19/11/2013

Leitura espiritual para 19 Nov 2013

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 13, 18-38

18 «Não falo de todos vós; sei os que escolhi; porém, é necessário que se cumpra o que diz a Escritura: “O que come o pão comigo levantará o seu calcanhar contra mim”. 19 Desde agora vo-lo digo, antes que suceda, para que, quando suceder, acrediteis que “Eu sou”. 20 Em verdade, em verdade vos digo que, quem recebe aquele que Eu enviar, a Mim recebe, e quem Me recebe, recebe Aquele que Me enviou». 21 Tendo Jesus dito estas coisas, perturbou-Se em Seu espírito e declarou abertamente: «Em verdade, em verdade vos digo que um de vós Me há-de entregar». 22 Olhavam, pois, os discípulos uns para os outros, não sabendo de quem falava. 23 Ora um dos Seus discípulos, aquele que Jesus amava, estava recostado sobre o peito de Jesus. 24 A este, Simão Pedro fez sinal, para lhe dizer: «De quem fala Ele?». 25 Aquele discípulo, pois, tendo-se reclinado sobre o peito de Jesus, disse-Lhe: «Quem é, Senhor?».26 Jesus respondeu: «É aquele a quem Eu der o bocado que vou molhar». Molhando, pois, o bocado, deu-o a Judas Iscariotes, filho de Simão. 27 Atrás do bocado, Satanás entrou nele. Jesus disse-lhe então: «O que tens a fazer, fá-lo depressa». 28 Nenhum, porém, dos que estavam à mesa percebeu por que lhe dizia isto. 29 Alguns, como Judas era o que tinha a bolsa, julgavam que Jesus lhe dissera: «Compra as coisas que nos são precisas para o dia da festa», ou: «Dá alguma coisa aos pobres». 30 Ele, pois, tendo recebido o bocado, saiu imediatamente; era noite. 31 Depois que ele saiu, Jesus disse: «Agora é glorificado o Filho do Homem, e Deus é glorificado n'Ele. 32 Se Deus foi glorificado n'Ele, também Deus O glorificará em Si mesmo; e glorificá-l'O-á sem demora. 33 Filhinhos, já pouco tempo estou convosco. Buscar-Me-eis, mas, assim como disse aos judeus: Para onde Eu vou, vós não podeis vir, também vos digo agora. 34 «Dou-vos um mandamento novo: Que vos ameis uns aos outros. Assim como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. 35 Nisto conhecerão todos que sois Meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros». 36 Simão Pedro disse-Lhe: «Senhor, para onde vais?». Jesus respondeu-lhe: «Para onde Eu vou, não podes tu agora seguir-Me, mas seguir-Me-ás mais tarde». 37 Pedro disse-lhe: «Porque não posso eu seguir-Te agora? Darei a minha vida por Ti». 38 Jesus respondeu-lhe: «Darás a tua vida por Mim? Em verdade, em verdade te digo: Não cantará o galo sem que Me tenhas negado três vezes.



VIDA
CAPÍTULO 35.

5. Neste tempo foi o Senhor servido que, a rogos meus, viesse o santo Frei Pedro de Alcântara a casa desta senhora que ainda não o tinha visto. Como ele era bom amador da pobreza e tantos anos a havia tido, sabia bem a riqueza que nela havia e assim me ajudou muito e mandou que, de nenhuma maneira, deixasse de levar o meu intento muito por diante. Com este parecer e ajuda, como de quem melhor o podia dar, por o saber por larga experiência, determinei-me a já não andar buscando outros.
6. Estando um dia encomendando muito a Deus este negócio, disse-me o Senhor que, de nenhuma maneira, deixasse de fazer o convento pobre, que esta era a vontade de Seu Pai e a Sua, que Ele nos ajudaria. Foi isto num grande arroubamento e com tão grandes efeitos que, de nenhum modo, pude ter dúvida de que era Deus.
Outra vez disse-me que na renda estava a confusão, e outras coisas em louvor da pobreza, assegurando-me que, a quem O servia, não lhe fal tava o necessário para viver; e esta falta, como digo, nunca á temi por mim.
Também o Senhor mudou o coração do Presentado, digo, do religioso dominicano, de quem disse que me escreveu para que não o fizesse sem renda. Já eu estava muito contente por ter entendido isto e com tais pareceres; não me parecia senão que possuía toda a riqueza do mundo em me determinando a viver só por amor de Deus.
7. A este tempo, o meu Provincial levantou-me o mandado e obediência que me tinha posto para estar ali. Deixou à minha vontade que pudesse ir-me embora se eu quisesse, e se quisesse estar, também podia por mais algum tempo. Ia haver, por então, eleições no meu mosteiro e avisaram-me que muitas me queriam dar o cargo de prelada. Para mim, de só o pensar, era tão grande tormento que, com mais facilidade eu me determinava a sofrer por Deus qualquer martírio; a este, de nenhum modo me podia persuadir. Porque, deixando à parte o trabalho grande que era por serem muitas e outras coisas de que eu nunca fui amiga, nem de ofício algum, que sempre os havia recusado, parecia-me de grande perigo para a consciência. E assim louvei a Deus por não me achar lá. Escrevi às minha amigas para que não me dessem voto.
8. Estando muito contente de não me achar naquele ruído, disse-me o Senhor que, de nenhum modo, deixasse de ir. Já que desejava cruz, boa me esperava, que não a rejeitasse, que fosse com ânimo; Ele me ajudaria e que partisse logo. Afligi-me muito e não fazia senão chorar, porque pensei que cruz seria o ser prelada e, como digo, não podia persuadir-me, de nenhuma maneira, que fosse um bem para a minha alma, nem via termos para isso.
Contei-o ao meu confessor; mandou-me logo que tratasse de ir, pois era claro ser maior perfeição mas, porque fazia grande calor, e bastava achar-me lá para as eleições, que me ficasse ainda uns dias para que me não fizesse mal a jornada. Mas, como o Senhor tinha ordenado outra coisa, teve de se fazer. Era grande o desassossego que trazia em mim e o não poder ter oração, parecendo-me que desobedecia ao que o Senhor me tinha ordenado; que por estar ali a meu prazer e com regalo, não me queria ir oferecer ao trabalho. Tudo não era, pois, mais que palavras para com Deus.
Podendo estar onde era de maior perfeição, porque motivo o havia de deixar? Se morresse, que morresse! E, com isto, um aperto de alma, um tirar-me o Senhor todo o gosto na oração. Enfim, estava de tal modo e já me era tormento tão grande, que supliquei àquela senhora que tivesse por bem deixar-me ir, porque já meu confessor- como me viu assim- me disse que me fosse embora. Também a ele o movia Deus como a mim.
9. Ela sentia tanto que a deixasse, que era outro tormento, pois tinha-lhe custado muito alcançar licença do Provincial, com importunações de muitas maneiras. Tive por grandíssimo favor o ela querer aceitar às boas, pelo muito que o sentia. Mas, como era muito temente a Deus e eu lhe disse que se Lhe podia prestar grande serviço com a minha ida e outras muitas coisas, e dei-lhe esperança de que era possível torná-la a ver, ela, embora com muita pena, assim o teve por bem.
10. Já eu não a tinha de me vir embora, porque, entendendo que uma coisa era de maior perfeição e serviço de Deus, com o gozo que me dá contentá-Lo, passei pela pena de deixar aquela senhora que tanto eu via sentir a minha partida e a outras pessoas a quem devia muito, em especial a meu confessor, que era da Companhia de Jesus, e com o qual me achava muito bem. Mas, quanto mais consolações eu via que perdia pelo Senhor, mais contento me dava de as perder. Não podia entender como isto era, porque via claramente estes dois contrários: gostar e consolar-me e alegrar-me do que me pesava na alma. É que eu estava consolada e sossegada e tinha vagar para ter muitas horas de oração. Vi que me vinha meter num fogo, pois já o Senhor me tinha dito que vinha padecer grande cruz, embora nunca eu pensei o fosse tanto, como depois experimentei. E, contudo, vinha alegre e estava impaciente por não entrar logo em batalha, pois o Senhor queria que a tivesse. Assim Sua Majestade enviava-me o esforço e o incutia na minha fraqueza.
11. Não podia, como digo, entender como isto podia ser. Veio-me ao pensamento esta comparação: possuindo eu uma jóia ou coisa que me desse grande contento, depara-se-me saber que a deseja uma pessoa a quem quero mais do que a mim mesma e mais desejo contentá-la do que a minha própria satisfação. E assim dá-me tão grande prazer o ficar sem a jóia, a fim de contentar aquela pessoa, como me dava o possuí-la. E, como este prazer de contentá-la excede o meu mesmo prazer, tira-se-me a pena da falta que me faz a jóia ou daquilo que amo e de perder a satisfação que me dava. Assim aqui: embora quisesse ter pena, por ver que deixava pessoas que tanto sentiam apartar-se de mim, o que, noutro tempo, me bastara para me afligir muito, por ser eu de minha condição tão agradecida, agora, ainda que quisesse ter pena, não podia.
12. Importou tanto o não tardar eu nem mais um dia para o que tocava ao negócio desta bendita casa, que não sei como se poderia concluir se eu então me demorasse. Oh! grandeza de Deus! Muitas vezes me espanto, quando considero e vejo quão particularmente queria Sua Majestade ajudar-me para que se efectuasse este cantinho de Deus, pois creio que o é, e morada onde Sua Majestade se deleita, como uma vez, estando eu em oração, me disse que, esta casa era para Ele paraíso de deleite. E assim parece Sua Majestade ter escolhido as almas que trouxe para aqui, em cuja companhia vivo com tanta, tanta confusão. Nem eu as soubera desejar tais para esta vida de tanta austeridade, pobreza e oração. E levam-na com uma alegria e contento tal, que cada uma se acha indigna de ter merecido vir para este lugar. Em especial, há algumas que o Senhor chamou de entre muita vaidade e galas do mundo, onde poderiam estar contentes conforme as suas leis, e tem-lhes dado o Senhor aqui tão dobrados gozos, que elas claramente reconhecem ter-lhes dado cem por um do que deixaram e não se fartam de dar graças a Sua Majestade. A outras, tem Ele mudado de bem para melhor. Às de pouca idade dá fortaleza e conhecimento para que não possam desejar outra coisa e entendam que, ainda mesmo cá em baixo, é viver em maior descanso o estarem apartadas de todas as coisas da vida. Às que são de mais idade e com pouca saúde, dá forças, e lhas tem dado, para poderem levar a aspereza e penitência como as outras.
13. Oh! Senhor meu, como mostrais que sois poderoso! Não é mister buscar razões para o que Vós quereis, porque, por sobre toda a razão natural, fazeis as coisas tão possíveis que dais bem a entender que mais não é preciso, senão amar-Vos deveras e deveras deixar tudo por Vós, para que Vós, Senhor meu, façais tudo fácil. Aqui bem se pode dizer: «fingis trabalho em vossa lei», porque eu não o vejo, Senhor, nem sei como «é estreito o caminho que a Vós leva». Caminho real, vejo que é, e não senda; caminho onde, quem nele entre de verdade, vai mais seguro. Muito longe estão os recifes e despenhadeiros para cair, porque estão longe das ocasiões. Senda ruim e caminho apertado chamo eu o que, dum lado tem um vale muito profundo onde se pode cair, e do outro um despenhadeiro. Ainda mal se descuidam, os que por aí seguem, quando se despenham e fazem em pedaços.
14. O que Vos ama de verdade, Bem meu, vai seguro por caminho largo e real. Longe está o despenhadeiro; mal vai o tropeçar e já Vós, Senhor, lhe dais a mão. Não basta uma queda, nem muitas, para se perder, se Vos tem amor e não às coisas do mundo, pois vai pelo vale da humildade. Não posso entender o que é que temem de se meterem no caminho da perfeição.
O Senhor nos dê a compreender, por Quem é, como é má a segurança em tão manifestos perigos como são os de andar arrastado pela corrente do mundo, e como a verdadeira segurança está em procurar ir muito adiante no caminho de Deus. Olhos fixos n'Ele e não haja medo de que se ponha este Sol da Justiça, nem que nos deixe caminhar de noite para nos perdermos, se nós primeiro não O deixamos a Ele.
15. Não temem andar entre leões - e parece cada um querer levar um pedaço -que são as honras e deleites e coisas semelhantes a que se chama no mundo contentamentos; e aqui parece que o demónio faz temer musaranhos. Mil vezes me espanto e dez mil quereria fartar-me de chorar e dar vozes e dizer a todos a minha grande cegueira e maldade, para que aproveitasse um pouco para eles abrirem os olhos. Abra-nos Aquele que o pode, por Sua bondade, e não permita que se tornem a cegar os meus. Ámen.

santa teresa de jesus


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