A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
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Evangelho: Lc 18, 1-17
1 Disse-lhes também
uma parábola, para mostrar que importa orar sempre e não cessar de o fazer: 2
«Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens. 3
Havia também na mesma cidade uma viúva, que ia ter com ele, dizendo: Faz-me
justiça contra o meu adversário. 4 Ele, durante muito tempo, não a
quis atender. Mas, depois disse consigo: Ainda que eu não tema a Deus nem
respeite os homens, 5 todavia, visto que esta viúva me importuna,
far-lhe-ei justiça, para que não venha continuamente importunar-me». 6
Então o Senhor acrescentou: «Ouvi o que diz este juiz iníquo. 7 E
Deus não fará justiça aos Seus escolhidos, que a Ele clamam dia e noite, e
tardará em socorrê-los? 8 Digo-vos que depressa lhes fará justiça.
Mas, quando vier o Filho do Homem, julgais vós que encontrará fé sobre a
terra?». 9 Disse também esta parábola a uns que confiavam em si
mesmos por se considerarem justos, e desprezavam os outros: 10 «Subiram
dois homens ao templo a fazer oração: um era fariseu e o outro publicano. 11
O fariseu, de pé, orava no seu interior desta forma: Graças Te dou, ó Deus,
porque não sou como os outros homens: ladrões, injustos, adúlteros, nem como
este publicano. 12 Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de
tudo o que possuo. 13 O publicano, porém, conservando-se a
distância, não ousava nem sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito,
dizendo: Meu Deus, tem piedade de mim, pecador.14 Digo-vos que este
voltou justificado para sua casa e o outro não; porque quem se exalta será
humilhado e quem se humilha será exaltado». 15 Traziam-Lhe também
criancinhas, para que as tocasse. Os discípulos vendo isto repreendiam-nos.16
Porém, Jesus chamando-as a Si, disse: «Deixai vir a Mim as criancinhas e não as
embaraceis, porque o reino de Deus é dos que se parecem com elas. 17
Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança não
entrará nele».
CARTA
APOSTÓLICA
MANE NOBISCUM DOMINE
DO
SUMO PONTÍFICE
JOÃO
PAULO II
AO
EPISCOPADO, CLERO E FIÉIS
PARA
O ANO DA EUCARISTIA
INTRODUÇÃO
1.
«Fica connosco, Senhor, pois a noite vai caindo» (cf. Lc 24,29). Foi este o
instante convite que os dois discípulos, directos a Emaús na tarde do próprio
dia da ressurreição, dirigiram ao Viajante que se lhes tinha juntado no
caminho. Carregados de tristes pensamentos, não imaginavam que aquele
desconhecido fosse precisamente o seu Mestre, já ressuscitado. Mas sentiam
«arder» o seu íntimo (cf. Lc 24,32), quando Ele lhes falava, «explicando» as
Escrituras. A luz da Palavra ia dissipando a dureza do seu coração e
«abria-lhes os olhos» (cf. Lc 24, 31). Por entre as sombras do dia que findava
e a obscuridade que pairava na alma, aquele Viajante era um raio de luz que
fazia despertar a esperança e abria os seus ânimos ao desejo da luz plena.
«Fica connosco» — suplicaram. E Ele aceitou. Pouco depois o rosto de Jesus
teria desaparecido, mas o Mestre «permaneceria» sob o véu do «pão partido», à
vista do qual se abriram os olhos deles.
2.
O ícone dos discípulos de Emaús presta-se bem para nortear um ano que verá a
Igreja particularmente empenhada na vivência do mistério da sagrada Eucaristia.
Ao longo do caminho das nossas dúvidas, inquietações e às vezes amargas
desilusões, o divino Viajante continua a fazer-se nosso companheiro para nos
introduzir, com a interpretação das Escrituras, na compreensão dos mistérios de
Deus. Quando o encontro se torna pleno, à luz da Palavra segue-se a luz que
brota do «Pão da vida», pelo qual Cristo cumpre de modo supremo a sua promessa
de «estar connosco todos os dias até ao fim do mundo» (cf.Mt 28,20).
3.
A «fracção do pão» — tal era ao início a designação da Eucaristia — sempre
esteve no centro da vida da Igreja. Por ela Cristo torna presente, no curso do
tempo, o seu mistério de morte e ressurreição. Nela, Cristo em pessoa é
recebido como «o pão vivo que desceu do céu» (Jo 6,51) e, com ele, é-nos dado o
penhor da vida eterna, em virtude do qual se saboreia antecipadamente o
banquete eterno da Jerusalém celeste. Prosseguindo no sulco do ensinamento dos
Padres, dos Concílios Ecuménicos e dos meus próprios Predecessores, convidei
várias vezes — ainda recentemente na encíclica Ecclesia de Eucharistia — a
Igreja a reflectir sobre a Eucaristia. Por isso não é minha intenção, neste
documento, expor de novo a doutrina já apresentada e à qual recomendo voltar
para que seja aprofundada e assimilada. Mas considerei que poderia ser de
grande ajuda, precisamente para tal fim, um ano inteiramente dedicado a este
admirável Sacramento.
4.
Como é sabido, o Ano da Eucaristia prolonga-se deste Outubro de 2004 até ao
mesmo mês de 2005. A ocasião propícia para tal iniciativa foi- me dada por dois
acontecimentos que marcarão significativamente o início e o fim: o Congresso
Eucarístico Internacional programado de 10 a 17 de Outubro em Guadalajara
(México), e a Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, que terá lugar no
Vaticano de 2 a 29 de Outubro sobre o tema: «A Eucaristia fonte e ápice da vida
e da missão da Igreja». E houve ainda outra razão que me levou a esta decisão:
terá lugar neste ano a Jornada Mundial da Juventude, que se realizará em
Colónia (Alemanha) de 16 a 21 de Agosto de 2005. A Eucaristia é o centro vital
ao redor do qual desejo que se congreguem os jovens para alimentar a sua fé e o
seu entusiasmo. Mas a ideia de semelhante iniciativa eucarística já a trazia há
tempo dentro de mim: de facto constitui o desenvolvimento natural da orientação
pastoral que quis imprimir à Igreja, especialmente a partir dos anos de preparação
do Jubileu, e que retomei depois nos anos que o seguiram.
5.
Nesta carta apostólica, é meu propósito sublinhar tal continuidade de
orientação, para que seja mais fácil a todos individuar o seu alcance
espiritual. Quanto à realização concreta do Ano da Eucaristia, conto com a
solicitude pessoal dos Pastores das Igrejas particulares, aos quais a devoção
por tão grande Mistério não deixará de sugerir as oportunas iniciativas. Aos
meus Irmãos Bispos, aliás, não será difícil ver como esta iniciativa, que surge
a breve distância da conclusão do Ano do Rosário, se situe a um nível
espiritual tão profundo que não vem dificultar de modo algum os programas
pastorais das diversas Igrejas. Pelo contrário, pode iluminá-los mais
eficazmente, ancorando-os por assim dizer ao Mistério que constitui a raiz e o
segredo da vida espiritual dos fiéis, como também de cada iniciativa da Igreja
local. Não peço, pois, para se interromperem os «caminhos» pastorais que as
diversas Igrejas estão a fazer, mas para neles dar relevo à dimensão
eucarística própria de toda a vida cristã. Da minha parte, com esta carta,
quero oferecer algumas orientações de fundo, com a esperança de que o povo de
Deus, nas suas diversas componentes, queira acolher a minha proposta com pronta
docilidade e vivo amor.
I
NO
SULCO DO CONCÍLIO
E
DO JUBILEU
Com o olhar voltado para
Cristo
6.
Há dez anos, com a Tertio millennio adveniente (10 de Novembro de 1994), tive a
alegria de indicar à Igreja o caminho de preparação para o Grande Jubileu do
ano 2000. Sentia que esta circunstância histórica se delineava no horizonte
como uma grande graça. Não tinha ilusões, por certo, de que uma simples data
cronológica, apesar de sugestiva, pudesse por si mesma comportar grandes
mudanças. Os factos encarregaram-se, infelizmente, de pôr em evidência, após o
início do milénio, uma espécie de crua continuidade com os acontecimentos
anteriores e frequentemente com os piores dentre eles. Foi-se delineando assim
um cenário que, a par de reconfortantes perspectivas, deixa entrever opacas
sombras de violência e de sangue que não cessam de nos entristecer. Mas, ao
convidar a Igreja para celebrar o Jubileu dos dois mil anos da Encarnação, eu
estava perfeitamente convencido — e ainda o estou mais agora! — de trabalhar
para os «tempos longos» da humanidade.
De
facto, Cristo está no centro não só da história da Igreja, mas também da
história da humanidade. Tudo é recapitulado n'Ele (cf. Ef 1,10; Col 1,15-20).
Como não recordar o ardor com que o Concílio Ecuménico Vaticano II, citando o
Papa Paulo VI, confessou que Cristo «é o fim da história humana, o ponto para
onde tendem os desejos da história e da civilização, o centro do género humano,
a alegria de todos os corações e a plenitude das suas aspirações»? 1
A doutrina do Concílio trouxe novos aprofundamentos ao conhecimento da natureza
da Igreja, abrindo os corações dos crentes a uma compreensão mais atenta dos
mistérios da fé e das próprias realidades terrestres na luz de Cristo. N'Ele,
Verbo feito carne, revelou-se realmente não só o mistério de Deus, mas também o
próprio mistério do homem. 2 N'Ele, o homem encontra redenção e
plenitude.
7.
Nos princípios do meu pontificado, com a encíclica Redemptor hominis,
desenvolvi amplamente este tema, que retomei depois em várias circunstâncias. O
Jubileu foi o momento propício para fazer convergir a atenção dos crentes sobre
esta verdade fundamental. A preparação do grande acontecimento foi toda
trinitária e cristocêntrica. Neste enquadramento, não podia certamente ficar
esquecida a Eucaristia. Se hoje estamos para celebrar um Ano da Eucaristia,
apraz-me recordar que já na Tertio millennio adveniente escrevia: «O ano 2000
será intensamente eucarístico; no sacramento da Eucaristia o Salvador, que
encarnou no seio de Maria vinte séculos atrás, continua a oferecer-Se à
humanidade como fonte de vida divina». 3 O Congresso Eucarístico
Internacional celebrado em Roma tornou concreta esta tonalidade do Grande
Jubileu. Vale a pena recordar também que, em plena preparação do Jubileu,
propus à meditação dos fiéis, com a carta apostólica Dies Domini, o tema do
«Domingo» como dia do Senhor ressuscitado e dia especial da Igreja. A todos
convidei então a redescobrir a celebração eucarística como o coração do
Domingo. 4
Contemplar com Maria o
rosto de Cristo
8.
O legado do Grande Jubileu foi de algum modo recolhido na carta apostólica Novo
millennio ineunte. Neste documento de carácter programático, eu sugeria a
perspectiva de um empenho pastoral fundado na contemplação do rosto de Cristo,
no âmbito duma pedagogia eclesial capaz de tender para a «medida alta» da
santidade, procurada especialmente através da arte da oração. 5 Como
poderia faltar, numa tal perspectiva, o empenho litúrgico e, de modo
particular, a atenção à vida eucarística? Escrevi então: «No século XX,
sobretudo depois do Concílio, a comunidade cristã cresceu muito no modo de
celebrar os sacramentos, sobretudo a Eucaristia. É preciso prosseguir nesta
direcção, dando particular relevo à Eucaristia dominical e ao próprio domingo,
considerado um dia especial da fé, dia do Senhor ressuscitado e do dom do
Espírito, verdadeira Páscoa da semana». 6 No contexto da educação para
a oração, convidava a cultivar também a Liturgia das Horas, através da qual a
Igreja santifica as diversas horas do dia e o ritmo do tempo na articulação
própria do ano litúrgico.
9.
Sucessivamente, com a proclamação do Ano do Rosário e a publicação da carta
apostólica Rosarium Virginis Mariæ, retomei o discurso da contemplação do rosto
de Cristo a partir da perspectiva mariana, repropondo o Rosário. Com efeito,
esta oração tradicional, tão recomendada pelo Magistério e muito amada pelo
povo de Deus, possui uma fisionomia marcadamente bíblica e evangélica, centrada
prevalentemente sobre o nome e o rosto de Jesus, fixado na contemplação dos
mistérios e na repetição da Ave Maria. O seu ritmo repetitivo constitui uma
espécie de pedagogia de amor, feita para inflamar o coração com o mesmo amor
que Maria nutre pelo seu Filho. Por isso, conduzindo a nova maturação um
itinerário plurissecular, quis que esta forma privilegiada de contemplação
completasse seus traços de verdadeiro «compêndio do Evangelho», com a introdução
dos mistérios da luz. 7 E como não colocar, no vértice dos mistérios
da luz, a sagrada Eucaristia?
Do Ano do Rosário ao Ano
da Eucaristia
10.
Foi precisamente no coração do Ano do Rosário que promulguei a carta encíclica
Ecclesia de Eucharistia, querendo com ela ilustrar o mistério da Eucaristia na
sua ligação indivisível e vital com a Igreja. Convidei a todos a celebrarem o
sacrifício eucarístico com o empenho que merece, prestando a Jesus presente na
Eucaristia, mesmo fora da Missa, um culto de adoração digno de tão grande
Mistério. Sobretudo propus novamente a exigência duma espiritualidade
eucarística, indicando por modelo Maria como «mulher eucarística». 8
Assim,
o Ano da Eucaristia coloca-se num horizonte que se foi enriquecendo de ano para
ano, embora permanecendo sempre bem assente sobre o tema de Cristo e da
contemplação do seu Rosto. De certo modo, aquele apresenta-se como um ano de
síntese, uma espécie de apogeu de todo o caminho percorrido. Muitas coisas se
poderiam dizer para viver bem este ano; limitar-me-ei a indicar algumas
perspectivas que possam ajudar a todos a convergir para atitudes elucidativas e
fecundas.
_________________________________________
Notas:
1
Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 45.
2
Cf. ibid., 22.
3
N. 55: AAS 87 (1995), 38.
4
Cf. nn.32-34: AAS 90 (1998), 732-734.
5
Cf. nn.30-32: AAS 93 (2001), 287-289.
6 Ibid., 35: o.c., 290-291.
7 Cf. Carta ap. Rosarium
Virginis Mariæ (16 de Outubro de 2002), 19.21: AAS 95 (2003), 8-20.
(8
Carta enc. Ecclesia de Eucharistia (17 de Abril de 2003), 53: AAS 95 (2003),
469.
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