Questão 28: Dos efeitos do
amor.
Art. 6 ― Se o amante faz
tudo por amor.
(III Sent., dist. XXVII, q. 1,
a . 1).
O
sexto discute-se assim. ― Parece que o amante não faz tudo por amor.
1. ― Pois, o amor é uma paixão, como dissemos 1. Mas, nem tudo o que faz o homem o faz por paixão, mas certas coisas, por eleição e certas, por ignorância, como diz Aristóteles 2. Logo, o homem nem tudo faz por amor.
2.
Demais. ― O apetite é princípio de movimento e da acção em todos os animais,
como diz Aristóteles 3. Se pois tudo fazemos por amor, serão
supérfluas as outras paixões da parte apetitiva.
3.
Demais. ― Nada é causado simultaneamente por causas contrárias. Ora, certos
atos são praticados por ódio. Logo, nem tudo é feito por amor.
Mas,
em contrário, diz Dionísio, que tudo o feito por amor o é 4.
Todo agente age em vista de um fim, como já dissemos 5. Ora, o fim é o bem de
cada um desejado e amado. Donde, é manifesto que todo e qualquer agente pratica
todas suas ações por amor.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. ― A objecção colhe relativamente ao amor,
paixão do apetite sensitivo, e nós nos referimos agora ao amor na sua acepção
comum, enquanto compreende em si o amor intelectual, o racional, o animal e o
natural. E é nesse sentido que Dionísio fala do amor.
RESPOSTA
À SEGUNDA. ― O amor causa, como já dissemos 6 o desejo, a tristeza,
o prazer e, por consequência, todas as outras paixões. Donde, todo acto
procedente de qualquer paixão procede também do amor, como da causa primeira,
logo, não são supérfluas as demais paixões, como causas próximas.
RESPOSTA
À TERCEIRA. ― Também o ódio é causado pelo amor, como a seguir se dirá 7.
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama.
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Notas:
1. Q. 26, a. 2.
2. III Ethic., lect. XIII.
3.
III De anima, lect. XV.
4.
IV De div. nom., lect. IX.
5.
Q. 1, a. 2.
6.
Q. 27, a. 4.
7.
Q. 29, a. 2.
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