15/09/2013

Leitura espiritual para 15 Set

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 9, 1-22

1 Convocados os doze Apóstolos, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demónios, e para curar as doenças. 2 Enviou-os a pregar o reino de Deus e a curar os doentes. 3 Disse-lhes: «Não leveis nada para o caminho, nem bastão, nem alforge, nem pão, nem dinheiro, nem leveis duas túnicas. 4 Em qualquer casa em que entrardes, ficai lá, e não saiais dela até à vossa partida, 5 e se alguém não vos receber, ao sair dessa cidade, sacudi até o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles». 6 Tendo eles partido, andavam de aldeia em aldeia pregando a boa nova, e fazendo curas por toda a parte. 7 O tetrarca Herodes ouviu falar de tudo o que se passava, e não sabia que pensar, porque uns diziam: 8 «É João que ressuscitou dos mortos»; outros: «É Elias que apareceu»; outros: «É um dos antigos profetas que ressuscitou».9 Herodes disse: «Eu mandei degolar João. Quem é, pois, Este de quem ouço tais coisas?». E buscava ocasião de O ver. 10 Tendo voltado os Apóstolos, contaram-Lhe tudo o que tinham feito. Ele, tomando-os consigo, retirou-Se à parte a um lugar do território de Betsaida. 11 Sabendo isto, as multidões foram-n'O seguindo. E as recebeu, falou-lhes do reino de Deus e curou os que necessitavam de cura. 12 Ora o dia começava a declinar. Aproximando-se d'Ele os doze, disseram-Lhe: «Despede as multidões, para que, indo pelas aldeias e herdades circunvizinhas, se alberguem e encontrem que comer, porque aqui estamos num lugar deserto». 13 Ele respondeu-lhes: «Dai-lhes vós de comer». Eles disseram: «Não temos mais do que cinco pães e dois peixes, a não ser que vamos comprar mantimento para toda esta multidão». 14 Pois eram quase cinco mil homens. Então disse aos discípulos: «Mandai-os sentar divididos em grupos de cinquenta». 15 Eles assim fizeram, e mandaram-nos sentar a todos. 16 Tendo tomado os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu, pronunciou sobre eles a bênção, partiu-os e distribuiu-os aos Seus discípulos, para que os servissem à multidão. 17 Comeram todos e ficaram saciados. E recolheram do que sobrou doze cestos de fragmentos. 18 Aconteceu que, estando a orar só, se encontravam com Ele os Seus discípulos. Jesus interrogou-os: «Quem dizem as multidões que Eu sou?». 19 Responderam e disseram: «Uns dizem que és João Baptista, outros que Elias, outros que ressuscitou um dos antigos profetas». 20 Ele disse-lhes: «E vós quem dizeis que sou Eu?». Pedro, respondendo, disse: «O Cristo de Deus». 21 Mas Ele, em tom severo, mandou que não o dissessem a ninguém, 22 acrescentando: «É necessário que o Filho do Homem padeça muitas coisas, que seja rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas, que seja morto e ressuscite ao terceiro dia.




CARTA ENCÍCLICA
ECCLESIAM SUAM
DO SUMO PONTÍFICE PAPA PAULO VI
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS
PATRIARCAS, PRIMAZES, ARCEBISPOS, BISPOS
E A TODOS OS ORDINÁRIOS DO LUGAR
AO CLERO E AOS FIÉIS DE TODO O MUNDO
E A TODOS OS HOMENS DE BOA VONTADE
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA
SOBRE OS CAMINHOS DA IGREJA

…/7

A religião: diálogo entre Deus e o homem
41. Eis, Veneráveis Irmãos, a origem transcendente do diálogo. Está no plano de Deus. A religião é, de sua natureza, enlace entre Deus e o homem, e a oração exprime em diálogo este enlace. A revelação, quer dizer a relação sobrenatural que Deus tomou a iniciativa de renovar com a humanidade, podemo-la imaginar como diálogo, em que o Verbo de Deus se exprime a si mesmo na Encarnação e depois no Evangelho. Esse colóquio paternal e santo, interrompido entre Deus e o homem pelo pecado original, é maravilhosamente reatado no decurso dos tempos. A história da salvação narra este diálogo longo e variado, a partir de Deus e a travar conversação, variada e admirável, com o homem. É nesta conversação de Cristo entre os homens (cf. Br 3,38) que Deus dá a entender alguma coisa mais de si, o mistério da sua vida, admiravelmente una na essência e trina nas pessoas, e diz, em resumo, como quer ser conhecido: Ele é Amor, e como quer ser honrado e servido por nós: amor é o mandamento supremo que nos impõe. O diálogo torna-se pleno e confiado, é convite para a criança, o místico se exaure plenamente nele.
Características do diálogo da salvação
42. É preciso que tenhamos sempre presente esta inefável e realíssima relação de diálogo, que Deus Pai nos propõe e estabelece connosco por meio de Cristo no Espírito Santo, para entendermos a relação que nós, isto é a Igreja, devemos procurar restabelecer e promover com a humanidade.
O diálogo da salvação foi aberto espontaneamente por iniciativa divina: "Ele [Deus] foi o primeiro a amar-nos" (1 Jo 4,10). A nós tocará outra iniciativa, a de prolongarmos até aos homens esse diálogo, sem esperar que nos chamem.
O diálogo da salvação partiu da caridade, da bondade divina: "Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu Filho Unigénito" (Jo 3,16). Nada, senão o amor fervoroso e desinteressado, deve despertar o nosso.
O diálogo da salvação não se proporcionou aos méritos dos interlocutores convidados, nem aos resultados que iria conseguir ou que teriam faltado: "Os sãos não precisam de médico" (Lc 5,31). Também o nosso diálogo deve ser sem limites nem cálculos.
43. O diálogo da salvação não obrigou fisicamente ninguém a responder: foi pedido insistente de amor que, se constituiu responsabilidade tremenda naqueles a quem foi dirigido (cf. Mt 11,21), contudo deixou-os livres para corresponder ou fechar os ouvidos, adaptou até o número e a força probante dos sinais (cf. Mt 12,38ss), às exigências e disposições espirituais dos homens (cf. Mt 13,13ss), facilitou assim aos ouvintes o consentimento livre à revelação divina, sem perda do mérito por este assentimento. Assim também a nossa missão, ainda que seja anúncio de verdade indiscutível e de salvação necessária, não se apresentará armada de coacção externa, mas oferecerá o seu dom salvífico só pelas vias legítimas da educação humana, da persuasão interior e do trato ordinário, respeitando sempre a liberdade pessoal e civil.
44. O diálogo da salvação ficou ao alcance de todos, foi destinado a todos sem qualquer discriminação (cf. Cl 3,11). Também o nosso deve ser, em princípio, universal, isto é, católico, e capaz de se entabular seja com quem for, a não ser que o homem o recuse em toda a linha ou finja recebê-lo sem sinceridade.
O diálogo da salvação conheceu ordinariamente graus, progressos sucessivos, humildes princípios antes do resultado pleno (cf. Mt 13,31). Também o nosso atenderá às lentidões da maturação psicológica e histórica, e esperará a hora da eficácia que lhe vem de Deus. Mas, nem por isso, o nosso diálogo deixará para amanhã o que pode conseguir hoje, deve ter a preocupação da hora oportuna e o sentido do valor do tempo (cf. Ef 4,16). Deve recomeçar cada dia, e recomeçar do nosso lado, não do outro a que se dirige.

Mensagem cristã no viver humano

45. É claro que as relações entre a Igreja e o mundo podem assumir muitos e diversos aspectos. Teoricamente, seria possível à Igreja propor-se a redução ao mínimo de tais relações, procurando isolar-se do contacto com a sociedade profana, como poderia também propor-se assinalar os males que nela venha a encontrar, anatematizando-os e pregando cruzadas contra eles. E poderia, ao contrário, aproximar-se da sociedade profana até conseguir influxo preponderante ou domínio teocrático. Outras atitudes podem imaginar-se ainda. Parece-nos, porém, que a relação da Igreja com o mundo, sem excluir outras formas legítimas, se representa melhor pelo diálogo, embora não necessariamente com palavras que tenham para os dois interlocutores o mesmo sentido. É necessário atender ao que é diverso nas mentalidades e nas circunstâncias de facto: um é o diálogo com a criança, outro com o adulto, um com o crente e outro com o incrédulo. Conceber essa relação como diálogo é o que nos sugerem o hábito agora muito espalhado de assim representar as relações entre o sacro e o profano, o dinamismo transformador da sociedade moderna, o pluralismo das suas manifestações, e também a maturidade do homem, tanto religioso como não religioso, habilitado pela educação profana a pensar, falar e manter com dignidade o diálogo.
46. Esta forma de relação indica, por parte de quem a inicia, um propósito de urbanidade, de estima, de simpatia e de bondade, exclui a condenação apriorística, a polémica ofensiva e habitual, o prurido de falar por falar. Se é certo que não visa a obter sem demoras a conversão do interlocutor, porque lhe respeita a dignidade e liberdade, sempre visa ao bem dele e procura dispô-lo à comunhão mais plena de sentimentos e convicções.
O diálogo supõe em nós, que pretendemos iniciá-lo e continuá-lo com todos os que nos circundam, um estado de alma característico: o de quem experimenta a responsabilidade do mandato apostólico, vê que já não pode separar a própria salvação do trabalho pela salvação alheia, de quem se esforça por introduzir continuamente, no viver humano, a mensagem de que é depositário.

Clareza, mansidão, confiança, prudência

47. O colóquio é, portanto, modo de exercer a missão apostólica, arte de comunicação espiritual. Os seus caracteres são os seguintes:
l) Primeiro que tudo, a clareza. O diálogo supõe e exige compreensibilidade, é transfusão do pensamento, é estímulo do exercício das faculdades superiores do homem. Bastaria este seu título para o classificar entre os mais altos fenómenos da actividade e da cultura humana, e basta, esta sua exigência inicial, para levar o nosso zelo apostólico a rever todas as formas da nossa linguagem: para examinar se ela é compreensível, popular e digna.
2) Outro carácter é a mansidão, aprendida na escola de Cristo, como Ele nos recomendou: "aprendei de mim que sou manso e humilde de coração" (Mt 11,29). O diálogo não é orgulhoso, não é pungente, não é ofensivo. A autoridade vem-lhe da verdade que expõe, da caridade que difunde, do exemplo que propõe, não é comando, não é imposição. O diálogo é pacífico, evita os modos violentos, é paciente e é generoso.
3) Outra característica é a confiança, tanto na eficácia da palavra-convite, como na receptividade do interlocutor. Produz confidências e amizade, enlaça os espíritos numa adesão mútua ao Bem, que exclui qualquer interesse egoísta.
4) E o último carácter é a prudência pedagógica, que atende muito às condições psicológicas e morais de quem ouve (cf: Mt 7,6): se criança, se inculto, indisposto, desconfiado e mesmo hostil. Essa prudência leva a tomarmos o pulso à sensibilidade alheia e a modificarmos as nossas pessoas e modos, para não sermos desagradáveis nem incompreensíveis.

No diálogo, assim entabulado, realiza-se a união da verdade e da caridade, da inteligência e do amor.

Dialética de autêntica sabedoria

48. Descobre-se no diálogo como são diversas as vias que levam à luz da fé, mas como apesar disso é possível fazê-las convergir para o mesmo fim. Ainda que sejam divergentes, podem tornar-se complementares, levando o nosso raciocínio para fora das sendas comuns e obrigando-o a aprofundar as investigações e a renovar os modos de expressão. A dialética deste exercício de pensamento e de paciência far-nos-á descobrir elementos de verdade mesmo nas opiniões alheias, obrigar-nos-á a exprimir com grande lealdade a nossa doutrina, e tornar-nos-á merecedores, já só pelo que nos custou expô-la às objecções e à assimilação lenta de quem nos ouve. Tornar-nos-á sábios, far-nos-á mestres.

(Revisão da tradução portuguesa por ama)


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