15/11/2013

Leitura espiritual para 15 Nov 2013

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 11, 38-57

38 Jesus, pois, novamente emocionado no Seu interior, foi ao sepulcro. Era este uma gruta com uma pedra colocada à entrada 39 Jesus disse: «Tirai a pedra». Marta, irmã do defunto, disse-Lhe: «Senhor, ele já cheira mal, porque está aí há quatro dias». 40 Jesus disse-lhe: «Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?». 41 Tiraram, pois, a pedra. Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: «Pai, dou-Te graças por Me teres ouvido. 42 Eu bem sabia que Me ouves sempre, mas falei assim por causa do povo que está em volta de Mim, para que acreditem que Tu Me enviaste». 43 Tendo dito estas palavras, bradou em voz forte: «Lázaro, sai para fora!». 44 E saiu o que estivera morto, ligado de pés e mãos, com as ataduras, e o seu rosto envolto num sudário. Jesus disse-lhes: «Desligai-o e deixai-o ir». 45 Então, muitos dos judeus que tinham ido visitar Maria e Marta, vendo o que Jesus fizera, acreditaram n'Ele. 46 Porém, alguns deles foram ter com os fariseus e contaram-lhes o que Jesus tinha feito. 47 Os pontífices e os fariseus reuniram-se então em conselho e disseram: «Que fazemos, já que Este homem faz muitos milagres? 48 Se O deixamos proceder assim, todos acreditarão n'Ele; e virão os romanos e destruirão a nossa cidade e a nossa nação!». 49 Mas um deles, chamado Caifás, que era o Sumo Sacerdote naquele ano, disse-lhes: «Vós não sabeis nada, 50 nem considerais que vos convém que morra um homem pelo povo e que não pereça toda a nação!». 51 Ora ele não disse isto por si mesmo, mas, como era Sumo Sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação,52 e não somente pela nação, mas também para unir num só corpo os filhos de Deus dispersos.53 Desde aquele dia tomaram a resolução de O matar. 54 Jesus, pois, já não andava em público entre os judeus, mas retirou-Se para uma terra vizinha do deserto, para a cidade chamada Efraim e lá esteve com os Seus discípulos. 55 Estava próxima a Páscoa dos judeus e muitos daquela região subiram a Jerusalém antes da Páscoa para se purificarem. 56 Procuravam Jesus e diziam uns para os outros, estando no templo: «Que vos parece, não virá Ele à festa?». 57 Ora os príncipes dos sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem para que, se alguém soubesse onde Ele estava, O denunciasse para O prenderem.


VIDA
CAPÍTULO 32.

14. Ainda mal se tinha começado a saber no lugar, quando veio sobre nós a grande perseguição que não se pode descrever em poucas palavras. Foram ditos, risos, dizer-se que era disparate. A mim diziam que estava bem no meu mosteiro. À minha companheira, tanta foi a perseguição, que a traziam mortificada. Eu não sabia que fazer de mim e, em parte, parecia-me que tinham razão.
Estando assim muito aflita encomendando-me a Deus, começou Sua Majestade a consolar-me e a animar-me. Disse-me que por aqui veria o que passaram os santos que tinham fundado as Ordens Religiosas; que muito maior perseguição do que as que eu podia pensar, tinha eu de sofrer, mas que disso não se nos desse nada. Dizia-me algumas coisas para que eu as dissesse à minha companheira, e o que mais me espantava é que logo ficá- vamos consoladas do que já tínhamos passado e com ânimo para resistir a todos. E é assim que, de gente de oração, e, enfim, em todo o lugar, não havia quase pessoa que não fosse então contra nós e não lhes parecesse grandíssimo disparate.
15. Foram tantos os ditos e o alvoroço do meu próprio mosteiro, que, ao Provincial, lhe pareceu difícil opor-se a todos e assim mudou de parecer e não quis admitir a fundação. Disse que a renda não era segura e que era pouca e muita a contradição. Em tudo parece que tinha razão. E, enfim, desinteressou-se e não o quis admitir. A nós já nos parecia que tínhamos recebido os primeiros golpes e deu-nos uma pena muito grande, em especial a mim por ver o Provincial contrário, porque, querendo-o ele, tinha eu desculpa para todos. À minha companheira já não a queriam absolver se o não deixasse, porque, diziam, estava obrigada a evitar o escândalo.
16. Ela foi ter com um grande letrado, muito grande servo de Deus, da Ordem de S. Domingos, a dizer e a dar conta de tudo. Isto foi ainda antes do Provincial ter abandonado a ideia, porque em todo o lugar não tínhamos quem nos quisesse dar um parecer e assim diziam que nos guiávamos só por nossas cabeças. Esta senhora deu, pois, relação de tudo, e conta da renda que tinha do seu morgadio, a este santo varão, com grande desejo que nos ajudasse, porque era ele o maior letrado que então havia neste lugar e poucos maiores havia na sua Ordem. Eu também lhe disse tudo o que pensávamos fazer e algumas causas que nos levavam a isso. Não lhe disse, no entanto, coisa de revelação alguma, senão as razões naturais que me moviam, porque eu não queria que nos desse parecer senão conforme a elas.
Pediu que lhe déssemos um prazo de oito dias para responder e perguntou se estávamos determinadas a fazer o que ele nos dissesse. Disse-lhe que sim e, embora eu o dissesse e penso que o faria (nem mesmo por então via caminho para o levar por diante), nunca perdi a segurança de que sé, havia de fazer o mosteiro. Minha companheira tinha mais fé; nunca ela, por coisa alguma que lhe dissessem, se resolveria a deixá-lo.
17. Eu - como digo - achava impossível deixar de se fazer, de tal maneira tinha para mim ser verdadeira a revelação, desde que nada fosse contra o que está na Sagrada Escritura ou conta as leis da Igreja que somos obrigadas a cumprir. Mas, embora a mim verdadeiramente me parecesse ser de Deus, se aquele letrado me dissesse que não o podíamos fazer sem O ofender e que íamos contra a consciência, parece-me que logo me apartaria disso ou buscaria outro meio; porém o Senhor não me dava senão este.
Dizia-me depois este servo de Deus que tomara o assunto a seu cargo na plena determinação de pôr da sua parte muito empenho em nos dissuadir de o realizar. É que já tinha vindo à sua notícia o clamor do povo e a ele também lhe parecia desatino, tal como a todos. E logo que soube que o tínhamos ido procurar, um cavalheiro o mandara avisar para que visse o que fazia e não nos ajudasse, mas, em começando a ver o que nos havia de responder e a pensar no negócio e o intento que tínhamos e maneira de viver e religião, assentou-se-lhe ser muito do serviço de Deus e que não se havia de deixar de fazer.
E assim nos respondeu que nos déssemos pressa em concluí-lo e disse a maneira e esboço que havia de ter; e, embora a fazenda fosse pouca, que alguma coisa se havia de fiar de Deus. Quem contradissesse a fundação, que fosse ter com ele, que ele lhe responderia. Assim sempre nos ajudou, como depois direi.
18. Com isto nos fomos muito consoladas e também porque algumas pessoas santas, que nos costumavam ser contrárias, já estavam mais aplacadas e algumas até nos ajudavam.
Entre elas, uma era o cavalheiro santo, de quem já tenho feito menção, o qual, como o é, e lhe parecia levar caminho de tanta perfeição, por ser a oração todo o nosso fundamento, embora os meios lhe pareciam muito dificultosos e sem caminho, rendia seu parecer a que podia ser coisa de Deus, o mesmo Senhor o devia mover. Assim fez com o Mestre, aquele clérigo servo de Deus, de quem disse ter sido o primeiro que me tinha falado, que é o espelho de todo o lugar, como pessoa que Deus tem nele para remédio e proveito de muitas almas, que também já estava em me ajudar no negócio.
Estando pois as coisas nestes termos, e sempre com a ajuda de muitas orações, comprámos uma casa em bom lugar. Era pequena. Disto, a mim, não se me dava nada, porquanto o Senhor me havia dito que entrasse como pudesse; depois veria o que Sua Majestade faria. E que bem o tenho visto! E assim, embora visse ser pouca a renda, tinha a certeza que o Senhor, por outros meios, havia de prover e favorecer-nos.

CAPÍTULO 33.
Prossegue na mesma matéria da fundação do mosteiro de S. José. Diz como lhe mandaram que não se metesse nela e o tempo que a deixou e alguns trabalhos que teve e como neles a consolava o Senhor.

1. Estando pois os negócios neste estado e tão a ponto de se acabar, que no outro dia se haviam de fazer as escrituras, foi quando o Nosso Padre Provincial mudou de parecer. Creio que foi movido por inspiração divina, segundo se tem visto depois; porque, como as orações eram tantas, ia o Senhor aperfeiçoando a obra e ordenando as coisas para que se fizesse doutro modo. Como o Provincial não quis admitir a fundação, o meu confessor mandou que não me metesse mais nisso. Porém, o Senhor bem sabe os grandes trabalhos e aflições que já me tinha custado o levar as coisas àquele ponto. Como se pôs tudo de lado e ficou assim, mais se confirmou ser disparate de mulheres e a crescer a murmuração contra mim, apesar de meu Provincial mo ter mandado até então.
2. Estava muito malquista em todo o meu mosteiro, por querer fazer mosteiro mais encerrado. Diziam que lhes fazia afronta, que ali podia também servir a Deus, pois havia lá outras melhores que eu, que não tinha amor à casa; melhor era procurar renda para ela do que para outra parte. Umas diziam que me metessem no cárcere; outras, bem poucas, tomavam um tanto a minha defesa. Eu bem via que em muitas coisas tinham razão, e algumas vezes dava-lhes desconto embora, como não podia dizer o principal, que era mandar-mo o Senhor, não sabia que fazer e assim calava. Outras vezes, fazia-me Deus muito grande mercê de que tudo isto não me desse inquietação, e com tanta facilidade e contentamento o deixei, como se não me houvesse custado nada. E isto ninguém o podia acreditar, nem ainda as mesmas pessoas de oração que tratavam comigo, porquanto pensavam que estava muito penalizada e corrida, e até o meu confessor não acabava de o crer. Eu, como me parecia ter feito tudo quanto podia, achava não estar obrigada a mais para cumprir o que o Senhor me tinha mandado, e ia-me ficando na casa, onde estava muito contente e a meu prazer. Ainda que jamais pude deixar de crer que se havia de fazer, não via já meio, nem sabia como, nem quanto. Mas tinha-o por muito certo.
3. O que muito me afligiu foi uma vez que, o meu confessor, como se eu tivesse feito coisa contra sua vontade, (também o Senhor devia querer que, daquilo que mais me havia de doer, não deixariam de surgir trabalhos), e assim, nesta multidão de perseguições, parecendo-me que ele me haveria de consolar, escreveu-me a dizer que já via, por tudo o que tinha sucedido, era tudo um sonho; que me emendasse dali em diante não querendo levar a minha avante, nem falando mais no assunto, pois via o escândalo que tinha acontecido e outras coisas, todas para causar sofrimento. Tudo isto deu-me mais pena, parecendo-meter sido eu ocasião, por minha culpa, de ofensa e que, se estas visões eram ilusórias, toda a oração que tinha era engano e que eu andava muito enganada e perdida.
Apertou-me isto em tanto extremo, que fiquei toda perturbada e em grandíssima aflição. Mas o Senhor, que nunca me faltou, e em todos estes trabalhos que tenho contado, muitas vezes me consolava e dava forças - que não há necessidade de o dizer aqui - disse-me então que não me afligisse, pois tinha servido muito a Deus e não ofendido naquele negócio; mas fizesse o que me mandava o confessor, que me calasse por então, até que fosse tempo de voltar a isso. Fiquei tão consolada e contente, que já não me parecia nada toda a perseguição que havia contra mim.
4. Aqui me ensinou o Senhor, o grandíssimo bem que é passar trabalhos e perseguições por Ele. Foi tanto o acréscimo de amor de Deus e outras muitas coisas que vi em minha alma, que eu me espantava. Isto faz-me não poder deixar de desejar trabalhos. E as outras pessoas pensavam que estava muito corrida, e, sim que estaria, se o Senhor me não favorecesse em tanto extremo com mercê tão grande.
Então começaram a ser maiores os ímpetos de amor de Deus de que falei e os arrobamentos  embora eu calasse e não dissesse a ninguém estes lucros. O santo varão dominicano não deixava de ter por tão certo como eu, que se havia de fazer mosteiro, e como eu não me queria meter nisso para não ir contra a obediência do meu confessor, negociava-o ele com a minha companheira e escreviam para Roma e buscavam meios.
5. Também começou aqui o demónio a procurar que, de boca em boca, se fosse espalhando e entendendo que eu havia tido alguma revelação neste negócio e vinham, pois, a mim com muito medo a dizer que andavam os tempos difíceis e podia ser que me levantassem alguma suspeita e fossem acusar-me aos inquisidores. A mim caiu-me isto em graça e me fez rir, porque, neste caso, jamais eu temi, que de mim sabia bem, que em coisa de fé ou contra a menor cerimónia da Igreja que alguém visse que eu ia, por ela ou por qualquer verdade da Sagrada Escritura, eu me ofereceria a morrer mil mortes. Disse, pois, que disto não temessem; muito mau seria para a minha alma se nela houvesse coisa que fosse de molde a eu temer a Inquisição. Se pensasse que havia de quê, eu mesma a iria buscar, mas, se fosse inventado, o Senhor me livraria e ficaria eu com lucro.
E tratei-o com este meu padre dominicano que, como digo, era tão letrado, que eu bem me podia assegurar com o que ele me dissesse e disse-lhe então todas as visões e modo de oração e as grandes mercês que me fazia o Senhor, com a maior clareza que pude e eu supliquei-lhe que o visse muito bem e me dissesse se havia alguma coisa contra a Sagrada Escritura e o que achava de tudo aquilo. Ele me assegurou muito e, a meu parecer, fiz-lhe também proveito. Embora já fosse muito bom, daí por diante deu-se muito mais à oração e, para melhor nela se poder exercitar, retirou-se a um mosteiro da sua Ordem, onde há muita solidão. Aí esteve mais de dois anos. Tirou-o de lá a obediência, o que sentiu muito, porque dele tiveram necessidade, por ser a pessoa que era.
6. Eu, em parte, senti também muito quando se foi, pela grande falta que me fazia, - conquanto não o estorvasse -. Mas compreendi o proveito que daí lhe advinha; porque, estando com grande pena da sua ida, o Senhor me disse que me consolasse e não a tivesse, pois que ia bem guiado. Veio de lá tão aproveitada a sua alma e ia tão adiante nas vias de espírito, que então me disse que, por nenhuma coisa, quisera ter deixado de lá ter estado. E eu bem podia dizer o mesmo; porque, se antes me assegurava e consolava só com suas letras, agora já o fazia também com experiência de espírito, que tinha muita, de coisas sobrenaturais. E trouxe-o Deus quando Sua Majestade viu que havia de ser necessário para ajudar a Sua obra, a deste mosteiro, que Sua Majestade queria que se fizesse.

santa teresa de jesus


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