12/11/2013

Leitura espiritual para 12 Nov 2013

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 10, 22-42

22 Celebrava-se em Jerusalém a festa da Dedicação. Era Inverno. 23 Jesus andava a passear no templo, no pórtico de Salomão. 24 Rodearam-n'O os judeus e disseram-Lhe: «Até quando nos manterás em suspenso? Se és o Messias, di-no-lo claramente». 25 Jesus respondeu-lhes: «Já vo-lo disse, e vós não Me credes. As obras que faço em nome de Meu Pai, essas dão testemunho de Mim; 26 porém vós não credes, porque não sois das Minhas ovelhas. 27 As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz, e Eu conheço-as, e elas seguem-Me. 28 Eu dou-lhes a vida eterna; elas jamais hão-de perecer, e ninguém as arrebatará da Minha mão. 29 Meu Pai, que Mas deu, é maior que todas as coisas; e ninguém pode arrebatá-las da mão de Meu Pai. 30 Eu e o Pai somos um». 31 Os judeus, então, pegaram em pedras para O apedrejarem. 32 Jesus disse-lhes: «Tenho-vos mostrado muitas obras boas que fiz por virtude de Meu Pai; por qual destas obras Me apedrejais?». 33 Os judeus responderam-Lhe: «Não é por causa de nenhuma obra boa que Te apedrejamos, mas pela blasfémia, porque sendo homem, Te fazes Deus». 34 Jesus respondeu-lhes: «Não está escrito na vossa Lei: “Eu disse: Vós sois deuses”? 35 Se ela chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida, e a Escritura não pode ser anulada, 36 a Mim, a Quem o Pai santificou e enviou ao mundo, vós dizeis: Tu blasfemas!, por Eu ter dito: Sou Filho de Deus? 37 Se Eu não faço as obras de Meu Pai, não Me acrediteis; 38 mas se as faço, mesmo que não queirais crer em Mim, crede nas Minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em Mim, e Eu no Pai». 39 Então os judeus procuravam novamente prendê-l'O, mas Ele escapou-Se das suas mãos. 40 Retirou-Se novamente para o outro lado do Jordão, para o lugar em que João tinha começado a baptizar; e ficou lá. 41 Foram muitos ter com Ele e diziam: «João não fez nenhum milagre, 42 mas tudo o que disse d'Este era verdade». E muitos acreditaram n'Ele.



VIDA
CAPÍTULO 31.

Trata de algumas tentações exteriores e representações que lhe fazia o demónio e tormentos que lhe dava. Diz também algumas coisas muito boas para aviso de pessoas que vão a caminho da perfeição.

1. Já que tenho dito de algumas tentações e perturbações interiores e secretas que o demónio me causava, quero tratar agora de outras que me fazia, quase públicas, em que não se podia ignorar que era ele.
2. Estava eu uma vez num oratório e apareceu-me para o lado esquerdo, em figura abominável; em especial reparei na boca, porque me falou e a tinha horrenda. Parece-me que lhe saía do corpo uma grande chama, que era toda clara, sem sombra. Disse-me de modo terrível que eu bem me tinha libertado de suas mãos, mas que ele me faria voltar a elas. Tive grande temor e benzi-me como pude; desapareceu e voltou logo. Por duas vezes me aconteceu isto. Eu não sabia que fazer de mim; tinha ali água benta e lancei-a para aquele lado e nunca mais voltou.
3. Outra vez esteve cinco horas atormentando-me com tão terríveis dores e desassossego interior e exterior, que julgo que mais já não se podia sofrer. As que estavam comigo estavam espantadas e não sabiam que fazer, nem eu de que me valer. Tenho por costume, quando as dores e o mal corporal são muito intoleráveis, fazer actos interiores conforme posso, suplicando ao Senhor que, se disso for servido, Sua Majestade me dê paciência e permaneça eu assim até ao fim do mundo.
Desta vez, como vi tanto rigor no padecer, remediava-me com estes actos e determinações para o poder sofrer. Quis o Senhor que eu entendesse como era o demónio, porque vi ao pé de mim um negrito muito abominável, raivando como desesperado porque perdia onde pretendia ganhar. Eu, quando o vi, ri-me e não tive medo. Estavam ali algumas irmãs comigo que não me podiam valer nem sabiam que remédio dar a tanto tormento. É que eram grandes as pancadas que o demónio me fazia dar com o corpo e cabeça e braços, sem eu poder opor resistência e o pior era o desassossego interior, que, de nenhum modo, podia ter sossego. Não ousava pedir água benta para não causar medo às irmãs e para que não entendessem o que era.
4. De muitas outras vezes tenho experiência que não há coisa de que eles fujam mais para não voltar. Da cruz também fogem, mas voltam. Deve ser grande a virtude da água benta e para mim é particular e muito conhecida a consolação que sente a minha alma quando a tomo. É certo que o mais habitual é sentir uma consolação, que eu não a saberia dar a entender; é como um deleite interior que me conforta toda a alma. Isto não é capricho, nem coisa que me tenha acontecido uma só vez, senão muitíssimas e visto com muita advertência. Digamos que é como se alguém estivesse com muito calor e sede e bebesse um jarro de água fria, que parece todo ele sentiu refrigério. Considero eu que grande coisa é tudo o que está ordenado, pela Igreja e consolo-me muito de ver que tenham tanta força aquelas palavras que assim a comunicam à água, para que seja tão grande a diferença que faz da que não é benta.
5. Pois, como não cessasse o tormento, disse: se não se rissem, pediria água benta. Trouxeram-ma e lançaram-na sobre mim e não surtiu efeito. Lancei-a para onde estava o demónio e, no mesmo instante, ele se foi, e se me tirou todo o mal, como se com a mão mo tirassem. Apenas fiquei cansada como se me tivessem dado muitas pancadas. Fez-me grande proveito ver que, não sendo ainda dele uma alma e um corpo, lhes faz tanto mal quando o Senhor lhe dá licença, que será, pois, quando ele os possuir como coisa sua? Deu-me de novo vontade de me livrar de tão ruim companhia.
6. Outra vez, ainda há pouco, aconteceu-me o mesmo, mas não durou tanto, e eu estava só. Pedi água benta às que entraram depois de já eles se terem ido e sentiram um cheiro muito mau como de pedra de enxofre. Eram duas freiras e é bem de crer que, por caso nenhum, diriam mentira. Eu não o senti; durou de maneira a poder-se aperceber bem disto.
Outra vez estava no coro e deu-me um grande ímpeto de recolhimento: saí dali para que não o percebessem. Porém, todas as que estavam ali perto, ouviram dar pancadas grandes onde eu estava; e ao pé de mim, eu ouvi falar como que combinando alguma coisa, embora não entendesse o quê. Era fala grossa, mas estava tão em oração que não entendi coisa alguma, nem tive nenhum medo. Era isto quase de cada vez que o Senhor me fazia mercê de que, por minha persuasão, se aproveitasse alguma alma.
E é certo que me aconteceu o que agora direi. E disto há muitas testemunhas, em especial quem agora me confessa que o viu escrito numa carta e, sem dizer-lhe eu de: quem era a carta, ele bem sabia de quem se tratava.
7. Veio, pois, ter comigo uma pessoa que havia dois anos e meio estava num pecado mortal dos mais abomináveis que tenho ouvido e em todo este tempo nem o confessava, nem se emendava e dizia Missa. E embora confessasse outros, este, dizia, não havia de confessar coisa tão feia. E tinha grande desejo de sair dele e não se podia vencer a si mesmo. A mim fez-me grande lástima; e ver que se ofendia a Deus de tal maneira deu-me muita pena. Prometi-lhe suplicar muito a Deus lhe pusesse remédio e fazer com que outras pessoas Lho pedissem, pois eram melhores do que eu. Escrevia-lhe por intermédio de certa pessoa a quem ele me disse que podia dar as cartas. E é assim que à primeira se confessou. Pois quis Deus (pelas muitas pessoas muito santas que Lho tinham suplicado, e às quais eu o tinha encomendado) usar para com esta alma de misericórdia, e eu, embora miserável, fazia o que podia, tomando-o muito a meu cuidado.
Escreveu-me que estava já com tanta melhoria, que havia dias que não caía nele; mas era tão grande o tormento que lhe dava a tentação que lhe parecia estar no inferno segundo o que padecia. Que o encomendasse a Deus. Eu tornei a pedir a minhas irmãs, por cujas orações devia o Senhor fazer-me esta mercê, que o tomaram muito a peito. Era pessoa que ninguém podia atinar quem era. Eu supliquei a Sua Majestade que se aplacassem aqueles tormentos e tentações e viessem contra mim aqueles demónios a atormentarem-me, conquanto eu não ofendesse em nada ao Senhor. E assim passei um mês de grandíssimos tormentos; então é que sucederam estas duas coisas que disse.
8. Foi o Senhor servido que eles o deixassem; assim mo escreveram, porque lhe disse o que eu sofri nesse mês. Cobrou forças sua alma e ficou de todo livre, e não se fartava de dar graças ao Senhor e a mim, como se eu tivesse feito alguma coisa, mas aproveitava-lhe o crédito que já tinha que o Senhor me fazia mercês. Dizia que, quando se via em muito apuro, lia as minhas cartas e se lhe tirava a, tentação e estava muito espantado do que eu tinha padecido e como ele se tinha livrado. E até eu me espantei e o sofreria outros muitos anos para ver aquela alma livre. Seja louvado por tudo o Senhor, que muito pode a oração dos que O servem, como eu creio que o fazem nesta casa estas irmãs. Como era eu, no entanto, quem nisto se empenhava, deviam os demónios indignar-sé mais comigo e o Senhor, por meus pecados, o permitia.
9. Neste tempo também julguei, uma noite, que me estrangulavam. As que estavam ali deitaram muita água benta, e vi uma grande multidão deles fugir como quem se vai despenhando. São tantas as vezes que estes malditos me atormentam, e tão pouco o medo que eu lhes tenho, por ver que nem se podem mexer, se o Senhor lhes não dá licença  que cansaria a V Mercê e me cansaria a mim se eu lhas dissesse.
10. O que fica dito aproveite ao verdadeiro servo de Deus para fazer pouco caso destes espantalhos que os demónios armam para fazer temer. Saibam que, de cada vez que deles pouco se nos dá, ficam com menos força e a alma muito mais senhora. Disto sempre nos fica algum proveito bem grande que, para não me alongar, não digo.
Só direi isto que me aconteceu numa noite de Finados. Estando eu num oratório, e tendo rezado um nocturno e dizendo umas orações - que estão no fim do nosso Breviário e são muito devotas -, se me pôs um demónio sobre o livro para que eu não acabasse a oração. Eu benzi-me e ele desapareceu. Tornando eu a começar, voltou; creio que foram três vezes as que a comecei, e, enquanto lhe não deitei água benta, não pude acabar. E, no mesmo instante, vi que saíram algumas almas do purgatório, às quais devia faltar pouco, e pensei que era isto o que o demónio pretendia estorvar.
Poucas vezes o tenho visto tomando forma corporal e muitas sem forma nenhuma, como na visão em que, sem forma, se vê claramente que está ali, como tenho dito.
11. Quero também dizer isto, porque me espantou muito: estando um dia da Santíssima Trindade no coro de certo mosteiro e em arroubamento, vi uma grande contenda de demónios contra anjos. Não podia eu entender o que queria dizer aquela visão. Antes de quinze dias percebeu-se bem, por certa desavença que houve entre gente de oração e muitos que o não eram, e dela veio não pouco dano à casa onde isto se deu. Foi contenda que durou muito e de grande desassossego.
Outras vezes vi uma grande multidão deles, em redor de mim e parecia-me haver uma grande claridade que me cercava toda e esta não lhes consentia chegar a mim. Entendi que me guardava Deus para que se não aproximassem de mim de maneira a que me fizessem ofendê- Lo. Pelo que tenho visto em mim algumas vezes, entendi que era verdadeira a visão.
O caso é que tenho entendido o seu pouco poder, se eu mesma não for contra Deus, que quase nenhum temor lhes tenho. É porque são nenhumas as suas forças se não vêem almas rendidas a eles e cobardes, que aqui mostram eles o seu poder.
Algumas vezes; nas tentações de que já falei, parecia-me que todas as vaidades e fraquezas dos tempos passados tornavam a despertarem mim, e tinha de me encomendar bem a Deus. E logo era o tormento de me parecer, pois me vinham aqueles pensamentos, que tudo em mim devia ser do demónio, até que me sossegava ó confessor. É que, nem até ó primeiro movimente de mau pensamento, julgava eu, havia de ter quem tantas a mercês recebia do Senhor.
12. Outras vezes me atormentava muito, e ainda agora me atormenta, ver que se faz, muito caso de mim, em especial pessoas principais, e que de mim diziam muito bem. Nisto tenho padecido e padeço muito. Olho logo para a vida de Cristo e dos santos, e parece-me que vou ao revés; pois eles não iam senão por caminho de desprezos e injúrias. Isto faz-me andar temerosa e quase não ouso levantar a cabeça, nem quereria aparecer; o que não faço quando tenho perseguições, porque anda a alma tão senhora, embora o corpo o sinta, e eu por outra parte ande aflita, que não sei como isto pode ser. Mas é assim, pois a alma parece então estar em seu reino e que traz tudo debaixo dos pés.
Dava-me algumas vezes e durava-me muitos dias. Parecia-me, por um lado, ser virtude e humildade, mas agora vejo claramente que era tentação. Um frade dominicano, grande letrado, mo declarou bem. Quando pensava que estas mercês que o Senhor me faz se viriam a saber em público, era tão excessivo o tormento, que me inquietava muito a alma. Chegou a termos que, considerando-o, parece-me que da melhor vontade me determinava a ser enterrada viva do que a isto. Assim, quando me começaram estes grandes recolhimentos ou arrombamentos  sem lhes poder resistir, mesmo em público, ficava depois tão corrida de vergonha que não quisera aparecer onde alguém me visse.
13. Estando uma vez muito aflita com isto, perguntou-me o Senhor: por que temia, pois nisto não podia haver senão duas coisas: ou murmurarem de mim ou louvarem-n'O a Ele, dando a entender que, aqueles que acreditavam, O louvariam, e os que não criam, condenar-me-iam sem culpa. Ambas as coisas eram lucro para mim; que não me afligisse. Muito me sossegou isto e consola ainda quando me lembro.
Chegou a termos a tentação de, eu me querer ir deste lugar e dotar-me noutro mosteiro muito mais encerrado que aquele em que ao tempo estava, e do qual tinha ouvido dizer muitos extremos. Era também da minha Ordem e muito longe, que isso era o que a mim me consolava, estar onde não me conhecessem, mas nunca o meu confessor me deixou.

santa teresa de jesus


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