapõe à vontade salvífica universal de Deus.

Certamente Ele concede a todos os homens a graça que salva (por meio de Cristo no Espírito, e que tem relação com a Igreja)[6].
Todavia, desconhecemos o modo como a graça chega aos não cristãos:

Outorga-a «pelos caminhos que só Ele sabe»[7].

Mas é claro que cada um deles terá que acolher livremente esse dom divino para se salvar.

3. Os efeitos da obra redentora de Cristo nos homens

    O Filho de Deus encarnou-se «para que o mundo se salve por Ele» (Jo 3,17).
E já vimos no capítulo II que a salvação do homem comporta dois aspectos inseparáveis: a libertação do pecado e a participação da vida divina.
Mas ao mesmo tempo, estes dois efeitos da única obra da nossa salvação apresentam na revelação divina diversas facetas ou aspectos, a modo de variados frutos da redenção. Vejamos alguns deles.

a) Cristo liberta-nos do pecado

    Jesus recebeu da parte de Deus esse nome – que significa Salvador – porque, como indicou o anjo a José, «salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt 1,21).
Com efeito, Ele conseguiu-nos a redenção plena do pecado, uma libertação que afecta a todo o homem, em todas as dimensões do seu ser.
Cristo consegue-nos a plena libertação do pecado enquanto à culpa – que é o mal fundamental – e enquanto à pena – sua consequência -, e isto no que se refere tanto à alma como ao corpo.

    Libertação do pecado enquanto à culpa.

O pecado consiste no afastamento e oposição da vontade humana à de Deus e leva consigo a a privação da comunhão com a vida divina.

E Jesus Cristo «amou-nos e livrou-nos dos nossos pecados com o seu sangue» (Ap 1,5) por meio da graça que nos concede; já que a remissão do pecado se realiza no homem por infusão da graça, de modo semelhante a como as trevas da noite desaparecem quando nasce a luz do sol.

Expressando este mesmo afecto noutros termos, podemos dizer que Cristo nos alcança o perdão dos pecados (cf. Act 5,31) ou a conversão do coração ao amor divino.

    Libertação do pecado enquanto à pena.

Ao libertar-nos da culpa, Cristo liberta-nos também das suas consequências:

«Por conseguinte, nenhuma condenação pesa já sobre os que estão em Cristo Jesus» (Rom 8,1).

Liberta-nos de todas as penas e escravidões que derivam do pecado tanto na alma como no corpo: liberta-nos da ignorância e da tristeza, da desordem interior que nos submete às paixões, da dor e da morte.

    Neste mundo permanecem ainda essas penalidades, mas Cristo transformou-as de modo a que já não têm um sentido meramente penal mas de purificação e como caminho para a glória.
E no final dos tempos Ele fará desaparecer definitivamente todas as marcas do pecado par uma vida eterna e feliz.

A libertação que Cristo nos consegue é na verdade perfeita e total.

(cont.)





[1] S. TOMÁS DE AQUINO, Super Ep. Ad Ephesios, cap 2, lect 5, n 121. Cf. CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Dominus Iesus, n. 12.
[2] LG, 48; cf. CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Dominus Iesus, n. 12.
[3] LG, 14.
[4] Cf. S. JOSEMARÍA ESCRIVÁ, Cristo que passa, 104: «Na vida espiritual não há uma nova época a que chegar. Já está tudo dado em Cristo, que morreu, ressuscitou, e vive e permanece sempre. Mas há que unir-se a Ele pela fé, deixando que a sua vida se manifeste em nós, de forma que possa dizer-se que cada cristão não é já alter Christus, mas sim ipse Christus, o próprio Cristo!».
[5] Ainda que o baptismo já nos incorpore em Cristo e no seu Corpo místico, essa união é tão só o início da mais plena união que tem lugar com a Eucaristia, á qual aquela primeira se ordena: Cf. CONC. VATICANO II, Unitatis redintagratio, 22.
[6] Cf. CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Dominus Iesus, n. 20-23.
[7] CONC. VATICANO II, Ad gentes, 7;; cf. GS, 22; CCE, 847.

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