A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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1
Depois disto, Jesus voltou a mostrar-Se aos Seus discípulos, junto do mar de
Tiberíades. Mostrou-Se deste modo: 2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado
Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e dois
outros dos Seus discípulos. 3 Simão Pedro disse-lhes: «Vou pescar».
Responderam-lhe: «Nós vamos também contigo». Partiram e entraram numa barca.
Naquela noite nada apanharam. 4 Chegada a manhã, Jesus apresentou-Se na praia;
mas os discípulos não conheceram que era Ele. 5 Jesus disse-lhes: «Rapazes,
tendes alguma coisa para comer?». Responderam-Lhe: «Nada». 6 Disse-lhes:
«Lançai a rede para o lado direito do barco, e encontrareis». Lançaram a rede e
já não a podiam arrastar, por causa da grande quantidade de peixes. 7 Então
aquele discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: «É o Senhor!». Simão Pedro,
ao ouvir dizer que era o Senhor, cingiu-se com a túnica, porque estava nu, e
lançou-se à água. 8 Os outros discípulos, que não estavam distantes de terra,
senão duzentos côvados, vieram no barco puxando a rede cheia de peixes. 9 Logo
que saltaram para terra, viram umas brasas acesas, peixe em cima delas, e pão.
10 Jesus disse-lhes: «Trazei dos peixes que apanhastes agora». 11 Simão Pedro
subiu à barca e arrastou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três
grandes peixes. E, sendo tantos, não se rompeu a rede. 12 Jesus disse-lhes:
«Vinde comer». Nenhum dos discípulos ousava perguntar-Lhe: «Quem és Tu?»,
sabendo que era o Senhor. 13 Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho, fazendo
o mesmo com o peixe. 14 Foi esta a terceira vez que Jesus Se manifestou aos
discípulos depois de ter ressuscitado dos mortos. 15 Depois de comerem, disse
Jesus a Simão Pedro: «Simão, filho de João, amas-Me mais do que estes?». Ele
respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Jesus disse-lhe: «Apascenta os
Meus cordeiros». 16 Voltou a perguntar pela segunda vez: «Simão, filho de João,
amas-Me?». Ele respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Jesus disse-lhe:
«Apascenta as Minhas ovelhas». 17 Pela terceira vez disse-lhe: «Simão, filho de
João, amas-Me?». Pedro ficou triste porque, pela terceira vez, lhe disse:
«Amas-Me?», e respondeu-Lhe: «Senhor, Tu sabes tudo; Tu sabes que Te amo».
Jesus disse-lhe: «Apascenta as Minhas ovelhas». 18 «Em verdade, em verdade te
digo: Quando tu eras mais novo, cingias-te e ias onde desejavas; mas, quando
fores velho, estenderás as tuas mãos e outro te cingirá e te levará para onde
tu não queres». 19 Disse isto, indicando com que género de morte havia Pedro de
dar glória a Deus. Depois de assim ter falado, disse: «Segue-Me». 20 Pedro,
tendo-Se voltado, viu que o seguia aquele discípulo que Jesus amava, aquele mesmo
que na ceia estivera reclinado sobre o Seu peito e Lhe perguntara: «Senhor,
quem é que Te vai entregar?». 21 Pedro, vendo-o, disse a Jesus: «Senhor, e
deste, que será?» 22 Jesus disse-lhe: «Se quero que ele fique até que Eu venha,
que tens com isso? Tu, segue-Me». 23 Correu então entre os irmãos que aquele
discípulo não morreria. Jesus, porém, não disse a Pedro: «Não morrerá», mas:
«Se quero que ele fique até que Eu venha, que tens com isso?». 24 Este é aquele
discípulo que dá testemunho destas coisas e que as escreveu, e sabemos que o
seu testemunho é verdadeiro. 25 Muitas outras coisas fez Jesus. Se se
escrevessem uma por uma, creio que nem todo o mundo poderia conter os livros
que seria preciso escrever.
CAMINHO
DE PERFEIÇÃO
Livro chamado Caminho de
Perfeição, composto por Teresa de Jesus, freira da Ordem de Nossa Senhora do
Carmo. Vai dirigido às freiras descalças de Nossa Senhora do Carmo da Primeira
Regra.
JHS
Este livro trata de avisos
e conselhos que Teresa de Jesus dá às Religiosas, irmãs e filhas suas, dos
mosteiros que, com o favor de Nosso Senhor e da gloriosa Virgem Mãe de Deus,
Senhora Nossa, tem fundado da Regra Primitiva de Nossa Senhora do Carmo.
Dirige-se em especial às Irmãs do Mosteiro de S. José de Ávila, que foi o
primeiro e em que era prioresa quando o escreveu.
Em tudo o que nele disser,
me sujeito ao que me ensina a Santa Madre Igreja Romana e, se alguma coisa for
contrária a isto, é por não o entender. E assim, aos letrados que o hão-de ver,
peço, por amor de Nosso Senhor, que o vejam muito particularmente e o corrijam,
se alguma falta nisto houver, e outras muitas que terá noutras coisas. Se nele
houver alguma coisa boa, seja para glória e honra de Deus e serviço de Sua
Sacratíssima Mãe, Padroeira e Senhora Nossa, cujo hábito eu trago, ainda que
muito indigna dele?
JHS.
PRÓLOGO.
1. Sabendo as irmãs deste
Mosteiro de S. José que eu tinha licença do Padre Presentado Frei Domingo
Bánes, da Ordem do glorioso S. Domingos, que presentemente é meu confessor,
para escrever algumas coisas de oração, em que parece que poderei atinar por
ter tratado com muitas pessoas espirituais e santas, têm-me importunado tanto
para que lhes diga alguma coisa sobre ela, que me determinei a obedecer-lhes,
vendo que o grande amor que me têm pode fazer-lhes mais aceite o mau estilo e
imperfeito daquilo que eu disser, do que alguns livros muito bem escritos por
quem sabia o que escreveu. E confio nas suas orações, pois poderá ser que, por
elas, o Senhor seja servido que eu acerte em dizer alguma coisa do mais
conveniente ao modo de viver que temos nesta casa. E, se for pouco acertado, o
Padre Presentado, que há-de ser o primeiro a ver isto, o remediará ou queimará,
e eu nada terei perdido obedecendo a estas servas de Deus, e elas verão o que
eu posso por mim mesma quando Sua Majestade não me ajuda.
2. Penso dar aqui alguns
auxílios para umas pequenas tentações que o demónio nos apresenta que, - por
serem tão diminutas -, talvez não se faça caso delas. Direi ainda outras
coisas, conforme o Senhor me der a entender e eu me for lembrando, porque, como
não sei o que irei dizer, não posso dizê-lo com concerto. Creio mesmo que
melhor será não o ter, pois é já coisa bem desconcertada eu escrever isto. O
Senhor ponha a Sua mão em tudo o que eu fizer, para que vá conforme à Sua santa
vontade; estes são sempre os meus desejos, ainda que as obras sejam tão falhas
como eu sou.
3. Sei que não me falta
amor e desejo de ajudar naquilo que puder, para que as almas das minhas irmãs
vão muito adiante no serviço do Senhor. Este amor, junto com os anos e a
experiência que tenho de alguns conventos, poderá ser que sirva para eu atinar,
mais do que os letrados, em coisas pequenas. Por terem eles outras ocupações
mais importantes e serem varões fortes, não fazem tanto caso de coisas que em
si não parecem nada, e a nós, mulheres, como somos tão fracas, tudo nos pode
causar dano; porque as subtilezas do demónio são muitas para as que vivem muito
encerradas, porque vê que precisa de armas novas para lhes fazer mal. Eu, como
sou ruim, tenho-me sabido defender mal, e assim quereria que minhas irmãs
escarmentassem em mim. Não direi coisa de que não tenha experiência, por a ter
visto em mim ou em outras.
4. Há poucos dias
mandaram-me escrever certa relação da minha vida, onde tratei algumas coisas de
oração. Mas poderá ser que o meu confessor não queira a vejais e, por isso,
direi aqui algumas coisas das que ali disse e outras que também me parecem
necessárias. O Senhor o ponha por Sua mão, como Lhe tenho suplicado, e o ordene
para Sua maior glória, ámen.
CAPÍTULO
1.
Da causa que me moveu a
fazer este convento com tanta estreiteza.
1. No princípio da
fundação deste mosteiro (pelos motivos referidos no livro que escrevi e onde
referi algumas grandezas do Senhor, em que Ele deu a entender o muito que seria
servido nesta casa), não era minha intenção que houvesse tanto rigor no
exterior, nem que fosse sem renda; antes quisera que houvesse possibilidades
para que nada nos faltasse. Enfim, agia como fraca e ruim, ainda que alguns
bons intentos tivesse em vista mais que meu regalo.
2. Neste tempo,
chegaram-me notícias dos danos e prejuízos causados em França por estes
luteranos e quanto ia em crescimento esta desventurada seita. Deu-me grande
pesar e, como se eu pudesse ou fosse alguma coisa, chorava com o Senhor e
suplicava-Lhe pusesse remédio a tanto mal. Parecia-me que mil vidas daria para
remédio de uma alma, das muitas que ali se perdiam. E, como me vi mulher, ruim
e impossibilitada de trabalhar como eu quisera no serviço do Senhor, toda a
minha ânsia era, e ainda é, pois Ele tem tantos inimigos e tão poucos amigos,
que estes fossem bons. Determinei-me, pois, fazer este pouquito que está em
minha mão: seguir os conselhos evangélicos com toda a perfeição que eu pudesse
e procurar que estas poucas que aqui estão fizessem o mesmo. Punha a minha confiança
na grande bondade de Deus que nunca falta em ajudar a quem por Ele se determina
a deixar tudo; e que, sendo elas tais quais eu as imaginava em meus desejos,
entre as suas virtudes não teriam força as minhas faltas, e poderia assim
contentar nalguma coisa o Senhor, e que todas, ocupadas em oração pelos
defensores da Igreja e pregadores e letrados que a defendem, ajudássemos, no
que pudéssemos, a este Senhor meu, que tão atribulado O trazem; aqueles a quem
fez tanto bem. Dir-se-ia que estes traidores O querem agora de novo pregar na
cruz, e que não tivesse onde reclinar a cabeça.
3. Ó Redentor meu! o meu
coração não pode chegar aqui sem se afligir muito! Que é isto agora nos
cristãos? Hão-de ser sempre os que mais Vos devem os que Vos aflijam? Aqueles a
quem melhores obras fazeis, aos que escolheis para Vossos amigos, entre quem
andais e Vos comunicais pelos Sacramentos? Não estão ainda fartos dos tormentos
que por eles passastes?
4. Por certo, Senhor meu,
nada faz quem agora se isola do mundo. Pois Vos têm tão pouco amor, que
esperamos nós? Porventura merecemos mais que no-lo tenham? Porventura
fizemos-lhes melhores obras para que nos tenham amizade? Que é isto? Que
esperamos ainda os que, por bondade do Senhor, estamos sem aquela astúcia
pestilencial? Esses são já do demónio? Bom castigo têm ganho com suas próprias
mãos e bem granjeado têm com seus deleites o fogo eterno. Lá se avenham, ainda
que não deixa de se me partir o coração o ver como se perdem tantas almas. Mas,
para que o mal não seja tanto, quisera não ver perder mais cada dia.
5. Ó irmãs minhas em
Cristo! Ajudai-me a suplicar isto ao Senhor, que para isto vos juntou Ele aqui.
Esta é a vossa vocação; estes hão-de ser os vossos negócios; estes hão-de ser
os vossos desejos; aqui as vossas lágrimas; estas as vossas petições; não,
minhas irmãs, por negócios do mundo, de que eu me rio e até me aflijo, nem
pelas coisas que aqui nos vêm encarregar de suplicar a Deus, de pedir a Sua
Majestade rendas e dinheiros, e isto algumas pessoas que, antes, quereria
suplicassem a Deus graça para calcarem aos pés tudo isso. Boa intenção têm e,
por fim, faz-se-lhes a vontade por ver a sua devoção, ainda que eu tenha para
mim, que nestas coisas, nunca sou ouvida. O mundo está ardendo, querem tornar a
condenar Cristo, como dizem, pois Lhe levantam mil falsos testemunhos; querem
deitar por terra a Sua Igreja, e havemos de gastar tempo em coisas que, se Deus
lhas desse, teríamos porventura uma alma a menos no Céu? Não, minhas irmãs; não
é tempo de tratar com Deus negócios de pouca importância.
6. Por certo que, se não
olhasse à fraqueza humana, que se consola de ser ajudada em tudo (e bom seria
valêssemos alguma coisa), regozijar-me-ia que se entendesse que não são estas
as coisas que se hão-de suplicar a Deus com tanto cuidado.
CAPÍTULO
2.
Trata como se hão-de
descuidar das necessidades corporais, e do bem que há na pobreza.
1. Não penseis, minhas
irmãs, que, por não andar a contentar os do mundo, vos há-de faltar de comer;
isto vos asseguro. Jamais, por artifícios humanos, pretendais sustentar-vos,
porque morrereis de fome, e com razão. Ponde os olhos em vosso Esposo; Ele vos
há-de sustentar. Contente Ele, ainda que o não queiram, dar-vos-ão de comer os
vossos menos devotos, como tendes visto por experiência. Se, fazendo vós isto,
morrerdes de fome, bem-aventuradas as freiras de S. José. Não vos esqueçais
disto, por amor do Senhor. Já que deixais as rendas, deixai os cuidados da
comida; se não, tudo vai perdido. Aqueles que o Senhor quer que a tenham, em
boa hora tenham esses cuidados, que é de muita razão, pois é a sua vocação; mas
em nós, Irmãs, é disparate.
2. Cuidado de rendas
alheias, me parece seria estar pensando no que os outros gozam. Sim; porque,
com o vosso cuidado, não muda ninguém o seu pensamento, nem lhe vem o desejo de
dar esmola. Deixai este cuidado a Quem os pode mover a todos, que Ele é o
Senhor das rendas e dos rendeiros. À Sua chamada viemos aqui; as Suas palavras
são verdadeiras; não podem faltar; antes faltarão os céus e a terra. Não Lhe
faltemos nós, e não haja medo de que Ele falte. Se alguma vez vos faltar, será
para maior bem, tal como faltava a vida aos Santos quando os matavam pelo
Senhor, e era para lhes aumentar a glória pelo martírio. Boa troca seria acabar
depressa com tudo e ir gozar da fartura imperdurável!
3. Olhai, irmãs, que isto
importa muito depois da minha morte; e, por isso, aqui vo-lo deixo escrito.
Enquanto eu viver, eu vo-lo recordarei, pois vejo, por experiência, o grande
lucro que há nisto. Quando menos há, mais descuidada estou, e o Senhor sabe
que, segundo me parece, dá-me mais pena quando sobra muito do que quando falta.
Não sei se o faz como já tenho visto; o Senhor logo no-lo dá. Outra coisa seria
enganar o mundo, fazendo-nos pobres não o sendo de espírito, mas somente no
exterior. Isto seria, para mim, um caso de consciência, a modo de dizer, e
parecer-me-ia serem ricas a pedir esmola. Praza a Deus que não seja assim; pois
onde há estes cuidados excessivos para que dêem, uma vez ou outra irão pelo
costume, ou poderiam ir e pedir aquilo de que não precisam a quem talvez tenha
mais necessidade. Esses, nada podem perder com isso, senão ganhar; mas nós, sim
perderíamos. Não o queira Deus, minhas filhas; se isto houvesse de suceder,
mais quisera eu que tivésseis renda.
4. De nenhum modo se ocupe
nisto o vosso pensamento, eu vo-lo peço como esmola, por amor de Deus. E quando
a mais pequena de entre vós, alguma vez verificasse isto nesta casa, clame a
Sua Majestade e lembre-o à Maior. Diga-lhe com humildade que vai errada e
tanto, que, pouco a pouco, se vai perdendo a verdadeira pobreza. Eu espero no
Senhor que não será assim e que Ele não abandonará as Suas servas. Para isso,
ainda que para mais não seja, sirva-vos isto que me mandastes escrever como um
despertador.
5. E creiam, minhas
filhas, que, para vosso bem, deu-me o Senhor a entender um poucochinho dos bens
que há na santa pobreza e, as que o experimentarem, entendê-lo-ão; talvez não
tanto como eu, porque não só eu não tinha sido pobre de espírito, ainda que o
tivesse professado, mas sim louca de espírito, porque experimentei o contrário.
É este um bem que encerra em si todos os bens do mundo. É grande senhorio. Digo
que é um assenhorear-se de novo de todos os bens da terra para quem deles não
faz caso. Que me importam os reis e senhores, se não quero as suas rendas, nem
os pretendo mesmo contentar, se para isso se me atravessa por diante um
tudo-nada que seja o ter de descontentar nalguma coisa a Deus? Ou, que se me dá
das suas honras, se tenho entendido que, para um pobre, a maior honra está em
ser verdadeiramente pobre?
santa
teresa de jesus
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