A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
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Evangelho: Mt 6, 25-37; 7, 1-11
25 «Portanto vos digo: Não vos
preocupeis, nem com a vossa vida, acerca do que haveis de comer, nem com o
vosso corpo, acerca do que haveis de vestir. Porventura não vale mais a vida
que o alimento, e o corpo mais que o vestido? 26 Olhai para as aves
do céu que não semeiam, nem ceifam, nem fazem provisões nos celeiros, e,
contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura não valeis vós muito mais do
que elas? 27 Qual de vós, por mais que se afadigue, pode acrescentar
um só côvado à duração da sua vida? 28 «E porque vos inquietais com
o vestido? Considerai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam. 29
Digo-vos, todavia, que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um
deles. 30 Se, pois, Deus veste assim uma erva do campo, que hoje
existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? 31
Não vos aflijais, pois, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos?
32 Os gentios é que procuram com excessivo cuidado todas estas
coisas. Vosso Pai sabe que tendes necessidade delas. 33 Buscai,
pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e a Sua justiça, e todas estas coisas
vos serão dadas por acréscimo. 34 Não vos preocupeis, pois, pelo dia
de amanhã; o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia bastam
os seus trabalhos.
7 1 «Não julgueis, para que não sejais
julgados; 2 pois, segundo o juízo com que julgardes, sereis
julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós. 3
Porque olhas tu para a palha que está no olho de teu irmão, e não notas a trave
no teu olho? 4 Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar-te do
olho uma palha, tendo tu uma trave no teu? 5 Hipócrita, tira
primeiro a trave do teu olho, e então verás para tirar a palha do olho de teu
irmão. 6 «Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as
vossas pérolas, para que não suceda que eles as calquem com os seus pés, e que,
voltando-se contra vós, vos despedacem. 7 «Pedi, e vos será dado;
buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. 8 Porque todo aquele
que pede, recebe, e quem busca, encontra; e a quem bate, abrir-se-á. 9
Qual de vós dará uma pedra a seu filho, quando este lhe pede pão? 10
Ou se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente? 11 Se vós, pois,
sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai
celeste dará coisas boas aos que lhas pedirem.
CAMINHO DE PERFEIÇÃO
CAPÍTULO 21.
Diz o muito que
importa começar com grande determinação a ter oração e não fazer caro dos
inconvenientes que o demónio sugere.
1. Não vos
espanteis, filhas, das muitas coisas a que é preciso olhar para começar esta
viagem divina, que é caminho real para o Céu. Ganha-se, indo por ele, um grande
tesouro; não é, pois, demasiado que custe muito, a nosso parecer. Tempo virá em
que se entenda como tudo é nada para tão grande preço.
2. Agora, voltando
aos que querem ir por ele sem parar até ao fim, que é chegar a beber desta água
de vida, como devem começar, digo que importa muito, e tudo, ter uma grande e
muito determinada determinação de não parar até chegar a ela, venha o que vier,
suceda o que suceder, trabalhe-se o que se trabalhar, murmure quem murmurar,
quer lá se chegue, quer se morra no caminho, ou não se tenha ânimo para os
trabalhos que nele há, quer se afunde o mundo, como muitas vezes acontece
ouvir-se dizer: «nisto há perigos», «fulano perdeu-se por aqui»; «o outro se
enganou»; «aquele outro que rezava muito, caiu»; «causam dano à virtude»; «não
é para mulheres, pois podem-lhes advir ilusões»; «melhor será que fiem»; «não
necessitam dessas delicadezas»; «basta o Pater Noster e Ave-maria»...
3. Isto também eu
digo, irmãs; e se basta! Ê sempre grande bem fundar a vossa oração sobre
orações ditas por uma tal boca como a do Senhor. Nisto têm razão que, se a
nossa fraqueza não estivesse tão fraca e a nossa devoção tão tíbia, não seriam
precisos outros concertos de orações nem seriam precisos outros livros. E assim
(pois, como digo, falo com almas que não podem recolher-se noutros mistérios e
lhes parece necessário usar de artifício e há alguns espíritos tão engenhosos
que nada os contenta), pareceu-me bem ir agora fundando por aqui uns princípios
e meios e fins de oração, sem me deter, no entanto, em coisas subidas. E assim
não vos poderão tirar livros, e, se fordes atentas, tendo humildade, não tereis
necessidade de mais nada.
4. Sempre fui
afeiçoada às palavras do Evangelho e mais me têm recolhido do que livros muito
bem escritos, em especial, se o autor não era muito aprovado, não tinha vontade
de os ler. Apoiada, pois, neste Senhor e Mestre da Sabedoria, talvez me ensine
alguma consideração que vos contente.
Não digo que vá
fazer o comentário destas orações divinas (pois não me atreveria e muitas há já
escritas; e, ainda que não as. houvesse, seria disparate, mas somente
considerações sobre as palavras do Pai Nosso. Porque algumas vezes parece que,
com muitos livros, se perde a devoção àquilo a que tanto nos vai de a ter, pois
é claro que todo o mestre, quando ensina uma coisa, toma amor ao discípulo e
gosta de que este se contente com o que ele lhe ensina e ajuda-o muito a que
aprenda, e assim fará connosco este Mestre celestial.
5. Por isso, não
façais nenhum caso dos medos que vos meterem, nem dos perigos que vos pintarem.
Engraçada coisa que quisesse eu, sem perigos, ir por um caminho onde há tantos
ladrões, e ganhar um grande tesouro! Bonito vai o mundo para que vo-lo deixem
tomarem paz, mas por um maravedi de interesse, ficam sem dormir muitas noites e
desassossegam-vos corpo e alma! Pois, se procurando ganhá-lo - ou rouba-lo,
como diz o Senhor que o arrebatam os esforçados e se por caminho real e por
caminho seguro por onde foi o nosso Rei e por onde foram todos os Seus
escolhidos e santos, vos dizem que há tantos perigos e vos metem tantos
terrores, os que vão só por seu parecer e sem caminho à busca deste bem, que
perigos não correrão eles?
6. Ó minhas
filhas! e muitos mais, sem comparação, só que não os entendem até dar de cara
com o verdadeiro perigo, quando não há quem lhes dê a mão, e de todo perdem a
água, sem beberem pouca nem muita, nem do charco nem do arroio.
Pois já vedes; sem
uma gota desta água, como se passará por caminho onde há tantos com quem
pelejar? Está claro que, quando menos pensarem, morrerão de sede; porque, quer
queiramos, quer não, filhas minhas, todos caminhamos para esta fonte, posto que
de diferentes modos. Enfim, crede-me a mim; não vá alguém enganar-vos,
mostrando outro caminho que não seja o da oração. Não falo agora em se há-de
ser mental ou vocal para todos; para vós digo que, de uma e de outra, tendes
necessidade. Este é o ofício dos religiosos. A quem vos disser que isto é um
perigo, a esse tende-o pelo verdadeiro perigo e fugi dele. E não vos esqueçais,
que porventura tereis necessidade deste conselho. Perigo será não ter humildade
nem as outras virtudes; mas caminho de oração ser caminho de perigo, nunca Deus
tal permita. Parece que o demónio inventou pôr estes medos, e assim tem sido
manhoso em fazer cair alguns que tinham oração, ao que parece.
8. E vede que
cegueira a do mundo, pois não vêem os muitos milhares que têm caído em heresias
e em grandes males sem terem oração, senão distracção; e, se entre a multidão
destes, o demónio, para melhor fazer o seu negócio, tem feito cair alguns que
tinham oração, logo faz com que ponham em outros tanto temor para as coisas de
virtude. Estes, que recorrem a este amparo para se livrar,' acautelem-se, pois
fogem do bem para se livrarem do mal. Nunca vi tão má invenção; bem parece do
demónio. Ó Senhor meu! defendei a vossa causa; vede que entendem ao revés as
Vossas palavras. Não permitais semelhantes fraquezas em Vossos servos.
9. Há, a par
disto, um grande bem: achareis sempre alguns que vos ajudem, porque isto tem o
verdadeiro servo de Deus a quem Sua Majestade esclareceu acerca do verdadeiro
caminho: com estes temores, cresce-lhe mais o desejo de não parar. Entende
claramente onde o demónio vai dar o golpe, furta-lhe o corpo e quebra-lhe a
cabeça. E ele sente mais isto do que o contentam quantos prazeres os outros lhe
dão. Quando em tempos de alvoroço, numa cizânia que o demónio semeou - ele
parece levar todos meio cegos atrás de si, porque os engana sob a cor do bom
zelo -, Deus suscita alguém que lhes abra os olhos e diga que vejam que lhes
pôs uma névoa para não verem o caminho. Que grandeza a de Deus, que mais pode
por vezes um só homem ou dois que digam a verdade do que muitos juntos! tornam
pouco a pouco a descobrir o caminho, dá-lhes Deus ânimo. Se dizem que há perigo
na oração, procura dar a entender quanto é boa a oração, quando não é por
palavras, com obras; se dizem que não é bem comungar amiúde, fazem-no então com
mais frequência. E assim, quando haja um ou dois que siga sem temor o melhor,
logo o Senhor torna, pouco a pouco, a ganhar o perdido.
10. E assim,
irmãs, deixai-vos destes medos; nunca façais caso em coisas semelhantes da
opinião do público. Olhai que não estamos em tempo de acreditarem todos, senão
naqueles que virdes que vão conformes à vida de Cristo. Procurai ter a
consciência limpa, humildade, desprezo de todas as coisas do mundo e crer
firmemente o que ensina a Santa Madre Igreja, e ficai certas que ides por bom
caminho.
Deixai-vos - como
disse - de temores onde não há que temer. Se alguém vo-los meter, mostrai-lhe
com humildade o caminho. Dizei que tendes Regra que vos manda orar sem cessar,
- pois assim no-lo manda - e que a tendes de guardar. Se vos disserem que é
vocalmente, perguntai se o entendimento e o coração hão-de estar no que dizeis.
Se vos disserem que sim, - e não poderão dizer outra coisa -, vede como
confessam que estais obrigadas a ter oração mental, e até contemplação, se Deus
vo-la der ali.
CAPÍTULO 22.
Declara o que é
oração mental.
1. Sabeis, filhas,
que não está a diferença, para ser ou não ser oração mental, em ter a boca
fechada; se, estando a falar, estou perfeitamente a entender e a ver que falo
com Deus, pondo nisto mais advertência do que às palavras que digo, juntas
estão aqui oração mental e vocal. Salvo se vos dizem que podeis estar falando
com Deus, a rezar o Pai Nosso e pensando no mundo: aqui me calo. Mas se quereis
estar, como é de razão que se esteja, falando com tão grande Senhor, é bem que
estejais olhando com quem e quem sois, sequer ao menos para falar com cortesia.
Porque, como podeis chamar a el-rei «alteza», sem saber as cerimónias que se
têm para falar a um grande, se não conheceis bem o estado que tem e o estado
que vós tendes? Porque, conforme a isto e conforme ao uso, há-de ser o
acatamento. Que até isto é mister que também saibais, se não quiserdes ser
despedidas como simplórias e não conseguireis nada.
Pois, que é isto,
Senhor meu? Que é isto, meu Imperador? Como se pode sofrer isto? Sois Rei, Deus
meu, para sempre, e não é emprestado o reino que tendes. Quando se diz no
Credo: «Vosso Reino não terá fim», isto dá-me quase sempre particular
consolação. Louvo-Vos, Senhor, e bendigo-Vos para sempre; enfim, o Vosso reino
durará para sempre. Nunca permitais, Senhor, que se tenha por bom que, quem for
a falar convosco, o faça só com a boca.
2. Que é isto,
cristãos, os que dizeis que não é preciso oração mental, entendeis-vos a vós
mesmos? Certo é que penso não vos entendeis e assim quereis que todos nós
desatinemos; nem sabeis o que é oração mental, nem como se há-de rezar a vocal,
nem mesmo o que é contemplação, porque, se o soubésseis, não condenaríeis por
um lado o que louvais por outro.
3. Eu hei-de
juntar, sempre que me lembrar, a oração mental à vocal, para que não vos
assustem, filhas. Sei no que vêm a parar estes temores, porque passei alguns trabalhos
neste caso, e assim não quereria que ninguém vos trouxesse desassossegadas,
pois é coisa de causar dano andar com medo neste caminho, Importa muito
entender que ides bem, porque, em se dizendo a algum caminhante que vai errado
e que perdeu o caminho, fazem-no andar de um lado para o outro e, enquanto anda
buscando por onde há-de ir, cansa-se e gasta o tempo e chega mais tarde.
Quem poderá dizer
que é mal, se começamos a rezar as Horas ou o rosário, que se comece por pensar
com quem se vai falar e quem é aquele que fala, para ver como se deve tratar?
Pois eu vos digo, irmãs; se o muito que há a fazer para entender estes dois
pontos se fizesse bem, antes de começardes a oração vocal que ides rezar,
ocupareis assaz tempo na mental. Sim, não nos devemos aproximar para falar a um
príncipe com o mesmo descuido que a um lavrador ou como a uma pobre como nós,
pois, como quer que seja que nos falem, está bem.
4. E assim, já que
por humildade deste Rei, se eu por grosseira não Lhe sei falar, Ele nem por
isso deixa de me ouvir, nem de me chegar a Si, nem me lançam fora Seus guardas;
porque bem sabem os anjos que ali estão a índole do seu Rei, que gosta mais
desta rudeza dum pastorzinho humilde pois vê que, se mais soubera mais diria,
que dos mui sábios e letrados por elegantes arrazoados que façam, se não vão
acompanhados de humildade, não é razão que, por Ele ser bom, sejamos nós
descomedidos. Sequer ao menos para Lhe agradecer o que Ele sofre da vizinhança,
consentindo a uma como eu ao pé de Si, é bem que procuremos conhecer a Sua
limpeza e quem é. É verdade que, logo em chegando, se conhece, não como a
senhores de cá que, em nos dizendo quem foi seu pai e os contos que tem de
renda e o título, nada mais há a saber. Porque cá nesta terra não se têm em
conta as pessoas para lhes dar honras, por muito que as mereçam, mas sim suas
fazendas.
5. Oh! miserável
mundo! Louvai muito a Deus, filhas, por terdes deixado coisa tão ruim, onde não
fazem caso do que eles têm em si, mas do que têm seus rendeiros e vassalos; e
se estes faltam, logo lhes faltam com as honras. Coisa engraçada esta para
folgardes quando tiverdes todas de tomar alguma recreação, que é bom passatempo
entender quão cegamente passam o tempo os do mundo.
6. Ó Imperador
nosso, sumo Poder, suma Bondade, a mesma Sabedoria, sem princípio, sem fim, sem
haver limite em Vossas obras! São infinitas, sem se poderem compreender, um
pélago sem fundo de maravilhas, uma formosura que contém em si todas as
formosuras, a mesma Fortaleza! Oh! valha-me Deus! quem tivesse aqui junta toda
a eloquência e sabedoria dos mortais para bem saber - como aqui se pode saber,
que tudo é não saber nada, para este caso - dar a entender algumas das muitas
coisas que podemos considerar para conhecerem algo quem é este Senhor e Bem
nosso.
7. Sim,
aproximai-vos pensando e entendendo, ao chegar, com quem ides falar ou com quem
estais falando. Em mil vidas das nossas não acabaremos de entender como merece
ser tratado este Senhor, diante de quem tremem os anjos. Em tudo manda, tudo
pode; Seu querer é operar. Pois, razão será, filhas, que procuremos
deleitar-nos nestas grandezas que tem o nosso Esposo e entendamos com quem
estamos casadas e que vida havemos de ter. Oh! valha-me Deus! Pois aqui, quando
alguém se casa, primeiro quer saber com quem, quem é e o que tem. Nós, já
desposadas, antes das bodas não pensaremos em nosso esposo, que nos há-de levar
para Sua casa? Pois se aqui não se impedem estes pensamentos às que estão
desposadas com os homens, porque nos hão-de impedir que procuremos entender
quem é este Homem, e quem é Seu Pai, e qual a terra para onde me vai levar e
quais são os bens que me promete dar, qual a Sua condição, como melhor poderei
contentar, em que Lhe darei prazer, e estudar como hei-de tornar a minha
condição conforme à Sua? Se a uma mulher, para ser bem casada, não a avisam de
outra coisa senão que procure fazer assim, e isto ainda mesmo que seu marido
seja de mui baixa condição.
8. Pois, Esposo
meu, em tudo hão-de fazer menos caso de Vós que dos homens? Se isto não lhes
parece bem, que Vos deixem às Vossas esposas, que hão-de fazer vida convosco. E
em verdade é vida boa! Se um esposo é tão ciumento que não quer que sua esposa
fale com ninguém, linda coisa seria se ela não pensasse em lhe dar esse prazer
e a razão que tem para o suportar e de não querer tratar com mais ninguém, pois
tem nele tudo o que pode desejar. Isto, filhas, o entender estas verdades, é
oração mental. Se quereis ir entendendo isto e rezando vocalmente, pois seja
muito em boa hora. Não estejais falando com Deus e pensando em outras coisas,
que isto faz que não se entenda que coisa é oração mental. Creio que está dado
a entender. Praza ao Senhor o saibamos pôr em prática, ámen.
santa teresa de
jesus
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