A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A.
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
1 Visto que muitos
já empreenderam pôr em ordem a narração das coisas que entre nós se
verificaram, 2 como no-las referiram os que desde o principio foram
testemunhas oculares e vieram a ser ministros da palavra, 3
pareceu-me bem também a mim, depois de ter investigado tudo cuidadosamente
desde o princípio, escrever-te por ordem a sua narração, excelentíssimo
Teófilo, 4 para que reconheças a firmeza dos ensinamentos que
recebeste. 5 Houve no tempo de Herodes, rei da Judeia, um sacerdote
chamado Zacarias, da turma de Abias; a sua mulher era da descendência de Aarão
e chamava-se Isabel. 6 Ambos eram justos diante de Deus, caminhando
irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor. 7
Não tinham filhos, porque Isabel era estéril e ambos se achavam em idade
avançada. 8 Sucedeu que, exercendo Zacarias as funções de sacerdote
diante de Deus na ordem do seu turno, 9 segundo o costume
sacerdotal, tocou-lhe por sorte entrar no templo do Senhor a oferecer o incenso.
10 Toda a multidão do povo estava a fazer oração da parte de fora, à
hora do incenso. 11 Apareceu-lhe um anjo do Senhor, de pé ao lado
direito do altar do incenso. 12 Zacarias, ao vê-lo, ficou perturbado
e o temor o assaltou. 13 Mas o anjo disse-lhe: «Não temas, Zacarias,
porque foi ouvida a tua oração; tua mulher Isabel dar-te-á um filho, ao qual
porás o nome de João. 14 Será para ti motivo de júbilo e de alegria,
e muitos se alegrarão no seu nascimento; 15 porque ele será grande
diante do Senhor; não beberá vinho nem outra bebida inebriante; será cheio do
Espírito Santo desde o ventre da sua mãe; 16 e converterá muitos dos
filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. 17 Irá adiante de Deus com o
espírito e a fortaleza de Elias, “a fim de reconduzir os corações dos pais para
os filhos”, e os rebeldes à prudência dos justos, para preparar ao Senhor um
povo bem disposto». 18 Zacarias disse ao anjo: «Como hei-de
verificar isso? Porque eu sou velho e a minha mulher está avançada em anos». 19
O anjo respondeu-lhe: «Eu sou Gabriel que estou diante de Deus; fui enviado
para te falar e te dar esta boa nova. 20 Eis que ficarás mudo e não
poderás falar até ao dia em que estas coisas sucedam, visto que não acreditaste
nas minhas palavras, que se hão-de cumprir a seu tempo».
JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR
Iniciação à Cristologia
d) A Ressurreição, além de ser um facto histórico,
é também uma verdade de fé, um mistério, que transcende a história
«Acontecimento histórico demonstrável pelo
sinal do sepulcro vazio e pela realidade dos encontros dos apóstolos com Cristo
Ressuscitado, nem por isso a Ressurreição pertence menos ao centro do mistério
da fé naquilo que transcende e ultrapassa a história»[1].
Este facto histórico é ao mesmo tempo um
mistério que transcende a história naqueles assuntos que se relacionam com a
vida e a acção de Deus Uno e Trino.
Em primeiro lugar, a Ressurreição de Cristo
é objecto de fé enquanto intervenção transcendente do próprio Deus na história,
enquanto é obra da Santíssima Trindade.
Em segundo lugar, é um facto
misteriosamente transcendente no que se refere à glorificação de Cristo, à
perfeita participação da sua humanidade na vida divina.
E, em terceiro lugar, é objecto de fé
enquanto ao sentido e ao valor salvífico que tem para nós: Cristo ressuscitado
revela-se definitivamente como nosso Deus e Senhor; Ele é o nosso Salvador que
nos livra do pecado e nos comunica a vida de Deus.
Assim, pois a Ressurreição de Cristo, que é
em si mesma um facto plenamente histórico (não a-histórico» ou «meta-histórico»),
tem também alguns aspectos transcendentes (ou meta-históricos, se se quiser
chamá-los assim) que superam a pura dimensão histórica.
2. A Ressurreição de Cristo é uma obra do poder
divino
A Ressurreição de Cristo é uma obra do
infinito poder divino, da omnipotência divina comum às três divinas Pessoas da
Santíssima Trindade (cf. 2 Cor 13,4).
É Um facto que, segundo as Escrituras, «se
realiza pelo poder do Pai que ressuscitou Cristo seu Filho (cf. Act 2,24)»[2]
Também dizemos que o Filho ressuscita por sua própria virtude e poder: pois um
mesmo é o poder divino do Pai e do Filho, e uma mesma operação de ambos.
Com
efeito, a escritura também se refere à Ressurreição como um ressurgir de Cristo
em virtude do seu próprio poder:
«Nós
cremos que Jesus morreu e ressuscitou» (1 Tes 4,14).
E Jesus
afirma expressamente: «dou a minha vida», para recobrá-la de novo… Tenho poder
para dá-la e poder para recobrá-la de novo» (Jo 10,17-18).
Também
numerosos símbolos da fé confessam explicitamente esta realidade[3].
E também dizemos que o Espírito Santo, pelo
poder divino que tem em comum com o Pai e o Filho, vivificou a humanidade de
Jesus e o chamou ao estado glorioso de Senhor (cf. Rom 8,11).
3. O estado glorioso a humanidade de Cristo
ressuscitado
A Ressurreição de Cristo não foi um simples
regresso à vida terrena como no caso das ressurreições da ficha de Jairo, ou do
jovem de Naim, ou de Lázaro.
Cristo
ressuscitado tem na sua humanidade outra vida mais para além do tempo e do
espaço, houve uma transformação da sua vida.
As
propriedades ou dotes da sua humanidade gloriosa.
Jesus nas
suas aparições aos apóstolos mostra-lhes claramente que o seu «corpo autêntico
e real possui ao mesmo tempo as novas propriedades de um corpo glorioso: não
está situado nem no espaço nem no tempo, mas pode fazer-se presente à sua
vontade onde quer e quando quer (cf. Lc
24 ,15.36); Jo 20,14.19.26) (…)
Jesus
ressuscitado é soberanamente livre de aparecer como quer: sob a aparência de um
jardineiro (cf. Jo 20,14-15) ou ‘sob outra figura’ (Mc 16,12) diferente da que
era familiar aos discípulos (cf. Jo 20,14.16; 21,4.7))»[4].
Desde a sua ressurreição, o corpo de Jesus,
que é autêntico e material, ao mesmo tempo fez-se «espiritual» (cf. 1 Cor 15,44-46), quer dizer, inteiramente
submetido ao espírito (segue a sua vontade em tudo; por exemplo, para parecer
onde, quando e como quer, etc.).
Este é o
sentido imediato das propriedades de agilidade e subtileza que se costumam
enumerar para os corpos ressuscitados.
Mas por sua vez essas novas propriedades
procedem da perfeita participação da vida divina na sua humanidade:
agora,
Cristo ressuscitado é «glorioso» (cf.
1 Cor 15,43) e é «homem celestial» (cf. 1 Cor 15,47-49).
Devido a
essa plena divinização da sua humanidade, o corpo de Cristo ressuscitado
participa também das propriedades divinas e ultrapassa as barreiras terrenas do
tempo e do espaço: é incorruptível e imortal, está cheio de poder, etc. (cf. 1
Cor 15,42-43).
É este o
sentido das propriedades de glória e impassibilidade que também se costumam
enumerar para os corpos ressuscitados.
4. Sentido salvífico da Ressurreição de Cristo
A partir do século XVI, bastantes autores
tendiam a resumir o mistério da nossa salvação na morte de Cristo na cruz de
tal modo que a sua Ressurreição parecia uma simples consequência sem conteúdo
redentor.
Mas um
estudo mais atento do NT e da Tradição patrística manifesta que – ainda que
afirmando o pleno valor redentor do sacrifício da cruz - se deve reconhecer
também o valor salvífico da Ressurreição, inseparável de Morte de Cristo:
Não só
fomos salvos em atenção aos méritos da sua Paixão, como fomos salvos por Cristo
ressuscitado.
Assim
pois, a glorificação de Cristo depois da sua Morte não deve entender-se como
algo que aconteceu uma vez cumprida a
redenção do género humano, mas sim que é parte integrante da obra redentora,
parte essencial do mistério pascal ao mesmo tempo que a sua Paixão e Morte.
«A Ressurreição de Jesus é a verdade
culminante da nossa fé em Cristo, acreditada e vivida pela primeira comunidade
cristã como verdade central, transmitida como fundamental pela Tradição,
estabelecida nos documentos do Novo Testamento, pregada como parte essencial do
mistério pascal ao mesmo tempo que a cruz»[5].
a) A Ressurreição revela que Cristo é Deus e o
Messias salvador do mundo
A
Ressurreição de Cristo revela a sua divindade.
Ele tinha
dito:
«Quando
tenhais levantado o Filho do homem, então sabereis que Eu Sou» (Jo 8,28).
A
Ressurreição demonstrou que Ele era verdadeiramente «Eu Sou», Deus
todo-poderoso, Senhor da vida e da morte[6].
Assim o
vemos no caso do apóstolo Tomé, que somente quando comprovou a realidade da
Ressurreição lhe confessou:
«Meu
Senhor e meu Deus!» (Jo 20,28).
Mas faz falta a fé para captar e confessar
esta realidade, pois Jesus apresenta-se aos discípulos com o seu corpo
transformado, mas humano: a divindade não é visível.
A
Ressurreição revela que Cristo é o Salvador do mundo.
Com a
Ressurreição não só se inaugura uma nova forma de existência de Jesus – sua
existência gloriosa -, como também começa uma nova forma ou etapa da sua acção
como Messias e Salvador.
Como diz São Paulo, Jesus revela-se
definitivamente como «Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade,
pela sua Ressurreição dentre os mortos» (Rom 1,3-4).
A
Ressurreição manifesta o poder divino de Cristo para a nossa salvação.
A Ressurreição de Cristo é desta forma uma
confirmação da parte de Deus Pai do valor da sua entrega redentora.
Como
poderia a Morte de Cristo ser uma vitória sobre o pecado e a morte sem a
sucessiva Ressurreição?
Por isso,
Deus o exaltou como Senhor acima de toda as coisas (cf. Flp 2,8-10; Heb 2,9).
Com a sua
Ressurreição é declarado por Deus Pai como Senhor, Redentor de todos e salvador
do mundo.
Ainda que desde a sua Encarnação Jesus
fosse Filho de Deus e o Messias, na sua Ressurreição manifestou-se a sua
condição de Salvador poderoso de todos os que crêem n’Ele.
b) A Ressurreição de Cristo confirma a veracidade
da sua doutrina
A sua Ressurreição é o sinal que Jesus
havia prometido para confirmar a autenticidade da sua missão e das suas palavras:
é o sinal de Jonas (cf. Mt 12,38-42).
E também
tinha dado outro sinal aos judeus: a reconstrução em três dias do templo que
será destruído (cf. Jo 2,19).
São João
anota que Jesus «falava do santuário do seu corpo.
Quando
ressuscitou dentre os mortos, os seus discípulos recordaram-se que tinha dito
isso, e acreditaram» (Jo 2,20-21).
Os judeus
também entenderam perfeitamente o sentido das suas palavras, e por isso puseram
guarda no sepulcro e o selaram (cf. Mt 27,62-66).
«Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa
pregação, vã também a vossa fé» (1 Cor 15,14).
Evidentemente,
São Paulo vê na Ressurreição a confirmação definitiva da sua autoridade divina,
tal como tinha prometido.
A
Ressurreição de Cristo é o fundamento da fé cristã e a chave da abóbada de todo
o edifício de doutrina e de vida levantado sobre a sua palavra.
c) A Ressurreição de Cristo é a causa da nossa
ressurreição e da nova vida da alma
A Ressurreição é para Cristo a vitória
sobre a morte e o começo de uma nova vida na sua humanidade plenamente
divinizada.
E como
Ele é a nossa Cabeça, a sua vitória e essa nova vida estão assim destinadas a
ser nossas:
Cristo
não só ressuscitou, mas também é para nós «a ressurreição e a vida» (Jo 11,25).
A
Ressurreição de Cristo é princípio e causa da nossa ressurreição futura.
«A
Ressurreição de Cristo – e o próprio Cristo ressuscitado – é princípio e fonte
da nossa ressurreição futura: ‘Cristo ressuscitou dentre os mortos como
primícias dos que adormeceram; (…) do mesmo modo que em Adão morrem todos,
assim também todos reviverão em Cristo’ (1 Cor 15,20-22)»[7].
O próprio
Jesus, pelo seu poder divino, realizará a nossa ressurreição corporal que será
à semelhança da sua: Ele «transfigurará este nosso miserável corpo num corpo
glorioso como o seu» (Fil 3,21).
A
Ressurreição de Cristo é a causa da nossa ressurreição e da nova vida da alma.
Cristo
ressuscitado é o princípio da nossa própria ressurreição espiritual, que começa
agora já pela justificação da nossa alma:
«Foi
entregue pelos nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação» (Rom
4,25).
A graça que nos liberta do pecado e nos faz
justos provém do Ressuscitado, consiste numa participação da vida divina à
semelhança da sua vida gloriosa (cf. Rom 8,29) e, por isso, faz-nos filhos de
Deus.
Jesus padeceu por parte dos judeus e dos
gentios; por parte das autoridades, da multidão e, do que é mais penoso, por
parte dos seus íntimos: de Judas que o entregou, Pedro que o negou, e os seus
que o abandonaram.
Padeceu interiormente na sua alma até
entrar em agonia pela tristeza e o temor ante a morte certa.
Teve uma
imensa pena pelos peados de todo o género humano, assim como pela ruína do seu
povo, pela queda Judas e pelo escândalo dos seus discípulos.
Sofreu
também moralmente pelas humilhações, injustiças, troças e insultos... de todos
os que o perseguiam.
E padeceu tremendamente no seu corpo pelas
terríveis feridas da flagelação, a coroação de espinhos, a dolorosíssima
crucifixão com todos os sofrimentos físicos que comportava e a horrível agonia
na cruz até à morte.
Isaías já tinha profetizado os padecimentos
do Servo de Yahwé, que parecia «desprezível e desprezado pelos homens, varão de
dores e sabedor de dolências (...) Tivemo-lo por açoitado, ferido de Deus e
humilhado.
Ele foi
ferido pelas nossas rebeldias, moído pelas nossas culpas» (Is 53,3-5).
(cont.)
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