16/08/2013

Leitura espiritual para 16 Ago

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mc 12, 13-34

13 Enviaram-Lhe alguns dos fariseus e dos herodianos, para que O apanhassem em alguma palavra. 14 Chegando eles, disseram-Lhe: «Mestre, sabemos que és verdadeiro, que não atendes a respeitos humanos; porque não consideras o exterior dos homens, mas ensinas o caminho de Deus segundo a verdade: É lícito pagar o tributo a César, ou não? Devemos pagar ou não?». 15 Jesus, reconhecendo a sua hipocrisia, disse-lhes: «Porque Me tentais? Trazei-Me um denário para Eu ver». 16 Eles o trouxeram. Então disse-lhes: «De quem é esta imagem e esta inscrição?». Responderam-Lhe: «De César». 17 Então Jesus disse-lhes: «Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus». E admiravam-n'O. 18 Foram ter com Ele os saduceus, que negam a ressurreição, e interrogaram-n'O, dizendo: 19 «Mestre, Moisés deixou-nos escrito que, se morrer o irmão de alguém e deixar a mulher sem filhos, seu irmão tome a mulher dele e dê descendência a seu irmão. 20 Ora havia sete irmãos. O primeiro casou e morreu sem deixar filhos. 21 O segundo casou com a viúva e morreu também sem deixar filhos. Do mesmo modo o terceiro. 22 Nenhum dos sete deixou filhos. Depois deles todos, morreu também a mulher. 23 Na ressurreição, pois, quando tornarem a viver, de qual deles será ela mulher? Porque os sete a tiveram por mulher». 24 Jesus respondeu-lhes: «Não andareis vós em erro, porque não compreendeis as Escrituras, nem o poder de Deus? 25 Quando ressuscitarem de entre os mortos, nem os homens tomarão mulheres, nem as mulheres maridos, mas todos serão como anjos do céu. 26 Relativamente à ressurreição dos mortos, não lestes no livro de Moisés, como Deus lhe falou sobre a sarça, dizendo: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob”? 27 Ele não é Deus dos mortos, mas dos vivos. Logo vós estais num grande erro». 28 Então aproximou-se um dos escribas, que os tinha ouvido discutir. Vendo que Jesus lhes tinha respondido bem, perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?». 29 Jesus respondeu-lhe: «O primeiro de todos os mandamentos é este: “Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. 30 Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças”. 31 O segundo é este: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Não há outro mandamento maior do que estes». 32 Então o escriba disse-Lhe: «Mestre, disseste bem e com verdade que Deus é um só, e que não há outro fora d'Ele; 33 e que amá-l'O com todo o coração, com todo o entendimento, com toda a alma, e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais que todos os holocaustos e sacrifícios». 34 Vendo Jesus que tinha respondido sabiamente, disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». Desde então ninguém mais ousava interrogá-l'O.



JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

Iniciação à Cristologia

SEGUNDA PARTE
A OBRA REDENTORA DE JESUS CRISTO
Capítulo VII

O MISTÉRIO DA REDENÇÃO

5. Síntese teológica do mistério da salvação

a) A salvação é dom de Deus Pai, que concilia o seu amor misericordioso e a sua justiça, mediante a redenção levada a cabo por Cristo Jesus

    A salvação do homem nasce do amor misericordioso de Deus. Deus quis livremente que o homem se implicasse na salvação, que fizesse algo por seu lado, como é justo. Segundo este plano divino, o homem, para se libertar do pecado cometido tem que arrepender-se dele e reparar a desordem que esta introduziu: esta é a «satisfação» requerida.
    Todavia, ninguém pode, em si mesmo, reparar o pecado, pois para tal é necessária a graça divina, que o homem não tem por si mesmo. E, ainda contando com a ajuda gratuita de Deus, nenhum homem poderia satisfazer por toda a linhagem humana: ninguém pode reparar a desordem existente no interior de todos eles; a penitência de Adão ou a de outro homem, ainda que fosse muito santo, não repararia o pecado mais que neles próprios, e não em todos e cada um dos seres humanos[i].
    Por isso, o próprio Deus, movido pelo seu amor e seguindo a sua justiça, enviou o seu filho ao mundo e nos deu como Salvador para que como nossa Cabeça satisfizesse por todos.

    A redenção levada a cabo por Cristo concilia admiravelmente a misericórdia e a justiça divinas. Como diz São Paulo, «todos são justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que está em Cristo Jesus» (Rom 3,24); quer dizer, neste mistério tudo é gratuidade, mas nele se inclui também uma redenção que Cristo realiza.
    Se Deus estivesse estabelecido uma Nova Aliança com o género humano sem que o homem pusesse algo da sua parte, não teria actuado injustamente senão à margem da sua justiça, guiando-se só pela sua misericórdia. Em troca, como se torna mais digno para os homens conseguir a libertação como algo ganho por si que recebê-la simplesmente como dom Deus deu-nos o seu Filho para que satisfizesse e merecesse por todos.

    A redenção levada a cabo por Cristo concilia admiravelmente a misericórdia e a justiça divinas. Como diz São Paulo, «todos são justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que está em Cristo Jesus» (Rom 3,24): quer dizer, neste mistério tudo é gratuidade, mas nele se inclui também uma redenção que Cristo realiza.
    Se Deus tivesse estabelecido uma Nova Aliança com o género humano sem que o homem pusesse algo por seu lado, não teria actuado injustamente mas sim à margem da justiça, guiando-se só pela sua misericórdia. Ao invés, como se torna mais digno para os homens conseguir a libertação como algo ganho por si Deus deu-nos o seu Filho para que satisfizesse e merecesse por nós. Desta forma brilha mais a sua misericórdia quando vai unida à sua justiça, pois liberta-nos gratuitamente e, ao mesmo tempo, fá-lo do modo mais conveniente e digno para nós [ii].
    Assim pois, pode dizer-se que a raiz e o coração do mistério redentor são constituídos por esta admirável conciliação entre a misericórdia e justiça divinas [iii]: a salvação é um mistério do amor misericordioso de Deus que compreende também a satisfação e o mérito de de Cristo por nós. «Nisto consiste o amor (...) em que Ele nos amou e nos enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados» (1 Jo 4,10; cf. 4,19).

b) A salvação é obra do Filho de Deus feito homem e cabeça do género humano: aspecto ascendente e descendente das acções de Cristo

    O Filho de Deus veio ao mundo para nos salvar; e feito homem, levou a cabo a obra da nossa redenção: Ele é o Redentor do homem. Ainda que mais adiante estudemos a obra de Cristo, assinalaremos agora as suas coordenadas gerais:

    Aspecto ascendente da obra de Cristo. Jesus, representando os homens diante de Deus, como novo Adão e Cabeça da humanidade, sela uma nova relação de Aliança entre Deus e os homens, e obtém de seu Pai a salvação para nós.
    Cristo veio ao mundo para nos merecer a justificação e satisfazer o pecado de todos. Nesta faceta de Jesus, com a sua actuação humana livre, é causa da nossa salvação enquanto alcança que Deus Pai nos conceda o perdão e nos salve.

    Aspecto descendente da obra de Cristo. Por outro lado, Cristo, enviado pelo Pai, comunica aos homens os dons divinos da salvação: revela-nos a Deus e comunica-nos a vida sobrenatural, pois para isso veio ao mundo (cf. Jo 10,1).
    Ele é a Cabeça ou o princípio da vida sobrenatural Para toda a linhagem humana, de modo semelhante a como Adão foi o seu princípio enquanto à vida natural. Nesta faceta Ele próprio é a causa eficiente e directa da nossa salvação, sendo a sua humanidade e os seus actos humanos o instrumento para comunicar a todos os homens a graça que tira o pecado e os torna partícipes da vida divina.

    União do aspecto descendente e ascendente da obra de Cristo. A Escritura afirma que «n’Ele (Cristo) se fez realidade o sim. Porque quantas promessas há de Deus, n’Ele têm o seu sim; por isso também dizemos por sua mediação o Amén a Deus, para sua glória» (2 Cor 1,19-20; cf. Ap. 3.14). Jesus Cristo – enviado pelo Pai – é o «sim» Deus, do seu amor fiel para nos salvar, apesar do pecado do homem. E, por outro lado, Jesus é o «Amén» dos homens, quem assente acorda em nome deles a aliança que Deus propõe: Ele une os aspectos descendente e ascendente da mediação.
    Também temos de considerar que existe uma ordem na dispensa da economia salvífica: primeiro Cristo devia satisfazer o pecado da humanidade e merecer a sua glorificação juntamente com a nossa salvação (aspecto ascendente). E uma vez exaltado como Senhor sobre todas as coisas `direita do Pai, dispensa-nos os bens que nos ganhou com o seu sangue e concede-nos o dom do Espírito Santo (cf. Jo 7,38-39); 16,7) (aspecto descendente). Esses dois aspectos estão estreitamente unidos no desígnio divino, segundo o qual o dom da graça é fruto do sacrifício de Cristo: «Se o grão de trigo não morre ao cair na terra, fica infecundo, mas se morre produz muito fruto.» (Jo 12,24).

c) O Espírito Santo coopera na salvação unindo os homens a Cristo e tornando-os partícipes da sua obra redentora

    «Há uma só economia salvífica de Deus Uno e Trino, realizada no mistério da encarnação, morte e ressurreição do Filho de Deus, levada a cabo com a cooperação do Espírito Santo e abrangendo no seu alcance salvífico toda a humanidade e todo o universo»[iv]. O plano de Deus Pai é que nós homens entremos em comunhão com Ele por meio do Verbo encarnado. Portanto, a obra de Cristo deve alcançar cada m dos homens que assim recebem os frutos ada redenção; e isto realiza-se por acção do Espírito Santo.
    O Espírito Santo, que é Senhor e dador da vida, com o seu poder infinito alcança todos os homens de todos os tempos, e faz com que as acções e méritos de Cristo se possam aplicar e ter eficácia salvífica em cada um: torna possível que cada um posa entrar em comunhão com o Filho de Deus, se incorpore n’Ele e participe da redenção.
Neste ponto também temos de considerar que o Espírito Santo serve a Igreja, «sacramento universal da salvação», para que os homens encontrem Cristo e participem da salvação. Segundo o sapientíssimo plano divino da nossa salvação, toda a graça «é doada sempre por meio de Cristo no Espírito Santo e tem uma misteriosa relação com a Igreja» [v].

    Como sinteticamente expusemos a salvação não outra coisa que entrar em comunhão com Deus pela nossa união com Cristo que o Espírito Santo realiza. A redenção é, pois, uma profunda realidade ancorada no mistério da santíssima Trindade e no mistério da Encarnação do Verbo, Compreende também os mistérios da nossa justificação e da Igreja, por meio da qual nos chega a obra redentora de Jesus Cristo. Por isso, a redenção é um mistério tã profundo que excede totalmente o nosso entendimento, e só em parte podemos entendê-lo.
    Nos próximos capítulos iremos explicando os diferentes elementos expostos aqui de modo resumido, para tentar alcançar algumas luzes deste mistério tão consolador, que é a fonte da nossa esperança.

Capítulo VII
JESUS CRISTO, MEDIADOR DA NOVA ALIANÇA E CABEÇA DO GÉNERO HUMANO

    Deus decidiu restabelecer a comunhão de vida com os homens, rompida pelo pecado, mediante a Encarnação do seu Filho. Assim pois, a salvação realiza-se «por meio de» a obra de Cristo homem: a acção de Jesus Cristo é uma mediação e Ele é o Mediador. Por isso as orações litúrgicas, que habitualmente se dirigem ao Pai, se acabam com a fórmula «Per Dominum Nostrum Iesum Christum...» («Por Nosso Senhor Jesus Cristo...»).
    E Jesus, em toda a sua obra mediadora, actua como Cabeça do género humano: isto é o que explica que as suas acções sirvam para a nossa salvação. Vejamos estes pontos.

Vicente Ferrer Barriendos

(trad do original castelhano por ama)

Bibliografia:
Alguns documentos do Magistério da Igreja

JOÃO PAULO II, Enc. Redemptor hominis, 1979.
JOÃO PAULO II, Catequesis sobre el Credo, em Creo en Jesucristo, Pa­labra, Madrid 1996.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Mysterium Filii Dei, 1972.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis nun­tius, 1984.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis cons­cientia, 1986.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Dominus Iesus, 2000.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, p. I, secção 2, cap. 2, nn. 422-682.
CONFERENCIA EPISCOPAL ESPANHOLA, COMISSÃO EPIS­COPAL PARA A DOUTRINA DA FÉ, Cristo presente na Igreja. Nota doutrinal sobre algumas questões cristológicas e im­plicações eclesiológicas, 1992.

Relação de abreviaturas:

Sagrada Escritura

Am                  Amos
Ap                    Apocalipse
Col                   Epístola aos Colossenses
1 Cor               Primeira Epístola aos Coríntios
2 Cor               Segunda Epístola aos Coríntios
1 Cro               Livro I das Crónicas e Paralipómenos
2 Cro               Livro II das Crónicas e Paralipómenos
Dan                  Daniel
Dt                    Deuteronómio
Ef                     Epístola aos Efésios
Ex                    Êxodo
Ez                    Ezequiel
Flp                   Epístola aos Filipenses
Gal                   Epístola aos Gálatas
Gen                 Génesis
Act                   Actos dos Apóstolos
Heb                 Epístola aos Hebreus
Is                     Isaías
Jb                    Job
Jer                   Jeremias
Jo                    Evangelho de São João
1 Jo                 Primeira Epístola de São João
2 Jo                 Segunda Epístola de São João
3 Jo                 Terceira Epístola de São João
Lc                    Evangelho de São Lucas
Lv                    Levítico
Mal                   Malaquias
Mc                   Evangelho de São Marcos
Miq                  Miqueias
Mt                    Evangelho de São Mateus
Os                    Oseias
1 Pd                 Primeira Epístola de São Pedro
2 Pd                 Segunda Epístola de São Pedro
Qo                   Livro de Qohélet (Eclesiastes)
1 Re                 Livro I dos Reis
2 Re                 Livro II dos Reis
Rom                Epístola aos Romanos
Sab                  Livro da Sabedoria
Sal                   Salmos
1 Sam              Livro I de Samuel
2 Sam              Livro II de Samuel
Tg                    Epístola de São Tiago
Sir                    Livro de Bem Sirá (Eclesiástico)
1 Tes               Primeira Epístola aos Tesalonicenses
2 Tes               Segunda Epístola aos Tesalonicenses
1 Tim               Primeira Epístola a Timóteo
1 Tim               Senda Epístola a Timóteo
Tit                    Epístola a Tito
Zc                    Zacarias

Outras siglas empregues

a.                     Artigo
Cap.                 Capítulo
CCE                  Catecismo da Igreja Católica (Cathecismus Catholicae Ecclesiae)
cf.                    Confira-se
Conc.               Concílio
Congr.              Congregação
Const.              Constituição
Decl.                Declaração
DS                   Enchiridion Symbolorum de Dezinguer-Schönmetzer
DV                   Constituição Dogmática Dei Verbum do Concílio Vaticano II
Enc.                 Encíclica
GS                   Constituição dogmática Gaudium et spes do Concílio Vaticano II
LG                    Constituição dogmática Lumen gentium do Concílio Vaticano II
p. / pp.            Página / páginas
p. ex.               Por exemplo
p.                     Pergunta
s. / ss.             Seguinte / Seguintes
S. Th.               Summa Theologiae de São Tomás de Aquino
t.                     Tomo





[i] Cf. CCE, 616.
[ii] Cf. S. Th. III, 46,1, ad 3; III,46,2 ad 3.
[iii] Cf. PIO XII, Enc. Haurietis aquas, AAS 48 (1956), p. 321-322.
[iv] CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Dominus Iesus, n. 1.
[v] Ibídem, n. 21.

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