16/06/2013

Leitura espiritual para 16 Jun



Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 11, 1-19

1 Tendo Jesus acabado de dar estas instruções aos Seus doze discípulos, partiu dali para ir ensinar e pregar nas cidades deles. 2 E como João, estando no cárcere, tivesse ouvido falar das obras de Cristo, enviou dois dos seus discípulos, 3 a perguntar-Lhe: «És Tu Aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?». 4 Jesus respondeu-lhes: «Ide e contai a João o que ouvistes e vistes: 5 “Os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, os pobres são evangelizados”; 6 e bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo». 7 Tendo eles partido, começou Jesus a falar de João às turbas: «Que fostes vós ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? 8 Mas que fostes ver? Um homem vestido de roupas delicadas? Mas os que vestem roupas delicadas vivem nos palácios dos reis. 9 Mas que fostes ver? Um profeta? Sim, vos digo Eu, e ainda mais do que profeta. 10 Porque este é aquele de quem está escrito: “Eis que Eu envio o Meu mensageiro à Tua frente, que preparará o caminho diante de Ti”. 11 «Na verdade vos digo que entre os nascidos de mulher não veio ao mundo outro maior que João Baptista; mas o menor no Reino dos Céus é maior do que ele. 12 «Desde os dias de João Baptista até agora, o Reino dos Céus sofre uma forte oposição, e são os esforçados que o conquistam. 13 Com efeito, todos os profetas e a Lei profetizaram até João. 14 E, se vós quereis compreender, ele mesmo é o Elias que há-de vir. 15 O que tem ouvidos para ouvir, oiça. 16 «A quem hei-de Eu comparar esta geração? É semelhante às crianças que estão sentados na praça, e que gritam aos seus companheiros, 17 dizendo: Tocámos flauta e não bailastes; entoámos lamentações e não chorastes; 18 veio João, que não comia nem bebia, e dizem: “Ele tem demónio”. 19 Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: “Eis um glutão e um bebedor de vinho, um amigo dos publicanos e pecadores”. Mas a sabedoria divina foi justificada por suas obras».


CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO SÉTIMO

CAPÍTULO XIV

Recapitulação

Não têm juízo sadio, nos que se desagradam com alguma parte de tua criação, como acontecia comigo, quando me desagradavam tantas das tuas obras. Mas, como minha alma não se atrevia a desgostar do meu Deus, não queria considerar como obra tua o que lhe desagradava.
Por isso fora atrás da teoria das duas substâncias, na qual não achava descanso, e repetia coisas alheias. Desembaraçando-me desses erros, imaginara para si um Deus que se difundia pelos espaços infinitos e, julgando que eras tu, colocou-o em seu coração, e de novo se tornou o templo de seu ídolo, coisa abominável a teus olhos.

Mas, depois que afagaste minha cabeça, sem que eu o percebesse, e fechaste o meus olhos para que não vissem a vaidade, desprendi-me um pouco de mim mesmo, e a minha loucura adormeceu profundamente, quando despertei nos teus braços, vi que eras infinito não daquele modo, e esta visão não procedia da carne.

CAPÍTULO XV

Deus e a criação

Contemplei depois as outras coisas, e vi que deviam a ti sua existência, e que todas estão contidas em ti, não como num lugar material, mas de modo diferente: conservas todas elas na tua verdade, sustentadas na tua mão, todas as coisas são verdadeiras enquanto existem, e só é falso o que julgamos existir, mas não existe.
Também vi que cada coisa se adapta não só a seus lugares, mas também a seus tempos, e que tu, que és o único eterno, não começaste a agir depois de infinitos espaços de tempos, porque todos os espaços de tempo – passados ou futuros – não teriam passado nem viriam se tu não agistes e não fosses permanente.
CAPÍTULO XVI

Onde está o mal

Entendi por experiência que não é de admirar que o pão seja enjoativo ao paladar enfermo, mesmo tão agradável para o paladar sadio, e que olhos enfermos considerem odiosa a luz, que para os límpidos é tão cara. Se a tua justiça desagrada aos maus, muito mais desagradam a víbora e o caruncho, que criaste bons e adaptados à parte inferior da tua criação, com a qual também os maus se assemelham, tanto mais quanto mais diferem de ti, assim como os justos se assemelham às partes superiores do mundo na medida em que se assemelham a ti.
Indaguei o que era a iniquidade, e não achei substância, mas a perversão de uma vontade que se afasta da suprema substância, de ti, meu Deus – e se inclina para as coisas baixas, e que derrama as suas entranhas, e se intumesce exteriormente.

CAPÍTULO XVII

Caminho para Deus

Admirava-me de já te amar, e não a um fantasma em teu lugar, mas não era estável no gozo de meu Deus. Era arrebatado a ti pela tua beleza, e logo afastado de ti pelo meu peso, que me precipitava sobre a terra a gemer. O meu peso eram os hábitos carnais. Mas a tua lembrança me acompanhava.
Nem absolutamente duvidava da existência de um ser a quem eu devia unir-me, embora não estivesse apto para esta união, porque o corpo, que se corrompe, sobrecarrega a alma, e a morada terrena oprime o espírito carregado de cuidados.
Estava certíssimo de que as tuas belezas invisíveis se descobrem à inteligência desde a criação do universo, por meio das tuas obras, bem como do teu poder eterno e da tua divindade.
Buscava saber de onde me vinha a minha faculdade de apreciar a beleza dos corpos – quer celestes, quer terrenos – e o que me permitia julgar rápida e cabalmente das coisas mutáveis quando dizia: “Isto deve ser assim, aquilo não deve ser assim”.

Procurando a origem de minha faculdade de julgar quando assim julgava, achei a eternidade imutável e verdadeira, acima do meu espírito mutável.
E, gradualmente, fui subindo dos corpos para a alma, que sente por meio do corpo, e dela à sua força interior, à qual os sentidos comunicam as coisas exteriores, que é o limite alcançado pelos animais.

Daqui passei para o poder do raciocínio, ao qual cabe julgar as percepções dos sentidos corporais, por sua vez, julgando-se sujeito a mudanças, levantou-se até a sua própria inteligência, e afastou o pensamento das suas cogitações habituais. Livrou-se da multidão de fantasmas contraditórios, para descobrir que luz a inundava quando, sem nenhuma dúvida, afirmava que o imutável deve ser preferido ao mutável, e também de onde lhe vinha o conhecimento do próprio imutável, porque, se não tivesse dele alguma noção, nunca o preferiria ao mutável com tanta certeza. E, finalmente, chegou àquele que é um único lampejo.

Foi então que as tuas perfeições invisíveis se manifestaram à minha inteligência por meio das tuas obras. Mas não pude fixar nelas o meu olhar, a minha fraqueza se recobrou, e voltei aos meus hábitos, não levando comigo senão uma lembrança amorosa e, por assim dizer, o desejo do perfume do alimento saboroso que eu ainda não podia comer.

CAPÍTULO XVIII

A senda da humildade

Buscava um meio que me desse força necessária para gozar de ti, e não a encontrei enquanto não me abracei ao Mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus, que está sobre todas as coisas, Deus bendito por todos os séculos, que chama e diz:

Eu sou o caminho, a verdade e a vida.

Ele une o alimento à carne (alimento que eu não tinha forças para tomar), porque o Verbo se fez carne, para que a tua Sabedoria, pela qual criaste todas as coisas, fosse o leite de nossa infância.

Não tendo humildade, eu não possuía Jesus, o Deus da humildade, e não atinava o que nos poderia ensinar a sua fraqueza. Porque o teu Verbo, verdade eterna, dominando as criaturas mais sublimes da tua criação, levanta a si as que se lhe sujeitam e, nas partes inferiores, construiu para si, com o nosso lodo, uma humilde morada. Assim faz para humilhar e arrancar de si mesmos aqueles que deseja sujeitar e atrair, curando-lhes a soberba e alimentando-lhes o amor, para que, confiando em si, não se afastem para mais longe.
Pelo contrário, que se humilhem, vendo a seus pés a humildade de um Deus que também se vestiu com a nossa túnica de carne, e cansados, se prostrem diante dela para que, ao levantar-se, os exalte.

CAPÍTULO XIX

A doutrina do verbo

Mas eu então julgava de outro modo.
Considerava o meu Senhor Jesus Cristo apenas um homem de extraordinária sabedoria, a quem ninguém poderia igualar.
Sobretudo o seu miraculoso nascimento de uma virgem, que nos ensina a desprezar os bens temporais para adquirir a imortalidade.
Parecia-me ter merecido, por decreto da Providência divina, uma soberana autoridade para ensinar os homens.
Mas nem suspeitava o mistério que se encerra nestas palavras:

o Verbo se fez carne.

Somente conhecia, pelas coisas que dele nos deixaram escritas, que comeu, bebeu, dormiu, passeou, que se alegrou, se entristeceu e pregou, e que essa carne não se juntou ao teu Verbo senão com alma e inteligência humanas.
Tudo isso sabe quem conhece a imutabilidade do teu Verbo, que eu já conhecia quanto me era possível, sem que disso nada duvidasse.
Com efeito, mover os membros do corpo à vontade, ou não movê-los, estar dominado por algum afecto ou não o estar, traduzir por palavras sábios pensamentos e depois calar, são caracteres próprios da mutabilidade da alma e da inteligência. Se esses testemunhos das Escrituras fossem falsos, tudo o mais correria o risco de ser mentira, e o género humano não teria mais nesses livros a fé, condição de salvação. Mas como são verdadeiras as coisas nela escritas, eu reconhecia em Cristo um homem completo, não somente o corpo de um homem, ou um corpo sem uma alma inteligente, mas um homem real, que eu julgava superior a todos os outros não por ser a personificação da verdade, mas em razão da singular excelência da sua natureza humana, e de uma mais perfeita participação na sabedoria.

Alípio porém pensava que os católicos, crendo num Deus revestido de carne, entendiam que em Cristo, além de Deus e da carne, não havia alma humana, e não julgava que lhe atribuíssem inteligência humana. E como estava bem persuadido de que os actos atribuídos tradicionalmente a Cristo não podiam ser senão obras de uma criatura cheia de vida e de inteligência, Alípio aproximava-se com certa relutância da fé cristã. Mas depois, ao saber que este erro era próprio dos hereges apolinaristas, aderiu alegremente à fé católica.

De minha parte, confesso que só aprendi mais tarde a diferença de interpretação das palavras “o Verbo se fez carne”, entre a verdade católica e o erro do Fotino (bispo de Sírmio, afirmava que o Verbo não havia sido Filho de Deus até se encarnar nas entranhas da Virgem Maria, negando toda união substancial entre a natureza humana e o Verbo divino).
A reprovação dos hereges põe às claras o pensamento da tua Igreja e o que esta considera como doutrina sã.
Convém pois que haja heresias, para que os fortes se distingam entre os fracos.

CAPÍTULO XX

Do platonismo às Escrituras

Depois de ter lido aqueles livros dos platónicos, induzido por eles a buscar a verdade incorpórea, começaram a tornarem-se patentes, por meio das tuas obras, as tuas perfeições visíveis.
Repelido para longe de ti, compreendi em que consistia essa verdade, que as trevas de minha alma me impediam de contemplar.
Estava certo da tua existência e de que és infinito, sem contudo te estenderes por espaços finitos ou infinitos, e de que és verdadeiramente aquele que é sempre idêntico a si mesmo, sem te mudares em outro, nem sofrer alteração alguma, quer parcialmente ou com algum movimento, quer de qualquer outro modo, e de que tudo o mais vem
de ti, pela única e irrefutável razão de que existe.
Tinha a certeza de todas estas verdades, mas achava-me ainda demasiado fraco para gozar de ti. Tagarelava muito, como se fora competente nisso, mas se não procurasse o caminho da verdade em Cristo, nosso Salvador, não seria perito, mas perituro. Já começava a querer parecer sábio, cheio do meu castigo, e não chorava, mas orgulhava-me com a ciência.

Onde estava aquela caridade erigida sobre o alicerce da humildade, que é Cristo Jesus?
Ou talvez me a ensinariam aqueles livros?

Creio que quiseste que com eles me encontrasse antes de meditar nas tuas Escrituras, para que fixassem em minha memória os afectos que nela experimentei. Depois, quando encontrasse nos teus livros a paz do coração, sarada com as tuas mãos as feridas de minha alma, pudesse discernir e perceber a diferença entre presunção e humildade, entre os que vêm para onde se deve ir, e não vêm por onde se vai, nem o caminho que conduz à pátria bem-aventurada, não só para contemplá-la, mas também para habitá-la.

Porém, se me tivesse instruído nas tuas sagradas letras, e na sua intimidade tivesse experimentado a doçura, para depois conhecer os livros dos platónicos, talvez eles me arrancassem dos sólidos fundamentos da piedade, ou, se eu tivesse persistido nos sentimentos salutares nelas hauridos, talvez julgasse que só por esses livros se poderia chegar ao mesmo proveito espiritual.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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