A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A.
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
39
Naqueles dias, levantando-se Maria, foi com pressa às montanhas, a uma cidade
de Judá. 40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. 41
Aconteceu que, logo que Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe
no ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo; 42 e exclamou em
alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre. 43
Donde a mim esta dita, que venha ter comigo a mãe do meu Senhor? 44
Porque, logo que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, o menino saltou
de alegria no meu ventre.45 Bem-aventurada a que acreditou, porque
se hão-de cumprir as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor». 46
Então Maria disse: «A minha alma glorifica o Senhor; 47 e o meu
espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador, 48 porque olhou
para a humildade da Sua serva. Portanto, eis que, de hoje em diante, todas as
gerações me chamarão ditosa, 49 porque o Todo-poderoso fez em mim
grandes coisas. O Seu nome é Santo, 50 e a Sua misericórdia se
estende de geração em geração sobre aqueles que O temem.51
Manifestou o poder do Seu braço, dispersou os homens de coração soberbo.52
Depôs do trono os poderosos, elevou os humildes. 53 Encheu de bens
os famintos, e aos ricos despediu de mãos vazias. 54 Tomou cuidado
de Israel, Seu servo, lembrado da Sua misericórdia; 55 conforme
tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre». 56
Maria ficou com Isabel cerca de três meses; depois voltou para sua casa.
JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR
Iniciação à Cristologia
3. A comunicação da obra redentora de Cristo aos
homens. A redenção objectiva e subjectiva
a) A redenção objectiva e subjectiva
Assim como dizemos que há uma cura quando
realmente é curado o doente; do mesmo modo a redenção dos homens é efectiva
quando eles são libertados do mal.
Por isso,
a redenção é um processo que continua até ao fim dos tempos, conforme os homens
se vão unindo ao Senhor e participando da salvação, que só estará consumada com
a Ressurreição futura. Todavia, nesta única realidade, que é a redenção do
homem, podemos distinguir dois aspectos:
A
redenção objectiva.
Chama-se
«redenção objectiva» à obra levada a cabo pelo Redentor, tanto na sua vida
terrena como desde o céu, na sua vida gloriosa, com a cooperação do Espírito
Santo.
Esta obra
de Cristo constitui a causa da salvação dos homens ao ser-lhes comunicada.
Podemos compará-la a um remédio que fosse capaz de curar toda a doença, ou –
como ensina Jesus – a uma fonte de água viva que salta até à vida eterna e pode
saciar a sede para sempre. (cf. Jo 4,10-14).
A
redenção subjectiva.
Mas para
que esse remédio tenha eficácia é necessário que o doente o tome.
Assim
pois, se chama «redenção subjectiva» à participação nos frutos da obra de
Cristo em cada um dos homens, à efectiva salvação do homem.
Ainda que Cristo seja a Cabeça do género
humano e o princípio da vida sobrenatural de todos os homens, a sua obra
redentora não se nos comunica imediatamente por meio da natureza humana, como
sucede com o pecado de Adão, mas por um renascimento espiritual pelo qual nos
incorporamos n’Ele.
Então
Jesus é «para nós, sabedoria, justiça, santificação e redenção» (1 Cor 1,30):
então participamos da sua sabedoria, da sua graça e santidade, então somos
redimidos e deixamos de ser escravos.
Esta regeneração, por um lado, é fruto da
acção de Cristo e, por outro lado, da nossa acção para nos unirmos a Ele.
Cada um
de nós tem de acolher a acção do Espírito Santo e incorporar-se com a sua
própria liberdade no Redentor: é necessário que cada um voluntariamente vá a
Jesus e beba dessa água, e então encher-se-á do Espírito divino. (cf. Jo
7,37-39).
Por isso, a universalidade da redenção não
significa que todos os homens de facto se salvem:
Cristo,
certamente, é o redentor de todo o género humano e, pela acção do Espírito
Santo, oferece a cada homem a salvação, mas o homem pode rejeitar a graça que
se lhe oferece.
Assim diz
a Escritura: «Veio a luz ao mundo e os homens amaram mais as trevas que a luz»
(Jo 3,19; cf. Jo 1,11).
b) O Espírito Santo na comunicação da obra
redentora aos homens
Jesus Cristo é a fonte de toda a graça:
Jesus é a
vide e nós os sarmentos que recebemos a vida que procede da cepa (cf. Jo
15,1-5).
E já
sabemos que a sua humanidade, como instrumento unido à pessoa do Verbo, nos
comunica a vida sobrenatural não pelo poder próprio da sua natureza humana, mas
sim pelo poder divino.
Esta
omnipotência divina alcança todos os homens, e faz com que as acções e méritos
de Cristo se possam aplicar e ter eficácia salvífica em cada um.
Ainda que este poder seja comum más três
pessoas divinas, costuma-se apropriar ao Espírito Santo: Cristo salva-nos pela
acção do Espírito Santo – in Spiritu
sancto, ou in virtute spiritus
(cf. Rom 15,16.19) -, com o poder do espírito divino.
Assim pois, os homens alcançam a salvação
pela acção do Espírito que nos faz partícipes da obra de Cristo.
E sendo o
Espírito Santo a causa eficiente principal e Cristo-homem a instrumental (e não
ao contrário), a acção salvífica de ambos é uma só, de modo que não se podem
separar efeitos diferentes de um ou de outro.
Portanto,
cada um dos homens é «tocado» pela acção dos dois; em nenhum caso se dá uma
acção do Espírito Santo fora da obra de Cristo, à margem da fé n’Ele e dos
meios que estabeleceu:
«Todo o
que se faz pelo Espírito Santo, também é feito por Cristo»[1].
c) Cristo comunica a salvação aos homens na Igreja
e pela Igreja
O único Redentor do mundo, elevado ao céu e
glorificado, continua a sua presença e a sua obra salvífica na Igreja para
comunicar universalmente os frutos da redenção.
Deste
modo todos os homens podem encontrar de uma for exequível e visível a luz da
verdade, a libertação do pecado e a comunhão com Deus: numa palavra, na Igreja
e pela Igreja encontram Cristo e a salvação.
No desígnio de Deus, a Igreja unida e
subordinada a Jesus Cristo, que é a sua Cabeça, tem uma relação indispensável
com a salvação de cada homem; daí que seja «sacramento
universal de salvação»[2].
Assim
pois, toda a graça provém de Cristo, é comunicada pelo Espírito Santo, e está misteriosamente
relacionada com a Igreja: todo o tesouro da graça de Cristo pertence também à
sua esposa e a ela se orienta. P
or isso «a Igreja peregrina é necessária para a
salvação, pois Cristo é o único Mediador e caminho de salvação e faz-se
presente em nós no seu corpo que é a Igreja»[3].
d) O que se requer por parte do homem para unir-se
a Cristo e participar da redenção
Segundo o desígnio divino, o homem tem que
incorporar-se livremente em Cristo e assim pode receber os frutos da sua obra
redentora[4].
E o homem
une-se a Cristo pela fé viva e os sacramentos da Igreja.
A fé
viva.
O início
da união que podemos ter com Cristo neste mundo é a fé, que é a nossa livre
acolhida e aceitação do Senhor.
A fé é o
requisito necessário para participar da obra de Cristo: ninguém se pode salvar
sem a fé, que é o fundamento e a origem de to a justificação (cf. Heb 116).
Segundo os ensinamentos da Escritura, pela
fé em Cristo alcançamos a justificação, pela fé ele habita nos nossos corações
(cf. Ef 3,17) e por e pela somos feitos filhos de Deus (Cf. Gal 3,26).
Mas esta
fé que nos faz partícipes da salvação não consiste só em aceitar as palavras de
Jesus, ou em confiar na misericórdia divina, mas na adesão sem reservas à
verdade em pessoa, que é Ele mesmo.
A fé que
nos incorpora em Cristo e que nos salva é a fé viva, a fé que obra por caridade
(cf. Gal 5,6), a fé acompanhada pelo arrependimento dos pecados e obras para
cumprir os mandatos do Senhor (cf. Sant 2,14-26).
A participação nos sacramentos.
Os
sacramentos são os meios visíveis principais que o Senhor estabeleceu para que
nós, homens, entremos em comunhão com Ele e assim fazer-nos partícipes dos
frutos da sua obra redentora.
Entre
eles destaquemos:
O
baptismo.
O
baptismo é o sacramento do nascimento para a vida sobrenatural, é a porta da
vida no Espírito que nos liberta do pecado e nos comunica a nova vida que Cristo
nos ganhou.
Produz a
primeira união do homem com Cristo, e n’Ele, a união com o seu Corpo místico:
este sacramento faz-nos membros de Cristo e da Igreja. Sem baptismo não há
união com o nosso Salvador, nem podemos ter vida sobrenatural; por isso é necessário
para a salvação (cf. Jo 3,2).
A
Eucaristia.
Jesus
Cristo, que está contido realmente neste sacramento, une consigo os fiéis que o
recebem.
Fá-los
uma só coisa com Ele, fá-los partícipes de tudo o seu e comunica-lhes a vida
eterna.
Ele é o «pão
da vida», de modo que se não participamos deste sacramento não temos vida em
nós (cf. Jo 6,48-58)[5].
Se isto é assim, podem salvar-se os não
cristãos?
A
resposta é que a doutrina sobre a necessidade da fé e dos sacramentos para nos
unirmos a Cristo e receber os frutos da redenção não se contrapõe à vontade
salvífica universal de Deus.
Certamente
Ele concede a todos os homens a graça que salva (por meio de Cristo no
Espírito, e que tem relação com a Igreja)[6].
Todavia,
desconhecemos o modo como a graça
chega aos não cristãos:
Outorga-a
«pelos caminhos que só Ele sabe»[7].
Mas é
claro que cada um deles terá que acolher livremente esse dom divino para se
salvar.
3. Os efeitos da obra redentora de Cristo nos
homens
O Filho de Deus encarnou-se «para que o
mundo se salve por Ele» (Jo 3,17).
E já
vimos no capítulo II que a salvação do homem comporta dois aspectos
inseparáveis: a libertação do pecado e a participação da vida divina.
Mas ao
mesmo tempo, estes dois efeitos da única obra da nossa salvação apresentam na
revelação divina diversas facetas ou aspectos, a modo de variados frutos da
redenção. Vejamos alguns deles.
a) Cristo liberta-nos do pecado
Jesus recebeu da parte de Deus esse nome –
que significa Salvador – porque, como indicou o anjo a José, «salvará o seu
povo dos seus pecados» (Mt 1,21).
Com
efeito, Ele conseguiu-nos a redenção plena do pecado, uma libertação que afecta
a todo o homem, em todas as dimensões do seu ser.
Cristo
consegue-nos a plena libertação do pecado enquanto à culpa – que é o mal
fundamental – e enquanto à pena – sua consequência -, e isto no que se refere
tanto à alma como ao corpo.
Libertação
do pecado enquanto à culpa.
O pecado
consiste no afastamento e oposição da vontade humana à de Deus e leva consigo a
a privação da comunhão com a vida divina.
E Jesus
Cristo «amou-nos e livrou-nos dos nossos pecados com o seu sangue» (Ap 1,5) por
meio da graça que nos concede; já que a remissão do pecado se realiza no homem
por infusão da graça, de modo semelhante a como as trevas da noite desaparecem
quando nasce a luz do sol.
Expressando
este mesmo afecto noutros termos, podemos dizer que Cristo nos alcança o perdão dos pecados (cf. Act 5,31) ou a conversão do coração ao amor divino.
Libertação
do pecado enquanto à pena.
Ao
libertar-nos da culpa, Cristo liberta-nos também das suas consequências:
«Por
conseguinte, nenhuma condenação pesa já sobre os que estão em Cristo Jesus»
(Rom 8,1).
Liberta-nos de todas as penas e escravidões que
derivam do pecado tanto na alma como no corpo: liberta-nos da ignorância e da
tristeza, da desordem interior que nos submete às paixões, da dor e da morte.
Neste mundo permanecem ainda essas
penalidades, mas Cristo transformou-as de modo a que já não têm um sentido
meramente penal mas de purificação e como caminho para a glória.
E no
final dos tempos Ele fará desaparecer definitivamente todas as marcas do pecado
par uma vida eterna e feliz.
A
libertação que Cristo nos consegue é na verdade perfeita e total.
(cont.)
[1]
S. TOMÁS DE AQUINO, Super Ep. Ad Ephesios,
cap 2, lect 5, n 121. Cf. CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Dominus Iesus, n. 12.
[2]
LG, 48; cf. CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Dominus Iesus, n. 12.
[3]
LG, 14.
[4]
Cf. S. JOSEMARÍA ESCRIVÁ, Cristo que
passa, 104: «Na vida espiritual não há uma nova época a que chegar. Já está
tudo dado em Cristo, que morreu, ressuscitou, e vive e permanece sempre. Mas há
que unir-se a Ele pela fé, deixando que a sua vida se manifeste em nós, de
forma que possa dizer-se que cada cristão não é já alter Christus, mas sim ipse
Christus, o próprio Cristo!».
[5]
Ainda que o baptismo já nos incorpore em Cristo e no seu Corpo místico, essa
união é tão só o início da mais plena união que tem lugar com a Eucaristia, á
qual aquela primeira se ordena: Cf. CONC. VATICANO II, Unitatis redintagratio, 22.
[6]
Cf. CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Dominus
Iesus, n. 20-23.
[7]
CONC. VATICANO II, Ad gentes, 7;; cf.
GS, 22; CCE, 847.
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