A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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38 Jesus, pois, novamente emocionado
no Seu interior, foi ao sepulcro. Era este uma gruta com uma pedra colocada à
entrada 39 Jesus disse: «Tirai a pedra». Marta, irmã do defunto, disse-Lhe:
«Senhor, ele já cheira mal, porque está aí há quatro dias». 40 Jesus disse-lhe:
«Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?». 41 Tiraram, pois, a
pedra. Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: «Pai, dou-Te graças por Me
teres ouvido. 42 Eu bem sabia que Me ouves sempre, mas falei assim por causa do
povo que está em volta de Mim, para que acreditem que Tu Me enviaste». 43 Tendo
dito estas palavras, bradou em voz forte: «Lázaro, sai para fora!». 44 E saiu o
que estivera morto, ligado de pés e mãos, com as ataduras, e o seu rosto envolto
num sudário. Jesus disse-lhes: «Desligai-o e deixai-o ir». 45 Então, muitos dos
judeus que tinham ido visitar Maria e Marta, vendo o que Jesus fizera,
acreditaram n'Ele. 46 Porém, alguns deles foram ter com os fariseus e
contaram-lhes o que Jesus tinha feito. 47 Os pontífices e os fariseus
reuniram-se então em conselho e disseram: «Que fazemos, já que Este homem faz
muitos milagres? 48 Se O deixamos proceder assim, todos acreditarão n'Ele; e
virão os romanos e destruirão a nossa cidade e a nossa nação!». 49 Mas um
deles, chamado Caifás, que era o Sumo Sacerdote naquele ano, disse-lhes: «Vós
não sabeis nada, 50 nem considerais que vos convém que morra um homem pelo povo
e que não pereça toda a nação!». 51 Ora ele não disse isto por si mesmo, mas,
como era Sumo Sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela
nação,52 e não somente pela nação, mas também para unir num só corpo os filhos
de Deus dispersos.53 Desde aquele dia tomaram a resolução de O matar. 54 Jesus,
pois, já não andava em público entre os judeus, mas retirou-Se para uma terra
vizinha do deserto, para a cidade chamada Efraim e lá esteve com os Seus
discípulos. 55 Estava próxima a Páscoa dos judeus e muitos daquela região
subiram a Jerusalém antes da Páscoa para se purificarem. 56 Procuravam Jesus e
diziam uns para os outros, estando no templo: «Que vos parece, não virá Ele à
festa?». 57 Ora os príncipes dos sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem
para que, se alguém soubesse onde Ele estava, O denunciasse para O prenderem.
VIDA
CAPÍTULO
32.
14. Ainda mal se tinha
começado a saber no lugar, quando veio sobre nós a grande perseguição que não
se pode descrever em poucas palavras. Foram ditos, risos, dizer-se que era
disparate. A mim diziam que estava bem no meu mosteiro. À minha companheira, tanta
foi a perseguição, que a traziam mortificada. Eu não sabia que fazer de mim e,
em parte, parecia-me que tinham razão.
Estando assim muito aflita
encomendando-me a Deus, começou Sua Majestade a consolar-me e a animar-me.
Disse-me que por aqui veria o que passaram os santos que tinham fundado as
Ordens Religiosas; que muito maior perseguição do que as que eu podia pensar,
tinha eu de sofrer, mas que disso não se nos desse nada. Dizia-me algumas
coisas para que eu as dissesse à minha companheira, e o que mais me espantava é
que logo ficá- vamos consoladas do que já tínhamos passado e com ânimo para
resistir a todos. E é assim que, de gente de oração, e, enfim, em todo o lugar,
não havia quase pessoa que não fosse então contra nós e não lhes parecesse
grandíssimo disparate.
15. Foram tantos os ditos
e o alvoroço do meu próprio mosteiro, que, ao Provincial, lhe pareceu difícil
opor-se a todos e assim mudou de parecer e não quis admitir a fundação. Disse
que a renda não era segura e que era pouca e muita a contradição. Em tudo
parece que tinha razão. E, enfim, desinteressou-se e não o quis admitir. A nós
já nos parecia que tínhamos recebido os primeiros golpes e deu-nos uma pena
muito grande, em especial a mim por ver o Provincial contrário, porque,
querendo-o ele, tinha eu desculpa para todos. À minha companheira já não a
queriam absolver se o não deixasse, porque, diziam, estava obrigada a evitar o
escândalo.
16. Ela foi ter com um
grande letrado, muito grande servo de Deus, da Ordem de S. Domingos, a dizer e
a dar conta de tudo. Isto foi ainda antes do Provincial ter abandonado a ideia,
porque em todo o lugar não tínhamos quem nos quisesse dar um parecer e assim
diziam que nos guiávamos só por nossas cabeças. Esta senhora deu, pois, relação
de tudo, e conta da renda que tinha do seu morgadio, a este santo varão, com
grande desejo que nos ajudasse, porque era ele o maior letrado que então havia
neste lugar e poucos maiores havia na sua Ordem. Eu também lhe disse tudo o que
pensávamos fazer e algumas causas que nos levavam a isso. Não lhe disse, no
entanto, coisa de revelação alguma, senão as razões naturais que me moviam,
porque eu não queria que nos desse parecer senão conforme a elas.
Pediu que lhe déssemos um
prazo de oito dias para responder e perguntou se estávamos determinadas a fazer
o que ele nos dissesse. Disse-lhe que sim e, embora eu o dissesse e penso que o
faria (nem mesmo por então via caminho para o levar por diante), nunca perdi a
segurança de que sé, havia de fazer o mosteiro. Minha companheira tinha mais
fé; nunca ela, por coisa alguma que lhe dissessem, se resolveria a deixá-lo.
17. Eu - como digo -
achava impossível deixar de se fazer, de tal maneira tinha para mim ser
verdadeira a revelação, desde que nada fosse contra o que está na Sagrada
Escritura ou conta as leis da Igreja que somos obrigadas a cumprir. Mas, embora
a mim verdadeiramente me parecesse ser de Deus, se aquele letrado me dissesse
que não o podíamos fazer sem O ofender e que íamos contra a consciência,
parece-me que logo me apartaria disso ou buscaria outro meio; porém o Senhor
não me dava senão este.
Dizia-me depois este servo
de Deus que tomara o assunto a seu cargo na plena determinação de pôr da sua
parte muito empenho em nos dissuadir de o realizar. É que já tinha vindo à sua
notícia o clamor do povo e a ele também lhe parecia desatino, tal como a todos.
E logo que soube que o tínhamos ido procurar, um cavalheiro o mandara avisar
para que visse o que fazia e não nos ajudasse, mas, em começando a ver o que
nos havia de responder e a pensar no negócio e o intento que tínhamos e maneira
de viver e religião, assentou-se-lhe ser muito do serviço de Deus e que não se
havia de deixar de fazer.
E assim nos respondeu que
nos déssemos pressa em concluí-lo e disse a maneira e esboço que havia de ter;
e, embora a fazenda fosse pouca, que alguma coisa se havia de fiar de Deus.
Quem contradissesse a fundação, que fosse ter com ele, que ele lhe responderia.
Assim sempre nos ajudou, como depois direi.
18. Com isto nos fomos
muito consoladas e também porque algumas pessoas santas, que nos costumavam ser
contrárias, já estavam mais aplacadas e algumas até nos ajudavam.
Entre elas, uma era o
cavalheiro santo, de quem já tenho feito menção, o qual, como o é, e lhe
parecia levar caminho de tanta perfeição, por ser a oração todo o nosso
fundamento, embora os meios lhe pareciam muito dificultosos e sem caminho,
rendia seu parecer a que podia ser coisa de Deus, o mesmo Senhor o devia mover.
Assim fez com o Mestre, aquele clérigo servo de Deus, de quem disse ter sido o
primeiro que me tinha falado, que é o espelho de todo o lugar, como pessoa que
Deus tem nele para remédio e proveito de muitas almas, que também já estava em
me ajudar no negócio.
Estando pois as coisas
nestes termos, e sempre com a ajuda de muitas orações, comprámos uma casa em
bom lugar. Era pequena. Disto, a mim, não se me dava nada, porquanto o Senhor
me havia dito que entrasse como pudesse; depois veria o que Sua Majestade
faria. E que bem o tenho visto! E assim, embora visse ser pouca a renda, tinha
a certeza que o Senhor, por outros meios, havia de prover e favorecer-nos.
CAPÍTULO
33.
Prossegue na mesma matéria
da fundação do mosteiro de S. José. Diz como lhe mandaram que não se metesse
nela e o tempo que a deixou e alguns trabalhos que teve e como neles a
consolava o Senhor.
1. Estando pois os
negócios neste estado e tão a ponto de se acabar, que no outro dia se haviam de
fazer as escrituras, foi quando o Nosso Padre Provincial mudou de parecer.
Creio que foi movido por inspiração divina, segundo se tem visto depois;
porque, como as orações eram tantas, ia o Senhor aperfeiçoando a obra e
ordenando as coisas para que se fizesse doutro modo. Como o Provincial não quis
admitir a fundação, o meu confessor mandou que não me metesse mais nisso.
Porém, o Senhor bem sabe os grandes trabalhos e aflições que já me tinha
custado o levar as coisas àquele ponto. Como se pôs tudo de lado e ficou assim,
mais se confirmou ser disparate de mulheres e a crescer a murmuração contra
mim, apesar de meu Provincial mo ter mandado até então.
2. Estava muito malquista
em todo o meu mosteiro, por querer fazer mosteiro mais encerrado. Diziam que
lhes fazia afronta, que ali podia também servir a Deus, pois havia lá outras
melhores que eu, que não tinha amor à casa; melhor era procurar renda para ela
do que para outra parte. Umas diziam que me metessem no cárcere; outras, bem
poucas, tomavam um tanto a minha defesa. Eu bem via que em muitas coisas tinham
razão, e algumas vezes dava-lhes desconto embora, como não podia dizer o
principal, que era mandar-mo o Senhor, não sabia que fazer e assim calava.
Outras vezes, fazia-me Deus muito grande mercê de que tudo isto não me desse
inquietação, e com tanta facilidade e contentamento o deixei, como se não me houvesse
custado nada. E isto ninguém o podia acreditar, nem ainda as mesmas pessoas de
oração que tratavam comigo, porquanto pensavam que estava muito penalizada e
corrida, e até o meu confessor não acabava de o crer. Eu, como me parecia ter
feito tudo quanto podia, achava não estar obrigada a mais para cumprir o que o
Senhor me tinha mandado, e ia-me ficando na casa, onde estava muito contente e
a meu prazer. Ainda que jamais pude deixar de crer que se havia de fazer, não
via já meio, nem sabia como, nem quanto. Mas tinha-o por muito certo.
3. O que muito me afligiu
foi uma vez que, o meu confessor, como se eu tivesse feito coisa contra sua
vontade, (também o Senhor devia querer que, daquilo que mais me havia de doer,
não deixariam de surgir trabalhos), e assim, nesta multidão de perseguições,
parecendo-me que ele me haveria de consolar, escreveu-me a dizer que já via,
por tudo o que tinha sucedido, era tudo um sonho; que me emendasse dali em
diante não querendo levar a minha avante, nem falando mais no assunto, pois via
o escândalo que tinha acontecido e outras coisas, todas para causar sofrimento.
Tudo isto deu-me mais pena, parecendo-meter sido eu ocasião, por minha culpa,
de ofensa e que, se estas visões eram ilusórias, toda a oração que tinha era
engano e que eu andava muito enganada e perdida.
Apertou-me isto em tanto
extremo, que fiquei toda perturbada e em grandíssima aflição. Mas o Senhor, que
nunca me faltou, e em todos estes trabalhos que tenho contado, muitas vezes me
consolava e dava forças - que não há necessidade de o dizer aqui - disse-me
então que não me afligisse, pois tinha servido muito a Deus e não ofendido
naquele negócio; mas fizesse o que me mandava o confessor, que me calasse por
então, até que fosse tempo de voltar a isso. Fiquei tão consolada e contente,
que já não me parecia nada toda a perseguição que havia contra mim.
4. Aqui me ensinou o
Senhor, o grandíssimo bem que é passar trabalhos e perseguições por Ele. Foi
tanto o acréscimo de amor de Deus e outras muitas coisas que vi em minha alma,
que eu me espantava. Isto faz-me não poder deixar de desejar trabalhos. E as
outras pessoas pensavam que estava muito corrida, e, sim que estaria, se o
Senhor me não favorecesse em tanto extremo com mercê tão grande.
Então começaram a ser
maiores os ímpetos de amor de Deus de que falei e os arrobamentos embora eu
calasse e não dissesse a ninguém estes lucros. O santo varão dominicano não
deixava de ter por tão certo como eu, que se havia de fazer mosteiro, e como eu
não me queria meter nisso para não ir contra a obediência do meu confessor,
negociava-o ele com a minha companheira e escreviam para Roma e buscavam meios.
5. Também começou aqui o
demónio a procurar que, de boca em boca, se fosse espalhando e entendendo que
eu havia tido alguma revelação neste negócio e vinham, pois, a mim com muito
medo a dizer que andavam os tempos difíceis e podia ser que me levantassem
alguma suspeita e fossem acusar-me aos inquisidores. A mim caiu-me isto em
graça e me fez rir, porque, neste caso, jamais eu temi, que de mim sabia bem,
que em coisa de fé ou contra a menor cerimónia da Igreja que alguém visse que
eu ia, por ela ou por qualquer verdade da Sagrada Escritura, eu me ofereceria a
morrer mil mortes. Disse, pois, que disto não temessem; muito mau seria para a
minha alma se nela houvesse coisa que fosse de molde a eu temer a Inquisição.
Se pensasse que havia de quê, eu mesma a iria buscar, mas, se fosse inventado,
o Senhor me livraria e ficaria eu com lucro.
E tratei-o com este meu
padre dominicano que, como digo, era tão letrado, que eu bem me podia assegurar
com o que ele me dissesse e disse-lhe então todas as visões e modo de oração e
as grandes mercês que me fazia o Senhor, com a maior clareza que pude e eu supliquei-lhe
que o visse muito bem e me dissesse se havia alguma coisa contra a Sagrada
Escritura e o que achava de tudo aquilo. Ele me assegurou muito e, a meu
parecer, fiz-lhe também proveito. Embora já fosse muito bom, daí por diante
deu-se muito mais à oração e, para melhor nela se poder exercitar, retirou-se a
um mosteiro da sua Ordem, onde há muita solidão. Aí esteve mais de dois anos.
Tirou-o de lá a obediência, o que sentiu muito, porque dele tiveram necessidade,
por ser a pessoa que era.
6. Eu, em parte, senti
também muito quando se foi, pela grande falta que me fazia, - conquanto não o
estorvasse -. Mas compreendi o proveito que daí lhe advinha; porque, estando
com grande pena da sua ida, o Senhor me disse que me consolasse e não a
tivesse, pois que ia bem guiado. Veio de lá tão aproveitada a sua alma e ia tão
adiante nas vias de espírito, que então me disse que, por nenhuma coisa,
quisera ter deixado de lá ter estado. E eu bem podia dizer o mesmo; porque, se
antes me assegurava e consolava só com suas letras, agora já o fazia também com
experiência de espírito, que tinha muita, de coisas sobrenaturais. E trouxe-o
Deus quando Sua Majestade viu que havia de ser necessário para ajudar a Sua
obra, a deste mosteiro, que Sua Majestade queria que se fizesse.
santa
teresa de jesus
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