A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 3, 1-17; 4, 1-11
1Naqueles dias apareceu João Baptista
pregando no deserto da Judeia. 2 «Arrependei-vos, dizia, porque está
próximo o Reino dos Céus».3 Este é aquele de quem falou o profeta
Isaías quando disse: “Voz do que clama no deserto: preparai o caminho do
Senhor, endireitai as Suas veredas”. 4 Este mesmo João trazia um
vestido feito de peles de camelo e um cinto de couro em volta dos rins; e o seu
alimento consistia em gafanhotos e mel silvestre. 5 Então iam ter
com ele Jerusalém e toda a Judeia e toda a região do Jordão; 6 e
eram baptizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. 7
Vendo um grande número de fariseus e saduceus que vinham ao seu baptismo,
disse-lhes: «Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir à ira que vos ameaça? 8
Produzi, pois, verdadeiros frutos de penitência, 9 e não vos
justifiqueis interiormente dizendo: “Temos Abraão por pai!”, porque eu vos digo
que Deus pode fazer destas pedras filhos de Abraão. 10 O machado já
está posto à raiz das árvores. Toda a árvore que não dá bom fruto, será cortada
e lançada no fogo. 11 Eu, na verdade, baptizo-vos com água para vos
levar à penitência, mas O que há-de vir depois de mim é mais poderoso do que
eu, e eu nem sou digno de Lhe levar as sandálias; Ele vos baptizará no Espírito
Santo e em fogo. 12 Ele tem a pá na Sua mão, e limpará bem a Sua
eira, e recolherá o Seu trigo no celeiro, mas queimará a palha num fogo
inextinguível». 13 Então, foi Jesus da Galileia ao Jordão, e
apresentou-Se a João, para ser baptizado por ele. 14 Mas João
opunha-se-Lhe, dizendo: «Sou eu quem devo ser baptizado por Ti e Tu vens a
mim?» 15 Jesus respondeu-lhe: «Deixa estar por agora, pois convém
que cumpramos assim toda a justiça». Ele então concordou. 16 Logo
que foi baptizado, Jesus saiu da água. E eis que se Lhe abriram os céus, e viu
o Espírito de Deus descer em forma de pomba, e vir sobre Ele. 17 E
eis que uma voz vinda do céu dizia: «Este é o Meu Filho amado no qual pus as
Minhas complacências».
4 1 Então Jesus foi
conduzido pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo demónio. 2
Jejuou quarenta dias e quarenta noites, e depois teve fome. 3 E,
aproximando-se d'Ele o tentador, disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, diz que estas
pedras se convertam em pães».4 Jesus respondeu: «Está escrito: “Não
só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”». 5
Então o demónio transportou-O à cidade santa, pô-l'O sobre o pináculo do
templo, 6 e disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, lança-Te daqui a baixo,
porque está escrito: “Mandou aos seus anjos em teu favor, eles te levarão nas
suas mãos, para que o teu pé não tropece em alguma pedra”». 7 Jesus
disse-lhe: «Também está escrito: “Não tentarás o Senhor teu Deus”». 8
De novo o demónio O transportou a um monte muito alto, e Lhe mostrou todos os
reinos do mundo e a sua magnificência, 9 e disse-Lhe: «Tudo isto Te
darei, se, prostrado, me adorares». 10 Então, Jesus disse-lhe:
«Vai-te, satanás, porque está escrito: “Ao Senhor teu Deus adorarás e a Ele só
servirás”». 11 Então o demónio deixou-O; e eis que os anjos se
aproximaram e O serviram.
CAMINHO DE PERFEIÇÃO
CAPÍTULO 11.
Prossegue na mortificação
e diz a que se há-de adquirir nas enfermidades.
1. Parece coisa
imperfeita, minhas irmãs, este queixarmo-nos sempre de males leves; se podeis
sofrê-lo, não o façais. Quando é grave o mal, ele por si mesmo se queixa; é
outro queixume e logo se dá a conhecer. Olhai que sois poucas e, se uma tem
este costume, é bastante para cansar a todas, se vos amais e há caridade; se
não, a que tiver um mal verdadeiro, diga-o e tome o necessário; que, se perdeis
o amor próprio, sentireis tanto qualquer alívio, que não tenhais medo o tomeis
sem necessidade, nem vos queixeis sem causa. Quando o há, seria muito pior não
o dizer, que tomá-lo sem ela, e muito mal se não se apiedassem de vós.
2. Quanto a isso,
é bem certo que, onde há caridade e sendo tão poucas, nunca falta o cuidado de
vos tratardes. Mas, de fraquezas e molestiazitas de mulheres, não façais caso
nem vos queixeis, que algumas vezes põe o demónio na imaginação essas dores;
vão e vêm. E, se não se perde o costume de o dizer e de nos queixarmos de tudo,
a não ser a Deus, nunca mais se acabará. Porque este corpo tem uma falha:
quanto mais o regalam, mais necessidades descobre. É coisa estranha como quer
ser bem tratado ou como sabe dar cor de necessidade, por pouca que seja, e
engana a pobre da alma para que não possa medrar.
3. Lembrai-vos de
quantos pobres enfermos haverá que não terão a quem se queixar. Pois, pobres e
regaladas, não faz sentido. Lembrai-vos também de muitas casadas; - eu sei que
as há - e pessoas de categoria que, mesmo com males graves, para não enfadarem
seus maridos, não ousam queixar-se, e com grandes trabalhos. Ai de mim,
pecadora! Sim, que não viemos aqui para sermos mais bem tratadas que elas. Oh!
já que estais livres dos grandes trabalhos do mundo, sabei sofrer um
poucochinho por amor de Deus sem que todos o saibam! Pois, se uma mulher muito
mal casada, para que o não saiba seu marido, nem o diz nem se queixa e passa
muita desventura sem desabafar com ninguém, não sofreremos, nós a sós com Deus,
um pouco dos males que nos dá por causa de nossos pecados? Tanto mais que é um
quase nada com que se aplaca o mal.
4. Em tudo o que
disse, não trato de doenças graves, como quando há muita febre, embora peça que
haja moderação e sempre saibam sofrer, mas trato dumas molestiazinhas que se podem
aguentar de pé. Mas, que seria, se isto se viesse a ler fora desta casa? que
diriam todas as freiras de mim? E, que de boa vontade, se alguma se emendasse,
eu o sofreria! Porque, por uma que haja assim, chega a coisa a termos que, a
maior parte das vezes, não acreditam em nenhuma, por males graves que tenham.
Lembremo-nos dos
nossos antigos santos Padres eremitas cuja vida pretendemos imitar; quantas
dores passavam a sós: frio, fome, sol e calor, sem terem a quem se queixar,
senão a Deus! Pensais que eram de ferro? Pois eram tão delicados como nós. E
crede, filhas, que, em começando a vencer estes miseráveis corpos, já não nos
cansam tanto. Muitas haverá que olhem pelo que vos é necessário, descuidai-vos
de vós mesmas, se não for necessidade reconhecida. Se não nos determinarmos a
tragar de uma vez a morte e a falta de saúde, nunca faremos nada.
5. Procurai não a
temer e entregai-vos de todo a Deus, venha o que vier. Que importa que
morramos? Por quantas vezes zombou de nós o corpo, não zombaríamos dele também
alguma? E crede que esta determinação importa mais do que podemos entender;
porque muitas vezes que o vamos fazendo pouco a pouco, com o favor do Senhor,
ficaremos senhoras dele. Pois, vencer um tal inimigo, é grande negócio para
avançar na batalha desta vida. Faça-o o Senhor como pode. Creio bem que não
entenderá o lucro, senão quem já goza da vitória, que é tão grande, segundo
creio, que ninguém sentiria passar trabalhos para ficar neste sossego e
senhorio.
CAPÍTULO 12.
Trata como há-de
ter em pouco a vida e a honra o verdadeiro amador de Deus.
1. Vamos a outras
coisas que também importam muito, ainda que pareçam diminutas. Trabalho grande
parece tudo, e com razão, porque é guerra contra nós mesmos; mas, começando-se
a trabalhar, opera Deus tanto na alma e faz-lhe tantas mercês, que tudo lhe
parece pouco quanto se possa fazer nesta vida. E, pois que nós, freiras,
fazemos o mais, que é dar a nossa liberdade por amor de Deus, pondo-a em poder
de outrem e passam-se tantos trabalhos, jejuns, silêncio, encerramento,
assistência ao coro, que por muito que nos queiramos regalar, é alguma vez, e
porventura tenha sido só eu em muitos conventos que tenho visto, porque não
iremos, pois, mortificando o interior, se nisso está o tornar tudo isto muito
mais meritó rio e perfeito, e depois realizá-lo com muito mais suavidade e descanso?
Isto se adquire indo, - como disse - pouco a pouco, contrafazendo a nossa
vontade e apetites ainda em coisas pequenas, até acabar de render o corpo ao
espírito.
2. Torno a dizer que
consiste tudo, ou grande parte, em perder o cuidado de nós mesmos e das nossas
comodidades, pois, quem de verdade começa a servir ao Senhor, o menos que Lhe
pode oferecer, é a vida. Se já lhe deu a sua vontade, que teme? Claro está que,
se é verdadeiro religioso ou homem de oração e pretende gozar favores de Deus,
não há-de voltar costas ao desejo de morrer por Ele e sofrer martírio. Pois não
sabeis, irmãs, que a vida do bom religioso, que quer ser dos amigos mais
chegados de Deus é um longo martírio? Longo, porque, para comparar aos que de
pronto eram degolados, pode-se chamar longo; mas toda a vida é curta e algumas
curtíssimas. E que sabemos nós se a teremos tão curta, que na hora ou momento
em que nos determinamos a servir de todo a Deus, logo se acaba? Seria possível;
enfim, de tudo o que tem fim, não se deve fazer caso; e pensando que cada hora
é a derradeira, quem não há-de trabalhar? Pois, acreditai-me, que pensar isto é
o mais seguro.
3. Por isso,
esforcemo-nos a contradizer em tudo a nossa vontade; que se tendes esse
cuidado, como disse, pouco a pouco, sem saber como, achar-vos-eis no cume. Mas,
que grande rigor parece este dizer que não tomemos prazerem nada, porque não se
dizem os gostos e deleites que traz consigo esta contradição e o que se ganha
com ela ainda mesmo nesta vida! Que segurança! Aqui, como todas o fazeis, o
pior está feito; umas às outras se despertam e ajudam. Nisto há-de cada uma
procurar ir à frente das outras.
4. Nos movimentos
interiores tenha-se muito cuidado, em especial no que toca a primazias. Deus
nos livre, por Sua Paixão, de dizer, nem mesmo de pensar, detendo-nos nisso,
«se sou mais antiga», «se tenho mais anos», «se tenho trabalhado mais», « se
tratam a outra melhor». Estes pensamentos se vierem, é mister atalhá-los com
presteza; que, se se demoram neles, ou os põem em prática, é pestilência e daí
nascem grandes males. Se tiverem prioresa que consinta coisas destas, por pouco
que seja, creiam que, por vossos pecados, permitiu Deus que a tivessem para
começarem a perder-se e façam muita oração para que dê remédio, porque estão em
grande perigo.
5.Poderá ser que
digam, «por que ponho tanto empenho nisto» e «estou com tanto rigor»; «que Deus
faz mercês a quem não está tão desprendido». Eu creio que, com Sua sabedoria
infinita, vê que assim convém para levá-los a deixarem tudo por Ele. Não chamo
«deixar tudo», o entrar na vida religiosa; que pode haver impedimentos e em
qualquer parte a alma perfeita pode ser desprendida e humilde, embora com mais
trabalho, que grande coisa são os meios da vida religiosa. Mas creiam-me numa
coisa: se há ponto de honra ou de fazenda (e isto também pode havê-lo nos
conventos como fora, ainda que mais afastadas estão aqui das ocasiões e maior
seria a culpa), embora tenham anos de oração (ou, para melhor dizer, de
consideração porque, enfim, a oração perfeita acaba com estes ressaibos), nunca
hão-de medrar muito nem chegar a gozar do verdadeiro fruto da oração.
6. Vede se vos
toca nisto alguma coisa, irmãs, porque não estais aqui para outra coisa. Não
ficareis mais honradas, e o proveito perdido para o que poderíeis mais ganhar.
Assim, desonra e prejuízo cabem aqui juntos.
Cada uma veja em
si o que tem de humildade e verá o que tem aproveitado. Parece-me que, ao
verdadeiro humilde, até do primeiro movimento não ousará o demónio tentá-lo em
coisa de primazias; porque, como é tão sagaz, teme o golpe. É impossível, se
alguém for humilde, que não ganhe mais fortaleza nesta virtude e aproveitamento
se o demónio o tentar por aí; porque é claro que há-de dar voltas à sua vida
passada, e comparar o que tem servido ao Senhor com o que Lhe deve e as
grandezas que Ele nos fez em se abaixar a Si para nos deixar exemplo de
humildade; e olhar nossos pecados e onde merecíamos estar por causa deles. Sai
a alma com tanto ganho, que o demónio não ousa voltar outro dia, para não se ir
de cabeça quebrada.
7. Tomai de mim
este conselho e não o esqueçais: não só no interior (que seria grande mal não
ficar com ganho), mas no exterior procurai que as irmãs o tirem também da vossa
tentação. Se quereis vingar-vos do demónio e livrar-vos mais depressa da
tentação, mal ela vos venha, pedi à prelada que vos mande fazer algum serviço
humilde ou, como puderdes, o façais vós mesmas e andai estudando a maneira de
dobrar a vossa vontade em coisas contrárias, que o Senhor vo-las descobrirá, e
com isto durará pouco a tentação.v Deus nos livre de pessoas que O querem
servir a lembrarem-se da honra. Olhai que é fraco lucro e, como disse, a mesma
honra se perde com desejá-la, em especial em primazias, pois não há veneno no
mundo que assim mate a perfeição, como estas coisas.
8.Direis «que são
coisas naturais que não há que fazer caso». Não vos enganeis com isto; cresce
como espuma, e não há coisa pequena em perigo tão notório, como são estes
pontos de honra e olhar a se nos fizeram agravo. Sabeis porquê, sem muitas
outras razões? Porventura, numa começa por um pouco e é mesmo um quase nada.
Mas logo o demónio move uma outra a parecer-lhe que foi muito e pensará até que
é caridade dizer-lhe como consente esse agravo; que Deus lhe dê paciência; que
Lho ofereça; que um santo não sofreria mais. Procura seduzi-la adulando, de
modo a que, embora acabeis por aceitar sofrer, ficais ainda tentada de
vanglória de não ter sofrido com a perfeição com que se devia sofrer.
9. É esta natureza
tão fraca que, ainda mesmo dizendo-nos a nós mesmas que não há motivos para
sofrermos, pensamos que fizemos algo e o sentimos, quanto mais vendo que o
sentem por nós. Assim vai a alma perdendo as ocasiões que tinha tido para
merecer e fica mais fraca e aberta a porta ao demónio, para que outra vez venha
dizer que sois tola, pois é bem que se sintam estas coisas. Oh! por amor de
Deus, irmãs minhas!: que a nenhuma a mova caridade indiscreta para mostrar pena
de outra em coisas que toquem estes falsos agravos. É como a que tiveram os
amigos do santo Job com ele, e sua mulher.
santa teresa de
jesus
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.