30/06/2013

Leitura espiritual para 30 Jun


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 18, 12-35

 12 «Que vos parece? Se alguém tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, porventura não deixa as outras noventa e nove no monte, e vai em busca daquela que se extraviou? 13 E, se acontecer encontrá-la, digo-vos em verdade que se alegra mais por esta, do que pelas noventa e nove que não se extraviaram. 14 Assim, não é a vontade de vosso Pai que está nos céus que pereça um só destes pequeninos. 15 «Se teu irmão pecar contra ti, vai e corrige-o entre ti e ele só. Se te ouvir, ganhaste o teu irmão. 16 Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que pela palavra de duas ou três testemunhas se decida toda a questão. 17 Se não as ouvir, di-lo à Igreja. Se não ouvir a Igreja considera-o como um gentio e um publicano. 18 «Em verdade vos digo: Tudo o que ligardes sobre a terra, será ligado no céu; e tudo o que desligardes sobre a terra, será desligado no céu. 19 «Ainda vos digo que, se dois de vós se unirem entre si sobre a terra a pedir qualquer coisa, esta lhes será concedida por Meu Pai que está nos céus. 20 Porque onde se acham dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles». 21 Então, aproximando-se d'Ele Pedro, disse: «Senhor, até quantas vezes poderá pecar meu irmão contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?». 22 Jesus respondeu-lhe: «Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23 «Por isso, o Reino dos Céus é comparável a um rei que quis fazer as contas com os seus servos. 24 Tendo começado a fazer as contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos. 25 Como não tivesse com que pagar, o seu senhor mandou que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo o que tinha, e se saldasse a dívida. 26 Porém, o servo, lançando-se-lhe aos pés, suplicou-lhe: “Tem paciência comigo, eu te pagarei tudo”. 27 E o senhor, compadecido daquele servo, deixou-o ir livre e perdoou-lhe a dívida. 28 «Mas este servo, tendo saído, encontrou um dos seus companheiros que lhe devia cem denários e, lançando-lhe a mão, sufocava-o dizendo: “Paga o que me deves”. 29 O companheiro, lançando-se-lhe aos pés, suplicou-lhe: “Tem paciência comigo, eu te pagarei”. 30 Porém ele recusou e foi mandá-lo meter na prisão, até pagar a dívida. 31 «Os outros servos seus companheiros, vendo isto, ficaram muito contristados e foram referir ao seu senhor tudo o que tinha acontecido. 32 Então o senhor chamou-o e disse-lhe: “Servo mau, eu perdoei-te a dívida toda, porque me suplicaste. 33 Não devias tu também compadecer-te do teu companheiro, como eu me compadeci de ti?”. 34 E o seu senhor, irado, entregou-o aos guardas, até que pagasse toda a dívida. 35 «Assim também vos fará Meu Pai celestial, se cada um não perdoar do íntimo do seu coração ao seu irmão»


CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO DÉCIMO

CAPÍTULO XXII

A verdadeira felicidade

Longe de mim, longe do coração do teu servo, Senhor, que a ti se confessa, a ideia de encontrar a felicidade não importa em que alegria!

A felicidade é uma alegria que não é concedida aos ímpios, mas àqueles que te servem por puro amor: tu és essa alegria!

Alegrar-se de ti, em ti e por ti: isso é felicidade. E não há outra.

Os que imaginam outra felicidade, apegam-se a uma alegria que não é a verdadeira. Contudo, sempre há uma imagem da alegria da qual a sua vontade não se afasta.

CAPÍTULO XXIII

Felicidade e verdade

Poderemos então concluir que nem todos desejam ser felizes, pois há aqueles que não querem buscar em ti a sua alegria, tu que és a única felicidade?

Ou talvez todos a queiram, mas, como a carne combate contra o espírito, e o espírito contra a carne, e com isso se contentam.
Porque não querem com força bastante o que não têm, para obtê-lo.
Pergunto a todos se preferem encontrar a alegria na verdade ou no erro, ninguém hesita em declarar que preferem a verdade, como em dizer que querem ser felizes.
É que a felicidade é a alegria que provém da verdade. E essa alegria é a que nasce de ti, que és a própria Verdade, ó meu Deus, minha luz, saúde de meu rosto!

Todos querem essa vida, a única feliz, essa alegria que se origina na verdade.
Encontrei muitos que gostam de enganar, mas ninguém que quisesse ser enganado.
Onde, então, conheceram a felicidade, senão onde conheceram a verdade?

Visto que não querem ser enganados, também amam a verdade, e desde que amam a felicidade, que nada mais é que, a alegria proveniente da verdade, certamente também amam a verdade, e não a amariam se não retivessem dela, na sua memória, alguma noção.

Porque, então, não se alegram com ela?
Porque não são felizes?

Porque se empolgam demais com outras coisas, que os tornam mais infelizes do que a verdade, de que se recordam fracamente, e que os faria felizes.
Há ainda um pouco de luz entre os homens: caminhem, caminhem, para que as trevas não os surpreendam.

Mas porque a verdade gera o ódio?
Porque os homens olham como inimigo aquele que a prega em teu nome, uma vez que amam a felicidade, que mais não é que a alegria nascida da verdade?

Talvez por amarem a verdade de tal modo que tudo de diferente que amam, querem que seja verdade, e, não admitindo ser enganados, também não querem ser convencidos do seu erro. Desse modo, detestam a verdade por amarem o que tomam como verdade.
Amam-na quando ela brilha, mas odeiam-na quando os repreende, e, como não querem ser enganados, mas enganar, eles amam-na quando ela se manifesta, mas odeiam-na quando os denuncia.
Porém ela castiga-os, não querem ser descobertos pela verdade, mas esta denuncia-os, sem que por isso se manifeste a eles.

É assim o coração do homem!
Cego e lerdo, torpe e indecente: quer permanecer oculto, mas não quer que nada lhe seja ocultado. Em castigo, sucede-lhe o contrário: não consegue esconder-se da verdade, enquanto esta lhe continua oculta. Contudo, apesar de tão infeliz, prefere encontrar alegrias antes na verdade que no erro. Será, portanto, feliz quando, livre de perturbações, se alegrar somente na Verdade, origem de tudo o que é verdadeiro.

CAPÍTULO XXIV

Deus e a memória

Eis como esquadrinhei minha memória à tua procura, Senhor: não me foi possível encontrar-te fora dela. Não encontrei nada de ti que não fosse lembrança, e nunca me esqueci de ti desde que te conheci.
Onde encontrei a verdade, aí encontrei a meu Deus, que é a própria verdade, e desde que aprendi a conhecer a verdade, nunca mais a esqueci. Por isso, desde que te conheço, permaneces na minha memória.
É lá que te encontro quando me lembro de ti e quando sou feliz em ti.
Estas são as santas delicias que me deste em tua misericórdia, olhando para minha pobreza.

CAPÍTULO XXV

Recapitulação

Onde habitas na minha memória, Senhor, em que lugar dela estás?
Que esconderijo construíste aí?
Que santuário aí edificaste para ti?
Deste-me a honra de morar na minha memória, mas em que parte dela resides?

É o que quero agora descobrir.
Quando me recordei de ti, ultrapassei aquela região da memória que também os animais possuem, pois não te encontrei entre as imagens dos objectos corpóreos. E cheguei àquela parte onde depositei os afectos da minha alma, mas também aí não te encontrei.
Cheguei à morada que o meu próprio espírito possui na memória – porque também o espírito se lembra de si mesmo – mas nem ali estavas. Isso porque não és imagem corpórea, nem afecto de ser vivo, como a alegria, a tristeza, o desejo, o temor, a lembrança, o esquecimento e outros semelhantes, e nem és o meu próprio espírito, porque és o Senhor e Deus do espírito, e tudo isso é mutável, enquanto permaneces imutável e subsistes acima de todas as coisas, e te dignaste habitar na minha memória desde que te conheço.

Mas, por que perguntar em que lugar da memória habitas, como se a memória tivesse compartimentos?

Certo é que habitas nela desde que te conheço, e é nela que te encontro, quando penso em ti.

CAPÍTULO XXVI

Onde encontrar Deus?

Onde, então, te encontrei, para te conhecer?

Não estavas ainda em minha memória antes de eu te conhecer. Onde, então, te encontrei, para te conhecer, senão em ti mesmo, acima de mim?
No entanto, aí não existe espaço. Quer nos afastemos de ti, quer nos aproximemos, aí não existe espaço algum.

Ó Verdade, por toda parte assistes aos que te consultam, e respondes ao mesmo tempo a todas essas diversas consultas. As tuas respostas são claras, mas nem para todos.
Os homens consultam-te sobre o que querem, mas nem sempre ouvem as respostas que querem.

O teu servo fiel é o que não pensa em ouvir de ti a resposta que quer, mas em querer a resposta que lhe dás.

CAPÍTULO XXVII

Solilóquio de amor

Tarde te amei, Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro de mim, e eu lá fora, a te procurar! Eu, disforme, me atirava à beleza das formas que criaste. Estavas comigo, e eu não estava em ti. Retinham-me longe de ti aquilo que nem existiria se não existisse em ti. Tu me chamaste, gritaste por mim, e venceste a minha surdez. Brilhaste, e teu esplendor afugentou a minha cegueira. Exalaste o teu perfume, respirei-o, e suspiro por ti. Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede de ti. Tocaste-me, e o desejo de tua paz me inflama.

CAPÍTULO XXVIII

A vida do homem

Quando me unir a ti com todo meu ser, não sentirei mais dor ou fadiga, a minha vida, cheia de ti, será então a verdadeira vida. Alivias aqueles que enches de ti, mas, como ainda não estou cheio de ti, sou um peso para mim mesmo. Minhas alegrias, que deveriam ser choradas, lutam com as minhas tristezas que deveriam alegrar-me, e ignoro de que lado está a vitória.

Ai de mim, Senhor, tem piedade de mim!
As tristezas do meu mal lutam com minhas santas alegrias, e eu não sei de que lado está a vitória.
Ai de mim! Senhor, tem piedade de mim!
Eis minhas feridas: eu não as escondo. Tu és o médico, eu o enfermo, és misericordioso, e eu, miserável.

Não é contínua tentação a vida do homem sobre a terra?
Quem quer aborrecimentos e dificuldades?
Mandas que os suportemos, e não que os amemos.
Ninguém ama o que tolera, ainda que goste de o tolerar, e mesmo que alguém se alegre em tolerar, preferiria nada ter que suportar. Na adversidade, desejo a prosperidade, e na prosperidade temo a adversidade.

Entre estes dois extremos, qual será o termo médio onde a vida humana não seja tentação?

Ai das prosperidades do século, onde se receia a adversidade e a alegria é corrompida!
Ai das adversidades do século, uma, duas, três vezes ai!
Pelo desejo da prosperidade, por ser dura a adversidade, e pelo temor que vença a nossa paciência! A vida do homem sobre a terra não é pois uma contínua tentação?

CAPÍTULO XXIX

Esperança em Deus

Só na grandeza da Tua misericórdia coloco toda minha esperança. Dai-me o que me ordenas e ordena-me o que quiserdes. Mandas que sejamos castos. “Sabendo, diz um sábio, que ninguém pode ser casto se Deus não lhe der este dom, já é sabedoria saber de quem procede
este dom”.
A continência reúne os elementos da nossa pessoa, reconduz-nos à unidade que perdemos dispersando-nos por tantas criaturas.
Pouco te ama quem te ama juntamente com alguma criatura, e não a ama por tua causa.
Ó amor, que sempre ardes e jamais te extingues!
Ó caridade, meu Deus, inflama-me!
Ordena-me a continência?
Dá-me o que mandas, e ordena o que quiseres!

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.