Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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41 Estando
reunidos os fariseus, Jesus interrogou-os: 42 «Que vos parece do
Cristo? De quem é Ele filho?». Responderam-Lhe: «De David». 43 Jesus
disse-lhes: «Como é, pois, que David Lhe chama Senhor, inspirado pelo Espírito,
dizendo: 44 “Disse o Senhor ao Meu Senhor: Senta-te à Minha direita,
até que Eu ponha os Teus inimigos debaixo dos Teus pés”? 45 Se, pois, David Lhe chama
Senhor, como pode ser seu filho?». 46 Ninguém era capaz de Lhe
responder uma só palavra. E daquele dia em diante ninguém mais ousou
interrogá-l'O.
1 Então, Jesus falou às multidões e aos Seus
discípulos, 2 dizendo: «Sobre a cadeira de Moisés sentaram-se os
escribas e os fariseus. 3 Observai, pois, e fazei tudo o que eles
vos disserem, mas não imiteis as suas acções, porque dizem e não fazem. 4
Atam cargas pesadas e impossíveis de levar, e as põem sobre os ombros dos
outros homens, mas nem com um dedo as querem mover. 5 Fazem todas as
suas obras para serem vistos pelos homens. Trazem mais largas as filactérias, e
mais compridas as franjas dos seus mantos. 6 Gostam de ter os
primeiros lugares nos banquetes, e as primeiras cadeiras nas sinagogas, 7
das saudações na praça, e de serem chamados rabi pelos homens. 8 Mas
vós não vos façais chamar rabis, porque um só é o vosso Mestre, e vós sois
todos irmãos. 9 A ninguém chameis pai sobre a terra, porque um só é
o vosso Pai, O que está nos céus. 10 Nem façais que vos chamem
mestres, porque um só é o vosso Mestre, Cristo. 11 Quem entre vós
for o maior, seja vosso servo. 12 Aquele que se exaltar será
humilhado, e quem se humilhar será exaltado.
CONFISSÕES SANTO
AGOSTINHO
LIVRO DÉCIMO-
PRIMEIRO
CAPÍTULO XXIX
A eternidade de
Deus
Mas porque a tua
misericórdia é superior a todas as vidas, e eis que minha vida não é mais que
distensão, e a tua destra me acolheu em meu Senhor, o Filho do homem, mediador
entre ti, que és uno, e nós, que somos muitos e vivemos divididos por diversas
paixões. Assim. Por ele me unirei àquele, que por ele se uniu a nós, e liberto
dos antigos dias, recolherei meu ser seguindo tua Unidade. Esquecido do
passado, sem me preocupar com as coisas futuras e transitórias, atento apenas
àquilo que é eterno, não com dispersão mas com todas as minhas forças buscarei a
palma da vocação celeste, onde ouvirei a voz do teu louvor, e onde contemplarei
a tua alegria, que não conhece futuro nem passado.
Agora, porém, os
meus anos transcorrem em lamentos, e tu, meu consolo, ó Senhor, meu Pai, tu és
eterno. Mas eu me dispersei no tempo, cuja ordem ignoro, tumultuosas
vicissitudes despedaçam os meus pensamentos, entranhas da minha alma, até o dia
em que, purificado pelo fogo de teu amor, me una a ti.
CAPÍTULO XXX
Deus e o tempo
E repousarei
imutável em ti, na tua verdade, na minha forma.
Não mais
tolerarei as perguntas das pessoas que, pela enfermidade que é a pena de seu
pecado, tem mais sede de saber do que lhes permite sua capacidade, que dizem:
“Que fazia Deus
antes de criar o céu e a terra?” – ou ainda: “Como lhe veio a ideia de criar
algo, se antes nunca fizera nada” – Concede-lhes, Senhor, que reflictam no que dizem,
que compreendam que não se pode falar nunca onde não há tempo.
Quando se diz
que alguém nunca fez nada, que se quer dizer senão que esse tal nada fez em
tempo algum?
Que eles
compreendam que não pode existir tempo na ausência da criação, e deixem de
semelhantes falácias.
Que também
atentem para o que têm diante de si, para compreender que tu, antes de todos os
tempos, és o Criador eterno de todos os tempos, e que nenhum tempo te é
coeterno, nem criatura alguma, embora algumas estejam acima dos tempos [1].
CAPÍTULO XXXI
Conclusão
Senhor, meu
Deus, que abismos profundos os dos teus segredos, e quão longe deles me levaram
as consequências de meus pecados! Cura os meus olhos, para que eu me alegre com
a tua luz!
Se houvesse de facto
um espírito de ciência e de presciência tão grandes para conhecer o passado e o
futuro, como conheço qualquer canto popular, esse espírito nos encheria de extraordinária
admiração e espanto. Nada, com efeito, lhe seria oculto no passado e nos séculos
vindouros, exactamente como, ao entoar essa melodia, sei tudo o que cantei
desde o começo, e tudo o que falta cantar até o fim.
Mas longe de mim
a ideia de identificar um tal conhecimento àquele que tens de todas as coisas
futuras e passadas, ó Criador do Universo, Criador dos espíritos e dos corpos. A
tua ciência é incomparavelmente mais admirável e mais misteriosa.
Porque aquele
que canta ou escuta uma melodia conhecida, dividido entre a expectativa das notas
por vir e a lembrança das notas passadas, passa por impressões diferentes. Mas
contigo não se dá nada semelhante, tu que és imutável e eterno, Criador
verdadeiramente eterno dos espíritos. Como no princípio, conheceste o céu e a
terra, sem que o teu espírito mudasse o seu saber, assim criaste o céu e a
terra, sem que tua acção passasse por etapas distintas.
Que aquele que compreende
isto te louve, assim como o que não compreende.
Oh! Como és
sublime! E os de coração humilde são tua morada! Levantas os que caíram, e os
que graças a ti continuam erectos, não caem nunca.
LIVRO
DÉCIMO-SEGUNDO
CAPÍTULO I
Prece
Inquieto está
meu coração, Senhor, quando, na miséria da minha vida é atingido pelas palavras
da tua Escritura Sagrada.
Por isso,
geralmente, a abundância de palavras é testemunho da pobreza da inteligência
humana.
A busca usa mais
palavras que a descoberta, é maior o pedir que o obter, a mão que bate cansa-se
mais do que a mão que recebe.
Mas nós temos a
tua promessa: quem a destruirá?
Se Deus está
connosco, quem será contra nós?
Pedi, e
recebereis, procurai e encontrareis, batei, e abrir-se-vos-á. Porque todo o que
pede recebe, todo o que procura encontra, e a todo o que bate se lhe abrirá.
São promessas
tuas. E quem temerá ser enganado, quando a promessa vem da Verdade?
CAPÍTULO II
O céu do céu
Que a humildade
da minha língua confesse à tua grandeza que criaste o céu e a terra, este céu
que vejo, esta terra que piso, e de onde tiraste a terra que trago em mim. Sim,
criaste tudo isto.
Mas, Senhor,
onde está o céu de que nos falou a voz do salmista: “O céu do céu pertence ao
Senhor, mas ele deu a terra aos filhos dos homens?”
Onde está esse
céu que não vemos, e diante do qual tudo o que vemos é apenas terra?
De facto, todo
este mundo material, cuja base é a terra, embora não seja inteiramente belo em
toda parte, recebeu até em seus últimos elementos, uma aparência atraente. Mas,
comparado com esse céu do céu, o céu da nossa terra também não passa de terra.
Por isso, não é absurdo chamar terra esses dois grandes corpos visíveis, se os
compararmos a esse céu misterioso que pertence ao Senhor, e não aos filhos dos
homens.
CAPÍTULO III
As trevas sobre
o abismo
Mas esta terra
era invisível e informe, era um profundo abismo acima do qual não pairava nenhuma
luz, pois não tinha nenhuma forma. Por isso inspiraste estas palavras:
“As trevas cobriam
o abismo”.
Mas que são
trevas, senão ausência da luz?
De facto, se
então existisse, onde estaria a luz senão sobre a terra, para iluminá-la?
Mas como a luz
ainda não existia, o que era a presença das trevas, senão a ausência da luz?
As trevas
reinavam sobre o abismo porque a luz não existia, do mesmo modo que onde não há
ruído reina o silêncio.
E que significa
reinar o silêncio, senão falta de som?
Não ensinaste,
Senhor, à alma que a ti se confessa?
Não me
ensinaste, Senhor, que antes de receber de ti forma e figura esta matéria
informe, não existia nada, nem cor, nem figura, nem corpo, nem espírito?
Não era um nada
absoluto, mas massa informe, sem figura alguma.
CAPÍTULO IV
A matéria
informe
Que nome darei a
esta matéria, como sugerir a sua ideia às inteligências mais curtas, senão usando
um termo de uso corrente?
O que se pode
encontrar no mundo que seja mais parecido com essa ausência total de forma, que
a terra e o abismo?
Colocados no
mais baixo grau da criação, eles não têm a beleza dos corpos que no alto
brilham de luz fulgurante.
Por que, então,
não aceitar que essa matéria informe, que criaste sem beleza para com ela moldar
um mundo cheio de beleza, fosse comodamente designada aos homens pelos termos
de terra invisível e informe?
CAPÍTULO V
Sua natureza
Assim, quando o
pensamento indaga o que os nossos sentidos podem colher a respeito dessa
matéria, responde a si mesmo: “Não é nem forma inteligível, como a vida, como a
justiça, porque é a matéria corpórea, nem uma forma sensível, porque nada há
que se possa ver ou perceber no que é invisível e sem forma”.
Quando o
pensamento humano fala desse modo, procura conhecê-la ignorando-a, ou ignorá-la
conhecendo-a?
CAPÍTULO VI
Em que consiste
Senhor, se pela
boca e pela pena devo confessar-te o que me ensinaste sobre essa matéria, eu
direi que outrora ouvi falar, sem nada compreender, a respeito desse nome por pessoas
que também não entendiam. Tentei imaginá-la sob as formas mais diversas, e não
o consegui. O meu espírito revolvia confusamente formas feias e horríveis, mas
enfim sempre formas.
Chamava de
informe essa matéria, não porque a imaginasse sem forma, mas por tê-las tão estranhas
e bizarras que, se a visse, afastaria meus sentidos e confundiria minha
fraqueza de homem.
Por isso, o que
eu concebia era informe, não por ausência de qualquer forma, mas por comparação
com formas mais belas. A recta razão persuadia-me, se eu quisesse conceber algo
absolutamente informe, a suprimir nele todo resquício de forma, mas eu não conseguia,
parecia-me bem mais fácil negar a existência do que estava privado de toda
forma, do que conceber um ser a meio termo entre a forma e o nada, e que não
fosse nem forma, nem nada, um ser informe, um quase nada.
Então, a minha
inteligência deixou de inquirir a minha imaginação, cheia de imagens de formas corpóreas,
que ela variava e mudada a seu talante. Fixei a atenção nos próprios corpos,
analisei mais profundamente essa mutabilidade pela qual eles cessam de ser o
que eram e começam a ser o que não eram. Suspeitei que essa transição de uma
forma para outra se fazia por meio de algo informe, e não do nada absoluto.
Mas o meu
interesse era saber, e não apenas supor, e se a minha voz e a minha pena te confessassem
em detalhes as soluções deste problema que me inspiraste, qual de meus leitores
teria paciência para me entender?
Contudo, o meu
coração não deixará de te honrar com cânticos de louvor por essas inspirações,
por aquilo que não têm palavras capazes de exprimir.
É a própria
mutabilidade das coisas que é susceptível de assumir todas as formas em que se
transfiguram as coisas mutáveis.
E o que é essa
mutabilidade?
É espírito? Será
talvez corpo?
Seria uma
espécie de espírito ou de corpo?
Se pudéssemos dizer:
um nada que é algo, ou o que é e não é, eu a chamaria assim.
No entanto, era
necessário que ela existisse de alguma maneira, para tomar essas formas
visíveis e complexas.
(Revisão trad.
portuguesa e grafismo por ama)
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