Eu falo da vida interior de cristãos
normais e correntes, que habitualmente se encontram em plena rua, ao ar livre;
e que na rua, no trabalho, na família e nos momentos de diversão estão unidos a
Jesus todo o dia. E o que é isto senão vida de oração contínua? Não é verdade
que compreendeste a necessidade de ser alma de oração, numa intimidade com Deus
que te leva a endeusar-te?(...)
A princípio custará. É preciso
esforçarmo-nos por nos dirigir ao Senhor, por lhe agradecermos a sua piedade
paternal e concreta para connosco. Pouco a pouco o amor de Deus torna-se
palpável – embora isto não seja coisa de sentimentos – como uma estocada na
alma. É Cristo que nos persegue amorosamente: Eis que estou à porta e chamo.
Como anda a tua vida de oração? Não sentes às vezes, durante o dia, desejos de
falar mais devagar com Ele? Não Lhe dizes: logo vou contar-te isto e aquilo;
logo vou conversar sobre isso contigo?
Nos momentos dedicados expressamente a
esse colóquio com o Senhor o coração expande-se, a vontade fortalece-se, a
inteligência – ajudada pela graça – enche a realidade humana com a realidade
sobrenatural. E, como fruto, sairão sempre propósitos claros, práticos, de
melhorares a tua conduta, de tratares delicadamente, com caridade, todos os
homens, de te empenhares a fundo – com o empenho dos bons desportistas – nesta
luta cristã de amor e de paz.
A oração torna-se contínua como o
bater do coração, como as pulsações. Sem essa presença de Deus não há vida
contemplativa. E sem vida contemplativa de pouco vale trabalhar por Cristo,
porque em vão se esforçam os que constroem se Deus não sustenta a casa. (Cristo
que passa, 8)
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