Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
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33 «Ouvi outra parábola: Havia um pai de família que plantou uma vinha,
e a cercou com uma sebe, e cavou nela um lagar e edificou uma torre; depois,
arrendou-a a uns vinhateiros, e ausentou-se daquela região. 34
Estando próxima a época da colheita, enviou os seus servos aos vinhateiros para
receberem os frutos da sua vinha. 35 Mas os vinhateiros, agarrando
os servos, feriram um, mataram outro, e a outro apedrejaram-no. 36
Enviou novamente outros servos em maior número do que os primeiros, e
fizeram-lhes o mesmo. 37 Por último enviou-lhes seu filho, dizendo:
“Hão-de respeitar o meu filho”. 38 Porém, os vinhateiros, vendo o
filho, disseram entre si: “Este é o herdeiro; vamos, matemo-lo, e ficaremos com
a herança”. 39 E, agarrando-o, puseram-no fora da vinha, e
mataram-no. 40 Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará
àqueles vinhateiros?». 41 Responderam-Lhe: «Matará sem piedade esses
malvados, e arrendará a sua vinha a outros vinhateiros que lhe paguem o fruto a
seu tempo». 42 Jesus disse-lhes: «Nunca lestes nas Escrituras: “A
pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular; pelo Senhor foi
feito isto, e é coisa maravilhosa aos nossos olhos”? 43 Por isso vos
digo que vos será tirado o reino de Deus e será dado a um povo que produza os
seus frutos. 44 Quem cair sobre esta pedra far-se-á em pedaços, e
aquele sobre quem ela cair ficará esmagado». 45 Tendo os príncipes
dos sacerdotes e os fariseus ouvido as Suas parábolas, perceberam que falava
deles. 46 Procuravam prendê-l'O, mas tiveram medo do povo, porque
este O tinha como um profeta.
CONFISSÕES SANTO
AGOSTINHO
LIVRO DÉCIMO-
PRIMEIRO
CAPÍTULO XV
Tempo longo,
tempo breve
No entanto, dizemos
que o tempo é longo ou breve, o que só podemos dizer do passado e do futuro.
Chamamos longo, digamos, os cem anos passados, e longo também os cem anos posteriores
ao presente, um passado curto para nós, seriam os dez dias anteriores a hoje, e
breve futuro, os dez dias seguintes.
Mas como pode
ser longo ou curto o que não existe?
O passado não
existe mais e o futuro não existe ainda. Por isso não deveríamos dizer “o
passado é longo” – mas o passado “foi longo” – e o futuro “será longo”.
Senhor, que és a
minha luz, a tua verdade não escarnecerá também nisso o homem?
Esse tempo
passado, foi longo quando já havia passado ou quando ainda estava presente?
Porque ele só
podia ser longo enquanto existia alguma coisa que pudesse ser longa. Mas uma
vez passado, não existia mais: donde se conclui que não podia ser longo, porque
já deixara de existir. Não digamos, portanto: “O tempo passado foi longo” –
pois não encontraremos nada que pudesse ter sido longo, uma vez passado não
existe mais. Mas digamos: “O tempo presente foi longo” – porque só era longo
enquanto presente. Ainda não havia passado, ainda não havia deixado de existir,
e por isso era susceptível de ser longo. Mas logo que passou, deixou de ser
longo, porque cessou de existir.
Mas vejamos, ó
alma humana, se o tempo presente pode ser longo, porque te foi dada a prerrogativa
de perceber e medir os momentos.
Que me
respondes?
Por acaso cem
anos presentes são um tempo longo?
Consideremos
antes se cem anos podem ser presentes.
Se for o primeiro
ano que corre, está presente, mas os outros noventa e nove ainda são futuros, e
portanto ainda não existem. Se estamos no segundo ano, já temos um ano passado,
o segundo presente e todos os outros no futuro. Desse período de cem anos, seja
qual for o ano que supomos presente, todos os que o precederam serão passados,
e todos os que estão por vir, futuros. Portanto, os cem anos não podem estar
simultaneamente presentes.
Vejamos agora
se, pelo menos, o ano em curso é presente.
Se estamos no
primeiro mês, os outros são futuros. Como acima, se estamos no segundo, o
primeiro será passado, e os demais, futuros. Assim o ano que corre não está
todo presente, e como não está todo presente, não é portanto verdade dizer-se
que o ano esteja presente. Um ano compõe-se de doze meses, e seja qual for o
mês considerado, será o único em curso.
Mas o mês em
curso não é presente, mas somente o dia.
Vale o que
dissemos antes: se estamos no primeiro dia, todos os outros são futuros, se
estamos no último, todos os outros são passados, se estamos entre um desses
dois dias, esse dia está entre os dias passados e os futuros.
Eis, portanto,
esse tempo presente, o único que julgávamos poder chamar de longo, reduzido ao
espaço de um só dia.
Mas, examinemos
esse único dia, porque nem mesmo ele é todo presente.
Compõe-se de dia
e noite, num total de vinte e quatro horas, relativamente à primeira hora,
todas as outras são futuras, em relação à última hora, todas as outras são passadas,
cada hora intermediaria tem atrás de si horas passadas e diante de si horas
futuras.
Mas também essa
única hora é composta de fugitivos instantes, tudo o que dela correu é passado,
e tudo o que ainda lhe resta é futuro.
Se pudermos
conceber um lapso de tempo que não possa ser subdividido em frações, por menores
que sejam, só essa fração poderá ser chamada de presente, mas sua passagem do futuro
para o passado seria tão rápida, que não teria nenhuma duração. Se a tivesse,
dividir-se-ia em passado e futuro, mas o presente não em duração alguma.
Qual seria pois,
o tempo que podemos chamar de longo?
Seria acaso o
futuro?
Ms nós não dizemos
que o futuro é longo, porque ainda não existe, e por isso não pode ser longo.
Dizemos: “Será
longo”.
E quando se
dará?
Se actualmente
ele ainda está no porvir, não pode ser longo: não existindo ainda, não pode ser
longo. Mas somente poderá ser longo na hora em que emergir do futuro, que ainda
não existe, em que começar a ser e a se tornar presente, de modo que possa ser
longo. Nesse caso o presente nos clama, pelo que acima dissemos, que ele não pode
ser longo.
CAPÍTULO XVI
A medida do
presente
E, contudo,
Senhor, percebemos os intervalos de tempos, os comparamos entre si, e dizemos
que uns são mais longos e outros mais breves. Medimos também o quanto uma
duração é maior ou menor que outra, e respondemos que esta é o dobro ou o
triplo de outra, que aquela é simples, ou que ambas são iguais. Mas é o tempo
que passa que medimos quando o percebemos passar.
Quanto ao
passado, que não existe mais, e o futuro que não existe ainda, quem poderá medi-los,
a menos que ouse afirmar que o nada pode ser medido?
Assim, quando o
tempo passa, pode ser percebido e medido. Porém quando já decorreu, ninguém o
pode mentir ou sentir, porque já não existe.
CAPÍTULO XVII
O passado e o
presente
Pai, apenas
pergunto, não estou afirmando, meu Deus, ajuda-me, dirige-me.
Quem ousaria afirmar
que não existe três tempos, como aprendemos na infância e como ensinamos às
crianças, o passado, o presente e o futuro?
Será que só o
presente existe, porque os demais, o passado e o futuro, não existem?
Ou será que eles
também existem, e então o presente provém de algum lugar oculto, quando de
futuro se torna presente, e também se retira para outro esconderijo, quando de
presente se torna passado? E os que predisseram o futuro, onde o viram, se ele
ainda não existe?
É impossível
ver-se o que não existe.
E os que narram
o passado diriam mentiras se não vissem os acontecimentos com o espírito. Ora,
se esse passado não tivesse existência
alguma, seria
absolutamente impossível vê-lo.
Por conseguinte,
o futuro e o passado também existem.
CAPÍTULO XVIII
As previsões
Permite-me,
Senhor, que eu leve adiante as minhas investigações, tu que és minha esperança,
faz que a minha tentativa não seja perturbada.
Se o futuro e o
passado existem, quero saber onde estão. Se ainda não posso compreender, sei
todavia que, onde quer que estejam, não
existem nem como
futuro, nem como passado, mas apenas como presente. Se também ali estiver enquanto
futuro, então ainda não existirá, se o passado aí estiver como passado, já não
estará lá.
Portanto, no
lugar e no modo que estiverem, só podem existir como presentes.
Quando relatamos
acontecimentos verídicos do passado, o que vêm à nossa memória não são os factos
em si, que já deixaram de existir, mas as palavras que exprimem as imagens dos factos,
que, através dos nossos sentidos, gravaram no nosso espírito as suas pegadas.
A minha
infância, por exemplo, que não existe mais, pertence a um passado que também
desapareceu, mas quando eu a evoco e passo a
relatá-la, vejo as
suas imagens no presente, imagens que ainda estão na minha memória.
E a predição do
futuro, meu Deus, seguiria um processo análogo?
Os factos que
ainda não existem, serão representados antecipadamente no nosso espírito como
imagens já existentes?
Eu ignoro-o. O
que sei é que habitualmente premeditamos nossas acções futuras, e que essa premeditação
pertence ao presente, enquanto esta começará a existir, pois então não será
mais futura, mas presente.
Seja qual for a
natureza desse misterioso pressentimento do futuro, o certo é que apenas se
pode ver aquilo que existe.
Ora, o que já
existe não é futuro, mas presente.
Quando se diz
que se vê o futuro, o que se vê não são os factos futuros em si, que ainda não
existem porque são futuros, mas as suas causas ou talvez sinais prognósticos,
causas e sinais que já existem. Estes não são pois futuros, mas presentes para
os que as vêm, e é graças aos vaticínios que o futuro é concebido pelo espírito
e profetizado. Esses conceitos já existem, e os que predizem o futuro vêem-nos
presentes em si mesmos.
Gostaria de
apelar para um exemplo tomado entre os muitos possíveis.
Vejo a aurora, e
prognostico o nascimento do sol. O que vejo é presente, o que anuncio é futuro.
Não o sol, que já existe, mas o seu surgimento, que ainda não ocorreu. Contudo,
se eu não tivesse uma imagem mental desse surgimento, como agora quando falo
dele, ser-me-ia impossível a previsão.
Mas essa aurora
que vejo não é o nascimento do sol, embora o preceda, nem o é tampouco a imagem
que trago no meu espírito. As duas coisas estão presentes, eu vejo-as, e assim
posso predizer o que vai acontecer.
O futuro,
portanto, ainda não existe, se ainda não existe, não existe no agora, e se não
existe não pode ser visto de modo algum, mas pode ser prognosticado pelos
sinais presentes, que já existem e podem ser vistos.
CAPÍTULO XIX
Oração
Mas tu, que és
soberano sobre tuas criaturas, de que modo ensinas às almas os factos por vir,
como revelas aos teus profetas?
De que modo
ensinas o futuro, tu, para quem o futuro não existe?
Ou antes, como
ensinas os sinais presentes dos factos futuros?
Pois, o que
ainda não existe não pode ser ensinado. O teu modo misterioso de agir está muito
acima de minha inteligência, sobrepuja as minhas forças. Por mim mesmo eu não o
poderia alcançar, mas podê-lo-ei por ti, quando me concederes, ó doce Luz dos
olhos da minha alma!
CAPÍTULO XX
Conclusão
O que agora
parece claro e evidente para mim é que nem o futuro, nem o passado existem, e é
impróprio dizer que há três tempos: passado, presente e futuro. Talvez fosse
mais correcto dizer: há três tempos: o presente do passado, o presente do
presente e o presente do futuro. E essas três espécies de tempos existem na
nossa mente, e não as vejo em outra parte.
O presente do
passado é a memória, o presente do presente é a percepção directa, o presente
do futuro é a esperança.
Se me é lícito
falar assim, vejo e confesso que há três tempos. Diga-se também que são três os
tempos: presente, passado e futuro, como abusivamente afirma o costume. Não me importo,
nem me oponho, nem critico o modo de falar, desde que fique bem entendido o que
se diz, e que não se acredite que o futuro já existe e que o passado ainda
existe. Uma linguagem que expresse com termos exatos é incomum: com muita frequência
falamos com impropriedade, mas entende-se o que queremos dizer.
(Revisão trad.
portuguesa e grafismo por ama)
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