
Questão 32: Da causa do prazer
Art. 4 ― Se a tristeza é causa do prazer.
O quarto discute-se assim. ― Parece que a tristeza não é causa do prazer.
1. ― Pois, um contrário não é causa de outro. Ora, a tristeza contraria o prazer. Logo, não é causa deste.
2.
Demais. ― Os efeitos dos contrários são contrários. Ora, a lembrança das coisas
deleitáveis é causa de prazer. Logo, a das coisas tristes é causa da dor e não,
do prazer.
3.
Demais. ― A tristeza está para o prazer como o ódio para o amor. Ora, o ódio
não é causa do amor, antes pelo contrário, como foi dito 1. Logo, a
tristeza não é causa do prazer,
Mas,
em contrário, diz a Escritura (Sl 41, 4): As minhas lágrimas foram o
meu pão de dia e de noite. Ora, por pão entende-se o alimento do prazer. Logo,
as lágrimas oriundas da tristeza podem ser deleitáveis.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. ― Acidentalmente um contrário pode ser causa de
outro, assim o frio às vezes aquece, como diz Aristóteles 4. Semelhantemente,
a tristeza é causa acidental do prazer, enquanto, por ela, se dá a apreensão de
algum objecto deleitável.
RESPOSTA
À SEGUNDA. ― A lembrança das coisas tristes, enquanto tristes e contrárias às
deleitáveis, não causam prazer, senão enquanto o homem se sente liberto delas.
E semelhantemente, a lembrança de coisas agradáveis perdidas pode causar a
tristeza.
RESPOSTA
À TERCEIRA. ― O ódio pode por acidente ser causa do amor, assim, quando amamos
os que connosco odeiam um mesmo objecto.
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama.
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Notas:
1.
Q. 29, a. 2.
2.
XXII De civ. Dei (Gregorius Moral., lib. IV, cap. XXXVI).
3. VIII Confess., cap. III.
4. VIII Physic., lect. II.
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