26/06/2013

Leitura espiritual para 26 Jun



Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 15, 21-39

21 Partindo dali, Jesus retirou-Se para a região de Tiro e de Sidónia. 22 E eis que uma mulher cananeia, que viera daqueles arredores, gritou: «Senhor, Filho de David, tem piedade de mim! Minha filha está cruelmente atormentada pelo demónio». 23 Ele, porém, não lhe respondeu palavra. Aproximando-se Seus discípulos, pediram-Lhe: «Despede-a, porque vem gritando atrás de nós». 24 Ele respondeu: «Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel». 25 Ela, porém, veio e prostrou-se diante d'Ele, dizendo: «Senhor, valei-me». 26 Ele respondeu: «Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães». 27 Ela replicou: «Assim é, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos». 28 Então Jesus disse-lhe: «Ó mulher, grande é a tua fé! Seja-te feito como queres». E, desde aquela hora, a sua filha ficou curada. 29 Tendo Jesus saído dali, dirigiu-Se para o mar da Galileia; e, subindo a um monte, sentou-Se ali. 30 E veio até Ele uma grande multidão de povo, que trazia consigo coxos, cegos, mudos, estropiados e muitos outros. Lançaram-se a Seus pés, e Ele os curou; 31 de modo que as multidões se admiravam, vendo falar os mudos, andar os coxos, ver os cegos; e davam glória ao Deus de Israel. 32 Jesus, chamando os Seus discípulos, disse: «Tenho compaixão deste povo, porque há já três dias que não se afastam de Mim, e não têm que comer. Não quero despedi-los em jejum, para que não desfaleçam no caminho».33 Os discípulos disseram-Lhe: «Onde poderemos encontrar neste deserto pães bastantes para matar a fome a tão grande multidão?». 34 Jesus disse-lhes: «Quantos pães tendes?». Eles responderam: «Sete, e uns poucos peixinhos». 35 Ordenou então ao povo que se sentasse sobre a terra. 36 E, tomando os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os, deu-os aos Seus discípulos, e os discípulos os deram ao povo. 37 Comeram todos, e saciaram-se. E dos bocados que sobejaram levantaram sete cestos cheios. 38 Os que tinham comido eram quatro mil homens, sem contar mulheres e crianças. 39 Em seguida, despedindo o povo, Jesus entrou numa barca e foi para o território de Magadã.


CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO DÉCIMO

CAPÍTULO III

Por que se confessar aos homens?

Que tenho eu que ver com os homens, para que me ouçam as confissões, como se eles pudessem curar as minhas enfermidades?

São curiosos para conhecer a vida alheia, mas indolentes para corrigir a própria!
Porque desejam ouvir de mim quem sou, quando não se importam em saber de ti o que são?
E como podem saber, ao ouvirem-me falar de mim mesmo, se lhes digo a verdade, uma vez que homem algum sabe o que se passa no outro, senão o espírito do homem, que nele, habita?
Mas, se ouvissem a ti falar deles, não poderiam dizer: “O Senhor mente”.
E o que é ouvir-te falar de si, senão conhecerem-se a si mesmos?
E quem, conhecendo-se a si mesmo, pode dizer “é falso”, sem mentir?

A caridade crê em tudo – pelo menos entre os corações que ela unifica em si por seus laços – por isso também eu, Senhor, me confesso a ti para que me ouçam os homens. A eles não posso provar que falo a verdade, mas crêem-me aqueles cujos ouvidos a caridade abre para mim.
Mas tu, Médico da minha alma, faz-me ver claramente a utilidade do meu propósito. As confissões de meus pecados passados – que já perdoaste e esqueceste, para me fazer feliz em ti, transformando a minha alma com a tua fé e o teu sacramento – levam o coração dos que as lêm e ouvem a não dormir no desespero dizendo: “Não posso”. Mas despertem para o amor pela tua misericórdia e para a doçura da tua graça, que fortalece o fraco e este se dá conta de sua debilidade.
Os bons, por sua vez, se agradam em ouvir os pecados passados daqueles que já não sofrem. Agrada-lhes, não por serem pecados, mas porque o foram, e agora já não o são.

Mas, Senhor meu – a quem todos os dias se confessa a minha consciência, agora mais confiante com a esperança na tua misericórdia que na sua inocência – que proveito haverá em confessar aos homens, na tua presença, neste livro, não o que fui, mas o que sou agora?

Sobre a confissão do passado, e dos seus eventuais proveitos, já falei acima.
Há muitos porém, quer me conheçam, quer não, que desejam saber quem sou agora, neste momento em que escrevo as Confissões. Já ouviram de mim ou de outros alguma coisa a meu respeito, mas o seu ouvido não ouve o meu coração, onde eu sou o que sou. Querem,
certamente, saber por confissão minha o que sou no íntimo, lá onde não podem penetrar com a vista, com o ouvido, ou com a mente. Estão dispostos a acreditar em mim.
Mas poderão igualmente estar certos de me conhecer?
A caridade, que os torna bons, diz-lhes que eu não minto quando confesso tais coisas de mim. É ela que os faz acreditarem em mim.

CAPÍTULO IV

O fruto das confissões

Mas, com que propósito desejam ouvir-me?
Desejarão talvez congratular-me comigo, ouvindo quanto me aproximei de ti por tua graça, e orar por mim, ao ouvir quanto me retardou o peso de minhas culpas?
A estes mostrarei quem sou, já não é pequeno fruto, Senhor meu Deus, que muitos te dêm graças por mim, e que muitos te roguem por mim. Possa o coração dos meus irmãos amar em mim o que ensinas a amar, e, deplorar em mim o que ensinas a aborrecer! Mas que brotem tais sentimentos numa alma irmã, e não em almas estranhas, ou nesses filhos espúrios, cuja boca fala vaidade, e cuja direita é a direita da iniquidade, que o faça uma alma fraterna que se alegra por mim quando me aprova, e quando me reprova se aflige por mim, porque quer me aprove, quer não, me ama.

É a esses que me revelarei. Que eles respirem diante das minhas boas acções, e suspirem à vista dos meus pecados.

As obras boas são tuas obras e teus dons, as más são meus pecados, objecto de teus juízos.

Respirem pelo bem e suspirem pelo mal, e que subam à tua presença hinos e lágrimas desses corações fraternos, que são os teus turíbulos.
E tu, Senhor, que te alegras com a fragrância do teu santo templo, tem piedade de mim, segundo a tua grande misericórdia por causa do teu nome, e tu, que jamais abandonas uma obra começada, aperfeiçoa em mim o que há de incompleto.
Este poderá ser fruto de minhas confissões, não do que fui, mas do que sou.

Farei minha a confissão não apenas a ti, com íntima alegria mesclada de temor, e com secreta tristeza mesclada de esperança, mas também para os homens, que compartilham a minha alegria e da minha mortalidade, meus concidadãos e peregrinos como eu, quer os que me precederam, como os que me seguem ou me acompanham no caminho da vida. Estes são teus servos, meus irmãos, que tu quiseste fossem filhos teus e meus senhores, e a quem me mandaste servir se quisesse viver contigo e de ti.

Mas este preceito teria sido de pouco valor para mim, se o teu Verbo o tivesse proferido apenas com palavras, e não tivesse mostrado o caminho com a obra. Eis que eu o imito pela acção e pelas palavras, e o faço à sombra das tuas asas, o perigo seria grande demais, se minha alma aí não se abrigasse, e se a minha fraqueza não te fosse conhecida.
Sou como uma criança, mas o meu Pai vive sempre, e é meu tutor idóneo, ele é a um tempo o que me gerou e o que me protege.

Tu és todo o meu bem, tu, onipotente, que estás comigo mesmo antes de eu estar contigo.
Revelarei pois, a estes, a quem me mandas servir, não como fui, mas como já sou agora, e como ainda não sou. Mas não quero julgar-me a mim mesmo. Assim é que peço para ser ouvido.

CAPÍTULO V

A ignorância do homem

És tu, Senhor, quem me julga, porque ninguém conhece o que se passa no homem, a não ser o seu espírito que nele está, todavia há no homem coisas que até o espírito que nele habita ignora.

Mas tu, Senhor, que o criaste, conheces todas as coisas. E eu, embora diante de ti me despreze e me considere como terra e cinza, sei algo de ti que ignoro de mim mesmo.
É certo que agora vemos por espelho, em enigmas, e não face a face. Por isso, enquanto peregrino longe de ti, estou mais presente a mim do que a ti. Sei que em nada podes ser prejudicado, mas ignoro a que tentações posso resistir e às quais não posso.

Todavia há esperança, pois és fiel, e não permites que sejamos tentados além de nossas forças, com a tentação, dás também meios para suportar, para que possamos resistir.

Confessarei, portanto, o que sei de mim, e também o que de mim ignoro, porque o que sei de mim só o sei porque me iluminas, e o que de mim ignoro continuarei ignorando até que as minhas trevas se transformem em meio-dia, na tua presença.

CAPÍTULO VI

Quem é Deus?

O que sei, Senhor, sem sombra de dúvida, é que te amo.
Feriste o meu coração com tua palavra, e amei-te.

O céu, a terra e tudo quanto neles existe, de todas as partes me dizem que te ame, nem cessam de repeti-lo a todos os homens, para que não tenham desculpas. Terás compaixão mais profunda de quem já te compadeceste, e usarás de misericórdia com quem já foste misericordioso. De outro modo, o céu e a terra cantariam teus louvores a surdos.
Mas, que amo eu, quando te amo?
Não amo a beleza do corpo, nem o esplendor fugaz, nem a claridade da luz, tão cara a estes meus olhos, nem as doces melodias das mais diversas canções, nem a fragrância de flores, de unguentos e de aromas, nem o maná, nem o mel, nem os membros tão afeitos aos amplexos da carne. Nada disto amo quando amo o meu Deus. E, contudo, amo uma luz, uma voz, um perfume, um alimento, um abraço de meu homem interior, onde brilha para minha alma uma luz sem limites, onde ressoam melodias que o tempo não arrebata, onde exalam perfumes que o vento não dissipa, onde se provam iguarias que o apetite não diminui, onde se sentem abraços que a saciedade não desfaz.
Eis o que amo quando amo o meu Deus!

Então, o que é Deus?
Perguntei à terra, e ela me disse: “Eu não sou Deus”. E tudo o que
nela existe me respondeu o mesmo. Perguntei ao mar, aos abismos e aos répteis viventes, e eles me responderam: “Não somos teu Deus, busca-o acima de nós”. Perguntei aos ventos que sopram, e todo o ar, com seus habitantes, me disse: “Anaxímenes está enganado eu não sou Deus”. Perguntei ao céu, ao sol, à luz e às estrelas. “Tampouco somos o Deus a quem procuras” – me responderam.
Disse então à todas as coisas que meu corpo percebe: “Dizei-me algo de meu Deus, já que não sois Deus, dizei-me alguma coisa dele” – e todas exclamaram em coro: “Ele nos criou” –

A minha pergunta era o meu olhar, e a sua resposta a sua beleza.
Dirigi-me, então, a mim mesmo, e perguntei: “E tu, quem és?” – e respondi: “Um homem”.
Para me servirem, tenho um corpo e uma alma: aquele exterior, esta interior. Por qual deles deverei perguntar pelo meu Deus, a quem já havia procurado com o corpo desde a terra até o céu, até onde pude enviar os raios de meu olhar como mensageiros?
Melhor, sem dúvida, é a parte interior de mim mesmo. É a ela que dirigem as suas respostas todos os mensageiros do meu corpo, como a um presidente ou juiz, respostas do céu, da terra, e de tudo o que existe, e que proclamam: “Não somos Deus” – e ainda – “Ele nos criou”.

O homem interior conhece essas coisas por meio do homem exterior, mas o homem interior, que é a alma, também conhece essas coisas por meio dos sentidos do corpo.
Interroguei a imensidão do universo acerca de meu Deus, e ele me respondeu: “Não sou eu, mas foi ele quem me criou”.

Mas essa beleza não se manifesta a quantos têm sentidos perfeitos? E por que não fala a todos a mesma linguagem?

Os animais, pequenos ou grandes, a vêm, mas não podem interrogá-la, porque não receberam a razão que, como juiz, interprete as mensagens dos sentidos. Os homens, porém, podem interrogá-la, para que as perfeições invisíveis de Deus se manifestem pelas suas obras.
Mas o amor às coisas criadas escraviza-os, e assim os torna incapazes de julga-las. Ora, elas só respondem aos que podem julgar-lhes as respostas. Elas não mudam a sua linguagem, isto é, sua beleza, quando um só as vê, e outro as interroga, elas não lhes aparecem diferentes mas, para uns ficam mudas, enquanto falam a outros. Ou melhor: eles falam a todos, mas apenas se entendem os que comparam sua expressão exterior com a verdade interior.
De facto a verdade me diz: “Teu Deus não é nem o céu, nem a terra, nem corpo algum. A natureza das coisas di-lo para quem sabe ver, a matéria é menor em seus elementos que em seu todo. Por isso, minha alma, digo-te que és superior ao corpo, pois vivificas a sua matéria, dando-lhe vida, como nenhum corpo pode dar a outro corpo. Mas teu Deus é também para ti a vida de tua vida.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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