24/10/2013

Leitura espiritual para 24 Out

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 3, 1-21

1 Havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais entre os judeus. 2 Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-Lhe: «Rabi, sabemos que foste enviado por Deus como mestre, porque ninguém pode fazer estes milagres que Tu fazes, se Deus não estiver com ele». 3 Jesus respondeu-lhe: «Em verdade, em verdade te digo que não pode ver o reino de Deus, senão aquele que nascer de novo». 4 Nicodemos disse-Lhe: «Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no seio de sua mãe e renascer?». 5 Jesus respondeu-lhe: «Em verdade, em verdade te digo que quem não renascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. 6 Aquilo que nasceu da carne, é carne, aquilo que nasceu do Espírito, é espírito. 7 Não te maravilhes de Eu te dizer: É preciso que nasçais de novo. 8 O vento sopra onde quer, e tu ouves a sua voz, mas não sabes donde ele vem nem para onde vai; assim é todo aquele que nasceu do Espírito». 9 Nicodemos disse-Lhe: «Como pode ser isto?». 10 Jesus respondeu-lhe: «Tu és mestre em Israel e não sabes estas coisas? 11 «Em verdade, em verdade te digo que Nós dizemos o que sabemos e damos testemunho do que vimos, mas vós não recebeis o Nosso testemunho. 12 Se, quando vos falo das coisas terrenas, não Me acreditais, como Me acreditareis, se vos falar das celestes? 13 Ninguém subiu ao céu, senão Aquele que desceu do céu, o Filho do Homem, que está no céu. 14 E como Moisés levantou no deserto a serpente, assim também importa que seja levantado o Filho do Homem, 15 a fim de que todo o que crê n'Ele tenha a vida eterna. 16 «Porque Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu Seu Filho Unigénito, para que todo aquele que crê n'Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. 17 Porque Deus não enviou Seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. 18 Quem n'Ele acredita, não é condenado, mas quem não acredita, já está condenado, porque não acredita no nome do Filho Unigénito de Deus. 19 A condenação é por isto: A luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. 20 Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de que não sejam reprovadas as suas obras; 21 mas aquele que procede segundo a verdade, chega-se para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas segundo Deus».



VIDA
CAPÍTULO 15.
12. Parece ser isto coisa muito baixa e assim é na verdade. Os mais adiantados em perfeição teriam até por afronta e correr-se-iam a si mesmos se pensassem que deixam os bens deste mundo porque se hão-de acabar, quando - embora estes durassem para sempre - eles se alegrariam de os deixar por Deus e isto tanto mais, quanto mais perfeitos fossem, e quanto mais durassem. Aqui, nestes, já está crescido o amor e é ele o que opera. Mas, para os que começam, é-lhes importantíssimo ter estes pensamentos e não os tenham por baixos. É grande o bem que se ganha e assim o recomendo tanto. Isto ser-lhes-á necessário - até aos muitos encumeados em oração em certas épocas em que Deus os quer provar e parecem abandonados por Sua Majestade. Pois, como já tenho dito - e quisera eu que não o esquecessem -, nesta vida em que vivemos a alma cresce, e cresce de verdade mas não como o corpo, embora assim o digamos. É que, uma criança; depois de crescer e deitar corpo e o ter grande - já de homem - não torna a decrescer e a ter corpo de menino. Aqui, quer o Senhor que seja assim (ao que tenho visto por mim) pois não o sei por outra via. Deve ser para nos humilhar para nosso maior bem e não nos descuidemos enquanto estivermos neste desterro, pois quem mais alto estiver, mais há-de temer e fiar-se menos de si.
Ocasiões há em que estes mesmos, que já têm a sua vontade tão posta na de Deus, que se deixariam atormentar e passariam mil mortes para não cair e cometer uma imperfeição, se vêem tão combatidos de tentações e perseguições que - para não fazer pecados e se livrarem de ofender a Deus - é preciso, e torna-se-lhes necessário aproveitar as primeiras armas da oração, e voltar a pensar que tudo acaba, e que há Céu e inferno, e outras coisas deste género.
13. Pois, voltando ao que dizia, grande fundamento é, para se livrar dos ardis e gostos vindos do demónio, uma alma começar com a determinação de seguir caminho de cruz desde o princípio e de não desejar as ditas consolações. O mesmo Senhor nos ensinou este caminho de perfeição ao dizer: «Toma a tua cruz e segue-Me». É Ele o nosso modelo; não tem que temer quem, só para O contentar, segue Seus conselhos.
14. No aproveitamento que virem em si entenderão estas almas que isso não lhes vem do demónio. É que; embora tornem a cair, fica-lhes um sinal de que esteve ali o Senhor: o levantarem-se depressa, além destes que agora direi: - quando é espírito de Deus, não é necessário andar atrás de coisas à busca de humildade e confusão, porque o mesmo Senhor as dá de modo bem diferente do que podemos obter por meio das nossas consideraçõezinhas, que não são nada em comparação duma verdadeira humildade, que traz consigo luz, que aqui ensina o Senhor e que produz uma confusão que nos desfaz. É coisa muito perceptível este conhecimento que Deus dá para que entendamos que nenhum bem possuímos por nós mesmos, e quanto maiores as mercês, maior a compreensão. -Incute um grande desejo de ir avante na oração e de não a deixar por nenhuma coisa de trabalho que possa advir. A tudo se oferece. - Sente uma segurança com humildade e temor de que se há-de salvar. - Deita logo para longe o temor servil da alma e dá-lhe o filial temor muito mais acrescido. - Vê que lhe começa um amor a Deus muito sem interesse próprio. - Deseja momentos de solidão para mais gozar daquele bem.
15. Enfim, para não me cansar, é um princípio de todos os bens, um estarem já as flores em termos de não lhes faltar senão um quase nada para desabrochar. Isto verá muito claramente a alma e de nenhuma maneira poderá por então convencer-se de que não esteve Deus com ela, até se ver de novo com quebras e imperfeições, que então tudo teme. E é bem que tema, embora haja almas que lhes é de mais proveito acreditarem, de certeza, que é Deus, de que todos os temores que lhes possam infundir. Se a alma é de si amorosa e agradecida, mais a faz voltar para Deus a memória da mercê que Ele lhe fez, do que todos os castigos do inferno que lhe representam. Pelo menos a mim, apesar de tão ruim, isto me acontecia.
16. Porque os sinais do bom espírito se irão dizendo; mas como a quem lhe custa muito trabalho tirá-los a limpo, não os digo agora aqui. Creio que, com o favor de Deus, nisto atinarei alguma coisa; porque, mesmo deixando à parte a experiência em que muito tenho entendido, o sei de alguns letrados muito letrados e de pessoas muito santas a quem é de razão que se dê crédito. Não andem, pois, as almas tão afadigadas quando aqui chegarem pela bondade do Senhor, como, eu tenho andado.

CAPÍTULO 16. Trata do terceiro grau de oração e vai declarando coisas muito elevadas, e o que pode a alma que aqui chega, e os efeitos que fazem estas mercês tão grandes do Senhor. É muito para elevar o espírito em louvores a Deus e para grande consolação de quem aqui chegar.
1. Falemos agora da terceira água com que se rega esta horta: é a água corrente de rio ou de fonte, e rega-se com muito menos trabalho, embora algum dê o encaminhar a água. Quer aqui o Senhor ajudar o hortelão, de maneira que quase é Ele o jardineiro e quem faz tudo.
É um sono das potências em que nem de todo se perdem nem entende como operam. O gosto, suavidade e deleite são, sem comparação, maiores de que o passado. É a água da graça que chega à garganta desta alma, de modo que já não pode ir para diante, nem sabe como, nem como tornar atrás; quereria gozar de grandíssima glória. É como alguém que está com a vela na mão,' por lhe faltar pouco para morrer da morte que deseja. Está gozando naquela agonia com o maior deleite que se pode dizer. Não me parece outra coisa senão um morrer quase de todo a todas as coisas do mundo e estar gozando de Deus.
Eu não sei outros termos para o dizer ou declarar, nem sabe então a alma o que fazer; porque nem sabe se há-de falar, calar, rir ou chorar. É um glorioso desatino, uma celestial loucura; onde se aprende a verdadeira sabedoria, e é deleitosíssima maneira de a alma gozar.
2. E é assim que o Senhor me deu em abundância e muitas vezes esta oração, creio que há cinco ou até seis anos; mas eu nem a entendia nem a saberia dizer; e assim tinha para mim ser melhor dizer muito pouco ou nada, em chegando aqui. Que de todo em todo não era união de todas as potências e que era mais que a passada, bem o entendia eu e muito claramente; mas confesso, não podia determinar nem perceber como era esta diferença.
Creio que pela humildade que V. Mercê tem tido em se querer ajudar de uma simplicidade tão grande como a minha, em acabando hoje de comungar, deu-me o Senhor esta oração sem eu poder ir adiante; e inspirou-me estas comparações e ensinou a maneira de o dizer e o que há-de fazer aqui a alma. Certo é que me espantei e o entendi num momento.
Muitas vezes estive assim, como desatinada e embriagada neste amor, e jamais tinha podido entender como era. Bem via eu ser obra de Deus, mas não podia compreender como operava aqui; porque, embora as potências estejam de facto e em verdade quase de todo unidas a Ele, não estão contudo tão engolfadas que não operem. Gostei em extremo de tê-lo agora entendido. Bendito seja o Senhor que assim me regalou!
3. Só têm habilidade as potências para se ocuparem todas em Deus. Nem parece que alguma se ouse mexer, nem que a possamos fazer mover, a não ser que, com muito trabalho, nos quiséssemos distrair; e ainda assim não me parece que isso se pudesse então conseguir. Dizem-se aqui muitas palavras em louvor de Deus, sem ordem nem concerto, se o mesmo Senhor as não concerta. Pelo menos o entendimento não vale aqui nada. Quisera a alma dar vozes em louvores e está que não cabe em si; um desassossego saboroso. Já se abrem as flores, já começam a dar seu olor. Aqui quereria a alma que todos a vissem e entendessem a sua glória para que á ajudassem nos louvores a Deus e quisera comunicar e dar-lhes parte do seu gozo, porque não pode com tanto gozar. Parece-me ser como a que diz o Evangelho que queria chamar ou chamou as suas vizinhas. Isto, a meu parecer, devia sentir o admirável espírito do real profeta David quando tangia a harpa é cantava os louvores de Deus. Deste glorioso Rei sou eu muito devota e quereria que todos o fossem, em especial os que somos pecadores.
4. Oh! Valha-me Deus! Como fica uma alma quando está assim! Toda ela quereria ser línguas para louvar ao Senhor! Diz mil desatinos santos, atinando sempre em contentar a Quem a tem assim. Eu sei duma pessoa que, sem ser poeta, lhe acontecia fazer de repente coplas muito sentidas, declarando bem a sua pena, não tiradas do seu entendimento, senão que, para mais gozar a glória que tão saborosa pena lhe dava, dela se queixava a seu Deus.
Todo o seu corpo e alma quereria se despedaçassem para mostrar o gozo que sente com esta pena. E, que tormentos se lhe poderiam pôr então diante dela que lhe não fosse saboroso passá-los por seu Senhor? Vê claramente que não faziam quase nada de sua parte os mártires em os passar, porque bem conhece a alma que a fortaleza lhe vem de outra parte. Mas, que sentirá por ter razão, a fim de viver no mundo e voltar aos cuidados e cortesias que nele há?
Não penso, porém, ter encarecido coisa alguma que não fique baixa em relação a este modo de gozo que o Senhor quer neste desterro dar a gozar à alma. Bendito sejais para sempre, Senhor, e louvem-Vos todas as coisas eternamente. E pois que ao escrever isto não estou fora desta santa loucura celestial - de que tão sem méritos meus e por Vossa bondade e misericórdia me fazeis mercê - eu Vos suplico, meu Rei, que tenhais agora por bem que todos aqueles com quem eu tratar estejam ou loucos de Vosso amor ou permiti que eu não trate com ninguém. Ordenai, Senhor, ou que eu não tenha já em conta coisa que seja do mundo, ou tirai-me dele. Não pode já, Deus meu, esta Vossa serva sofrer tantos trabalhos como tem por se ver sem Vós e, assim, se há-de viver, não quer descanso nesta vida, nem que Vós lho deis. Quereria já esta alma ver-se livre do corpo: o comer, a mata; o dormir, a atormenta; vê que se lhe passa o tempo da vida vivendo em regalos e que nada já a pode regalar afora Vós. Parece que vive contra a natureza, pois já não quereria viver em si, senão em Vós.
5. Oh! Verdadeiro Senhor e glória minha, que ténue e pesadíssima cruz tendes preparada para os que chegam a este estado! Ténue, porque é suave; pesada, porque vezes há que não há sofrimento que a sofra. Jamais queria, no entanto, ver-se livre dela, se não fosse para ver-se já conVosco. Quando se recorda que não Vos serviu em nada e que, vivendo, Vos pode servir, quereria carregar-se com muito mais pesada cruz e nunca, até ao fim do mundo, morrer. Tem em nada o seu descanso a troco de Vos fazer um pequeno serviço; não sabe o que desejar, mas bem entende que não deseja outra coisa senão a Vós.
6. Oh! filho meu! (que é tão humilde que assim se quer nomear aquele a quem isto vai dirigido e mo mandou escrever), sejam só para si algumas coisas em que V. Mercê vir que saio dos limites. É que não há razão que baste para não me tirar dela quando o Senhor me põe fora de mim, nem creio sou eu a que falo desde que comunguei esta manhã. Parece-me sonhar o que vejo e não quereria ver senão enfermos do mal com que eu agora estou. Suplico a V Mercê que sejamos todos loucos por amor d'Aquele a Quem por nós assim chamaram. Diz V. Mercê que me quer bem, pois em dispor-se para que Deus lhe faça esta mercê quero eu que mo mostre, porque vejo muito poucos que os não veja com senso demasiado para o que lhes diz respeito. Bem pode ser que o tenha eu mais que todos. Não mo consinta V. Mercê, meu Padre, pois também o é, assim como é filho, pois é meu confessor e a quem confiei a minha alma. Desengane-me com verdade, que se usam muito pouco estas verdades.
7. Este contrato quisera eu que fizéssemos os cinco que, ao presente, nos amamos em Cristo. Como outros que nestes tempos se juntavam em. segredo para ir contra Sua Majestade e ordenar maldades e heresias, procurássemos nós juntarmo-nos alguma vez para nos desenganarmos uns aos outros e dizerem que nos poderíamos emendar e contentar mais a Deus. Não há quem tão bem se conheça a si mesmo como nos conhecem os que nos estão olhando, se é com amor e cuidado do nosso aproveitamento.
Digo "em segredo", porque já não se usa esta linguagem. Até os pregadores vão ordenando seus sermões de modo a não descontentar. Boa será a intenção e a obra também; mas assim emendam-se poucos. Mas, como é que não são muitos os que, por meio dos sermões, deixam vícios públicos? Sabe o que. me parece? Têm muito senso os que pregam. Não estão sem ele, com o grande fogo de amor de Deus como estavam os apóstolos, e assim aquece pouco esta chama. Não digo que seja tanta como eles tinham, mas quisera que fosse mais do que vejo. Sabe V. Mercê o que deve fazer muito ao caso? Em ter já aborrecimento à vida e em pouca estima a honra. Nada se lhes dava - a troco de dizer uma verdade e de a sustentar para glória de Deus - de perder tudo ou de ganhar tudo; porque, quem deveras tudo tem arriscado por Deus, com igual ânimo suporta tanto uma como outra coisa. Não digo que sou destas, mas quereria sê-lo.
8. Oh! grande liberdade, termos por cativeiro o ter de viver e tratar conforme às leis do mundo! Como esta se alcance do Senhor, não há escravo que não arrisque tudo para se resgatar e voltar à sua terra. É, pois, este o verdadeiro caminho; não há que parar nele, porque nunca acabaremos de ganhar tão grande tesouro, até que se nos acabe á vida. O Senhor nos dê para isto o Seu favor.
Rasgue V Mercê isto que tenho dito, se lhe parecer, e tome-o como uma carta para si e perdoe-me por ter sido muito atrevida.

santa teresa de jesus


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