11/08/2013

Leitura espiritual para 11 Ago

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mc 10, 1-16

1 Saindo dali, foi Jesus para o território da Judeia, e além Jordão. Novamente as multidões se juntaram à volta d'Ele, e de novo as ensinava, segundo o Seu costume. 2 Aproximando-se os fariseus, perguntavam-Lhe para O tentarem: «É lícito ao marido repudiar a mulher?». 3 Ele respondeu-lhes: «Que vos mandou Moisés?». 4 Eles responderam: «Moisés permitiu escrever libelo de repúdio e separar-se dela».5 Jesus disse-lhes: «Por causa da dureza do vosso coração é que ele vos deu essa lei. 6 Porém, no princípio da criação, Deus fê-los homem e mulher.7 Por isso deixará o homem pai e mãe, e se juntará à sua mulher; 8 e os dois serão uma só carne. Assim não mais são dois, mas uma só carne. 9 Portanto, não separe o homem o que Deus juntou». 10 Depois, em casa, os discípulos interrogaram-n'O novamente sobre o mesmo assunto. 11 Ele disse-lhes: «Quem repudiar a mulher e se casar com outra comete adultério contra a primeira; 12 e se a mulher repudiar o marido e se casar com outro comete adultério». 13 Apresentavam-Lhe umas criancinhas para que as tocasse mas os discípulos repreendiam os que as apresentavam. 14 Vendo isto, Jesus ficou muito desgostoso e disse-lhes: «Deixai vir a Mim as crianças, não as estorveis, porque dos que são como elas é o reino de Deus. 15 Em verdade vos digo: quem não receber o reino de Deus como uma criança, não entrará nele».  16 Depois, abraçou-as e, impondo-lhes as mãos, as abençoava.



JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

Iniciação à Cristologia

PRIMEIRA PARTE

A PESSOA DE JESUS CRISTO

Capítulo V

CRISTO ENQUANTO HOMEM CHEIO DE GRAÇA E DE VERDADE

2. A graça e a santidade de Cristo (cont)

f) A santidade de vida e a ausência de pecado em Jesus Cristo

    Jesus é santo também no sentido operativo e moral, enquanto viveu livremente em todo o momento a união sobrenatural com seu Pai pelo amor. A perfeição de graça e de caridade que possuía, levavam-no a identificar completamente a sua vontade humana com a vontade santa de Deus, no grande e no pequeno. Ele próprio confessa: «Eu faço sempre o que agrada a meu pai» (Jo 8,29; cf. 4,34).
    E está livre de todo o pecado: «vem o príncipe deste mundo (Satanás), mas não tem nada em mim» (Jo 14,30; cf. Pd 2,22). Por isso o Magistério da Igreja, unindo-se à Sagrada Escritura, ensinou em muitas ocasiões esta realidade: Cristo é «semelhante a nós em tudo, excepto no pecado» (Heb 4,15; cf. 7,26-27) [i].
    O Magistério da Igreja também assinalou que Jesus esteve livre do pecado original e que não sofreu a desordem da concupiscência, consequência desse pecado; de modo que n’Ele a sensibilidade estava sempre perfeitamente subordinada à razão [ii].
    Mas há mais: os teólogos sustentam que Cristo não só não teve nenhum pecado de facto, mas que, além disso, era impecável. A razão é óbvia: as acções são da pessoa; e se Cristo pudesse pecar, seria Deus quem pecaria, e teria que negar-se a si mesmo. Além do mais, Jesus Cristo enquanto homem, como veremos, gozava da visão intuitiva de Deus, que supõe também a impossibilidade de rejeitar o Bem infinito.

3. O conhecimento humano de Jesus Cristo

    Como Cristo tem duas naturezas perfeitas tem dois modos de conhecer, um infinito e divino – comum a toda a Trindade -, e outro humano. Agora vamos estudar só este último.

a) A existência de um conhecimento humano em Cristo

    A afirmação de um conhecimento humano em Cristo é patente em todo o Novo Testamento. E a Igreja, seguindo a revelação divina, defendeu sempre a integridade da natureza humana de Cristo, que tem uma alma racional e uma inteligência humana. Esta inteligência humana não pode estar privada da actividade que lhe é própria: o conhecer por si mesma; sendo o contrário seria vã e imperfeita. Por exemplo, o Concílio Vaticano II diz que o Filho de Deus «trabalhou com mãos de homem, pensou com inteligência de homem, obrou com vontade de homem, amou com coração de homem» [iii].
    Além disso, os teólogos colocaram-se a pergunta se Jesus, durante o seu caminhar terreno, teve os diversos modos de conhecer a que a inteligência humana está aberta e são possíveis para ela (a ciência adquirida, a visão beatífica e a ciência infusa). Como é lógico os Evangelhos não distinguem teologicamente os diversos modos de conhecimento, ainda que sugiram algumas coisas. E o Magistério da Igreja, ainda que tenha defendido a existência de um conhecimento humano em Cristo, não determinou a natureza e o alcance de todos os diversos modos de conhecer. Vejamos, pois, o que ensina a teologia mais segura.

b) O conhecimento experimental ou ciência adquirida de Jesus Cristo

    Por ciência adquirida designam-se aqueles conhecimentos que o homem alcança com as suas próprias forças partindo dos sentidos e da experiência. O intelecto humano, apoiando-se nos dados da experiência sensível, tem a capacidade de conhecer o que são as coisas, não só as suas aparências, e conhecer as suas causas, as suas relações com outras, etc.
    Sem dúvida que este é o modo de conhecimento de que fala São Lucas mostrando um Jesus criança que «crescia em sabedoria, idade e graça» (Lc 5,52). Jesus adquiria aqueles conhecimentos de forma semelhante aos outros homens: com as suas experiências e com a aplicação da mente, contando também com o conhecimento dos outros (cf. Mc 6,38; Jo 11,34), começando pelos ensinamentos que receberia de Maria e de José.
    «Tal ciência é proporcional (…) e co-natural á natureza humana» [iv]. Aceitar a existência deste conhecimento adquirido em Cristo – e, portanto, progressivo -, é consequência do realismo com que se aceita a Encarnação do Verbo.
    Parece claro que este conhecimento adquirido teria um alcance limitado, pois a sua inteligência humana desenvolvia-se nas condições históricas concretas da sua existência, que eram limitadas no espesso e no tempo. Ainda que a clareza e a força da sua inteligência o fizessem entender a realidade das coisas que ia experimentando com muito mais profundidade e sabedoria que no caso dos outros homens.

c) A visão beatífica da alma de Cristo

    Chama-se ciência de visão ou visão beatífica ao conhecimento íntimo e imediato de Deus que é próprio dos bem-aventurados do céu, e que os faz semelhantes a Ele porque o vêm «tal qual é» (1 Jo 3,2), «face a face» (1 Cor 13,12).
    A afirmação da existência da ciência de visão em Cristo durante a sua vida terrena fundamenta-se naqueles textos do Novo Testamento nos quais se diz que Ele vê a Deus a quem ninguém pode ver: «Ninguém viu o Pai, senão aquele que procede de Deus, esse viu o Pai» (Jo 6,46). Por isso, Jesus se apresenta como testemunha do que vê em Deus; por exemplo quando diz: «Aquele que me enviou é veraz e eu ensino ao mundo o que lhe ouvi (…) Eu digo o que vejo no Pai; (Jo 8,26.38).
    Ainda que historicamente houvesse algumas dúvidas acerca de se esses textos se referiam à sua ciência humana de visão ou antes à ciência divina, a Tradição da Igreja, desde Santo Agostinho, tem sido concorde em afirmar a ciência beata em Cristo. E o Magistério da Igreja em algumas ocasiões referiu-se à existência deste conhecimento em Cristo, ainda que não tenha definido esta doutrina como de fé[v].
    A existência desta ciência em Cristo funda-se na união da natureza humana ao Verbo: como consequência dessa união, o intelecto humano de Cristo gozava de um pleno e imediato conhecimento do Verbo.
    Segundo o comum parecer dos teólogos, Cristo com a ciência de visão via não só a divindade mas também todas as coisas, já que todas têm relação com a sua missão na terra, pois Ele foi constituído Redentor de todos. E alguma vez o Magistério da Igreja disse que é certa «a sentença que estabelece (…) que desde o princípio conheceu tudo no Verbo, o passado, o presente e o futuro» [vi]

d) A ciência infusa ou profética em Cristo

    Ciência infusa é aquele conhecimento que não se adquire pelo trabalho da razão, mas que provem directamente de Deus pela comunicação de algumas ideias à mente humana.
    Não há que a confundir com a ciência de visão, pela qual se vê imediatamente a Deus em si mesmo. Um exemplo de ciência infusa é o conhecimento profético.
    Os textos do Novo Testamento não são inconversíveis no sentido de afirmar a existência de uma ciência infusa em Cristo. Todavia, é-nos sugerido este tipo de conhecimento sobrenatural de Cristo ao mencionar que conhecia os pensamentos secretos do coração dos homens [vii], ou os acontecimentos futuros que prediz, como são as negações de Pedro, os acontecimentos da sua Morte e da sua Ressurreição, etc.
    O Magistério da Igreja só alguma vez isolada se referiu à ciência infusa de Cristo. E, ainda que alguns teólogos duvidem acerca de se esses textos da Escritura se referem a este tipo de conhecimento ou ao de visão beatífica, a maior parte deles opina que Cristo gozou também de ciência infusa.

e) Como se compaginam em Cristo esses diversos tipos de conhecimento humano?

    Como poderia Cristo adquirir e progredir em conhecimentos por ciência adquirida, se já sabia tudo por ciência de visão?
    Neste ponto as explicações dos teólogos hão-de partir da plena aceitação dos dados revelados, os quais indicam que Jesus aprendia, e por outro lado nos mostram que gozava da visão de Deus. Assim pois, para esclarecer em algo este mistério, afirmaram que se trata de dois conhecimentos situados a níveis diferentes e características diversas, de modo que um conhecimento não impedia o outro.
    Sobre esse esquema geral deram-se diversas explicações, com diferentes posturas e terminologia, tanto na antiguidade como no século XX. Mas há que reconhecer que estas opiniões são incapazes de elucidar este mistério, que permanece inacessível a nós, e que reflecte a profundidade inescrutável da união hipostática.

f) A plenitude ciência em Cristo e a ausência de erro e de ignorância n’Ele

    Plenitude ciência em Cristo. A Sagrada Escritura ensina que Jesus Cristo está «cheio de graça e de verdade» (Jo 1,14); n’Ele «estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência» (Col 2,3). Daí que a Tradição da Igreja tenha insistido na plenitude de conhecimento em Cristo que exclui todo o erro e ignorância.

    Em Cristo não se dá o erro. A crítica histórica, o protestantismo liberal e o modernismo, sustentaram que Jesus padeceu de erro no respeitante à data do fim do mundo e quanto à natureza do seu messianismo. Apoiam-se nalguns textos do discurso escatológico (Mt 24 e paralelos) nos quais o Senhor parece anunciar o fim do mundo como eminente, e em alguns outros textos isolados (cf. Mt 16,27-28).
    São Pio X em 1907, condenou estas teorias dizendo que Cristo não teve erro algum [viii]. Mas é que, além disso, a existência de um erro em Cristo implicaria que não é Deus, que não é a Verdade. E, por outro lado, o erro iria contra a sua missão de Mestre de todos os homens. Por isto, a maior parte dos teólogos afirmam que «pertence à fé» não só que Cristo não se enganou, mas também que era infalível, que era possível que errasse.

    Cristo não teve ignorância. Existem na Escritura alguns textos que parecem indicar alguma ignorância em Jesus; o texto mais importante para a nossa questão è aquele em que Jesus diz ignorar o dia e a hora do juízo (cf. Mt 24,36 e Mc 13,32).
Baseando-se nesse texto, na antiguidade houve quem sustentasse a ignorância em Cristo. Todavia, a maioria dos Padres afirmou que Cristo não ignorava quando chegaria o fim do mundo, mas que não queria nem devia revelá-lo. Neste sentido o catecismo da Igreja Católica diz: «O que neste campo reconhece ignorar (cf. Mt 13,32), declara noutro local não ter a missão de o revelar (cf. Act 1,7)» [ix].
    Também hoje alguns postulam uma ignorância em Cristo, que inclusive é considerada como um factor positivo e necessário da sua verdadeira humanidade. Esta opinião não considera suficientemente que Jesus não é um simples homem como nós, mas Deus feito homem.
    A Igreja rejeitou em diversas ocasiões esses erros, e assinalou como certa «a sentença que estabelece não haver nada ignorado na alma de Cristo» [x].

Vicente Ferrer Barriendos

(trad do original castelhano por ama)

Bibliografia:
Alguns documentos do Magistério da Igreja

JOÃO PAULO II, Enc. Redemptor hominis, 1979.
JOÃO PAULO II, Catequesis sobre el Credo, em Creo en Jesucristo, Pa­labra, Madrid 1996.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Mysterium Filii Dei, 1972.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis nun­tius, 1984.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis cons­cientia, 1986.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Dominus Iesus, 2000.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, p. I, secção 2, cap. 2, nn. 422-682.
CONFERENCIA EPISCOPAL ESPANHOLA, COMISSÃO EPIS­COPAL PARA A DOUTRINA DA FÉ, Cristo presente na Igreja. Nota doutrinal sobre algumas questões cristológicas e im­plicações eclesiológicas, 1992.

Relação de abreviaturas:

Sagrada Escritura

Am                  Amos
Ap                    Apocalipse
Col                   Epístola aos Colossenses
1 Cor               Primeira Epístola aos Coríntios
2 Cor               Segunda Epístola aos Coríntios
1 Cro               Livro I das Crónicas e Paralipómenos
2 Cro               Livro II das Crónicas e Paralipómenos
Dan                  Daniel
Dt                    Deuteronómio
Ef                     Epístola aos Efésios
Ex                    Êxodo
Ez                    Ezequiel
Flp                   Epístola aos Filipenses
Gal                   Epístola aos Gálatas
Gen                 Génesis
Act                   Actos dos Apóstolos
Heb                 Epístola aos Hebreus
Is                     Isaías
Jb                    Job
Jer                   Jeremias
Jo                    Evangelho de São João
1 Jo                 Primeira Epístola de São João
2 Jo                 Segunda Epístola de São João
3 Jo                 Terceira Epístola de São João
Lc                    Evangelho de São Lucas
Lv                    Levítico
Mal                   Malaquias
Mc                   Evangelho de São Marcos
Miq                  Miqueias
Mt                    Evangelho de São Mateus
Os                    Oseias
1 Pd                 Primeira Epístola de São Pedro
2 Pd                 Segunda Epístola de São Pedro
Qo                   Livro de Qohélet (Eclesiastes)
1 Re                 Livro I dos Reis
2 Re                 Livro II dos Reis
Rom                Epístola aos Romanos
Sab                  Livro da Sabedoria
Sal                   Salmos
1 Sam              Livro I de Samuel
2 Sam              Livro II de Samuel
Tg                    Epístola de São Tiago
Sir                    Livro de Bem Sirá (Eclesiástico)
1 Tes               Primeira Epístola aos Tesalonicenses
2 Tes               Segunda Epístola aos Tesalonicenses
1 Tim               Primeira Epístola a Timóteo
1 Tim               Senda Epístola a Timóteo
Tit                    Epístola a Tito
Zc                    Zacarias

Outras siglas empregues

a.                     Artigo
Cap.                 Capítulo
CCE                  Catecismo da Igreja Católica (Cathecismus Catholicae Ecclesiae)
cf.                    Confira-se
Conc.               Concílio
Congr.             Congregação
Const.              Constituição
Decl.                Declaração
DS                   Enchiridion Symbolorum de Dezinguer-Schönmetzer
DV                   Constituição Dogmática Dei Verbum do Concílio Vaticano II
Enc.                 Encíclica
GS                   Constituição dogmática Gaudium et spes do Concílio Vaticano II
LG                    Constituição dogmática Lumen gentium do Concílio Vaticano II
p. / pp.            Página / páginas
p. ex.               Por exemplo
p.                     Pergunta
s. / ss.             Seguinte / Seguintes
S. Th.               Summa Theologiae de São Tomás de Aquino
t.                     Tomo





Notas:
[i] CF. S. LEÃO MAGNO, DS, 293-294; CONC. CALCEDÓNIA,DS, 301.
[ii] Cf. CONC II DE CONSTANTINOPLA, DS, 434; CONC. DE FLORENÇA, DS, 1347.
[iii] GS, 22.
[iv] S. Th. III,9,4.
[v] Cf. DS, 3645; PIO XII, Enc. Mystici corporis (DS, 3812) e Enc. Haurietis aquas (DS, 3924).
[vi] DS, 3646.
[vii] Cf. Mc 2,8; Jo 1,47-49; 2,25; 4,17-18.
[viii] Cf. DS, 3432-3435.
[ix] CCE, 474.
[x] DS, 3646. Cf. DS, 474-476; CONC LATERANENESE (a. 649), DS, 518-519.

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