O
nosso Deus decidiu ficar no Sacrário para nos alimentar, para nos fortalecer,
para nos divinizar, para dar eficácia ao nosso trabalho e ao nosso esforço.
Jesus é simultaneamente o semeador, a semente e o fruto da sementeira: o Pão da
vida eterna.
(...)
Assim espera o nosso amor, desde há quase dois mil anos. É muito tempo e não é
muito tempo; porque, quando há amor, os dias voam.
Vem-me
à memória uma encantadora poesia galega, uma das cantigas de Afonso X, o Sábio.
É a lenda de um monge que, na sua simplicidade, suplicou a Santa Maria que o
deixasse contemplar o céu, ainda que fosse só por um instante. A Virgem acolheu
o seu desejo, e o bom monge foi levado ao Paraíso. Quando regressou, não
reconhecia nenhum dos moradores do mosteiro: a sua oração, que lhe tinha
parecido brevíssima,, tinha durado três séculos. Três séculos não são nada,
para um coração que ama. Assim compreendo eu esses dois mil anos de espera do
Senhor na Eucaristia. É a espera de Deus, que ama os homens, que nos procura,
que nos quer tal como somos – limitados, egoístas, inconstantes – mas com
capacidade para descobrirmos o seu carinho infinito e para nos entregarmos
inteiramente a Ele. (Cristo que passa, 151)
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