A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A.
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
24 Partindo dali, foi Jesus para os confins de Tiro
e de Sidónia. Tendo entrado numa casa, não queria que ninguém o soubesse, mas
não pôde ocultar-Se, 25 pois logo uma mulher, cuja filha estava
possessa do espírito imundo, logo que ouviu falar d'Ele, foi lançar-se a Seus
pés. 26 Era uma mulher gentia, de origem sirofenícia. Suplicava-lhe
que expulsasse da sua filha o demónio. 27 Jesus disse-lhe: «Deixa
que primeiro sejam fartos os filhos, porque não está certo tomar o pão dos
filhos e lançá-lo aos cães». 28 Mas ela respondeu-Lhe: «Assim é,
Senhor, mas também os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, das migalhas que
caem dos filhos». 29 Ele disse-lhe: «Por esta palavra que disseste,
vai, que o demónio saiu da tua filha». 30 Voltando para casa,
encontrou a menina deitada na cama, e o demónio tinha saído dela. 31
Jesus, deixando o território de Tiro, foi novamente por Sidónia para o mar da
Galileia, atravessando o território da Decápole. 32 Trouxeram-Lhe um
surdo-mudo, e pediam-Lhe que lhe impusesse as mãos. 33 Então, Jesus,
tomando-o à parte de entre a multidão, meteu-lhe os dedos nos ouvidos, e
tocou-lhe com saliva a língua. 34 Depois, levantando os olhos ao céu,
deu um suspiro e disse-lhe: «Effathá», que quer dizer «abre-te». 35
Imediatamente se lhe abriram os ouvidos, se lhe soltou a prisão da língua e
falava claramente.36 Ordenou-lhes que a ninguém o dissessem. Porém,
quanto mais lho proibia mais o divulgavam. 37 E admiravam-se
sobremaneira, dizendo: «Tudo fez bem! Faz ouvir os surdos e falar os mudos!».
Mc 8 1
Naqueles dias, havendo novamente grande multidão e não tendo de comer, chamando
os discípulos disse-lhes: 2 «Tenho compaixão deste povo, porque há
já três dias que não se afastam de Mim e não têm que comer. 3 Se os
despedir em jejum para as suas casas desfalecerão no caminho, e alguns deles
vieram de longe». 4 Os discípulos responderam-Lhe: «Como poderá
alguém saciá-los de pão aqui num deserto?». 5 Jesus perguntou:
«Quantos pães tendes?». Responderam: «Sete». 6 Então ordenou ao povo
que se sentasse no chão. Depois, tomando os sete pães, deu graças, partiu-os e
dava-os a Seus discípulos para que os distribuíssem; e eles os distribuíram
pelo povo. 7 Tinham também alguns peixinhos. Ele os abençou e mandou
que fossem distribuidos. 8 Comeram, ficaram saciados e dos pedaços
que sobejaram recolheram sete cestos. 9 Ora os que comeram eram
cerca de quatro mil. Em seguida Jesus despediu-os.
JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR
Iniciação à Cristologia
PRIMEIRA PARTE
A PESSOA DE JESUS CRISTO
Capítulo II
A VINDA DO FILHO DE DEUS NA ECONOMIA DIVINA DA
SALVAÇÃO
1. Para que veio o Filho de Deus ao mundo?
Para que quis Deus a Encarnação do seu
Filho? A que o destinou? Que finalidade tem? Para responder a estas perguntas
não temos outro caminho que acudir ao que o próprio Deus nos manifestou sobre
os desígnios da sua vontade soberana. Portanto, vejamos o que nos diz a
revelação.
a)
O Filho
de Deus veio a mundo para salvar os homens
O fim da
Encarnação é a salvação dos homens.
Assim o
manifesta com clareza a Sagrada Escritura: o Filho de Deus veio «para que o
mundo se salve por Ele» (Jo 3,17), «para ser salvador do mundo» (1 Jo 3,17).
Isto é o que a Igreja confessa no Credo
Niceno-Constatinopolitano: o Filho de Deus «por nós homens e pela nossa
salvação baixou do céu, e por obra do Espírito Santo encarnou de Maria a Virgem
e se fez homem».
Assim pois, este é o amoroso desígnio
divino: Deus, que «quer que todos os homens se salvem» (1 Tim 2,5), decidiu que
o seu Filho encarnasse para que, feito homem, fosse a causa da nossa salvação
(cf. Heb 5,9).
Para entender um pouco mais este desígnio
divino, convém recordar que depois do pecado original a natureza humana estava
privada da vida divina e muito mal tratada na sua condição; era preciso
curá-la, repará-la, e comunicar-lhe a vida de Deus que tinha perdido. O homem
precisava de ser salvo.
A salvação do homem, a libertação do mal,
segundo o desígnio divino, compreende dois aspectos unidos: a libertação do
pecado e a comunicação da vida divina. Estes dois aspectos são igualmente
assinalados pela revelação e pela Tradição da Igreja como fins da vinda do
Filho de Deus ao mundo. Vejamo-lo:
O
Filho de Deus encarnou para nos livrar do pecado.
Assim o
afirma a Sagrada Escritura: «Deus amou-nos e enviou-nos o seu Filho como
propiciação dos nossos pecados» (1 Jo 4,10); ou ainda, «Cristo Jesus veio ao
mundo para salvar os pecadores» (1 Tim 1,15); ou ainda, «O Filho do Homem veio
procurar e salvar o que estava perdido» (Lc 19 ,10).
De qualquer forma a Tradição e o Magistério
da Igreja ensinam que o Verbo se fez homem para «libertar o homem do pecado
mediante os mistérios da sua carne»»[1]
O filho
de Deus encarnou-se para nos conseguir a vida eterna.
Assim o expressa a revelação: Deus enviou o
seu Filho ao mundo para que este «não pereça, mas que tenha a vida eterna» (Jo
3,16). Ou, com outras formas equivalentes: «para fazer-nos partícipes da
natureza divina» (2 Pd 1,4), ou «para que recebêssemos a adopção de filhos»
(Gal 4,5).
E a Tradição afirma: «Tal é a razão pela
qual o Verbo se fez homem; e o Filho de Deus, Filho do homem: para que o homem
ao entrar em comunhão com o Verbo e ao receber assim a Filiação Divina, se
convertesse em filho de Deus»[2].
O Verbo encarnou para nos conseguir a vida eterna, plenamente no céu e agora já
pela graça.
b) Há outras razões para a sua vinda ao mundo, mas
todas elas estão compreendidas na salvação dos homens ou a ela se ordenam.
Deus Pai, segundo a sua imensa
benevolência, quis, além disso, facultar-nos através da Encarnação do seu Filho
todos os meios para que melhor e mais convenientemente pudéssemos alcançar a
salvação. Por isso à vinda do Filho de Deus ao mundo se lhe podem atribuir
muitos outros bens ou fins que estão compreendidos nessa finalidade principal,
ou a ela se ordenam[3]. Por
exemplo:
O
Verbo divino veio comunicar-nos pessoalmente a verdade, revelar-nos em si mesmo
a Deus.
Ele
diz-nos: «Vim a este mundo para dar testemunho da verdade» (Jo 18,37). Ele é o
Mediador e a plenitude da revelação divina: é o Mestre que nos revela Deus, e
Ele é a própria Verdade (cf. Jo 14,6).
Veio
fortalecer a nossa esperança e a mover-nos ao amor de Deus, pois a própria
Encarnação manifesta o imenso amor que Deus nos tem.
«Nisto se
manifestou o amor que Deus nos tem: em que Deus enviou ao mundo o seu Filho
único para que vivamos por meio d’Ele» (1 Jo 4,9).
Veio
para que de modo visível tenhamos n’Ele exemplo de vida e modelo de santidade.
O próprio
Jesus nos diz: «Aprendei de mim» (Mt 11,29). «Ele é, com efeito, o modelo das
bem-aventuranças e a norma da nova lei» [4]
2. A salvação é obra da misericórdia divina e dom
de Deus.
a) O homem, só com as suas forças naturais, não
pode alcançar a salvação.
A revelação diz-nos que, depois do pecado
original, todos os homens, judeus e gentios, tinham ficado privados da glória
de Deus (cf. Rom 3,9.23), da amizade de Deus, e escravos do pecado (cf. Rom
6,20). E ninguém podia ser justificado senão pela graça de Jesus Cristo.
«O que a revelação divina nos diz coincide
com a experiência. O homem, com efeito, quando examina o seu coração comprova a
sua inclinação para o mal e sente-se inundado por muitos males (…) Toda a vida
humana, a individual e a colectiva, apresenta-se como uma luta, e por certo
dramática, entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas. Mas todavia, o homem
sente-se incapaz de dominar com eficácia por si só os ataques do mal, até ao
ponto de se sentir como que aferrolhado entre cadeias»[5]
E «ninguém, por si mesmo e com as suas
próprias forças, consegue libertar-se do pecado e elevar-se ao alto; ninguém se
livra totalmente da sua debilidade, (…) da sua escravidão»[6]
Podemos entender melhor esta realidade se
nos damos conta que o pecado traz consigo a privação da graça sobrenatural
juntamente com o afastamento e oposição da vontade humana no quem respeita a
Deus. E unicamente Deus pode conceder de novo a graça que tira o pecado do
homem (cf. Mc 2,5-12), convertendo o coração humano ao amor divino e voltando a
dar-lhe a vida sobrenatural da graça.
b) A Encarnação é obra do amor e da misericórdia de
Deus
Já sabemos que a única causa ou motivo do
querer divino é a sua bondade. Assim pois, Deus Pai, movido pelo seu amor
benevolente e a sua infinita misericórdia, decidiu salvar o homem mediante o
envio do seu Filho ao mundo: «Quando se manifestou a vontade de Deus nosso
Salvador e o seu amor aos homens, salvou-nos, não por obras de justiça que nós
tivéssemos feito, mas sim pela sua misericórdia (…) por meio de Jesus Cristo
nosso salvador, para que, justificados pela sua graça, fossemos constituídos
herdeiros da vida eterna que esperamos» (Tit 3,4-7).
A Encarnação do Filho de Deus é fruto da
misericórdia divina, isto é, de um amor de Deus que é maior que os nossos
pecados e que procura remediar a miséria da humanidade, que se encontrava num
estado muito penoso e desgraçado. Deus, que é clemente e compassivo (cf. Sal
111/110,4) e «rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, ainda
que estivéssemos mortos por causa dos nossos pecados, deu-nos a vida em Cristo»
(Ef 2,4). «A Encarnação do Verbo é a demonstração por excelência da
misericórdia de Deus para com os homens (cf. Jo 3,16).
Assim pois, neste desígnio divino tudo é dom,
tudo é dádiva, tudo é gratuito. A iniciativa é de Deus Pai; e, seguindo a
compassiva disposição do Pai, o Filho de Deus rebaixa-se e vem a este mundo
para curar a nossa doença, para iluminar a nossa cegueira, para nos libertar da
escravidão, para nos dar a vida.
c) Liberdade divina na Encarnação
Deus, movido pelo seu amor misericordioso para
connosco, quis salvar-nos e determinou o modo de o fazer: mediante a Encarnação
do seu Filho. Esta decisão do beneplácito da vontade divina é absolutamente
livre e gratuita, não é exigida por nada, pois Deus é sempre Senhor de tudo e
não pode ter nenhum tipo de necessidade ou de condicionamento no seu actuar.
A vinda do Filho de Deus ao mundo não era
necessária para a salvação do homem uma vez que Deus nos poderia ter salvado de
muitas outras formas. Por exemplo, podia ter-nos libertado dos pecados
infundindo directamente a sua graça nos homens sem que mediasse a Encarnação,
pois a justiça divina não tem necessidade de exigir uma reparação do pecado
para poder perdoar; nesse caso o perdão não seria injusto, pois a ninguém faria
injúria, mas sim somente misericordioso[7]
O caminho que Deus elegeu para nos salvar,
a Encarnação do Verbo, é na verdade muito conveniente para o homem, como vimos
ao falar dos bens que nos consegue, e é coerente com a sabedoria e o amor
divinos, mas não podemos dizer que fosse necessário para Deus.
(Cont.)
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