25/07/2013

Resumos da Fé cristã 53



TEMA 38. O nono e o décimo mandamentos do Decálogo


2. A purificação do coração 
O nono e décimo mandamentos consideram os mecanismos íntimos que estão na raiz dos pecados contra a castidade e a justiça; e, em sentido amplo, de qualquer pecado 5. Em sentido positivo, estes mandamentos convidam a actuar com recta intenção, com coração puro. Por isso, têm grande importância, já que não se limitam à consideração externa das acções, mas consideram a fonte de que procedem essas acções.

Estes dinamismos internos são fundamentais na vida moral cristã, pois tanto as virtudes infusas como os dons do Espírito Santo são modelados pelas disposições da pessoa. Em certo sentido, possuem particular importância as virtudes morais, que são mais propriamente disposições da vontade e dos outros apetites para actuar bem. Tendo estes elementos presentes, é possível desterrar certa caricatura que se apresenta da vida moral como se ela se reduzisse apenas à luta contra os pecados, descobrindo-se antes o imenso panorama de esforço positivo por crescer na virtude (por purificar o coração) que tem a existência humana e em particular o cristão.

Estes mandamentos referem-se mais especificamente aos pecados internos contra as virtudes da castidade e da justiça, que estão bem reflectidos no texto da Sagrada Escritura que fala de «três espécies de cupidez ou concupiscência: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (1 Jo 2,16)» (Catecismo, 2514). O nono mandamento trata do domínio da concupiscência da carne; e o décimo da concupiscência do bem alheio. Ou seja, proíbem deixar-se arrastar por essas concupiscências de modo consciente e voluntário.

Estas tendências desordenadas ou concupiscências consistem na «revolta que a “carne” instiga contra o “espírito”. Procede da desobediência do primeiro pecado» (Catecismo, 2515). Depois do pecado original, ninguém está isento da concupiscência, excepto Nosso Senhor Jesus Cristo e a Virgem Santa Maria.

Embora a concupiscência, em si mesma, não seja pecado, inclina para o pecado e engendra-o, quando não se submete à razão iluminada pela fé com a ajuda da graça. Esquecendo-se que existe a concupiscência, é fácil pensar que todas as tendências que se experimentam “são naturais” e que não faz mal deixar-se levar por elas. Muitos dão-se conta como isto é falso ao considerarem o que sucede com a inclinação para a violência: reconhecem que ninguém se deve deixar arrastar por este impulso, mas dominá-lo, porque não é natural. No entanto, quando se trata da pureza, já não querem reconhecer o mesmo, dizem que não é mau em se deixarem levar por este estímulo “natural”. O nono mandamento ajuda-nos a compreender que não é assim, porque a concupiscência retorceu a natureza e o que se experimenta como natural é, frequentemente, consequência do pecado que é preciso vencer. O mesmo se poderia dizer do afã imoderado de riquezas ou da cobiça a que se refere o décimo mandamento.

É importante conhecer esta desordem causada em nós pelo pecado original e pelos nossos pecados pessoais, visto que tal conhecimento:

- impulsiona-nos a rezar: só Deus nos perdoa o pecado original, que deu origem à concupiscência, e só com a ajuda divina conseguiremos vencer essa tendência desordenada; a graça de Deus sara a nossa natureza das feridas do pecado, além de a elevar à ordem sobrenatural;

- ensina-nos a amar a Criação, porque saiu boa das mãos de Deus; são os nossos pecados desordenados que provocam o mau uso dos bens criados.

­­­ pablo requena

(Resumos da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)
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Bibliografia básica:
Catecismo da Igreja Católica, 2514-2557. 

Leituras recomendadas:
S. Josemaria, homilia «Porque verão a Deus», em Amigos de Deus, 175-189; homilia «Desprendimento», em Amigos de Deus, 110-126.


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