Muitas vezes fala-nos através doutros
homens e pode acontecer que, à vista dos defeitos dessas pessoas ou pensando
que não estão bem informadas ou que talvez não tenham entendido todos os dados
do problema, surja uma espécie de convite a não obedecermos.
Tudo isso pode ter um significado
divino, porque Deus não nos impõe uma obediência cega, mas uma obediência
inteligente, e temos de sentir a responsabilidade de ajudar os outros com a luz
do nosso entendimento. Mas sejamos sinceros connosco próprios: examinemos em
cada caso se o que nos move é o amor à verdade ou o egoísmo e o apego ao nosso próprio
juízo. Quando as nossas ideias nos separam dos outros, quando nos levam a
quebrar a comunhão, a unidade com os nossos irmãos, é sinal certo que não
estamos a actuar segundo o espírito de Deus.
Não o esqueçamos: para obedecer,
repito, é preciso humildade. Vejamos de novo o exemplo de Cristo. Jesus
obedece, e obedece a José e a Maria. Deus veio à Terra para obedecer, e para
obedecer às criaturas. São duas criaturas perfeitíssimas – Santa Maria, Nossa
Mãe; mais do que Ela só Deus; e aquele varão castíssimo, José. Mas criaturas. E
Jesus, que é Deus, obedecia-lhes! Temos de amar a Deus, para amar assim a sua
vontade, e ter desejos de responder aos chamamentos que nos dirige através das
obrigações da nossa vida corrente: nos deveres de estado, na profissão, no
trabalho, na família, no convívio social, no nosso próprio sofrimento e no
sofrimento dos outros homens, na amizade, no empenho de realizar o que é bom e
justo... (Cristo
que passa, 17)
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