09/06/2013

Leitura espiritual para 09 Jun



Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.


Evangelho: Mt 7, 12-29

12 «Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles; esta é a Lei e os Profetas. 13 «Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ele. 14 Que estreita é a porta, e que apertado o caminho que leva à Vida, e quão poucos são os que dão com ele! 15 «Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós vestidos de ovelhas, mas por dentro são lobos ferozes. 16 Pelos seus frutos os conhecereis. Porventura se colhem uvas dos espinhos, ou figos dos abrolhos? 17 Assim toda a árvore boa dá bons frutos, e toda a árvore má dá maus frutos. 18 Não pode uma árvore boa dar maus frutos, nem uma árvore má dar bons frutos. 19 Toda a árvore que não dá bons frutos será cortada e lançada ao fogo. 20 Vós os conhecereis, pois, pelos seus frutos. 21 «Nem todo o que Me diz: “Senhor, Senhor”, entrará no Reino dos Céus, mas só o que faz a vontade de Meu Pai que está nos céus. 22 Muitos Me dirão naquele dia: “Senhor, Senhor, não profetizámos nós em Teu nome, e em Teu nome expulsámos os demónios, e em Teu nome fizemos muitos milagres?”. 23 E então Eu lhes direi bem alto: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade”. 24 «Todo aquele, pois, que ouve estas Minhas palavras e as observa será semelhante ao homem prudente que edificou a sua casa sobre rocha. 25 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram e investiram os ventos contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava fundada sobre rocha. 26 Todo aquele que ouve estas Minhas palavras e não as pratica será semelhante a um homem insensato que edificou a sua casa sobre areia.27 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram e investiram os ventos contra aquela casa, e ela caiu, e foi grande a sua ruína». 28 Quando Jesus acabou estes discursos, estavam as multidões admiradas com a Sua doutrina, 29 porque os ensinava como quem tinha autoridade, e não como os seus escribas.


CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO QUINTO

CAPÍTULO XIII

Viagem a Milão, Santo Ambrósio

Por isso, quando da cidade de Milão escreveram ao prefeito de Roma pedindo para lá um professor de retórica, com viagem paga pelo Estado, eu mesmo solicitei esse emprego por intermédio dos mesmos amigos, ébrios com as vaidades dos maniqueus, dos quais me ia separar.
Tanto eles como eu, porém, o ignorávamos. Símaco, então prefeito da cidade, propôs-me o tema de um discurso, e sendo eu aprovado, mandou-me para Milão.
Chegado a Milão, visitei o bispo Ambrósio, famoso na terra pelas suas qualidades, teu piedoso servo, cuja eloquência distribuía zelosamente entre o teu povo a flor do teu trigo, a alegria do azeite e a sóbria embriaguez do teu vinho.
A ele era eu conduzido por ti sem o saber, a fim de que ele me conduzisse a ti conscientemente.

Esse homem de Deus recebeu-me paternalmente, e interessou-se muito pela minha viagem, como bispo.
Comecei a amá-lo, a princípio, não como mestre da verdade, que eu desesperava de achar na tua Igreja, mas pela sua amabilidade para comigo. Ouvia-o atentamente quando pregava ao povo, não com espírito adequado, mas como se quisesse sondar a sua eloquência, para ver se correspondia à sua fama, ou se era maior ou menor que a que se dizia, ficava suspenso das suas palavras, mas indiferente ao conteúdo, coisa que eu até desprezava.
Deleitava-me com a suavidade dos sermões, os quais, embora mais eruditos que os de Fausto, eram contudo, menos alegres e envolventes no estilo.
Quanto à substância de tais sermões não havia comparação, pois Fausto perdia-se por entre as fábulas dos maniqueus, e Ambrósio ensinava claramente a mais sã doutrina da salvação.

Mas a salvação anda longe dos pecadores, tal como eu era então. Todavia, insensivelmente e sem o saber, ia-me aproximando dela.

CAPÍTULO XIV

Catecúmeno

Não cuidava eu de aprender o que dizia, interessado apenas em como o dizia – era este gosto frívolo o único que ainda permanecia em mim, perdidas já as esperanças de que se abrisse para o homem o caminho para ti. Todavia, infiltravam-se no meu espírito, juntamente com as palavras que me agradavam, as coisas que desprezava.

Já não me era possível discernir umas das outras, e assim, ao abrir o meu coração à sua eloquência, nele entrava ao mesmo tempo e aos poucos, a verdade.
Parece-me, de bom início, que os seus ensinamentos podiam ser defendidos e que as afirmações de fé católica – que eu julgava impotente contra os ataques dos maniqueus – não eram absolutamente temerárias, principalmente depois de me serem explicados uma, duas ou mais vezes, as passagens obscuras do Velho Testamento que, interpretadas no sentido literal, me davam a morte.
Assim, interpretados no sentido espiritual muitos dos textos daqueles livros, comecei a repreender aquele meu desespero, que me levava a crer na impossibilidade de resistir aos que aborreciam e zombavam da lei e dos profetas.
Contudo, não me julgava na obrigação de seguir o caminho dos católicos, só porque também esta fé podia ter defensores doutos, capazes de refutar objecções com eloquência e lógica.
Nem por isso me parecia que devia condenar a fé que antes abraçara, pois as armas de defesa eram iguais. Assim, de um lado a fé católica não me parecia vencida, contudo ainda não me parecia vencedora.

Apliquei então todas as forças de meu espírito para ver se podia de algum modo, com argumentos decisivos, convencer de falsidade os maniqueus.
A verdade é que se eu então tivesse podido conceber uma substância espiritual, imediatamente todas as invenções daqueles se desvaeceriam e seriam arrancadas de minha alma. Mas não podia.
Contudo, refletindo e comparando sempre mais o que os filósofos haviam teorizado acerca do mundo material e de toda a natureza sensível, cada vez mais me capacitava de que eram muito mais prováveis as doutrinas destes que as dos maniqueus. Por isso, duvidando de tudo e flutuando por entre as doutrinas, à maneira dos académicos, como os julga a opinião geral, resolvi abandonar os maniqueus, julgando que enquanto tivesse em dúvida não devia permanecer numa seita à qual eu já antepunha alguns filósofos.

Recusava-me, contudo, terminantemente, a confiar-lhes a cura das enfermidades da minha alma, por lhes ser desconhecido o nome salutar de Cristo.
Por isso tudo, resolvi tornar-me catecúmeno na Igreja Católica, que me havia sido recomendada por meus pais, até que alguma claridade certa viesse dirigir meus passos.

LIVRO SEXTO

CAPÍTULO I

Esperanças

Ó minha esperança desde a minha juventude! Onde estavas, ou para que lugar te havias retirado?
Acaso não foste tu quem me criou, diferenciando-me dos animais, fazendo-me mais sábio que as aves do céu?

Mas eu caminhava por trevas e resvaladouros, e te buscava fora de mim, e não encontrava o Deus de meu coração, caí nas profundezas do mar.
Eu perdera a confiança e desesperava de encontrar a verdade.

Minha mãe já viera a meu encontro, forte em sua piedade, seguindo-me por mar e por terra, confiando em ti em todos os perigos. Até na travessia do mar proceloso ela encorajava os marinheiros – os que costumam animar os navegadores inexperientes quando se perturbam – garantia-lhes que chegariam a salvo ao fim da viagem, porque assim lho tínheis prometido em visão.
Encontrou-me em grave perigo, já sem esperança de buscar a verdade. Contudo, quando lhe disse que já não era maniqueísta, sem ser ainda católico, não pulou de alegria, como quem ouve algo inesperado, pois já estava segura sobre aquele ponto da minha miséria, que a fazia chorar por mim como por um morto que haveria de ressuscitar.

Oferecia-me continuamente a ti em pensamento, como sobre um esquife, para que dissesses ao filho da viúva: Jovem, eu te digo: levanta-te, e seu filho revivesse, e voltasse a falar, e o entregasses à sua mãe.
Nem se abalou o seu coração com alegria exagerada ao ouvir quanto já se havia cumprido daquilo que com tantas lágrimas te suplicava todos os dias.
Viu-me, senão na posse da verdade, já afastado do erro. E como estava certa de que me concederias o que faltava – pois lhe havias prometido a graça total – respondeu-me, com muita calma e com o coração cheio de confiança, que esperava em Cristo que, antes de sair desta vida, me havia de ver católico fiel.

Foi o que me disse.
Mas diante de ti, ó fonte das misericórdias, redobrava as súplicas e lágrimas, para que apressasses teu auxílio e aclarasses minhas as trevas. Ia com maior solicitude à igreja para ficar suspensa dos lábios de Ambrósio, como da fonte de água viva que jorra para a vida eterna. A minha mãe amava este varão como a um anjo de Deus, pois sabia que fora ele quem me fizera mergulhar naquela dúvida, pela qual antevia, segura, que eu haveria de passar da enfermidade para a saúde, depois de um perigo mais grave, que os médicos chamam de crítico.

CAPÍTULO II

Obediência de Mónica

Assim, um dia, como costumava na África, levou papas, pão e vinho puro à sepultura dos mártires, mas o porteiro não quis permitir as suas ofertas.
Quando soube que essa proibição vinha do bispo, resignou-se tão piedosamente e obedientemente, que eu mesmo me admirei de quão facilmente passasse a condenar o hábito, e não a criticar a proibição de Ambrósio.
É que o seu espírito não era dominado pela embriaguez, nem o amor do vinho a incitava ao ódio da verdade, como acontece a muitos homens e mulheres, que ao ouvir o cântico da sobriedade, sentem a mesma repulsa que os ébrios diante de um copo de água.
Mas ela, ao trazer as cestas com as oferendas usuais para serem provadas e repartidas, não bebia mais que um pequeno copo de vinho, temperado segundo o seu paladar bastante sóbrio e condizente com sua dignidade. E se eram muitos os sepulcros que devia honrar desse modo, levava sempre o mesmo copo, usando-o para todos, de modo que o vinho não só estava muito aguado, mas até quente.
Dividia-o em pequenos tragos com as pessoas presentes, porque buscava a piedade, e não o prazer.
Tão logo porém soube que o ilustre pregador e mestre a verdade proibira tal costume – mesmo para os que o praticavam sobriamente, para não dar aos ébrios azo de se embriagarem, e porque essa espécie de parentales (festas pagãs que se celebravam de 13 a 21 de Fevereiro consagradas especialmente aos deuses lares) era muito semelhante à superstição dos pagãos – ela se absteve de muito boa vontade.
No lugar da cesta cheia de frutos da terra, aprendeu a levar ao túmulo dos mártires um coração cheio de puros desejos, dando o que podia aos pobres.
Celebrava assim a comunhão com o corpo do Senhor, cuja paixão serviu de modelo aos mártires em seu sacrifício e coroação.

Mas, parece-me, meu Senhor e meu Deus – e assim o crê meu coração na tua presença – que minha mãe não teria abdicado tão facilmente desse costume – que todavia era necessário cortar – se outro a quem não amasse tanto como a Ambrósio o tivesse proibido.
De facto, ela estimava-o muito por ter-me salvo, e ele tinha-a em grande estima pela religiosidade e solicitude com que frequentava a igreja, na prática das boas obras. Por isso, muitas vezes quando me encontrava com ele, irrompia em louvores à minha mãe, e me felicitava por ser seu filho.

Ignorava o filho que ela tinha em mim, filho que duvidava de tudo, e julgava impossível achar o caminho da vida.

CAPÍTULO III

Primeiras conquistas

Na oração, eu ainda não implorava o teu socorro, mas o meu espírito achava-se ocupado em investigar e inquieto por discutir. Considerava o próprio Ambrósio como homem feliz aos olhos do mundo, vendo-o tão honrado pelas mais altas autoridades.
Somente o seu celibato me parecia difícil.
Mas eu não podia aquilatar, por nunca as ter experimentado, as esperanças que o animavam, nem a luta que tinha de travar contra as tentações da sua alta posição, nem conhecia os consolos na adversidade, nem os saborosos deleites do interior do seu coração quando
ruminava o teu alimento.
Ele, por sua vez, desconhecia a minha inquietação e o abismo em que
estava para cair, porque não lhe podia perguntar, como desejava, o que queria.

Uma multidão de homens de negócios, a quem ele acudia nas dificuldades, impedia-me de o ouvir ou de lhe falar.
No bem pouco tempo que lhe deixavam livre, dedicava-se a reparar as forças do corpo com o alimento necessário, ou as do espírito, com a leitura. Quando lia, seus olhos percorriam as páginas e seu espírito penetrava-lhes o sentido, mas a sua voz e a sua língua repousavam.
Muitas vezes, estando eu presente – pois ninguém estava proibido de entrar, nem era costume anunciar quem se apresentava – vi-o ler em silêncio, e nunca de outra maneira. E ali ficava eu por muito tempo calado – pois, quem se atreveria molestar um homem tão atento? – e
por fim me afastava.
Conjeturava eu que nos curtos momentos que encontrava para repousar o espírito, livre do tumulto dos negócios alheios, não queria que o ocupassem com outra coisa.

Lia em silêncio (era comum naqueles tempos ler em voz alta, tanto pela dificuldade dos textos como pela escassez dos livros, muitas vezes lidos em comum), talvez para evitar que algum ouvinte, suspenso e atento à leitura, encontrando alguma passagem obscura, pedisse explicações, ou o obrigasse a dissertar sobre questões difíceis. Gastaria o tempo em tais coisas, e impedido de ler todos os livros que desejava, embora fosse mais provável que lesse em silêncio para poupar a voz, que facilmente lhe enrouquecia.
Em todo caso, qualquer que fosse a sua intenção, só poderia ser boa num homem como ele.
O certo é que não se apresentava nenhum ensejo para interrogar a teu santo-oráculo que habitava no seu coração sobre o que desejava, excepto quando lhe ouvia uma breve resposta, e as minhas inquietudes pediam muito tempo e vagar para consultá-lo, o que nunca encontrava.

Ouvia-o, é certo, explicar perfeitamente ao povo a palavra da verdade todos os domingos, persuadindo-me sempre mais de que podiam ser desatados todos os nós das calúnias sagazes que aqueles que me enganavam teciam contra os livros sagrados.
Logo verifiquei que vossos filhos espirituais, a quem regeneraste no sei da santo mãe, a Igreja, não interpretavam aquelas palavras: “Fizeste o homem à sua imagem” – de modo a acreditar que estavas encerrado na forma do corpo humano. E embora eu então não soubesse, nem sequer suspeitasse de longe o que fosse substância espiritual – alegrei-me com isso, envergonhando-me por ter ladrado durante tantos anos, não contra a fé católica, mas contra invenções de minha inteligência carnal.
Tinha sido ímpio e temerário por criticar uma doutrina que eu deveria ter antes procurado conhecer. Mas tu – que estás ao mesmo tempo tão alto e tão perto de nós, tão escondido e tão presente, tu que não tens membros maiores nem menores, que estás inteiro em toda parte sem estar todo em nenhum lugar, certamente não tens nossa forma corpórea. Contudo, fizeste o homem à tua imagem, e eis que ele, da cabeça aos pés, é limitado pelo espaço.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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