A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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1 Antes da festa da Páscoa, sabendo
Jesus que tinha chegado a Sua hora de passar deste mundo ao Pai, tendo amado os
Seus que estavam no mundo, amou-os até ao extremo. 2 Durante a ceia, tendo já o
demónio posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, a determinação de
O entregar, 3 Jesus, sabendo que o Pai tinha posto nas Suas mãos todas as
coisas, que saíra de Deus e voltava para Deus, 4 levantou-Se da mesa, depôs as
vestes e, pegando numa toalha, cingiu-Se com ela. 5 Depois deitou água numa
bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, e a enxugá-los com a toalha com
que estava cingido. 6 Chegou, pois, a Simão Pedro. Pedro disse-Lhe: «Senhor, Tu
lavares-Me os pés?».7 Jesus respondeu-lhe: «O que Eu faço, tu não o compreendes
agora, mas compreendê-lo-ás depois». 8 Pedro disse-Lhe: «Jamais me lavarás os
pés!». Jesus respondeu-lhe: «Se Eu não te lavar não terás parte comigo». 9
Simão Pedro disse-Lhe: «Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça».
10 Jesus disse-lhe: «Aquele que tomou banho não tem necessidade de se lavar,
pois todo ele está limpo. Vós estais limpos, mas não todos». 11 Ele sabia quem
era o que O ia entregar, por isso disse: «Nem todos estais limpos». 12 Depois
que lhes lavou os pés e que retomou as Suas vestes, tendo tornado a pôr-Se à
mesa disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz? 13 Chamais-Me Mestre e Senhor, e
dizeis bem porque o sou. 14 Se Eu, pois, sendo vosso Senhor e Mestre, vos lavei
os pés também vós deveis lavar os pés uns aos outros. 15 Dei-vos o exemplo para
que, como Eu vos fiz, assim façais vós também. 16 Em verdade, em verdade vos
digo: o servo não é maior do que o seu senhor, nem o enviado é maior do que
aquele que o enviou. 17 Já que compreendeis estas coisas, bem-aventurados
sereis se as praticardes.
VIDA
CAPÍTULO
34.
12. Não se espante nem lhe
pareçam coisas impossíveis - tudo é possível ao Senhor -, mas procure esforçar
a fé e humilhar-se porque, nesta ciência, o Senhor faz porventura mais sábia a
uma velhazita do que a ele, embora seja muito letrado. E com esta humildade
aproveitará mais às almas e a si, do que em se fazer contemplativo sem o ser.
Porque torno a dizer que, se não tem muita experiência e se não tem muita
humildade para reconhecer que não o entende, mas que, no entanto, não é coisa
impossível, ganhará pouco e dará ainda menos a ganhar a quem dirige. Não haja
porém medo: se tem humildade, o Senhor permitirá que não se engane nem um nem
outro.
13. Pois este Padre que
digo, como o Senhor lhe deu experiência em muitas coisas, tem procurado estudar
tudo o que por estudo tem podido saber neste caso, pois é bem letrado. E, o que
não entende por experiência, informa-se de quem a tem e, por isso, ajuda-o o
Senhor com dar-lhe muita fé e assim tem ele aproveitado muito e feito
aproveitar algumas almas e a minha é uma delas. Como o Senhor sabia os
trabalhos em que me havia de ver - pois ia levar consigo a alguns que me
governavam - parece que Sua Majestade proveu a que ficassem outros que me têm
ajudado em trabalhos e feito grande bem. Tem-no mudado o Senhor quase de todo,
de maneira que ele quase não se conhece, por assim dizer, e dado forças
corporais para a penitência (que antes não tinha, por ser enfermo). Tornou-se
animoso para tudo o que é bom e outras coisas, que bem parece ser muito
particular chamamento do Senhor. Seja bendito para sempre.
14. Creio que todo o bem
lhe vem das mercês que o Senhor lhe tem feito na oração, pois que não são
postiças. Já nalgumas coisas quis o Senhor que se tenha exercitado, e sai-se
delas como quem tem já conhecida a verdade do mérito que se ganha em sofrer
perseguições. Espero na grandeza do Senhor que por meio dele há-de vir muito
bem a alguns da sua Ordem e a ela mesma. Já isto se começa a entender. Tenho
tido grandes visões, nas quais o Senhor me disse algumas coisas de grande
admiração a seu respeito e do Reitor da Companhia de Jesus, de quem tenho
falado, e de outros dois religiosos da Ordem de S. Domingos, em especial dum.
Pelo seu aproveitamento - provado por obra - também já o Senhor tem dado. a
entender algumas dessas coisas que antes eu tinha sabido por Ele. De quem agora
falo, tem sido muitas vezes.
15. Uma coisa quero dizer
agora aqui. Estava eu uma vez no locutório com ele, e era tanto o amor que a
minha alma e espírito entendia que ardia no dele, que me tinha quase absorta,
porque considerava as grandezas de Deus, em quão pouco tempo subira uma alma a
tão alto estado. Fazia-me grande confusão, porque via-o, com tanta humildade,
escutar o que eu dizia em algumas coisas de oração, e que pouca eu tinha em
tratar assim com pessoa semelhante. Mas isto o Senhor mo devia sofrer pelo
grande desejo que eu tinha de o ver muito adiantado. Fazia-me tanto proveito
estar com ele que parece que deixava em minha alma ateada um novo fogo para
desejar principiar de novo a servir ao Senhor.
Ó Jesus meu! O que faz uma
alma abrasada no Vosso amor! Quanto a deveríamos estimar e suplicar ao Senhor a
deixasse nesta vida! Quem tem o mesmo amor, atrás destas almas haveria de
andar, se pudesse.
16. Grande coisa é um
enfermo achar outro ferido do mesmo mal; muito se consola de ver que não está
só; muito se ajudam a padecer e até a merecer; fazem-sé costas e firme apoio se
oferecem, já como gente determinada a arriscar mil vidas por Deus e desejam que
se lhes ofereça ensejo de as perder. São como soldados que, para ganhar o
despojo e fazer-se com ele ricos, desejam que haja guerra; tendo compreendido
que não o podem ser senão por aqui, este é o seu ofício: trabalhar. Oh! grande
coisa é quando o Senhor dá esta luz de entender o muito que se ganha em padecer
por Ele! Não se compreende este bem, enquanto não se deixa tudo, pois quem se
atém a alguma coisa, sinal é que a tem em conta. E se a tem em conta, forçosamente
lhe há-de pesar de a deixar e já vai tudo imperfeito e perdido. Vem aqui bem a
propósito dizer: perdido está quem atrás de perdido anda. E que maior perdição
e que maior cegueira; que maior desventura, que ter em muito o que não é nada?
17. Pois, voltando ao que
dizia, estando eu em grandíssimo gozo considerando aquela alma, na qual me
parece queria o Senhor que eu visse claramente os tesouros que nela tinha
depositado, e vendo a mercê que me fizera de que fosse por meu intermédio -
achando-me indigna disso -, em muito mais estima tinha eu as mercês que o
Senhor lhe fizera e mais as tomava à minha conta do que se fossem feitas a mim,
e louvava muito ao Senhor por ver que Sua Majestade ia cumprindo meus desejos e
tinha ouvido a minha oração, que era que o Senhor despertasse pessoas semelhantes.
Estando já minha alma que
não podia sofrerem si tanto gozo, saiu de si e perdeu-se para mais ganhar.
Perdeu as considerações, e deixou de ouvir aquela língua divina, pela qual
parece que falava o Espírito Santo, e deu-me um grande arroubamento que me fez
quase perder os sentidos, embora durasse pouco tempo. Vi Cristo, com grandíssima
majestade e glória, mostrando grande prazer do que ali se passava e assim me
disse e quis que eu visse claramente que, em semelhantes práticas, sempre se
achava presente e o muito que se serve em que assim se deleitem em falar d'Ele.
Outra vez, estando longe
deste lugar, vi os anjos levantarem esse padre com muita glória. Entendi, por
esta visão, que ia muito adiante a sua alma. E assim era, pois lhe haviam
levantado um falso testemunho bem contra a sua honra, pessoa a quem ele tinha
feito muito bem e remediado a honra e a alma. Ele o sofreu com muita alegria e
fez outras obras em serviço de Deus e padeceu outras perseguições.
18. Não me parece que
convenha agora declarar mais coisas. Se depois parecer a V Mercê, pois que as
sabe, poder-se-ão escrever para glória do Senhor. De todas as que tenho dito de
profecias que o Senhor me dizia desta casa, e de outras que ainda direi e de
mais coisas, todas se têm cumprido; algumas, três anos antes que se dessem e
outras em mais e outras em menos tempo. E sempre eu as dizia ao confessor e a
esta minha amiga viúva com quem tinha licença de falar, como já disse. Tenho
sabido que ela as dizia a outras pessoas e estas sabem que não minto, nem Deus
permita que, em nenhuma coisa, quanto mais sendo tão graves, eu use senão de
toda a verdade.
19. Tendo morrido um
cunhado meu subitamente e estando eu com muita pena por não se ter chegado a
confessar, foi-me dito na oração que assim também havia de morrer a minha irmã,
que fosse lá e fizesse com que se dispusesse para isso. Disse-o ao meu
confessor e, como não me deixava ir, foi-me repetido mais vezes. Ele, como
visse isto, disse-me que fosse, pois nada se perderia.
Ela vivia numa aldeia e,
como fui sem lhe dizer nada disto, fiz por lhe ir dando a luz que pude em todas
as coisas e com que se confessasse muito amiúde e em tudo tivesse conta na sua
alma. Era muito boa e assim fez. Desde há quatro ou cinco anos que tinha este
costume e muito boa conta com a sua consciência.: Morreu sem ninguém a ver e
sem se poder confessar. Bem foi que, como costumava, havia pouco mais de oito
dias que se tinha confessado.
A mim deu-me grande
alegria quando soube da sua morte. Esteve muito pouco no Purgatório. Não me parece
que haveria oito dias, quando, acabando de comungar, me apareceu o Senhor e
quis que visse como a levava ao Céu. Em todos estes anos, desde que isto me foi
dito até que morreu, não se me olvidava o que se me tinha dado a entender, nem
à minha companheira que, logo que a minha irmã morreu, veio ter comigo muito
espantada por ver, como se tinha cumprido.
Seja Deus louvado para
sempre, que tanto cuidado tem das almas para que se não percam.
CAPÍTULO
35.
Prossegue na mesma matéria
da fundação deste mosteiro do glorioso S. José e como ordenou o Senhor que se
viesse a guardar nele a santa pobreza. Diz por que voltou de casa daquela
senhora em que estava e algumas outras coisas que lhe sucederam.
1. Estando eu, pois, com
esta senhora que tenho dito, onde estive mais de meio ano, ordenou o Senhor que
tivesse notícia de mim uma beata da nossa Ordem, que vivia a mais de setenta
léguas daqui deste lugar, e calhou ela ter de vir para estes lados e rodeou
algumas léguas para me falar. Tinha-lhe o Senhor inspirado, no mesmo ano e mês
que a mim, que fizesse outro convento desta Ordem; e como lhe deu este desejo,
vendeu tudo o que tinha e foi-se até Roma a buscar despacho para isso, a pé e
descalça.
2. É mulher de muita
penitência e oração e fazia-lhe o Senhor muitas mercês e apareceu-lhe Nossa
Senhora mandando-lhe que o fizesse. Levava-me tantas vantagens no servir a
Deus, que eu tinha vergonha de estar diante dela. Mostrou-me os despachos que
trazia de Roma e, nos quinze dias que esteve comigo, assentámos em como havíamos
de fazer estes mosteiros. Até que lhe falei, não tinha vindo a mim notícia de
que a nossa Regra - antes da sua mitigação -mandava que se não tivesse nada de
próprio, nem eu estava em fundá-lo sem renda. O meu intento era que não
tivéssemos cuidado daquilo de que precisássemos para viver e não olhava aos
muitos cuidados que traz consigo o ter coisa própria.
Esta bendita mulher, como
a ensinava o Senhor, tinha bem entendido, apesar de não saber ler, o que eu,
com tanto ter andado a ler as Constituições, ignorava. Logo que tal me disse
pareceu-me bem, embora temesse que não mo haviam de consentir, mas sim dizer
que eram desatinos e que não fizesse coisas em que padecessem outras por minha
causa. A ser eu só, nem pouco nem muito me detivera, antes me era grande
consolo pensar em guardar os conselhos de Cristo Senhor Nosso, porque grandes
desejos de pobreza já mos havia dado Sua Majestade.
Assim, para mim, não
duvidava de ser aquilo o melhor. Dias havia em que eu desejava que fosse
possível, ao meu estado, andar pedindo por amor de Deus e não ter casa, nem
outra qualquer coisa. Temia, porém, que as demais, se o Senhor não lhes desse
estes desejos, vivessem descontentes, e fosse também causa de alguma
distracção, porque via alguns mosteiros, pobres, não muito recolhidos. Não
olhava a que, o não serem recolhidos era causa de serem pobres, e não a pobreza
causa de distracção, porque esta não faz a ninguém mais rico, nem falta Deus
jamais a quem O serve. Enfim, a minha fé era fraca, o que não acontecia a esta
serva de Deus.
3. Como eu em tudo tomava
tantos pareceres, quase a ninguém encontrei deste parecer: nem o confessor, nem
os letrados com quem tratava. Davam tantas razões que não sabia que fazer,
porque, como eu já sabia a Regra e via ser mais perfeito, não podia resolver-me
a ter renda. E se bem que algumas vezes me convenciam, em voltando à oração e
olhando a Cristo na cruz, tão pobre e desnudo, não podia levar com paciência o
ser rica.
Suplicava-Lhe com lágrimas
o providenciasse de maneira a que eu me visse pobre como Ele.
4. Achava tantos
inconvenientes em ter renda e via-a ser causa de tanta inquietação e até
distracção, que não fazia senão disputar com os letrados. Escrevi ao religioso
dominicano que nos ajudava. Enviou-me duas folhas escritas a contradizer e
cheias de teologia para que não fizesse o convento sem renda e me dizia que
assim o tinha estudado muito. Respondi-lhe que, para não seguir a minha vocação
e o voto que tinha feito de pobreza e os conselhos de Cristo com toda a
perfeição, não me queria aproveitar da teologia, nem com suas letras me
fizesse, neste caso, mercê.
Se encontrava alguma
pessoa que me ajudasse, alegrava-me muito. Aquela senhora com quem estava,
nisto ajudava-me muito. Alguns, logo a princípio, diziam-me que lhes parecia
bem; mas depois, em olhando mais ao caso, achavam tantos inconvenientes que
tornavam a insistir muito em que não o fizesse. Dizia-lhes que, se eles mudavam
tão depressa de parecer, eu me queria ater ao primeiro.
santa
teresa de jesus
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