A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 1, 35-51
35 No dia seguinte, João lá estava
novamente com dois dos seus discípulos. 36 Vendo Jesus que passava,
disse: «Eis o Cordeiro de Deus». 37 Ouvindo as suas palavras, os
dois discípulos seguiram Jesus. 38 Jesus, voltando-Se para trás, e
vendo que O seguiam, disse-lhes: «Que buscais?». Eles disseram-Lhe: «Rabi (que
quer dizer Mestre), onde habitas?». 39 Jesus disse-lhes: «Vinde
ver». Foram, viram onde habitava e ficaram com Ele aquele dia. Era então quase
a hora décima. 40 André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que
tinham ouvido o que João dissera e que tinham seguido Jesus. 41
Encontrou ele primeiro seu irmão Simão e disse-lhe: «Encontrámos o Messias»,
que quer dizer Cristo. 42 Levou-o a Jesus. Jesus, fixando nele o
olhar, disse: «Tu és Simão, filho de João, tu serás chamado Cefas», que quer
dizer Pedra. 43 No dia seguinte, Jesus resolveu ir à Galileia.
Encontrou Filipe e disse-lhe: «Segue-Me». 44 Filipe era de Betsaida,
pátria de André e de Pedro. 45 Filipe encontrou Natanael e
disse-lhe: «Encontrámos Aquele de Quem escreveu Moisés na Lei, e os profetas:
Jesus de Nazaré, filho de José». 46 Natanael disse-lhe: «De Nazaré
pode porventura sair coisa que seja boa?». Filipe disse-lhe: «Vem ver». 47
Jesus viu Natanael, que vinha ter com Ele, e disse dele: «Eis um verdadeiro
israelita em quem não há fingimento». 48 Natanael disse-lhe: «Donde
me conheces?». Jesus respondeu-lhe: «Antes que Filipe te chamasse, Eu te vi,
quando estavas debaixo da figueira». 49 Natanael respondeu: «Mestre,
Tu és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel». 50 Jesus
respondeu-lhe: «Porque te disse que te vi debaixo da figueira, acreditas?;
verás coisas maiores que esta». 51 E acrescentou: «Em verdade, em
verdade vos digo, vereis o céu aberto e os anjos de Deus subir e descer sobre o
Filho do Homem».
VIDA
CAPÍTULO
14.
Começa a declarar o segundo grau de oração que é o Senhor já fazer sentir à
alma gostos mais particulares. Declara-o para fazer ver como já são
sobrenaturais. É muito para se ter em conta.
1. Já fica dito com que
trabalhos se rega este vergel e quão à força de braços, tirando a água do poço.
Digamos agora o segundo modo de a tirar que o Senhor do horto ordenou para que,
por meio de um torno e alcatruzes, o hortelão tirasse mais água e com menos
trabalho e pudesse descansar sem estar continuamente trabalhando.
Este modo, aplicado à
oração que chamam de quietude, é o que eu agora quero tratar.
2. Aqui começa a
recolher-se a alma e toca já em coisa sobrenatural, porque de nenhuma maneira
ela o pode conseguir, por mais diligências que faça. Verdade é que parece
ter-se cansado, algum tempo em andar ao torno a trabalhar com o entendimento,
enchendo os alcatruzes; aqui, porém, a água subiu mais alto e assim trabalha-se
muito menos para a tirar do poço? Digo que a água está mais perto, porque a
graça dá-se mais claramente a conhecer à alma.
Isto é um recolherem-se as
potências dentro de si para gozar daquele contento com mais gosto; mas não se
perdem, nem ficam adormecidas Só a vontade se ocupa de maneira que, sem saber
como, se torna cativa, dando somente consentimento para que a prenda Deus, como
quem bem sabe ser presa de Quem ama. Oh! Jesus e Senhor meu, como nos vale aqui
o Vosso amor! porque este tem o nosso tão atado que lhe não deixa liberdade
para, naquele ponto, amar coisa alguma senão a Vós.
3. As outras duas
potências ajudam a vontade para que se vá tornando capaz de gozar de tanto bem,
ainda que algumas vezes, mesmo estando unida a vontade, aconteça desajudarem
muito. Mas então, não faça caso delas, mas fique-se em seu gozo e quietude;
porque se as quer recolher, ela e elas perderão. São, então, como pombas que
não se contentam com a comida que lhes dá o dono do pombal sem trabalho algum e
vão buscar de comer a outras partes; mas acham-no tão mau, que voltam, e assim
vão e vêm a ver se a vontade lhes dá aquilo de que goza. Se o Senhor lhes quer
deitar comida, detêm-se; se não, tornam a ir buscá-la. Devem pensar que dão
proveito à vontade e, às vezes, em querer a memória ou imaginação
representar-lhe o que goza, a prejudicará. Tenha, pois, cuidado de se haver com
elas como direi.
4. Tudo isto que aqui se
passa é com grande consolo e com tão pouco trabalho que não cansa a oração,
embora dure muito tempo; porque o entendimento obra aqui muito passo a passo e
tira muito mais água do que tirava do poço. As lágrimas que Deus aqui dá, já
são com gozo; ainda que se sintam, não se procuram.
5. Esta água, de grandes
bens e mercês que o Senhor dá aqui, faz crescer as virtudes muito mais sem
comparação do que na oração anterior. É que a alma já se vai elevando acima da
sua miséria e já se lhe dá alguma noticia dos gostos da glória. Isto, creio, a
faz crescer mais e também chegar mais perto da verdadeira virtude donde todas
as virtudes procedem, que é Deus; porque começa Sua Majestade a comunicar-se a
esta alma e quer que ela sinta como se lhe comunica.
Em chegando aqui, começa
logo a perder a cobiça das coisas de cá de baixo, deixando ao mesmo tempo
perder poucas graças, porque vê claramente que um momento daquele gosto não se
pode aqui conseguir, nem há riquezas, nem senhorios, nem honras, nem deleites
que bastem para dar, num abrir e fechar de olhos, este contentamento porque é
verdadeiro, e contento que se vê que nos contenta. Porque os de cá de baixo, só
por maravilha -julgo eu -entenderemos onde está esse contentamento; nunca lhes
falta um «senão». Nestes é tudo «sim» enquanto dura; o «não» vem depois, por se
ver que acabou e que não o pode voltar a recuperar, nem sabe como; pois, mesmo
que se faça em pedaços com penitências e orações e todas as demais coisas, se o
Senhor não lho quiser dar, de pouco lhe aproveita. Quer Deus, por Sua grandeza,
que esta alma entenda que Sua Majestade está tão perto dela, que já não tem
necessidade de enviar mensageiros, mas tão-somente falar ela mesma com Ele e
não em alta voz: já está tão perto que num mexer os lábios a entende.
6. Parece impertinência
dizer isto, pois sabemos que Deus sempre nos entende e está connosco. Nisto não
há que duvidar que é assim. Mas quer este Imperador e Senhor nosso que
compreendamos aqui que nos entende e o que faz em nós a Sua presença. E faz
também entender que quer particularmente começar a operar na alma pela grande
satisfação interior e exterior que lhe dá e pela diferença que há, como já
tenho dito, entre este deleite e contentamento e os de cá da terra. Parece
encher o vazio que, pelos nossos pecados, tínhamos feito na alma. É no mui
íntimo da alma esta satisfação, sem ela saber por onde nem como lhe veio, nem
sabe muitas vezes o que há-de fazer, nem querer, nem pedir. Tudo lhe parece
encontra junto e não sabe o que encontra, nem mesmo eu sei como dá-lo a
entender; é que, para muitas coisas, ser-me-ia preciso ter letras. Aqui ficaria
bem dar a entender o que é auxílio geral e particular, que muitos o ignoram e,
como o Senhor quer que a alma aqui veja este auxílio particular quase à vista
de olhos, como dizem. Ser-me-iam também precisas letras para muitas coisas que
irão erradas; mas, como será visto por pessoas que entendem se há erro, vou
descuidada: porque, tanto a respeito de letras como de espírito, sei que o
posso estar, indo para as mãos de quem vai, pois saberão entender e tirar o que
estiver mal.
7. Quereria, pois, dar
isto a entender, porque são princípios fundamentais e, quando o Senhor começa a
fazer estas mercês, a própria alma não as entende nem sabe o que há-de fazer de
si. Porque, se Deus a leva por caminho de temor, como me fez a mim, é grande
trabalho se não há quem a entenda, e grande o gosto ao ver-se como que pintada,
pois vê então claramente que é por ali que vai. E é grande bem saber e o que há
a fazer para se ir aproveitando em qualquer destes estados. Como tenho sofrido
muito e perdido largo tempo por não saber que fazer, sinto grande lástima das
almas que se vêm sós quando chegam aqui. Tenho lido muitos livros espirituais,
e embora toquem no que faz ao caso, explicam muito pouco e, se não for alma
muito exercitada, mesmo explicando bem, ela terá ainda bastante que fazer para
se entender.
8. E quereria muito que o
Senhor me favorecesse para aqui dizer os efeitos que operam na alma estas
coisas que começam a ser sobrenaturais, para que se entenda, pelos efeitos,
quando é espírito de Deus. Digo se entenda" conforme ao que aqui se pode
entender. Será sempre bom, no entanto, andarmos com temor e recato; porque,
embora seja de Deus, alguma vez poderá o demónio transfigurar-se em anjo de
luz. E, se não for alma muito exercitada, não o entenderá; e tão exercitada
que, para o entender, é preciso chegar muito ao cume da oração.
Ajuda-me pouco o pouco
tempo de que disponho e assim será mister Sua Majestade fazê-lo por mim, porque
tenho de andar com a Comunidade e com outras muitas ocupações, pois estou em
casa que agora se começa, como depois se verá; e assim é muito sem ter assento
o que escrevo, e a pouco e pouco. Isto não quisera eu, porque, quando o Senhor
dá espírito, escreve-se com mais facilidade e melhor; parece então que é como
quem tem um modelo na frente, por onde vai copiando aquele labor; mas, se o
espírito falta, não mais se concerta esta linguagem: parece uma algaravia - é
maneira de dizer -ainda que se tenham tido muitos anos de oração. E assim me
parece de grandíssima vantagem, quando escrevo, estar concentrada, porque vejo
então claramente que não sou eu quem o diz, nem o ordeno com o entendimento,
nem sei depois como acertei a dizê-lo. Isto acontece-me muita vez.
9. Agora, voltemos à nossa
horta ou vergel, e vejamos como começam estas árvores a impregnar-se para
florescer e dar depois fruto, e as flores e os cravos na mesma, para dar
perfume. Regala-me esta comparação. Muitas vezes, em meus princípios (e praza
ao Senhor haja eu agora começado a servir Sua Majestade! digo, nos primeiros
tempos do que direi de aqui por diante da minha vida), era para mim grande
deleite considerar a minha alma como um jardim e que o Senhor se passeava nele.
Suplicava-Lhe aumentasse o odor das florzitas de virtudes que começavam -
segundo me parecia - a querer sair à luz e fosse para Sua glória e, pois eu
nada queria para mim, que as sustentasse e cortasse as que quisesse, porquanto
bem sabia eu haviam de sair melhores. Disse "cortar", porque vem
tempo em que na alma não há memória deste horto; tudo parece estar seco e não
haverá água para o sustentar, nem mesmo parece ter havido jamais na alma coisa
de virtude! Passa-se muito trabalho, porque o Senhor quer que lhe pareça ao
pobre do hortelão que tudo quanto tem feito para o cultivar e regar, vai
perdido. Então é o verdadeiro escardear e arrancar de raiz as ervazitas más -
embora pequenas - que tenham ficado, reconhecendo que não há diligência que
baste se Deus nos tira a água da graça, e termos em pouco o nosso nada e até
menos que nada. Ganha-se aqui muita humildade; tornam de novo a crescer as
flores.
10. Oh! Senhor meu e Bem
meu! Não posso dizer isto sem lágrimas e grande regalo da minha alma, pois Vós,
Senhor, quereis estar assim connosco e estais no Sacramento, porque com toda a
verdade assim se pode crer, pois que é de fé. E com grande verdade podemos
fazer esta comparação. E, a não ser por nossa culpa, poderemos gozar convosco e
Vós folgareis connosco, pois dizeis ter Vossas delícias em estar com os filhos
dos homens. Oh! Senhor meu! Que é isto? Sempre que oiço esta palavra dá-me
grande consolo e isto mesmo quando andava muito perdida. Será possível, Senhor,
que haja uma alma que chegue a ponto de Vós lhe fazerdes mercês e regalos
semelhantes, e entender que Vós folgais com ela, e Vos torne a ofender depois
de tantos favores e de tão grandes mostras do amor que lhe tendes, do qual se
não pode duvidar, pois se vê claramente a obra?
Sim, há, por certo, e não
uma vez mas muitas, que sou eu. E praza à Vossa bondade, Senhor, que seja só eu
a ingrata e a que tenha feito tão grande maldade e tido tão excessiva
ingratidão. Porque, ao menos dela, a Vossa infinita bondade tem tirado algum
bem; e quanto maior foi o mal, mais resplandece o grande bem de Vossas misericórdias.
E com quanta razão as posso eu para sempre cantar!
11. Suplico-Vos, Deus meu,
que assim seja e eu as cante sem fim, já que tivestes por bem de as usar tão
excessivas para comigo, que pasmam os que as vêem. A mim, fazem-me sair muitas
vezes de mim mesma, para melhor Vos poder louvar; porque, estando em mim sem
Vós, nada poderei, Senhor meu, senão tornar a ver cortadas as flores deste
horto, de sorte que esta miserável terra voltaria a servir de muladar como
antes. Não o permitais, Senhor, nem queirais que se perca uma alma que com
tantos trabalhos comprastes e tantas vezes de novo a tornastes a resgatar e a
tirar dos dentes do terrível dragão.
12. Perdoe-me V Mercê sair
do assunto; e, como falo a meu propósito, não se espante, pois é como se
apodera da alma aquilo que escreve. Às vezes, muito faz em não se deixar ir por
diante em louvores a Deus, pois se lhe representa, enquanto vai escrevendo, o
muito que Lhe deve. E creio não causará desgosto a V. Mercê, porque ambos, me
parece, podemos cantar uma e a mesma coisa, ainda que de maneira diferente;
pois é muito mais o que eu devo a Deus, por Ele mais me ter perdoado, como V.
Mercê sabe.
santa teresa de jesus
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.