Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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16 «Eis que
Eu vos envio como ovelhas entre lobos. Sede, pois, prudentes como serpentes e
simples como pombas. 17 Acautelai-vos dos homens, porque vos farão
comparecer nos seus tribunais e vos açoitarão nas sinagogas. 18
Sereis levados por Minha causa à presença dos governadores e dos reis, para dar
testemunho diante deles e diante dos gentios. 19 Quando vos
entregarem, não cuideis como ou o que haveis de falar, porque naquela hora vos
será inspirado o que haveis de dizer. 20 Porque não sereis vós que
falais, mas o Espírito de vosso Pai é o que falará em vós. 21 O
irmão entregará à morte o seu irmão e o pai o seu filho; os filhos se
levantarão contra os pais e lhes darão a morte. 22 Vós, por causa do
Meu nome, sereis odiados por todos; aquele, porém, que perseverar até ao fim
será salvo. 23 Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra.
Em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que
venha o Filho do Homem. 24 «Não é o discípulo mais que o mestre, nem
o servo mais que o senhor. 25 Basta ao discípulo ser como o mestre e
ao servo como o senhor. Se eles chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais
aos seus familiares! 26 «Não os temais, pois, porque nada há
encoberto que não se venha a descobrir, nem oculto que não venha a saber-se. 27
O que Eu vos digo às escuras, dizei-o às claras e o que é dito ao ouvido,
pregai-o sobre os telhados. 28 «Não temais os que matam o corpo e
não podem matar a alma. Temei antes aquele que pode lançar a alma e o corpo na
Geena. 29 Porventura não se vendem dois passarinhos por uns tostões?
E, todavia, nem um só deles cairá no chão sem a permissão de vosso Pai. 30
Até os próprios cabelos da vossa cabeça estão todos contados. 31 Não
temais, pois: vós valeis mais que muitos passaritos. 32 «Todo
aquele, portanto, que Me confessar diante dos homens, também Eu o confessarei
diante do Meu Pai que está nos céus. 33 Porém, quem Me negar diante
dos homens, também Eu o negarei diante do Meu Pai, que está nos céus. 34
«Não julgueis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas a espada.
35 Porque vim separar “o filho do seu pai e a filha da sua mãe e a
nora da sua sogra. 36 E os inimigos do homem serão os seus próprios
familiares”. 37 Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é
digno de Mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim, não é digno de
Mim. 38 Quem não toma a sua cruz e Me segue, não é digno de Mim. 39
Quem se prende à sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por Meu amor,
acha-la-á. 40 «Quem vos recebe, a Mim recebe, e quem Me recebe,
recebe Aquele que Me enviou. 41 Quem recebe um profeta na qualidade
de profeta, receberá a recompensa do profeta; quem recebe um justo na qualidade
de justo, receberá a recompensa de justo. 42 E todo aquele que der
de beber um simples copo de água fresca a um destes pequeninos, por ele ser Meu
discípulo, na verdade vos digo que não perderá a sua recompensa».
CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO
LIVRO SÉTIMO
CAPÍTULO IX
Agostinho e
o neoplatonismo
Primeiramente, querendo tu mostrar-me como resistes aos soberbos e dás a
tua graça aos humildes, e com quanta misericórdia ensinaste aos homens o
caminho da humildade, por se ter feito carne teu Verbo, e ter habitado entre os
homens, me fizeste chegar às mãos por meio de um homem inchado de monstruoso
orgulho, alguns livros dos platónicos, traduzidos do grego para o latim.
Neles eu li – não com estas palavras, mas substancialmente o mesmo e
expresso com muitos e diversos argumentos – que “no princípio era o Verbo, e o
Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Este estava desde o princípio em
Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada foi feito do que foi
feito. O que foi feito é vida nele, e a vida era a luz dos homens. E a luz
brilha nas trevas, mas as trevas não a compreenderam. Diziam também que a alma
do homem, embora dê testemunho da luz, não é a luz, mas o Verbo, Deus, é a
verdadeira luz, que ilumina a todo homem que vem a este mundo. E que neste
mundo estava, e que o mundo é criatura sua, e que o mundo não o conheceu.
E que ele veio para a sua morada, e que os seus não o receberam, e que a
quantos o receberam deu o poder de se fazerem filhos de Deus, desde que
acreditem em seu nome, isto não o li nesses livros.
Também neles li que o Verbo, Deus, não nasceu da carne nem do sangue,
nem da vontade do varão, mas de Deus. Mas que o Verbo se fez carne, e habitou
entre nós, isso não o li naqueles livros.
Igualmente achei nesses livros, dito de diversos e múltiplos modos, que
o Filho, consubstancial ao Pai, não considerou usurpação ser igual a Deus,
porque o é por natureza. Não dizem porém que se aniquilou a si mesmo, tomando a
forma de escravo, que se fez semelhante aos homens, sendo julgado homem pelo
seu exterior, e que se humilhou, fazendo-se obediente até a morte, e morte de
cruz, pelo que Deus o ressuscitou entre os mortos, e lhe deu um nome acima de
todo nome, para que ao nome de Jesus se dobrem todos os joelhos no céu, na
terra e no inferno, e toda língua confesse que o Senhor Jesus está na glória de
Deus Pai.
Neles se diz também que antes e sobre todos os tempos, teu Filho único
permanece imutável, eterno consigo, e que de sua plenitude recebem as almas
para sua bem-aventurança e que, para serem sábias, são renovadas participando
da sabedoria que permanece em si mesma.
Mas não se encontra escrito ali que morreu, no tempo marcado, pelos
ímpios, e que não perdoaste a teu Filho único, mas que o entregaste por todos
nós. Porque escondeste estas coisas aos sábios e as revelastes aos humildes, a
fim de que os atribulados e sobrecarregados viessem a ele, para que os
reconfortasse, porque ele é manso e humilde de coração. Dirige os pequenos na
justiça e ensina aos mansos seu caminho, vendo nossa humildade e nosso trabalho,
e perdoando todos os nossos pecados.
Mas aqueles que, erguendo-se sobre uma doutrina, digamos, mais sublime,
não ouvem ao que lhes diz: Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração,
e encontrareis descanso para vossas almas. E ainda que conheçam a Deus, não o
glorificam como Deus, nem lhe dão graças, mas se desvanecem em seus
pensamentos, e seu coração insensato se obscurece, e dizendo que são sábios, se
tornam estultos.
E por isso lia também nesses livros que a glória de tua natureza incorruptível
havia sido transformada em ídolos e simulacros de todo tipo, à semelhança da
imagem do homem corruptível, das aves, dos quadrúpedes e serpentes. Isto é,
naquele alimento do Egito pelo qual
Esaú perdeu sua primogenitura. Israel, teu povo primogênito, voltando o
coração para o Egito, honrou em teu lugar a cabeça de um quadrúpede, curvando
tua imagem, isto é, a própria alma, diante da imagem de um bezerro comendo
feno.
É o que encontrei nesses livros, mas delas não me alimentei, porque agradou-te,
Senhor, tirar de Jacob o opróbrio de sua inferioridade, para que o maior
servisse ao menor, chamando os gentios para a tua herança.
Também eu vinha dentre os gentios para ti, e interessei-me pelo ouro
que, por tua vontade, teu povo trouxera do Egito, pois era teu onde quer que
estivesse. E disseste aos atenienses, por boca do teu Apóstolo, que em ti
vivemos, nos movemos e temos nosso ser, como alguns deles o disseram, e é deles
que vinham os livros que me ocupavam. Mas não me fixei nos ídolos dos egípcios,
aos quais sacrificavam, com teu ouro, os que mudaram a verdade de Deus em
mentira, adorando e servindo ante à criatura do que ao Criador.
CAPÍTULO X
A descoberta de Deus
Estimulado por estas leituras a voltar a mim mesmo, entrei, guiado por
ti, no profundo de meu coração, e o pude fazer porque te fizeste minha ajuda.
Entrei, e vi com os olhos da alma, acima desses mesmos olhos, acima da minha
inteligência, a luz imutável, não esta vulgar e visível a todos os olhos de
carne, nem outra do mesmo género, embora maior. Era muito mais clara e enchendo
com sua força todo o espaço. Não, não era esta luz, mas uma luz diferente de
todas estas.
Ela não estava sobre meu espírito como o azeite sobre a água, como o céu
sobre a terra, mas estava acima de mim porque me criou, eu lhe era inferior por
ter sido criado por ela. Quem conhece a verdade conhece a luz, e quem a
conhece, conhece a eternidade. O amor a conhece!
Ó eterna verdade, amor verdadeiro, amada eternidade!
Tu és meu Deus.
Por ti suspiro dia e noite.
Quando te conheci pela primeira vez, ergueste-me para me fazer ver que
havia algo para ser visto, mas que eu ainda era incapaz de ver. E deslumbraste
a fraqueza de minha vista com o fulgor do teu brilho, e eu estremeci de amor e
temor. Pareceu-me estar longe de ti numa região desconhecida, como se ouvira
tua voz do alto: “Sou o pão dos fortes, cresce, e comer-me-ás. Não me
transformarás em ti, como fazes com o alimento da tua carne, mas tu serás
mudado em mim”.
E conheci então que “castigaste o homem por causa de sua iniquidade”, e
“que secaste minha alma como uma teia de aranha”, e eu disse:
Porventura não existe a verdade, por não ser difusa pelos espaços
finitos e infinitos?
E tu me gritaste de longe:
Na verdade, Eu sou o que sou.
E eu ouvi como se ouve no coração, sem deixar motivo para dúvidas,
antes, mais facilmente duvidaria de minha vida que da existência da verdade,
que se manifesta à inteligência pelas coisas da criação.
CAPÍTULO XI
Deus e as criaturas
E contemplei as outras coisas que estão abaixo de ti, e vi que nem
existem absolutamente, e nem absolutamente deixam de existir. Certamente
existem, porque procedem de ti, mas não existem, pois, não são o que tu és,
porque só existe verdadeiramente o que permanece imutável.
Com isso, para mim é bom apegar-me a Deus, porque, se não permanecer
nele, tampouco poderei permanecer em mim. Ele, porém, permanecendo em si,
renova todas as coisas, e tu és o meu Senhor, porque não necessitas de meus
bens.
CAPÍTULO XII
O mal e o bem da criação
Também pode entender que são boas as coisas que se corrompem. Se fossem sumamente
boas, não poderiam corromper-se, como tampouco o poderiam se não fossem boas de
algum modo. Com efeito, se fossem sumamente boas, seriam incorruptíveis, e se
não tivessem nenhuma bondade, nada haveria nelas que se pudesse corromper.
Porque a corrupção é um mal, e não poderia ser nociva se não diminuísse o bem
real. Logo, ou a corrupção é inofensiva, o que é impossível, ou, o que é certo,
tudo o que se corrompe é privado de algum bem. E assim, se algo for privado de
todo o bem, deixará totalmente de existir. E se algo subsistisse sem já poder
ser corrompido, seria ainda melhor, porque permaneceria incorruptível.
E haverá maior absurdo do que afirmar que uma coisa se torna melhor pela
perda de todo o bem?
Logo, ser privado de todo o bem é o nada absoluto. De onde se segue que,
enquanto as coisas existem, elas são boas.
Portanto, tudo o que existe é bom, e o mal, cuja origem eu procurava,
não é uma substância, porque se o fosse seria um bem.
De facto, ou ele seria substância incorruptível, e portanto um grande
bem, ou seria uma substância corruptível, que se não se poderia corromper se
não fosse boa.
Vi pois, e foi para mim evidente, que tu eras o autor de todos os bens,
e que não há em absoluto substância alguma que não tenha sido criada por ti. E
como não as fizeste todas iguais, toas as coisas existem, porque cada uma por
si é boa, e todas juntas muito boas, porque nosso Deus fez todas as coisas
muito boas.
CAPÍTULO XIII
Os louvores da criação
E para ti, Senhor, não existe absolutamente o mal, e nem para universalidade
da tua criação, porque nada existe fora dela, capaz de romper ou de corromper a
ordem que tu lhe impuseste. Todavia, em algumas de suas partes, determinados
elementos não se harmonizam
com outros, e estes são considerados maus. Mas, como esses mesmos
elementos combinam com outros, são da mesma forma bons, e bons em si mesmos. E
mesmo esses elementos que não concordam entre si se harmonizam com a parte
inferior das criaturas que chamamos terra, com seu céu cheio de nuvens e de
ventos, como lhe é conveniente.
Longe de mim dizer: Oxalá não existissem estas coisas! – Embora,
considerando-as separadamente, eu as desejasse melhores, somente o facto de
existirem deveria bastar para eu te louvar porque o proclamam os dragões da
terra e todos os abismos, o fogo, o granizo, a neve, o vento da tempestade, que
executam tuas ordens, os montes e todas as colinas, as árvores frutíferas e
todos os cedros, as feras e todos os gados, os répteis e todas as aves, os reis
da terra e todos os povos, os príncipes e todos os juízes da terra, os jovens e
as virgens, os anciões e as crianças, todos louvam teu nome.
Mas como também do alto dos céus é louvado, que seja louvado o nosso
Deus, lá no alto por todos os teus anjos, todas as potestades, o sol e a lua,
todas as estrelas e a luz, os céus dos céus, e a águas que estão sobre os céus
glorificam teu nome, eu já não desejava nada melhor, porque, considerando o
todo, os elementos superiores me pareciam sem dúvida melhores que os inferiores,
mas um julgamento mais sadio me fazia considerar o todo melhor que os elementos
superiores tomados à parte.
(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)
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