Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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1 Tendo saído Jesus do templo, retirava-Se; e
aproximaram-se d'Ele os Seus discípulos, para Lhe fazerem notar as construções
do templo. 2 Mas Ele, respondendo, disse-lhes: «Vedes tudo isto? Em
verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada».
3 Estando sentado sobre o monte das Oliveiras, aproximaram-se d'Ele
Seus discípulos, em particular, e perguntaram: «Diz-nos quando sucederá isto, e
qual será o sinal da Tua vinda e do fim do mundo». 4 Jesus
respondeu-lhes: «Vede que ninguém vos engane. 5 Porque muitos virão
em Meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos. 6
Ouvireis falar de guerras e de rumores de guerras. Olhai, não vos assusteis,
porque importa que estas coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. 7
Levantar-se-á nação contra nação e reino contra reino, e haverá fomes, pestes e
terramotos em diversas regiões. 8 Todas estas coisas são apenas o
princípio das dores. 9 Então sereis sujeitos aos tormentos e vos
matarão, e sereis odiados de todas as gentes por causa do Meu nome. 10
Então muitos se escandalizarão, se entregarão uns aos outros, e se odiarão. 11
Levantar-se-ão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. 12
Multiplicando-se a iniquidade, se resfriará a caridade de muitos. 13
Mas quem perseverar até ao fim, esse será salvo. 14 Será pregado
este Evangelho do reino por todo o mundo, em testemunho a todas as gentes; e
então chegará o fim. 15 «Quando, pois, virdes a abominação da desolação,
já anunciada pelo profeta Daniel, instalada no lugar santo - quem lê entenda -16
então os habitantes da Judeia fujam para os montes, 17 quem estiver
no terraço não desça para tomar coisa alguma de sua casa, 18 e quem
estiver no campo, não volte atrás para buscar o seu manto. 19 Ai das
mulheres grávidas e das que tiverem crianças de peito naqueles dias! 20
Rogai para que a vossa fuga não seja no Inverno ou em dia de sábado, 21
porque então será grande a tribulação, como nunca foi, desde o princípio do
mundo até agora, nem jamais será. 22 «E, se aqueles dias não se
abreviassem, não se salvaria ninguém; porém, aqueles dias serão abreviados em
atenção aos escolhidos.
CONFISSÕES SANTO
AGOSTINHO
LIVRO
DÉCIMO-SEGUNDO
CAPÍTULO XIII
O céu e a terra
em Génesis
“No princípio
criou Deus o céu e a terra. A terra era invisível e informe, e as trevas se estendiam
sobre o abismo.”
Ouço estas
palavras, meu Deus, e não encontrando menção do dia em que criaste essas coisas,
concluo dessa omissão que se trata do céu do céu, do céu intelectual, onde a
inteligência conhece simultaneamente e não por partes, não por enigma, ou como
um espelho, mas por inteiro, em plena luz, face a face, conhece não ora isto,
ora aquilo, mas, como disse, simultaneamente, sem a sequência temporal.
Concluo também
que se trata da terra invisível, informe, estranha às vicissitudes do tempo,
que ora causam isto, ora aquilo, pois onde não há forma não pode haver isto ou
aquilo.
Dessas
realidades, uma de forma acabada desde o início, a outra absolutamente informe,
o céu, isto é: o céu do céu, e a terra, isto é: terra invisível e informe, é
bem a propósito delas que tua Escritura diz, sem mencionar o dia: “No princípio
criou Deus o céu e a terra”. E acrescenta imediatamente de que terra se trata.
E, indicando que no segundo dia foi criado o firmamento, que foi chamado de
céu, dá a entender também de que céu falara antes, sem precisar o dia.
CAPÍTULO XIV
A profundidade
das Escrituras
Admirável profundidade
das tuas palavras! A Sua aparência nos acaricia, como se acariciam as crianças!
Sim, admirável profundidade, meu Deus, admirável profundidade! O meditá-las
causa um arrepio sagrado, tremor de respeito, estremecimento de amor. Odeio com
veemência os seus inimigos. Oh! Se pudesses fazê-los morrer sob teu gládio de
dois gumes, para que não tivessem mais inimigos! Desejaria que eles morressem
para si mesmos, e que vivessem só para ti.
Mas há outros
que não censuram mas, pelo contrário, exaltam o livro de Gênesis, e que dizem:
“Não é isto que quis dizer por essas palavras o Espírito de Deus, que as
inspirou a teu servo Moisés. Não, o que ele quis dizer não é o que dizes, mas o
que nós dizemos” – Eis, ó Deus de todos nós, o que eu lhes respondo: sê nosso
árbitro.
CAPÍTULO XV
O que dizem os seus
inimigos
Ousareis apontar
como falso o que, com voz clara, a Verdade disse ao ouvido da minha alma sobre
a verdadeira eternidade do Criador: ou seja, que a sua substância não varia no
tempo, e que sua vontade se confunde com sua substância?
E que por isso
ele não quer ora isto, ora aquilo, mas quer o que sempre quis, simultaneamente
e para sempre. A sua vontade não se exerce repetidas vezes, não se propõe ora
esta, ora aquela finalidade, não quer o que antes não queria, nem deixa de
querer o que antes queria, uma vez que tal vontade seria mutável, e o que é mutável
não é eterno, ora, nosso Deus é eterno.
Tereis por
falazes as palavras da Verdade faladas ao ouvido da minha alma: que a espera das
coisas futuras se torna contemplação, quando presentes, e que depois se
transforma em memória, quando passadas?
Que todo
pensamento que varia assim é mutável, e que nada do que é mutável é eterno?
Ora, o nosso
Deus é eterno. E, reunindo e condensando estas verdades, deduzo que meu Deus, o
Deus eterno, não criou o mundo por um novo acto de volição, e que a sua ciência
não admite nada que seja transitório.
Que respondeis,
então, meus contraditores?
Será isso falso?
– Não, dizem eles. – Mas então? Será que erro afirmar que toda criatura que tem
forma, que toda matéria susceptível de tê-la recebe o seu ser somente daquele
que é Bondade soberana, porque ele é Ente supremo?
Também não o
negamos. – Então, que negais?
Negais talvez
que haja uma criatura sublime, unida por um casto amor ao Deus verdadeiro e
eterno, sem lhe ser coeterna, que dele não se separa nem se desvia para as
várias vicissitudes do tempo, mas, pelo contrário, repousa apenas na sua
contemplação?
Com efeito, te
ama tanto quanto pedes, ó Deus, e mostras a ela a tua face e a sacias, e ela
jamais se afasta de ti, nem rumo a si mesma. Ela é a morada de Deus, não terrena,
e nem formada de substância do céu material, habitáculo espiritual que
participa da tua eternidade, imaculada por toda a eternidade. Tu a fundaste
pelos séculos dos séculos, estabeleceste uma ordem, que não passará jamais.
Contudo, essa
lei não é coeterna, porque teve princípio, foi criada.
Não encontramos
o tempo antes dessa criação, porque a sabedoria foi a primeira de todas as tuas
criações. E é claro que não me refiro à Sabedoria da qual és Pai, ó nosso Deus,
e que te é perfeitamente igual e coeterna, por quem todas as coisas foram
criadas, e que é o princípio em que criaste o céu e a terra, refiro-me à
sabedoria criada, dessa essência intelectual que, pela contemplação da luz,
também é luz, a esta, embora criada, também chamamos de sabedoria. E assim como
a luz que ilumina difere da luz refletida, a sabedoria criada difere da
sabedoria incriada, e a justiça justificante difere da justiça nascida da
justificação. Nós fomos também chamados de tua justiça. Porque um de teus
servos disse: “Para que, em Cristo, nos tornemos a justiça de Deus”. – Há
portanto, uma sabedoria criada antes de todas as coisas, e ela foi criada como
espírito racional e inteligente, que habita a tua cidade santa, nossa mãe, que
está no alto, livre e eterna nos céus – e em que céus, senão aos céus dos céus,
que te louvam, esse céu que pertence ao Senhor?
Se não
encontramos o tempo antes dessa sabedoria, é porque ela precede à criação do
tempo, tendo sido criada primeiro, mas antes dela há a eternidade do seu Criador,
de quem recebeu a sua origem, e não do tempo, pois este ainda não existia, mas
pela sua condição de criatura criada.
Ela procede
pois, de ti, nosso Deus, embora seja de essência absolutamente diversa da tua.
Não encontramos nenhum tempo, não apenas antes dela, mas nela própria, porque
ela é capaz de contemplar sempre a tua face sem jamais se apartar de ti, sendo
incólume às mudanças e às variações. Contudo, há nela certa mutabilidade que
poderia torná-la tenebrosa e gélida, não fosse o grande amor que a une a ti e
que brilha como meridiana luz e calor.
Ó morada
luminosa e pura!
Amei a tua
beleza e o lugar onde mora a glória de meu Senhor, teu criador e possuidor. Por
ti eu suspiro durante meu exílio! Peço àquele que te criou que me possua também
em ti, pois também me criou. Errei como ovelha desgarrada, mas espero ser reconduzido
a ti nos ombros de meu pastor, teu arquitecto.
Que me
respondeis a isto, meus contraditores, vós que, também considerais Moisés um servo
piedoso de Deus, e os seus livros como oráculos do Espírito Santo?
Não será esta a
casa de Deus que, sem lhe ser coeterna, é contudo, á sua maneira, eterna nos
céus?
Em vão buscais
aí as vicissitudes do tempo, pois não as encontrareis, uma vez que ela
transcende toda extensão, toda volubilidade do tempo, e a sua felicidade é
estar intimamente unida a Deus para sempre.
– Assim é – dize
m eles.
Mas então, qual
das verdades que o meu coração proclamou diante de Deus, quando escutava no meu
íntimo a voz que canta sal glória, podeis apontar como falsa?
O que disse
sobre matéria informe, na qual não podia haver ordem por carecer de forma?
Mas onde não
havia ordem não podia haver vicissitude de tempo, mas esse quase nada, enquanto
não era o nada absoluto, provinha certamente daquele de onde nasce tudo o que,
de algum modo, existe.
– Tampouco
negamos isto – dizem eles.
CAPÍTULO XVI
Outros
adversários das Escrituras
Quero discutir
diante de ti apenas com os que reconhecem por verdadeiras as afirmações que a tua
verdade revelou à minha inteligência. Os que o negam, que ladrem quanto
quiserem, até ficarem roucos. Tentarei persuadi-los a que se acalmem, e dêm
acesso em seus corações à tua palavra. Se não o quiserem e me repelirem,
peço-te, meu Deus, que não te cales, não te afastes de mim. Fala com verdade ao
meu coração, porque só tu podes falar assim. E eu os deixarei fora, soprando o
pó e levantando terra contra os próprios olhos.
Retirar-me-ei em
mim mesmo, levantando a ti cânticos de amor, soluçando altos gemidos durante o meu
exílio, lembrando-me de Jerusalém, voltando para ela o meu coração – Jerusalém,
minha pátria e minha mãe – e para ti, que reinas sobre ela, seu pai, sua luz,
seu tutor, seu esposo, suas castas e grandes delícias, sua firme alegria,
enfim, todos seus bens inefáveis, porque és o único, soberano e verdadeiro Bem.
Não me apartarei de ti até que reúnas todas as partes dispersas e deformadas do
meu ser na paz dessa mãe muito amada, onde estão as primícias de meu espírito,
e de onde me vêm todas as certezas, e nela me reformes e confirmes por toda a
eternidade, ó meu Deus, minha misericórdia.
Àqueles que, sem
negar essas verdades, respeitando a tua Escritura Sagrada, obra do piedoso
Moisés, e reconhecendo nela, connosco, a mais alta autoridade a seguir, e
contudo nos opõem alguma objeções, dirijo estas palavras:
“Tu, que és
nosso Deus, serás árbitro entre as minhas confissões e as suas objeções”.
CAPÍTULO XVII
Opiniões diversas
sobre o céu e a terra
Eles dizem: “Sem
dúvida, isso é verdade, mas não era isso que Moisés queria exprimir quando,
inspirado pelo Espírito Santo, escreveu: “No princípio criou Deus e céu e a
terra” – Pela palavra céu, ele não quis significar essa criatura espiritual ou
intelectual, que contempla eternamente a face de Deus, e pela palavra terra,
uma matéria informe. – Que quis dizer então? –
O que nós
afirmamos – respondem – isso é o que Moisés quis dizer, e o que expressou
naquelas palavras. – E que é que afirmais? – Pelas palavras céu e terra quis
significar, em primeiro lugar, globalmente e de forma concisa, todo o mundo
visível, para em seguida pormenorizar, enumerando os dias, ponto por ponto,
esse conjunto que aprouve ao Espírito Santo designar com uma expressão global.
O povo rude e carnal ao qual falava era constituído de homens tais que julgou
conveniente dar-lhes a conhecer apenas as obras visíveis de Deus”.
Quanto a esta
terra invisível e informe, a este abismo de trevas, com que, durante seis dias,
foram sucessivamente criadas e ordenadas todas as coisas visíveis que são
conhecidas de todos, eles concordam comigo em que se pode entender com isso,
sem erro, essa matéria informe de que falei.
Algum outro
dirá, talvez, que a realidade invisível e visível não foi chamada
impropriamente de céu e terra, e portanto, que o universo criado por Deus na
sabedoria, isto é, no princípio, está compreendido sob esses dois termos. Porém
as coisas não foram feitas da substância de Deus, mas do nada, e não se
confundem com Deus, e nelas existe o princípio da mutabilidade, quer permaneçam
como morada eterna de Deus, quer mudando-se como a alma e o corpo do homem.
Por isso a
matéria comum a todas as coisas invisíveis e visíveis, matéria ainda informe,
mas susceptível de forma, e de onde se fariam o céu e a terra – em outras
palavras, a criação invisível e visível – mas uma e outra tendo recebido forma,
foi designada por essas expressões de terra invisível e informe, e de trevas
reinando sobre o abismo. Com a seguinte distinção: por terra invisível e
informe deve-se entender a matéria corpórea antes de ser qualificada pela forma,
e por trevas reinando sobre o abismo, a matéria espiritual antes da restrição
de sua, digamos, imoderada fluidez, e antes de ser iluminada pela sabedoria.
Poderia alguém
afirmar, se quisesse: Esses termos céu e terra não significam realidades perfeitas
e acabadas, lá onde lemos: No princípio Deus criou o céu e a terra – mas um
esboço ainda informe, uma matéria passível de receber forma e servir para a
criação, nela já existiam, como que um embrião, sem distinção de formas e de
qualidades, essas criaturas, uma espiritual, e outra material que, ordenadas
como estão agora, são chamadas de céu e terra.
(Revisão trad.
portuguesa e grafismo por ama)
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