19/02/2014

Leitura espiritual para Fev 19

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. 
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mc 14, 17-31

17 Chegada a tarde, foi Jesus com os doze. 18 Quando estavam à mesa e comiam, disse Jesus: «Em verdade vos digo que um de vós, que come comigo, Me há-de entregar». 19 Então começaram a entristecer-se, e a dizer-Lhe um por um: «Porventura sou eu?». 20 Ele disse-lhes: «É um dos doze que se serve comigo do mesmo prato. 21 O Filho do Homem vai, segundo está escrito d'Ele, mas, ai daquele homem por quem for entregue o Filho do Homem! Melhor fora a esse homem não ter nascido». 22 Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, depois de pronunciada a bênção, partiu-o, deu-lho e disse: «Tomai, isto é o Meu corpo». 23 Em seguida, tendo tomado o cálice, dando graças, deu-lho, e todos beberam dele. 24 E disse-lhes: «Isto é o Meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por todos. 25 Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da videira, até àquele dia em que o beberei novo no reino de Deus». 26 Cantados os salmos, foram para o monte das Oliveiras. 27 Então Jesus, disse-lhes: «Todos vós vos escandalizareis, pois está escrito: “Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão”. 28 Mas, depois de Eu ressuscitar, preceder-vos-ei na Galileia». 29 Pedro, porém, disse-Lhe: «Ainda que todos se escandalizem a Teu respeito, eu não». 30 Jesus disse-lhe: «Em verdade te digo que hoje, nesta mesma noite, antes que o galo cante a segunda vez, Me negarás três vezes». 31 Porém, ele insistia ainda mais: «Ainda que seja preciso morrer contigo, não Te negarei». E todos diziam o mesmo.



JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

Iniciação à Cristologia

    Jesus Cristo é sacerdote.

A Carta aos Hebreus dá a Jesus o nome de Sacerdote, de sumo e grande Sacerdote da Nova Aliança; afirma que o seu sacerdócio é diferente e superior ao levítico; que o seu sacerdócio é eterno; e apresenta a sua obra como uma missão sacerdotal[1].

    Cristo exerce o seu sacerdócio oferecendo a Deus orações por nós e o sacrifício da sua vida pelo qual nos reconcilia com Deus, e, por outro lado, transmitindo aos homens os dons divinos, como são a graça e a revelação.

    Portanto, o sacerdócio de Cristo coincide com a mediação que estudámos. E tudo o que dissemos de Cristo Mediador diz-se naturalmente de Cristo Sacerdote:

Ele é o sacerdote da nova e eterna Aliança que estabelece a comunhão de vida entre Deus e os homens destinada à sua perfeição na eternidade: Ele é o único e Sumo-Sacerdote que com o seu sacrifício nos reconcilia com Deus, sendo todo o outro sacerdócio (ministerial ou o comum dos fieis) participação do seu sacerdócio e a ele subordinado; etc.

b) Cristo., Mestre da verdade: mediador e plenitude da revelação

    Cristo, mediador perfeito da revelação.

O Filho de Deus, ao vir a este mundo, como homem, é o mediador perfeito da revelação pois manifesta-nos a Deus a quem vê e ouve.
Ele é testemunho da verdade (cf. Jo 1,18; 8,40).

    O Novo Testamento também assinala que Cristo é o «profeta» anunciado por Moisés (cf. Act 3,22; Dt 18,15); quer dizer, aquele que fala as palavras de Deus, seu mediador na revelação. Por isso a teologia fala do ministério profético de Cristo.

    Todavia, o ofício de profeta, ainda conveniente a Cristo, expressa de modo insuficiente a sua função doutrinal; Ele é muito mais que profeta e distinguiu-se de todos eles:

«De uma forma fragmentária e de muitos modos falou Deus no passado aos nossos pais por meio dos profetas; nestes últimos tempos falou-nos pelo seu Filho» (Heb 1,1-2).
Ele, não só como Deus mas também enquanto homem, é superior a todos os profetas porque tinha ciência de visão que nenhum profeta pode ter. Ele é «o Mestre», o único mestre dos homens (cf. Mt 23,18-10).

    Cristo, plenitude da revelação.

O concílio Vaticano II diz mais:

Jesus é «o mediador e plenitude de toda a revelação»[2]
Jesus Cristo não só nos revela o mistério de Deus Uno e Trino, como também nos descobre o plano da nossa salvação e qual é a dignidade e a vocação do homem: quer dizer, tudo o contido na nossa fé.

    Ele é a plenitude da revelação: é a luz do mundo (cf. Jo 8,12; 12,46), é a própria verdade (cf. Jo 14,6).
É a palavra única e perfeita do Pai. De modo que Deus no seu Verbo disse tudo, e não haverá outra palavra mais que esta[3].

    Este ofício magistral de Cristo ordena-se a levar os homens à fé para que, acreditando, se convertam e alcancem a justificação. Deste modo Jesus liberta-nos de uma das sequelas do pecado, da ignorância e do erro:

«A verdade vos tornará livres» (Jo 8,32).

Portanto, este ofício está relacionado com o seu ministério sacerdotal, assim como também está unido ao ministério pastoral, pois constitui uma forma de nos conduzir à nossa salvação.

c) Jesus Cristo, Bom Pastor

    Emprega-se figuradamente o nome de «pastor» para significar o que governa um povo ou tem uma especial autoridade numa comunidade. Assim o faz frequentemente a Bíblia quando, por exemplo, dá o título de pastor a David e a outros reis de Israel.

    Cristo apresenta-se como o Bom Pastor prometido no Antigo Testamento (cf. Jo 10,1-18; Ez 34); Ele é o pastor que ama as suas ovelhas e dá a sua vida para as salvar; quem as conduz aos bons pastos, lhes dispensa o alimento espiritual, e as defende do inimigo.

    Paralelamente a este título de «Pastor», a Igreja empregou também os de rei e Senhor, que figuradamente expressam a mesma realidade.

    E segundo diferentes tarefas que estão compreendias no ofício pastoral, também apresentou Cristo como Legislador (pois nos dá a Lei nova da graça e da caridade), ou como Juiz (pois dispensa a graça e o perdão dos pecados, e premeia com a glória).

3. Cristo é o novo Adão e Cabeça da linhagem humana em ordem à graça

a) Cristo, novo Adão

    Semelhança entre Adão e Cristo, enquanto princípios da humanidade.

Deus quis que a humanidade tivesse o seu princípio em Adão.
E, além disso, concedeu ao nosso primeiro pai a justiça original que por ele passa-se aos seus descendentes.
Todavia, Adão, pecou e toda a sua estirpe foi privada dessa santidade e ficou vulnerável com as sequelas desse pecado.
Adão, pois, pecou não só como pessoa individual, mas também como cabeça do género humano, e a sua acção implicava toda a sua descendência (cf. Rom 5,12-19).

Por outro lado, Deus destinou a Encarnação do seu Filho para que Jesus Cristo fosse o princípio e a causa da vida sobrenatural de todos, o início de uma humanidade redimida.

Daí que o Novo Testamento afirme o paralelismo – e a contraposição – entre Adão e Cristo, que é chamado o «novo» ou «segundo» Adão (cf. 1 Cor 15,21-22.45-47).

«Como pela queda de um só a condenação afectou todos os homens, assim também pela justiça de um só a justificação, que dá a vida, alcança todos os homens. Pois como pela desobediência de um só homem todos foram constituídos pecadores, assim também pela obediência de um só todos serão constituídos justos» (Rom 5,18-19).

    Também os Padres da Igreja, e em especial santo Agostinho, tratam frequentemente o tema dos dois «Adão» assinalando a semelhança entre eles: ambos são os princípios de todo o género humano, ainda que Adão o seja quanto à natureza e ao pecado, e Jesus Cristo enquanto á salvação.

    Cristo é o homem novo e perfeito, superior a Adão e a todos os homens, o exemplar de todos os demais.

São Paulo afirma que «Adão é a figura do que havia de vir».

De Cristo (Rom 5,14): Adão é só figura, isto é, semelhante mas a um nível inferior a Cristo, que é a realidade plena e perfeita. Adão, como simples figura, foi criado à imagem e semelhança d Cristo, que é o exemplar de todos os homens. E «Ele, que é imagem de Deus invisível (Col 1,15) é também o homem perfeito, que devolveu à descendência de Adão a semelhança divina, deformada pelo primeiro pecado»[4].

b) Cristo, Cabeça da linhagem humana em ordem á graça

    O Novo Testamento diz-nos, nas «Epístolas do cativeiro», que Cristo foi constituído «Cabeça» do seu «Corpo» que é a Igreja e de todos os homens em ordem à graça.

    Vejamos as relações existentes no homem entre a cabeça e o corpo, para ver que significa realmente esta expressão «cabeça» referida metaforicamente a Cristo[5].

    Em primeiro lugar existe uma relação de união entre a cabeça e o corpo humano, pois ambos formam um todo e são da mesma espécie.

Assim pois, Cristo enquanto Homem é cabeça do género humano porque tem a mesma natureza que os outros homens e é solidário com todos eles[6].

    Em segundo lugar, há uma relação de distinção entre a cabeça e os outros membros, enquanto a primeira tem uma proeminência sobre o resto. Por isso se chama cabeça figuradamente ao que é superior ou que sobressai numa ordem (p. ex. o cume de um monte ou a «capital de uma nação).
Assim, Cristo é Cabeça dos homens, porque tem uma proeminência sobre eles pela sua plenitude de graça, em virtude da qual é o mais perfeito e o exemplar de cada um dos homens.

    E em terceiro lugar, há outra distinção entre a cabeça e o corpo, pois aquela tem um influxo directivo sobre o resto.
    Por isso também se chama cabeça figuradamente a quem numa sociedade tem o poder de direcção e de governo (p. ex. o cabeça de família). Assim, Cristo é Cabeça do género humano porque é o princípio da graça de todos os homens, o salvador de todos eles: porque nos redimiu e agora nos comunica a vida sobrenatural.

«Da sua plenitude todos recebemos graça sobre graça» (Jo 1,16)[7].

    Cristo é Cabeça dos homens por todas essas razões mencionadas: «Ele tem a primazia em tudo» (Col 1,18).
Mas principalmente é-o enquanto nos redime e santifica; isto é, enquanto comunica aos outros a vida da graça.

    E já sabemos eu o fundamento ou raiz dessa plenitude de graça de Cristo homem que se comunica aos seus membros é a união hipostática; de modo que se Cristo não fosse Deus feito homem, não seria Cabeça do género humano.

4. Aspectos que comporta a capitalidade de Cristo

a) A solidariedade de Cristo com o género humano

    Solidariedade física, do sangue, com toda a linhagem humana.

 Cristo, por ser homem, comparte a nossa natureza, é filho de Adão como assinala São Lucas na genealogia do Senhor, e forma parte da família humana. Por isso, por isso todos nós fomos feitos irmãos do Filho de Deus (cf. Heb 2,11.17).

    Solidariedade moral e intencional pelo amor.

Cristo não só comparte a natureza humana, como ainda toma sobre si tudo o nosso, a nossa história e as nossas penas.
Esta solidariedade moral nasce da livre vontade de Jesus, do seu amor, que é a virtude que une e identifica o amante com o amado e que faz que as coisas do amado sejam como próprias.

    Assim pois, Cristo abraça amorosamente todos os homens, faz-se um com eles pelo amor e identifica-se com os seus sofrimentos, como se fossem seus. Precisamente movido por esse amor entregou-se por nós, para reparar o nosso mal e conseguir a nossa salvação: «Amou-me e entregou-se a si mesmo por mim» (Gal 2,20).

    Por isso diz o concílio Vaticano II:

«O Filho de Deus com a sua Encarnação uniu-se, de certo modo, com todo o homem»[8]. Mas advirtamos que ainda que se fale de uma certa união ou identificação de Cristo com a humanidade, não podemos esquecer a distinção que existe entre o Redentor e os homens redimidos: não há uma «encarnação colectiva».

Há sempre uma distinção no ser entre o amante e o amado, entre Cristo e nós.

(cont.)




[1] Noutros textos do Novo Testamento reconhece-se a Jesus esse mesmo ofício ainda que não se lhe outorgue o título de sacerdote (v. g.: Ele ofereceu a sua vida como um sacrifico; cf. Mc 14,24 e par.; Ef 5,2M Jo 10,17-18; etc.). talvez se omita esse título para evitar uma possível confusão entre os primeiros fieis se se identificasse a figura e a obra de Cristo com a dos sacerdotes judeus ou pagãos que podiam servir-lhes de referência.
[2] DV,2.
[3] Cf. CCE, 65.
[4] GS, 22.
[5] Cf. S. TOMÁS DE AQUINO, In III Sent. D 13, q 2 , a 1; S.Th. III,8,1; De Veritate, q 29, a 4.
[6] Todavia, Cristo enquanto Deus não tem essa conformidade connosco e por isso é nossa Cabeça segundo a sua divindade.
[7] A graça eminente de Cristo enquanto se comunica aos seus membros, enquanto é princípio da salvação dos seus membros, chama-se graça capital.
[8] GS, 22.

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