A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
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14 «Quando, pois, virdes a abominação da desolação
posta onde não devia estar -leitor, atende bem!- então os que estiverem na
Judeia fujam para os montes, 15 quem estiver sobre o telhado, não
desça nem entre para levar coisa alguma da sua casa; 16 e quem se
encontrar no campo, não volte atrás a buscar o seu manto. 17 Ai das
mulheres grávidas e das que tiverem crianças de peito naqueles dias! 18
Rogai, pois, que não suceda isto no Inverno. 19 Porque, naqueles
dias, haverá tribulações, como não houve desde o principio do mundo que Deus
criou, até agora, nem haverá mais. 20 E se o Senhor não abreviasse
aqueles dias, nenhuma pessoa se salvaria; mas Ele os abreviou, em atenção aos
eleitos que escolheu. 21 «Então se alguém vos disser: “Eis aqui está
o Cristo, ei-l'O acolá”, não deis crédito. 22 Porque se levantarão
falsos cristos e falsos profetas, e farão milagres e prodígios para enganarem,
se fosse possível, até os escolhidos. 23 Estai, pois, de sobreaviso,
eis que Eu vos predisse tudo. 24 Naqueles dias, depois daquela
tribulação, o sol escurecer-se-á e a lua não dará a sua claridade, 25
e as estrelas cairão do céu e as potestades que estão nos céus serão abaladas. 26
Então verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória. 27
E enviará logo os Seus anjos e juntará os Seus escolhidos dos quatro ventos,
desde a extremidade da terra até à extremidade do céu. 28 Ouvi uma
comparação tirada da figueira: Quando os seus ramos estão já tenros e as folhas
brotam, sabeis que está perto o Verão; 29 assim também, quando
virdes acontecer estas coisas, sabei que está perto, às portas. 30
Na verdade vos digo que não passará esta geração sem que se cumpram toda estas
coisas. 31 Passarão o céu e a terra, mas as Minhas palavras não
hão-de passar. 32 «A respeito, porém, desse dia ou dessa hora,
ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas só o Pai. 33
Estai de sobreaviso, vigiai, porque não sabeis quando será o momento. 34
Será como um homem que, empreendendo uma viagem, deixou a sua casa, delegou a
autoridade aos seus servos, indicando a cada um a sua tarefa, e ordenou ao
porteiro que estivesse vigilante. 35 Vigiai, pois, visto que não
sabeis quando virá o senhor da casa, se de tarde, se à meia-noite, se ao cantar
do galo, se pela manhã; 36 para que, vindo de repente, não vos
encontre a dormir. 37 O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!»
JESUS
CRISTO NOSSO SALVADOR
Iniciação
à Cristologia
SEGUNDA PARTE
A OBRA REDENTORA DE JESUS CRISTO
Capítulo VII
JESUS CRISTO, MEDIADOR DA NOVA ALIANÇA E CABEÇA DO
GÉNERO HUMANO
2. Cristo medeia entre Deus e os homens exercendo
os ofícios de sacerdote, Mestre e Pastor
c) Jesus Cristo, Bom Pastor
Emprega-se figuradamente o nome de «pastor»
para significar o que governa um povo ou tem uma especial autoridade numa
comunidade. Assim o faz frequentemente a Bíblia quando, por exemplo, dá o
título de pastor a David e a outros reis de Israel.
Cristo apresenta-se como o Bom Pastor
prometido no Antigo Testamento (cf. Jo 10,1-18; Ez 34); Ele é o pastor que ama
as suas ovelhas e dá a sua vida para as salvar; quem as conduz aos bons pastos,
lhes dispensa o alimento espiritual, e as defende do inimigo.
Paralelamente a este título de «Pastor», a
Igreja empregou também os de rei e Senhor, que figuradamente expressam a mesma
realidade.
E segundo diferentes tarefas que estão
compreendias no ofício pastoral, também apresentou Cristo como Legislador (pois nos dá a Lei nova da
graça e da caridade), ou como Juiz
(pois dispensa a graça e o perdão dos pecados, e premeia com a glória).
3. Cristo é o novo Adão e Cabeça da linhagem humana
em ordem à graça
a) Cristo, novo Adão
Semelhança
entre Adão e Cristo, enquanto princípios da humanidade. Deus quis que a
humanidade tivesse o seu princípio em Adão. E, além disso, concedeu ao nosso
primeiro pai a justiça original que por ele passa-se aos seus descendentes.
Todavia, Adão, pecou e toda a sua estirpe foi privada dessa santidade e ficou
vulnerável com as sequelas desse pecado. Adão, pois, pecou não só como pessoa
individual, mas também como cabeça do género humano, e a sua acção implicava
toda a sua descendência (cf. Rom 5,12-19).
Por outro
lado, Deus destinou a Encarnação do seu Filho para que Jesus Cristo fosse o
princípio e a causa da vida sobrenatural de todos, o início de uma humanidade
redimida. Daí que o Novo Testamento afirme o paralelismo – e a contraposição –
entre Adão e Cristo, que é chamado o «novo» ou «segundo» Adão (cf. 1 Cor
15,21-22.45-47). «Como pela queda de um só a condenação afectou todos os
homens, assim também pela justiça de um só a justificação, que dá a vida,
alcança todos os homens. Pois como pela desobediência de um só homem todos
foram constituídos pecadores, assim também pela obediência de um só todos serão
constituídos justos» (Rom 5,18-19).
Também os Padres da Igreja, e em especial
santo Agostinho, tratam frequentemente o tema dos dois «Adão» assinalando a
semelhança entre eles: ambos são os princípios de todo o género humano, ainda
que Adão o seja quanto à natureza e ao pecado, e Jesus Cristo enquanto á
salvação.
Cristo
é o homem novo e perfeito, superior a Adão e a todos os homens, o exemplar de
todos os demais. São Paulo afirma que «Adão é a figura do que havia de
vir». De Cristo (Rom 5,14): Adão é só figura, isto é, semelhante mas a um nível
inferior a Cristo, que é a realidade plena e perfeita. Adão, como simples
figura, foi criado à imagem e semelhança d Cristo, que é o exemplar de todos os
homens. E «Ele, que é imagem de Deus invisível (Col 1,15) é também o homem
perfeito, que devolveu à descendência d Adão a semelhança divina, deformada
pelo primeiro pecado»[i].
b) Cristo, Cabeça da linhagem humana em ordem á
graça
O Novo Testamento diz-nos, nas «Epístolas
do cativeiro», que Cristo foi constituído «Cabeça» do seu «Corpo» que é a
Igreja e de todos os homens em ordem à graça.
Vejamos as relações existentes no homem
entre a cabeça e o corpo, para ver que significa realmente esta expressão
«cabeça» referida metaforicamente a Cristo [ii].
Em primeiro lugar existe uma relação de
união entre a cabeça e o corpo humano, pois ambos formam um todo e são da mesma
espécie. Assim pois, Cristo enquanto
Homem é cabeça do género humano porque tem a mesma natureza que os outros
homens e é solidário com todos eles [iii].
Em segundo lugar, há uma relação de
distinção entre a cabeça e os outros membros, enquanto a primeira tem uma
proeminência sobre o resto. Por isso se chama cabeça figuradamente ao que é
superior ou que sobressai numa ordem (p. ex. o cume de um monte ou a «capital
de uma nação). Assim, Cristo é Cabeça dos
homens, porque tem uma proeminência sobre eles pela sua plenitude de graça,
em virtude da qual é o mais perfeito e o exemplar de cada um dos homens.
E em terceiro lugar, há outra distinção
entre a cabeça e o corpo, pois aquela tem um influxo directivo sobre o resto.
Por isso também se chama cabeça
figuradamente a quem numa sociedade tem o poder de direcção e de governo (p.
ex. o cabeça de família). Assim, Cristo é Cabeça do género humano porque é o
princípio da graça de todos os homens, o salvador de todos eles: porque nos
redimiu e agora nos comunica a vida sobrenatural. «Da sua plenitude todos
recebemos graça sobre graça» (Jo 1,16) [iv].
Cristo é Cabeça dos homens por todas essas
razões mencionadas: «Ele tem a primazia em tudo» (Col 1,18). Mas principalmente
é-o enquanto nos redime e santifica; isto é, enquanto comunica aos outros a
vida da graça.
E já sabemos eu o fundamento ou raiz dessa plenitude de graça de Cristo homem que se
comunica aos seus membros é a união hipostática; de modo que se Cristo não
fosse Deus feito homem, não seria Cabeça do género humano.
4. Aspectos que comporta a capitalidade de Cristo
a) A solidariedade de Cristo com o género humano
Solidariedade
física, do sangue, com toda a linhagem humana. Cristo, por ser homem,
comparte a nossa natureza, é filho de Adão como assinala São Lucas na
genealogia do Senhor, e forma parte da família humana. Por isso, por isso todos
nós fomos feitos irmãos do Filho de Deus (cf. Heb 2,11.17).
Solidariedade
moral e intencional pelo amor. Cristo não só comparte a natureza humana,
como ainda toma sobre si tudo o nosso, a nossa história e as nossas penas. Esta
solidariedade moral nasce da livre vontade de Jesus, do seu amor, que é a
virtude que une e identifica o amante com o amado e que faz que as coisas do
amado sejam como próprias.
Assim pois, Cristo abraça amorosamente todos os homens, faz-se um com eles pelo amor e identifica-se
com os seus sofrimentos, como se fossem seus. Precisamente movido por esse amor
entregou-se por nós, para reparar o nosso mal e conseguir a nossa salvação:
«Amou-me e entregou-se a si mesmo por mim» (Gal 2,20).
Por isso diz o concílio Vaticano II: «O
Filho de Deus com a sua Encarnação uniu-se, de certo modo, com todo o homem» [v].
Mas advirtamos que ainda que se fale de uma certa união ou identificação de
Cristo com a humanidade, não podemos esquecer a distinção que existe entre o
Redentor e os homens redimidos: não há uma «encarnação colectiva». Há sempre
uma distinção no ser entre o amante e o amado, entre Cristo e nós.
b) Jesus Cristo representa vicariamente todos os
homens ante Deus
Deus destinou Cristo a ser o salvador de
todos. Portanto a graça e as acções de Cristo não terminam n’Ele, mas sim estão
ordenadas no desígnio divino da salvação do género humano: ante Deus a obra de
Cristo termina em nós.
Assim
pois, Cristo, em virtude do desígnio divino da nossa salvação, representa os
homens ante Deus e oferece-se por todos, para merecer e reparar o pecado dos
homens. Nesta obra actua como Cabeça da humanidade, representando todos e
conseguindo «para nós» o que não podíamos conseguir. Isto é o que expressa a
fórmula habitual de representação «vigário»
de Cristo: do «justo pelos injustos, para levá-los a Deus» (1 Pe 3,18), de um
por todos, «em favor de» todos.
Há que assinalar que Jesus nos representa,
mas propriamente não nos substitui, ou só em algum aspecto, pois, por exemplo,
não decide por nós, uma vez que nós devemos arrepender-nos dos pecados e
incorporar-nos voluntariamente n’Ele como seus membros; e tão pouco nesta vida
nos poupa as penas do pecado, a morte incluída [vi].
c) Cristo tem o poder de salvar os homens: Ele é o
autor da salvação
Deus dispôs que Jesus seja o novo Adão, a
Cabeça e o princípio da vida sobrenatural da linhagem humana. Por isso a sua
humanidade, como instrumento do Verbo, tem o poder de salvar todos. De modo que
Ele é o autor e o princípio da salvação:
é «o autor da vida» (Act 3,15; cf. Jo 11,25); é como uma fonte inexaurível de
vida divina no próprio seio da linhagem humana: «Ele, segundo a sua humanidade,
é de alguma forma o princípio de toda a graça de modo semelhante a como Deus é
princípio de todo o ser, (…) e por isto tem razão de cabeça» [vii].
***
Agora passaremos a estudar os actos
concretos pelos quais Jesus Cristo nos redime, tendo presente que actua sempre
como nosso Mediador e Cabeça, por isso as suas obras servem para a nossa
salvação.
Vicente Ferrer Barriendos
(trad do original castelhano por ama)
Bibliografia:
Alguns
documentos do Magistério da Igreja
JOÃO PAULO II, Enc. Redemptor hominis, 1979.
JOÃO PAULO II, Catequesis
sobre el Credo, em Creo en Jesucristo, Palabra,
Madrid 1996.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Mysterium Filii Dei, 1972.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis nuntius, 1984.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis conscientia, 1986.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Dominus Iesus, 2000.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, p. I, secção 2, cap.
2, nn. 422-682.
CONFERENCIA EPISCOPAL ESPANHOLA, COMISSÃO EPISCOPAL
PARA A DOUTRINA DA FÉ, Cristo presente na
Igreja. Nota doutrinal sobre algumas questões cristológicas e implicações
eclesiológicas, 1992.
Relação de abreviaturas:
Sagrada
Escritura
Am Amos
Ap Apocalipse
Col Epístola
aos Colossenses
1 Cor Primeira
Epístola aos Coríntios
2 Cor Segunda
Epístola aos Coríntios
1 Cro Livro
I das Crónicas e Paralipómenos
2 Cro Livro
II das Crónicas e Paralipómenos
Dan Daniel
Dt Deuteronómio
Ef Epístola
aos Efésios
Ex Êxodo
Ez Ezequiel
Flp Epístola
aos Filipenses
Gal Epístola
aos Gálatas
Gen Génesis
Act Actos
dos Apóstolos
Heb Epístola
aos Hebreus
Is Isaías
Jb Job
Jer Jeremias
Jo Evangelho
de São João
1 Jo Primeira
Epístola de São João
2 Jo Segunda
Epístola de São João
3 Jo Terceira
Epístola de São João
Lc Evangelho
de São Lucas
Lv Levítico
Mal Malaquias
Mc Evangelho
de São Marcos
Miq Miqueias
Mt Evangelho
de São Mateus
Os Oseias
1 Pd Primeira
Epístola de São Pedro
2 Pd Segunda
Epístola de São Pedro
Qo Livro
de Qohélet (Eclesiastes)
1 Re Livro
I dos Reis
2 Re Livro
II dos Reis
Rom Epístola
aos Romanos
Sab Livro
da Sabedoria
Sal Salmos
1 Sam Livro
I de Samuel
2 Sam Livro
II de Samuel
Tg Epístola
de São Tiago
Sir Livro
de Bem Sirá (Eclesiástico)
1 Tes Primeira
Epístola aos Tesalonicenses
2 Tes Segunda
Epístola aos Tesalonicenses
1 Tim Primeira
Epístola a Timóteo
1 Tim Senda
Epístola a Timóteo
Tit Epístola
a Tito
Zc Zacarias
Outras
siglas empregues
a. Artigo
Cap. Capítulo
CCE Catecismo
da Igreja Católica (Cathecismus Catholicae Ecclesiae)
cf. Confira-se
Conc. Concílio
Congr. Congregação
Const. Constituição
Decl. Declaração
DS Enchiridion
Symbolorum de Dezinguer-Schönmetzer
DV Constituição
Dogmática Dei Verbum do Concílio Vaticano II
Enc. Encíclica
GS Constituição
dogmática Gaudium et spes do Concílio Vaticano II
LG Constituição
dogmática Lumen gentium do Concílio Vaticano II
p. / pp. Página
/ páginas
p. ex. Por
exemplo
p. Pergunta
s. / ss. Seguinte
/ Seguintes
S. Th. Summa
Theologiae de São Tomás de Aquino
t. Tomo
[i] GS, 22.
[iii] Todavia, Cristo
enquanto Deus não tem essa conformidade connosco e por isso é nossa Cabeça
segundo a sua divindade.
[iv] A graça eminente de
Cristo enquanto se comunica aos seus membros, enquanto é princípio da salvação
dos seus membros, chama-se graça capital.
[v] GS, 22.
[vi] Como podemos ver, a
acção vicária de Cristo como nossa Cabeça não tem o sentido que lhe outorga a
«substituição penal», que rejeitámos.
[vii] S. TOMÁS DE AQUINO,
De Veritate, q 29, a 5.
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