A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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21 Jesus disse-lhes
mais: «Eu retiro-Me: vós Me buscareis, e morrereis no vosso pecado. Para onde
Eu vou, vós não podeis ir». 22 Diziam, pois, os judeus: «Será que Ele Se mate a
Si mesmo, pois diz: Para onde Eu vou, vós não podeis ir?». 23 Ele disse-lhes:
«Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo, Eu não sou
deste mundo. 24 Por isso Eu vos disse que morreríeis nos vossos pecados; sim,
se não crerdes que “Eu sou”, morrereis nos vossos pecados». 25 Disseram-Lhe então
eles: «Quem és Tu?». Jesus respondeu-lhes: «É exactamente isso que Eu vos estou
a dizer. 26 Muitas coisas tenho a dizer e a julgar a vosso respeito, mas O que
Me enviou é verdadeiro e o que ouvi d'Ele é o que digo ao mundo». 27 Eles não
compreenderam que Jesus lhes falava do Pai.28 Jesus disse-lhes mais: «Quando
tiverdes levantado o Filho do Homem, então conhecereis que “Eu sou” e que nada
faço por Mim mesmo, mas que, como o Pai Me ensinou, assim falo. 29 O que Me
enviou está comigo, não Me deixou só, porque Eu faço sempre aquilo que é do Seu
agrado». 30 Dizendo estas coisas, muitos acreditaram n'Ele. 31 Jesus disse
então aos judeus que creram n'Ele: «Se vós permanecerdes na Minha palavra
sereis verdadeiramente Meus discípulos, 32 conhecereis a verdade e a verdade
vos fará livres». 33 Eles responderam-Lhe: «Nós somos descendentes de Abraão e
nunca fomos escravosde ninguém; como dizes Tu: Sereis livres?». 34 Jesus
respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete
pecado é escravo do pecado. 35 Ora o escravo não fica para sempre na casa, mas
o filho é que fica nela para sempre. 36 Por isso, se o Filho vos livrar, sereis
verdadeiramente livres. 37 Bem sei que sois descendentes de Abraão, mas
procurais matar-Me porque a Minha palavra não penetra em vós. 38 Eu digo o que
vi em Meu Pai; e vós fazeis o que ouvistes do vosso pai». 39 Eles replicaram:
«O nosso pai é Abraão». Jesus disse-lhes: «Se sois filhos de Abraão, fazei as
obras de Abraão. 40 Mas agora procurais matar-Me, a Mim, que vos disse a
verdade que ouvi de Deus. Abraão nunca fez isto. 41 Vós fazeis as obras do
vosso pai». Eles disseram-Lhe: «Nós não somos filhos da prostituição, temos um
pai que é Deus».
VIDA
CAPÍTULO
27.
15. E pensamos que se
serve já mais a Deus em que nos tenham por sábios e discretos! Isso deve ser,
segundo se usa de discrição. Logo nos parece que é de pouca edificação não
andar, cada um em seu estado, com muita compostura e autoridade. Até o frade, o
clérigo e a freira nos parecerá que, trazerem coisa velha e remendada, é novidade
e dar escândalo aos fracos; e até o estarem muito recolhidos e ter oração,
conforme está o mundo e tão olvidadas as coisas de perfeição de grandes ímpetos
que tinham os santos, que penso faz mais dano às desventuras que se vêem nestes
tempos e que não daria escândalo a ninguém os religiosos darem a entender por
obras, como o dizem por palavras, o pouco em que se há-de ter o mundo; pois,
destes escândalos, o Senhor tira grandes proveitos. E se uns se escandalizam,
outros entram em si e têm remorsos. Houvesse sequer um esboço do que passou
Cristo e Seus Apóstolos, pois agora, mais do que nunca, é preciso.
16. E, que bom aquele que
Deus nos levou agora no bendito Frei Pedro de Alcântara! Não está já o mundo
para sofrer tanta perfeição. Dizem que estão as saúdes mais fracas e que não
estamos nos tempos passados. Este santo homem era deste tempo; estava tão robusto
o seu espírito como em outros tempos e, por isso, tinha o mundo debaixo dos
pés. Pois, embora não andem desnudos nem façam tão áspera penitência como ele,
muitas coisas há, como outras vezes tenho dito, para se pisar o mundo e o
Senhor as ensina quando vê ânimo. E que grande lho deu Sua Majestade a este
santo que digo, para fazer quarenta e sete anos tão áspera penitência, como
todos sabem! Quero dizer algo dela, porque sei que tudo é verdade.
17. Foi ele que mo disse a
mim e a outra pessoa de quem pouco se encobria. A causa de mo dizer era a
amizade que me tinha, porque quis o Senhor que a tivesse para acudir por mim e
me animarem tempos de tanta necessidade, como tenho dito e direi. Parece-me que
me disse que em quarenta anos só tinha dormido hora e meia entre noite e dia, e
o maior trabalho de penitência que teve nos princípios foi o de vencer o sono,
e para isto estava sempre de joelhos ou de pé. Só dormia sentado e a cabeça
encostada a um madeirozito que tinha pregado à parede. Deitado, embora
quisesse, não podia, porque sua cela, como se sabe, não tinha de comprimento
mais que quatro pés e meio.
Em todos estes anos jamais
pôs o capuz, por grandes sóis e chuvas que houvesse, nem nada nos pés, nem
vestido, a não ser um hábito de estamenha, sem nenhuma outra coisa sobre a
carne, e este tão apertado que mal se podia sofrer e uma capa do mesmo pano por
cima. Dizia-me que, nos grandes frios, a tirava e deixava a porta e o postigo
da cela abertos para que, pondo depois a capa e cerrando a porta, contentava o
corpo, para que sossegasse com mais abrigo. Comer de três em três dias era o
mais normal, e perguntou-me porque me espantava, pois era muito possível a quem
se acostumava a isso. Um seu companheiro disse-me que lhe acontecia estar oito
dias sem comer. Devia ser estando em oração, porque tinha grandes arrobamentos e ímpetos de amor de Deus, de que uma vez fui testemunha?
18. Sua pobreza era
extrema, e foi tal a sua mortificação na mocidade, que me disse que lhe havia
acontecido estar três anos numa casa da sua Ordem e não conhecera frade, a não
ser pela fala; porque não levantava nunca os olhos, e assim nem aos lugares
aonde de necessidade tinha de ir sabia, a não ser indo atrás dos frades. Isto
também lhe acontecia pelos caminhos. A mulheres jamais fitava; e isto durante
muitos anos. Dizia-me que já tanto se lhe dava ver como não ver. Já era muito
velho quando o vim a conhecer, e tão extrema a sua fraqueza, que não parecia
senão feito de raízes de árvores.
Com toda esta santidade
era muito afável, embora de poucas palavras, a menos que fosse interrogado.
Nestas era muito ameno, porque tinha um mui lindo entendimento. Outras muitas coisas
quisera eu dizer, mas tenho medo de que V. Mercê me diga para que me meto
nisto, e com este medo tenho escrito. Assim termino dizendo que foi o seu fim
como a sua vida: pregando e admoestando os seus frades. Quando viu que já se
acabava disse o Salmo: Laetatus sum in his quae dicta sunt mihi; e, posto de
joelhos, morreu.
19. Depois tem sido o
Senhor servido que eu tenha mais ajuda dele que em vida, aconselhando-me em
muitas coisas. Tenho-o visto muitas vezes com grandíssima glória. Disse-me, a
primeira vez em que me apareceu: bem-aventurada penitência que tanto prémio lhe
havia merecido, e outras muitas coisas. Um ano antes de morrer, apareceu-me
estando ausente, e eu soube que havia de morrer e o avisei, estando a algumas
léguas daqui. Quando expirou, apareceu-me e disse-me que ia descansar. Eu não o
acreditei e disse-o a algumas pessoas; e, passados oito dias, veio a notícia de
que tinha morrido, ou que tinha começado a viver para sempre, para melhor
dizer.
20. Ei-la aqui acabada
esta aspereza de vida com tão grande glória. Parece-me que muito mais me
consola agora, do que quando cá estava. Disse-me uma vez o Senhor que não se
Lhe pediria coisa alguma em seu nome que não a ouvisse. Muitas que lhe tenho
encomendado para que as peça ao Senhor, as tenho visto cumpridas. Seja bendito
para sempre. Amen.
21. Mas, quantas palavras
tenho dito para levar V. Mercê a não estimar em nada coisa alguma desta vida,
como se não o soubesse, ou não estivesse já determinado a deixar tudo e o não
tivesse posto por obra. Vejo tanta perdição no mundo que, embora não aproveite
mais o dizê-lo que eu cansar-me de o escrever, me serve de descanso, ainda que
é contra mim tudo o que digo. O Senhor me perdoe o que neste caso O tenho
ofendido, e V. Mercê, que o canso sem propósito. Parece que quero que faça
penitência do que eu nisto pequei.
CAPÍTULO
28.
Trata das grandes mercês que lhe fez o Senhor e como Ele lhe apareceu a
primeira vez. Declara o que é visão imaginária. Diz os grandes efeitos e sinais
que deixa quando é de Deus. É muito proveitoso este capítulo e digno de se ter
em conta.
1. Voltando ao nosso
propósito, passei alguns, poucos dias, com esta visão muito contínua e fazia-me
tanto proveito, que não saía de oração; e tudo quanto fazia, procurava fosse de
sorte a não descontentar Aquele que via tão claramente que tinha por
testemunha. E, ainda que algumas vezes temia com o muito que me diziam, durava
pouco o temor, porque o Senhor me assistia.
Estando um dia em oração,
quis o Senhor mostrar-me só as mãos com tão grandíssima formosura, que não o
poderia eu encarecer. Causou-me isto grande temor, porque qualquer novidade faz
com que eu o tenha grande nos princípios de qualquer mercê sobrenatural que o
Senhor me faça. Poucos dias depois, vi também aquele divino rosto que de todo,
me parece, me deixou absorta. Não podia eu entender porque era que o Senhor se
mostrava assim pouco a pouco, visto que depois me havia de fazer mercê de que O
visse de todo, até compreender que o Senhor me ia levando conforme a minha
fraqueza natural. Seja bendito para sempre, porque tanta glória junta, uma
criatura tão baixa e ruim não a poderia suportar e, como quem isto sabia, ia o
piedoso Senhor dispondo.
2. Parecerá a V. Mercê que
não era preciso muito esforço para ver umas mãos e rosto tão formoso. São-no
tanto os corpos glorificados, que a glória que trazem consigo, e o ver coisa
tão sobrenaturalmente formosa, desatina e, assim, me causava tanto temor, que
toda me perturbava e alvorotava, embora depois ficasse com certeza e segurança
e com tais efeitos que depressa perdia o temor.
3. Um dia de São Paulo,
estando na Missa, se me representou toda esta Humanidade sacratíssima, como se
pinta ressuscitado, com tanta formosura e majestade, como particularmente
escrevi a V. Mercê, quando instantemente mo mandou, o que se me fez assaz
custoso, porque nada se pode dizer que não seja antes desfazer; mas o melhor
que soube já o disse, e assim não há para que voltá-lo a dizer aqui. Só digo
que, quando outra coisa não houvesse para deleitar a vista no Céu, senão a
grande formosura dos corpos glorificados, bastaria para causar grandíssima
glória, em especial ver a Humanidade de Jesus Cristo, Senhor Nosso, ainda que
aqui se mostre Sua Majestade conforme ao que pode sofrer a nossa miséria; que
será no Céu onde de todo se goza de tal bem?
4. Esta visão, embora seja
imaginária, nunca a vi com os olhos corporais, nem a nenhuma, senão com os
olhos da alma.
Dizem os que o sabem
melhor do que eu, ser mais perfeita a visão passada do que esta, e esta muito
mais do que as que se vêem com os olhos corporais. Estas, dizem, são as mais
baixas e onde o demónio mais ilusões pode fazer, embora eu então não pudesse
entender tal, e desejava, já que se me fazia esta mercê, que fosse vendo-a com
os olhos corporais, para que me não dissesse o confessor que era ilusão. E
também me acontecia, depois de passada a visão - isto era logo em seguida -,
pensar eu também que seria ilusão minha e afligia-me de tê-lo dito ao
confessor, julgando que o teria enganado. Aqui era outro pranto, e ia a ele
dizer-lho. Perguntava-me se a mim assim me parecia, ou se eu o tinha querido
enganar. Eu lhe dizia a verdade, porque, a meu parecer, não mentia, nem tal
havia pretendido, nem por coisa alguma do mundo diria uma coisa por outra. Isto
bem o sabia ele e assim procurava sossegar-me, e eu sentia tanto em ir a ele
com estas coisas, que não sei como o demónio me incutia o medo de que o poderia
fingir para me atormentar a mim mesma.
Mas o Senhor deu-Se tanta
pressa em fazer-me esta mercê e declarar esta verdade que bem depressa se me
tirou a dúvida se era ilusão, e depois vi muito claramente a minha tolice:
porque se estivesse muitos anos imaginando como figurar coisa tão formosa, não
poderia nem saberia, porque excede a tudo quanto cá na terra se pode imaginar, até
só a brancura e resplendor.
5. Não é resplendor que
deslumbre, mas uma brancura suave e resplendor infuso, que dá grandíssimo
deleite à vista e não a cansa, como não cansa a claridade com que se contempla
esta formosura tão divina. É uma luz tão diferente desta de cá, que a claridade
do sol que vemos, parece coisa tão deslustrada, em comparação daquela luz que
se representa à vista, que não se quereriam depois abrir os olhos. É como ver
uma água muito clara que corre sobre cristal e reverbera nela o sol, e uma
muito turva e com grande nevoeiro que corre por cima de terra. Não que se
represente sol, nem que a luz seja como a do sol; parece, enfim, luz natural, e
estoutra coisa artificial. É luz que não tem noite mas, como sempre é luz, nada
a turva. Enfim, é de sorte que, por grande entendimento que uma pessoa tivesse,
em todos os dias da sua vida não a poderia imaginar como é. E põe-na Deus
diante tão de súbito, que até não daria lugar a abrir os olhos, se fosse
preciso abri-los; mas não faz mais ao caso estarem abertos ou fechados, quando
o Senhor quer porque, embora não queiramos, se vê. Não há diversão que baste,
nem há poder de se resistir, nem assaz diligência nem cuidado para isso. Isto
tenho-o eu bem experimentado, como direi.
6. O que eu agora quereria
dizer é o modo como o Senhor .se mostra nestas visões. Não digo que declararei
de que maneira pode ser impressa esta luz tão forte no sentido interior, e no
entendimento imagem tão clara, que parece que verdadeiramente está ali, porque
isto é de letrados. Não quis o Senhor dar-me a entender o como, e sou tão
ignorante e de tão rude entendimento que, embora muito mo tenham querido
declarar, ainda não acabei de entender o como. E isto é certo: embora a V Mercê
lhe pareça que tenho vivo entendimento, não o tenho; porque, em muitas coisas,
experimentei que ele não compreende mais do que lhe dão a comer, como dizem.
Algumas vezes se espantava, quem me confessava, de minhas ignorâncias; e jamais
me dei ao trabalho de entender, nem mesmo o desejava, como Deus faz isto ou
como pode ser. Nem o perguntava, ainda que - como tenho dito -, de há muitos
anos para cá tratava com bons letrados. Se uma coisa era pecado ou não, isto
sim; no mais, não era para mim preciso, senão pensar que Deus fez tudo e via
não haver de que me espantar, mas sim motivo de O louvar. Antes me fazem
devoção as coisas dificultosas e tanto mais, quanto mais o são.
santa
teresa de jesus
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