A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
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Evangelho: Jo 13, 18-38
18 «Não falo de todos vós;
sei os que escolhi; porém, é necessário que se cumpra o que diz a Escritura: “O
que come o pão comigo levantará o seu calcanhar contra mim”. 19 Desde agora
vo-lo digo, antes que suceda, para que, quando suceder, acrediteis que “Eu
sou”. 20 Em verdade, em verdade vos digo que, quem recebe aquele que Eu enviar,
a Mim recebe, e quem Me recebe, recebe Aquele que Me enviou». 21 Tendo Jesus
dito estas coisas, perturbou-Se em Seu espírito e declarou abertamente: «Em
verdade, em verdade vos digo que um de vós Me há-de entregar». 22 Olhavam,
pois, os discípulos uns para os outros, não sabendo de quem falava. 23 Ora um
dos Seus discípulos, aquele que Jesus amava, estava recostado sobre o peito de
Jesus. 24 A este, Simão Pedro fez sinal, para lhe dizer: «De quem fala Ele?». 25
Aquele discípulo, pois, tendo-se reclinado sobre o peito de Jesus, disse-Lhe:
«Quem é, Senhor?».26 Jesus respondeu: «É aquele a quem Eu der o bocado que vou
molhar». Molhando, pois, o bocado, deu-o a Judas Iscariotes, filho de Simão. 27
Atrás do bocado, Satanás entrou nele. Jesus disse-lhe então: «O que tens a
fazer, fá-lo depressa». 28 Nenhum, porém, dos que estavam à mesa percebeu por
que lhe dizia isto. 29 Alguns, como Judas era o que tinha a bolsa, julgavam que
Jesus lhe dissera: «Compra as coisas que nos são precisas para o dia da festa»,
ou: «Dá alguma coisa aos pobres». 30 Ele, pois, tendo recebido o bocado, saiu
imediatamente; era noite. 31 Depois que ele saiu, Jesus disse: «Agora é
glorificado o Filho do Homem, e Deus é glorificado n'Ele. 32 Se Deus foi
glorificado n'Ele, também Deus O glorificará em Si mesmo; e glorificá-l'O-á sem
demora. 33 Filhinhos, já pouco tempo estou convosco. Buscar-Me-eis, mas, assim
como disse aos judeus: Para onde Eu vou, vós não podeis vir, também vos digo
agora. 34 «Dou-vos um mandamento novo: Que vos ameis uns aos outros. Assim como
Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. 35 Nisto conhecerão todos que sois
Meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros». 36 Simão Pedro disse-Lhe:
«Senhor, para onde vais?». Jesus respondeu-lhe: «Para onde Eu vou, não podes tu
agora seguir-Me, mas seguir-Me-ás mais tarde». 37 Pedro disse-lhe: «Porque não
posso eu seguir-Te agora? Darei a minha vida por Ti». 38 Jesus respondeu-lhe:
«Darás a tua vida por Mim? Em verdade, em verdade te digo: Não cantará o galo
sem que Me tenhas negado três vezes.
O
Opus Dei: uma instituição que promove a busca da santidade no mundo
58
O Opus Dei ocupa um papel
de primeiro plano no processo moderno de evolução do laicado; por isso
gostaríamos de lhe perguntar, antes de mais nada, quais são, na sua opinião, as
características mais notáveis deste processo.
Sempre
pensei que a característica fundamental do processo de evolução do laicado é a
consciencialização da dignidade da vocação cristã. A chamada de Deus, o
carácter baptismal e a graça, fazem com que cada cristão possa e deva encarnar
plenamente a fé. Cada cristão deve ser alter Christus, ipse Christus, presente
entre os homens. O Santo Padre disse-o de maneira inequívoca: “É necessário
voltar a dar toda a importância ao facto de ter recebido o sagrado baptismo,
quer dizer, de ter sido enxertado, mediante esse sacramento, no Corpo Místico
de Cristo, que é a Igreja. (...) Ser cristão, ter recebido o baptismo, não deve
ser considerado como coisa indiferente e sem valor, antes deve marcar profunda
e ditosamente a consciência de todos os baptizados” (Encíclica Ecclesiam
Suam, parte 1).
59
Isto
traz consigo uma visão mais profunda da Igreja, como comunidade formada por
todos os fiéis, de modo que todos somos solidários duma mesma missão, que cada
um deve realizar segundo as suas circunstâncias pessoais. Os leigos, graças aos
impulsos do Espírito Santo, são cada vez mais conscientes de serem Igreja, de
possuírem uma missão específica, sublime e necessária, uma vez que foi querida
por Deus. E sabem que essa missão depende da sua própria condição de cristãos,
não necessariamente de um mandato da Hierarquia, embora seja evidente que
deverão realizá-la em união com a Hierarquia eclesiástica e segundo os
ensinamentos do Magistério: sem união com o Corpo episcopal e com a sua cabeça,
o Romano Pontífice, não pode haver, para um católico, união com Cristo.
O
modo de os leigos contribuírem para a santidade e para o apostolado da Igreja
consiste na acção livre e responsável no seio das estruturas temporais, aí
levando o fermento da mensagem cristã. O testemunho de vida cristã, a palavra
que ilumina em nome de Deus e a acção responsável, para servir os outros,
contribuindo para a resolução de problemas comuns, são outras tantas
manifestações dessa presença através da qual o cristão corrente cumpre a sua
missão divina.
Há
muitos anos, desde a própria data da fundação do Opus Dei, que medito e tenho
feito meditar umas palavras de Cristo que nos relata S. João: et ego, si
exaltatus fuero a terra, omnia traham ad meipsum (Jo. 12, 32).
Cristo, morrendo na Cruz, atrai a Si a criação inteira, e, em seu nome, os
cristãos, trabalhando no meio do mundo, hão-de reconciliar todas as coisas com
Deus, colocando Cristo no cume de todas as actividades humanas.
Gostaria
de acrescentar que, juntamente com esta consciencialização dos leigos, se está
a produzir um desenvolvimento análogo da sensibilidade dos pastores: eles
reparam no que tem de específico a vocação laical, que deve ser promovida e
favorecida mediante uma pastoral que leve a descobrir no meio do Povo de Deus o
carisma da santidade e do apostolado, nas infinitas e diversíssimas formas nas
quais Deus o concede.
Esta
nova pastoral é muito exigente mas, em minha opinião, absolutamente necessária.
Requer o dom sobrenatural do discernimento de espíritos, a sensibilidade para
as coisas de Deus, a humildade de não impor as próprias preferências e de
servir o que Deus promove nas almas. Numa palavra: o amor à legítima liberdade
dos filhos de Deus, que encontram Cristo e são feitos portadores de Cristo,
percorrendo caminhos muito diversos entre si, mas todos igualmente divinos.
Um
dos maiores perigos que hoje ameaçam a Igreja poderia ser precisamente o de não
reconhecer essas exigências divinas da liberdade cristã e, deixando-se levar
por falsas razões de eficácia, pretender impor uma uniformidade aos cristãos.
Na raiz dessa atitude há algo não apenas legítimo, como, até, louvável: o
desejo de que a Igreja dê um testemunho tal, que comova o mundo moderno.
Todavia, receio bem que o caminho seja errado e leve, por um lado, a comprometer
a Hierarquia em questões temporais, caindo num clericalismo diferente mas tão
nefasto como o dos séculos passados; e, por outro, a isolar os leigos, os
cristãos correntes, do mundo em que vivem, para os converter em porta-vozes de
decisões ou ideias concebidas fora desse mundo.
Parece-me
que a nós, sacerdotes, se nos pede a humildade de aprender a não estar na moda,
de sermos realmente servos dos servos de Deus - lembrando-nos daquela
exclamação do Baptista: illum oportet crescere, me autem mínui (Jo. 3, 30),
convém que Cristo cresça e que eu diminua - para que os cristãos correntes, os
leigos, tornem Cristo presente em todos os ambientes da sociedade. A missão de
dar doutrina, de ajudar a penetrar nas exigências pessoais e sociais do
Evangelho, de levar a discernir os sinais dos tempos é e será sempre uma das
funções fundamentais do sacerdote. Mas todo o trabalho sacerdotal deve ser
realizado dentro do maior respeito pela legítima liberdade das consciências:
cada homem deve responder livremente a Deus. Quanto ao resto, todos os
católicos, além dessa ajuda do sacerdote, têm também luzes próprias que recebem
de Deus, graça de estado para levar a cabo a missão específica que, como homens
e como cristãos, receberam.
Quem
pensa que, para que a voz de Cristo se faça ouvir no mundo de hoje, é
necessário que o clero fale ou se faça sempre presente, ainda não compreendeu
bem a dignidade da vocação divina de todos e de cada um dos fiéis cristãos.
60
Nestas circunstâncias,
qual a função que o Opus Dei desempenhou e desempenha? Que relações de
colaboração mantêm os sócios com outras organizações que trabalham neste campo?
Não
me pertence a mim fazer um juízo histórico sobre o que, pela graça de Deus, o
Opus Dei tem feito. Devo apenas afirmar que a finalidade a que o Opus Dei
aspira é favorecer a procura da santidade e o exercício do apostolado por parte
dos cristãos que vivem no meio do mundo, qualquer que seja o seu estado ou
condição.
A
Obra nasceu para contribuir para que esses cristãos, inseridos no tecido da
sociedade civil - com a sua família, os seus amigos, o seu trabalho
profissional, as suas aspirações nobres - compreendam que a sua vida, tal como
é, pode ser ocasião de um encontro com Cristo: quer dizer, que é um caminho de
santidade e de apostolado. Cristo está presente em qualquer actividade humana
honesta: a vida de um cristão corrente - que talvez a alguns pareça vulgar e
mesquinha - pode e deve ser uma vida santa e santificante.
Por
outras palavras: para seguir Cristo, para servir a Igreja, para ajudar os
outros homens a reconhecerem o seu destino eterno, não é indispensável
abandonar o mundo ou afastar-se dele, nem sequer é preciso dedicar-se a uma
actividade eclesiástica; a condição necessária e suficiente é cumprir a missão
que Deus encomendou a cada um, no lugar e no ambiente queridos pela sua
Providência.
E
como a maior parte dos cristãos recebe de Deus a missão de santificar o mundo a
partir de dentro, permanecendo no meio das estruturas temporais, o Opus Dei
dedica-se a fazer-lhes descobrir essa missão divina, mostrando-lhes que a
vocação humana - a vocação profissional, familiar e social - não se opõe à
vocação sobrenatural: antes pelo contrário, forma parte integrante dela.
O
Opus Dei tem como missão específica e exclusiva a difusão desta mensagem - que
é uma mensagem evangélica - entre todas as pessoas que vivem e trabalham no
mundo, em qualquer ambiente ou profissão. E àqueles que entendem este ideal de
santidade a Obra proporciona os meios espirituais e a formação doutrinal,
ascética e apostólica, necessários para o realizar na própria vida.
Os
sócios do Opus Dei não actuam em grupo; actuam individualmente, com liberdade e
responsabilidade pessoais. Por isso, o Opus Dei não é uma organização fechada,
ou que de algum modo reúna os seus sócios para os isolar dos outros homens. As
actividades corporativas, que são as únicas que a Obra dirige, estão abertas a
toda a espécie de pessoas, sem discriminação de espécie alguma: nem social, nem
cultural, nem religiosa. E os sócios, precisamente porque devem santificar-se
no mundo, colaboram sempre com todas as pessoas com quem estão em relação pelo
seu trabalho e pela sua participação na vida cívica.
61
Faz
parte essencial do espírito cristão não só viver em união com a Hierarquia
ordinária - o Romano Pontífice e o Episcopado - como também sentir a unidade
com os outros irmãos na fé. Há muito tempo que penso que um dos maiores males
da Igreja nestes tempos é o desconhecimento que muitos católicos têm do que
fazem e pensam os católicos de outros países ou de outros ambientes sociais. É
necessário actualizar essa fraternidade que os primeiros cristãos viviam tão
profundamente. Assim nos sentiremos unidos, amando ao mesmo tempo a variedade
das vocações pessoais, evitando-se não poucos juízos injustos e ofensivos, que
determinados pequenos grupos propagam - em nome do catolicismo - contra os seus
irmãos na fé, que na realidade actuam rectamente e com sacrifício, dadas as
circunstâncias particulares do seu país.
É
importante que cada um procure ser fiel à sua vocação divina, de tal maneira
que não deixe de trazer à Igreja aquilo que leva consigo o carisma recebido de
Deus. O que é próprio dos sócios do Opus Dei - cristãos correntes - é
santificar o mundo a partir de dentro, participando nas mais diversas
actividades humanas. Como o facto de pertencerem à Obra não altera em nada a
sua posição no mundo, colaboram, da maneira adequada em cada caso, nas
celebrações religiosas colectivas, na vida paroquial, etc. Também neste sentido
são cidadãos correntes, que querem ser bons católicos.
Todavia,
os sócios do Opus Dei não se costumam dedicar, geralmente, a trabalhar em
actividades confessionais. Só em casos excepcionais, quando a Hierarquia
expressamente o pede, algum membro da Obra colabora em actividades eclesiásticas.
Nessa atitude não há qualquer desejo de se singularizar, e menos ainda de
desconsideração pelas actividades confessionais, mas tão somente a decisão de
se ocupar do que é próprio da vocação para o Opus Dei. Há já muitos religiosos
e clérigos, e também muitos leigos cheios de zelo, que levam para a frente
essas actividades, dedicando-lhes os seus melhores esforços.
O
que é próprio dos sócios da Obra, a tarefa a que se sabem chamados por Deus, é
outra. Dentro da chamada universal à santidade, o sócio do Opus Dei recebe,
além disso, uma chamada especial para se dedicar, livre e responsavelmente, a
procurar a santidade e a fazer o apostolado no meio do mundo, comprometendo-se
a viver um espírito específico e a receber, ao longo de toda a sua vida, uma
formação peculiar. Se descurassem o seu trabalho no mundo, para se ocuparem das
actividades eclesiásticas, tornariam ineficazes os dons divinos recebidos, e
pelo entusiasmo de uma eficácia pastoral imediata, causariam um real dano à
Igreja: porque não haveria tantos cristãos dedicados a santificarem-se em todas
as profissões e ofícios da sociedade civil, no campo imenso do trabalho
secular.
Além
disso, a exigente necessidade da contínua formação profissional e da formação
religiosa, juntamente com o tempo dedicado pessoalmente à piedade, à oração e
ao cumprimento sacrificado dos deveres de estado, consome toda a vida: não há
horas livres.
62
Sabemos que pertencem ao
Opus Dei homens e mulheres de todas as condições sociais, solteiros ou casados.
Qual é, pois, o elemento comum que caracteriza a vocação para a Obra? Que
compromissos assume cada sócio para realizar os fins do Opus Dei?
Vou
dizer-lho em poucas palavras: procurar a santidade no meio do mundo, no meio da
rua. Quem recebe de Deus a vocação específica para o Opus Dei sabe e vive que
deve alcançar a santidade no seu próprio estado, no exercício do seu trabalho,
manual ou intelectual. Disse sabe e vive, porque não se trata de aceitar um
simples postulado teórico, mas de o realizar dia a dia, na vida ordinária.
Querer
alcançar a santidade - apesar dos erros e das misérias pessoais, que durarão
enquanto vivermos - significa esforçar-se, com a graça de Deus, por viver a
caridade, plenitude da lei e vínculo da perfeição. A caridade não é algo de
abstracto; quer dizer entrega real e total ao serviço de Deus e de todos os
homens: desse Deus que nos fala no silêncio da oração e no rumor do mundo;
desses homens, cuja existência se cruza com a nossa.
Vivendo
a caridade - o Amor -, vivem-se todas as virtudes humanas e sobrenaturais do
cristão, que formam uma unidade e que não se podem reduzir a enumerações
exaustivas. A caridade exige que se viva a justiça, a solidariedade, a
responsabilidade familiar e social, a pobreza, a alegria, a castidade, a
amizade...
Vê-se
imediatamente que a prática destas virtudes conduz ao apostolado. Mais, é já
apostolado. Porque, ao procurar viver assim, no meio do trabalho diário, a
conduta cristã torna-se bom exemplo, testemunho, ajuda concreta e eficaz:
aprende-se a seguir as pisadas de Cristo, que coepit facere et docere (Act.
1, 1), que começou a fazer e a ensinar, unindo ao exemplo a palavra. Por
isso, chamei a este trabalho, há já quarenta anos, apostolado de amizade e
confidência.
Todos
os sócios do Opus Dei têm este mesmo afã de santidade e de apostolado. Por
isso, na Obra não há graus ou categorias de membros. O que há é uma
multiplicidade de situações pessoais - a situação que cada um tem no mundo - a
que se adapta a mesma e única vocação específica e divina: a chamada a
entregar-se, a empenhar-se pessoalmente, livremente e responsavelmente, no
cumprimento da vontade de Deus manifestada para cada um de nós.
Como
pode ver, o fenómeno pastoral do Opus Dei é algo que nasce de baixo, quer
dizer, da vida corrente do cristão que vive e trabalha junto dos outros homens.
Não está na linha de uma mundanização - dessacralização - da vida monástica ou
religiosa: não é o último estádio de aproximação dos religiosos ao mundo.
Aquele
que recebe a vocação para o Opus Dei adquire uma nova visão das coisas que tem
à sua volta: luzes novas nas suas relações sociais, na sua profissão, nas suas
preocupações, nas suas tristezas e nas suas alegrias; mas nem por um momento
deixa de viver no meio de tudo isso. E não se pode de modo algum falar de
adaptação ao mundo, ou à sociedade moderna: ninguém se adapta àquilo que tem
como próprio; naquilo que se tem como próprio está-se. A vocação recebida é
igual à que surgia na alma daqueles pescadores, camponeses, comerciantes ou
soldados que, sentados ao pé de Jesus Cristo na Galileia, O ouviam dizer: sede
perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito (Mt. 5, 48).
Repito
que esta perfeição - que os sócios do Opus Dei procuram - é a perfeição própria
do cristão, sem mais: quer dizer, aquela a que são chamados todos os cristãos e
que implica viver integralmente as exigências da fé. Não nos interessa a
perfeição evangélica, que se considera própria dos religiosos e de algumas
instituições assimiladas aos religiosos; e ainda menos nos interessa a chamada
vida de perfeição evangélica, que se refere canonicamente ao estado religioso.
O
caminho da vocação religiosa parece-me bendito e necessário na Igreja, e quem
não o estimasse não teria o espírito da Obra. Mas esse caminho não é o meu nem
o dos sócios do Opus Dei. Pode-se dizer que, ao virem ao Opus Dei, todos e cada
um dos seus sócios o fizeram com a condição explícita de não mudar de estado. A
nossa característica específica é santificar o próprio estado no mundo, e
procurar que cada um dos sócios se santifique no lugar do seu encontro com
Cristo: este é o compromisso que cada sócio assume para realizar os fins do
Opus Dei.
63
Como é organizado a Opus
Dei?
Se
a vocação para a Obra, como acabo de lhe dizer, encontra o homem ou a mulher na
sua vida normal, no meio do seu trabalho, compreenderá que o Opus Dei não
assente em comités, assembleias, encontros, etc. Algumas vezes, perante o
assombro de alguém, cheguei a dizer que o Opus Dei neste sentido é uma
organização desorganizada. A maioria dos sócios - a quase totalidade - vive por
sua conta, no lugar em que viveria se não fosse do Opus Dei: na sua casa, com a
sua família, no sítio em que tem o seu trabalho.
E
aí onde está, cada membro da Obra cumpre o fim do Opus Dei: procurar ser santo,
fazendo da sua vida um apostolado ordinário, corrente, miúdo se quiser, mas
perseverante e divinamente eficaz. Isto é o que importa: e para alimentar esta
vida de santidade e de apostolado cada um recebe do Opus Dei a necessária ajuda
espiritual, o conselho, a orientação. Mas apenas no terreno estritamente
espiritual. Em tudo o resto - no seu trabalho, nas suas relações sociais, etc.
-, cada um actua como deseja, sabendo que esse terreno não é neutro, mas sim
matéria santificante e santificável, e meio de apostolado.
Assim,
todos vivem a sua própria vida, com as consequentes relações e obrigações, e
dirigem-se à Obra para receberem ajuda espiritual. Isto exige uma certa
estrutura, mas sempre muito elementar: põem-se os meios oportunos para que seja
a estritamente indispensável. Organiza-se uma formação doutrinal-religiosa -
que dura toda a vida - e que conduz a uma piedade activa, sincera e autêntica,
e a um fervor que implica necessariamente a oração contínua do contemplativo e
a actividade apostólica pessoal e responsável, isenta de fanatismos de qualquer
espécie.
Todos
os sócios sabem, além disso, onde podem encontrar um sacerdote da Obra com quem
tratar as questões de consciência. Alguns sócios - muito poucos em comparação
com o total - para dirigirem uma actividade apostólica ou para atenderem à
assistência espiritual dos outros, vivem juntos, formando um lar corrente de
família cristã e continuam a trabalhar ao mesmo tempo na sua respectiva
profissão.
Existe,
em cada país, um governo sempre de carácter colegial, presidido por um
Conselheiro: e um governo central - constituído por profissionais de
nacionalidades muito diversas - com sede em Roma. O Opus Dei está estruturado
em duas secções, uma para varões e outra para mulheres, que são absolutamente
independentes, a ponto de constituírem duas associações distintas, unidas
apenas na pessoa do Presidente Geral. [2]
Espero
que tenha ficado claro o que quer dizer organização desorganizada: que se dá
primazia ao espírito sobre a organização, que a vida dos sócios não se
espartilha em directivas, planos ou reuniões. Cada um é livre, unido aos outras
por um comum espírito e um comum desejo de santidade e de apostolado, e procura
santificar a sua própria vida ordinária.
64
Tem-se falado por vezes do
Opus Dei como uma organização de aristocracia intelectual, que deseja penetrar
nos ambientes políticos, económicos e culturais de maior relevo, para os
controlar a partir de dentro, ainda que com fins bons. É verdade?
Quase
todas as instituições que trouxeram uma mensagem nova, ou que se esforçaram por
servir seriamente a humanidade vivendo plenamente o cristianismo, sofreram a
incompreensão, sobretudo nos começos. É isto que explica que, no princípio,
algumas pessoas não entendessem a doutrina sobre o apostolado dos leigos que o
Opus Dei vivia e proclamava.
Devo
dizer também - embora não goste de falar destas coisas - que no nosso caso não
faltou, além disso, uma campanha organizada e perseverante de calúnias. Houve
quem dissesse que trabalhávamos secretamente - isso talvez fosse o que eles
faziam -, que queríamos ocupar postos elevados, etc. Posso dizer-lhe,
concretamente, que esta campanha foi iniciada, há aproximadamente trinta anos,
por um religioso espanhol que depois deixou a sua ordem e a Igreja, contraiu
casamento civil e agora é pastor protestante.
A
calúnia, uma vez lançada, continua a viver por inércia durante algum tempo:
porque há quem escreva sem se informar, e porque nem todos são como os
jornalistas competentes, que não se consideram infalíveis e têm a nobreza de
rectificar quando verificam a verdade. E foi isso o que aconteceu, embora estas
calúnias estejam desmentidas por uma realidade que toda a gente tem podido
verificar; além de que logo à primeira vista são inacreditáveis. Basta dizer
que os falatórios a que se referiu, apenas respeitam à Espanha; e, para já,
pensar que uma instituição internacional como o Opus Dei gravita em torno dos
problemas de um só país, demonstra ter horizontes estreitos, ser vítima de
provincianismo.
Por
outro lado, a maioria dos sócios do Opus Dei - em Espanha e noutros países -
são donas de casa, operários, pequenos comerciantes, empregados de escritório,
camponeses, etc.; quer dizer, pessoas com funções sem especial peso político ou
social. Que haja um grande número de operários membros do Opus Dei não chama a
atenção; que haja um político, sim. Na realidade, para mim é tão importante a
vocação para o Opus Dei de um carregador como a de um dirigente de empresa. A
vocação é Deus que a dá, e nas obras de Deus não cabem discriminações, menos
ainda se estas forem demagógicas.
Quem,
ao ver os sócios do Opus Dei trabalhando nos mais diversos campos da actividade
humana, não pensa senão em pretensas influências e controlos, demonstra ter uma
pobre concepção da vida cristã. O Opus Dei não domina nem pretende dominar
nenhuma actividade temporal; quer apenas difundir uma mensagem evangélica: que
Deus pede que todos os homens, que vivem no mundo, O amem e O sirvam partindo
precisamente das suas actividades terrenas. Consequentemente, os sócios da
Obra, que são cristãos correntes, trabalham onde e como lhes parece oportuno: a
Obra só se ocupa de os ajudar espiritualmente, para que actuem sempre com
consciência cristã.
Mas
falemos concretamente do caso de Espanha. Os poucos sócios do Opus Dei que,
neste país, trabalham em postos de transcendência social ou intervêm na vida
pública, fazem-no - como em todas as outras nações - com liberdade e
responsabilidade pessoais, agindo cada um segundo a sua consciência. Isto
explica que na prática tenham adoptado posições diversas, e, em muitas
ocasiões, opostas.
65
Quero
fazer notar, além disso, que falar da presença de pessoas que pertencem ao Opus
Dei na política espanhola como se tal constituísse um fenómeno especial, é uma
deformação da realidade que se aproxima da calúnia. Porque os sócios do Opus
Dei que actuam na vida pública espanhola são uma minoria em comparação com o
total de católicos que intervêm activamente neste sector. Sendo católica a quase
totalidade da população espanhola, é estatisticamente lógico que sejam
católicos os que participam na vida política. Mais ainda, em todos os níveis da
administração pública espanhola - desde os ministros aos presidentes de câmara
- abundam os católicos provenientes das mais diversas associações de fiéis:
alguns ramos da Acção Católica, a Associação Católica Nacional de
Propagandistas, cujo primeiro presidente foi o Cardeal Herrera, as Congregações
Marianas, etc.
Não
quero alargar-me mais sobre este assunto, mas aproveito a ocasião para declarar
uma vez mais que o Opus Dei não está vinculado a nenhum país, a nenhum regime,
a nenhuma tendência política, a nenhuma ideologia. E que os seus sócios actuam
sempre, nas questões temporais, com plena liberdade, sabendo assumir as suas
próprias responsabilidades, e detestam todas as tentativas de se servir da
religião em benefício de posições políticas e de interesses de partido.
As
coisas simples são às vezes difíceis de explicar. Por isso me alonguei um pouco
ao responder à sua pergunta. Saiba-se, no entanto, que os falatórios que
comentávamos pertencem já ao passado. Essas calúnias estão há bastante tempo
totalmente desclassificadas: já ninguém acredita nelas. Nós, desde o primeiro
momento, agimos sempre à luz do dia - não havia motivo algum para agir de outra
maneira -, explicando com clareza a natureza e os fins do nosso apostolado, e
todos os que querem têm podido conhecer a realidade. De facto, são muitíssimas
as pessoas - católicos e não-católicos, cristãos e não-cristãos - que vêem com
carinho e estima o nosso trabalho e colaboram nele.
66
Por
outro lado, o progresso da história da Igreja levou a superar um certo
clericalismo, que tende a desfigurar tudo o que se refere aos leigos
atribuindo-lhes segundas intenções. Tornou-se mais fácil, agora, entender que o
que o Opus Dei vivia e proclamava era nem mais nem menos isto: a vocação divina
do cristão corrente, com um compromisso sobrenatural determinado.
Espero
que chegue o momento em que a frase os católicos penetram nos ambientes sociais
se deixe de dizer e que todos reparem que é uma expressão clerical. Seja como
for, não se aplica em nada ao apostolado do Opus Dei. Os sócios da Obra não têm
necessidade de penetrar nas estruturas temporais, pelo simples facto de que são
cidadãos correntes, iguais aos outros, e portanto já lá estavam.
Se
Deus chama ao Opus Dei uma pessoa que trabalha numa fábrica, ou num hospital,
ou no parlamento, quer dizer que, daí em diante, essa pessoa estará decidida a
pôr os meios para santificar, com a graça de Deus, essa profissão. Não é mais
do que uma consciencialização das exigências radicais da mensagem evangélica,
relativamente à vocação recebida.
Pensar
que essa consciencialização significa deixar a vida normal, é uma ideia legítima
apenas para os que recebem de Deus a vocação religiosa, com o seu contemptus
mundi, com o desprezo ou a desestima das coisas do mundo; mas querer fazer
deste abandono do mundo a essência ou o ponto culminante do cristianismo, é
evidentemente, uma monstruosidade.
Não
é, pois, o Opus Dei que introduz os seus sócios em determinados ambientes: já
lá estavam, repito, e não há razão para saírem. Além disso, as vocações para o
Opus Dei - que surgem da graça de Deus e desse apostolado de amizade e confidência,
de que falava antes - dão-se em todos os ambientes.
Talvez
essa mesma simplicidade da natureza e do modo de actuar do Opus Dei seja uma
dificuldade para os que estão cheios de complicações e parecem incapacitados
para compreender tudo o que é genuíno e recto.
Naturalmente,
sempre haverá quem não compreenda a essência do Opus Dei, e isso não nos causa
estranheza, porque já o Senhor preveniu os seus contra estas dificuldades,
comentando-lhes que non est discipulus super Magistrum (Mat. 10, 24),
o discípulo não é mais do que o Mestre. Ninguém pode pretender que todos o
apreciem, ainda que tenha direito a que todos o respeitem como pessoa e como
filho de Deus. Infelizmente, há fanáticos que querem impor totalitariamente as
suas ideias, e estas nunca poderão entender o amor que os sócios do Opus Dei
têm à liberdade pessoal dos outros e depois à sua própria liberdade pessoal,
sempre com responsabilidade pessoal também.
Lembro-me
de um facto particularmente expressivo. Em certa cidade, de que não seria delicado
dizer o nome, a Câmara deliberava sobre a oportunidade de conceder uma ajuda
económica a uma instituição educativa dirigida por sócios do Opus Dei, que,
como todas as obras corporativas que a Obra leva a cabo, tem uma clara função
de utilidade social. A maioria dos vereadores era favorável a essa ajuda.
Explicando as razões dessa posição, um deles, socialista, comentava que tinha
conhecido pessoalmente a actividade que se fazia nesse centro: “É uma
actividade - disse - que se caracteriza por que aqueles que a dirigem são muito
amigos da liberdade pessoal: nessa residência vivem estudantes de todas as
religiões e de todas as ideologias”. Os vereadores comunistas votaram contra.
Um deles, explicando o seu voto negativo, disse ao socialista: “Opus-me porque,
se as coisas são assim, essa residência constitui uma eficaz propaganda do
catolicismo”.
Quem
não respeita a liberdade dos outros ou deseja opor-se à Igreja, não pode
apreciar uma actividade apostólica. Mas ainda nestes casos, eu, como homem,
tenho obrigação de o respeitar e de procurar orientá-lo para a verdade; e, como
cristão, de o amar e de rezar por ele.
67
Esclarecido este ponto,
gostava de lhe perguntar quais são as características da formação espiritual
dos sócios, que fazem com que fique excluído qualquer tipo de interesse
temporal no facto de pertencer ao Opus Dei.
Todo
o interesse que não seja puramente espiritual está radicalmente excluído porque
a Obra pede muito - desprendimento, sacrifício, abnegação, trabalho sem
descanso - e não dá nada. Quero dizer que não dá nada no plano dos interesses
temporais; porque, no plano da vida espiritual, dá muito: dá meios para
combater e vencer na luta ascética, orienta por caminhos de oração, ensina a
tratar a Jesus como um irmão, a ver Deus em todas as circunstâncias da vida, a
sentir-se filho de Deus e, portanto, comprometido a difundir a sua doutrina.
Uma
pessoa que não progredir pelo caminho da vida interior até compreender que vale
a pena dar-se de todo, entregar a própria vida em serviço do Senhor, não pode
perseverar no Opus Dei, porque a santidade não é uma etiqueta - é uma
experiência profundíssima.
Por
outro lado, o Opus Dei não tem nenhuma actividade de fins políticos, económicos
ou ideológicos: nenhuma acção temporal. As suas únicas actividades são a
formação sobrenatural dos seus sócios e as obras de apostolado, quer dizer, a
contínua atenção espiritual a cada um dos seus sócios, e as obras corporativas
apostólicas de assistência, de beneficência, de educação, etc.
Os
sócios do Opus Dei uniram-se apenas para seguirem um caminho de santidade, bem
definido, e para colaborarem em determinadas obras de apostolado. Os seus
compromissos recíprocos excluem qualquer tipo de interesse terreno, pelo
simples facto de que neste campo todos os sócios do Opus Dei são livres, e
portanto cada um seque a seu próprio caminho, com finalidades e interesses
diferentes e por vezes contrapostos.
Como
consequência do fim exclusivamente divino da Obra, o seu espírito é um espírito
de liberdade, de amor à liberdade pessoal de todos os homens. E como esse amor
à liberdade é sincero e não um mero enunciado teórico, amamos a necessária
consequência da liberdade: quer dizer, o pluralismo. No Opus Dei, o pluralismo
é querido e amado, não simplesmente tolerado, e de modo algum dificultado.
Quando observo entre os sócios da Obra tantas ideias diversas, tantas atitudes
distintas - a respeito das questões políticas económicas, sociais ou
artísticas, etc. - esse espectáculo dá-me muita alegria, porque é sinal de que
tudo funciona diante de Deus como deve ser.
Unidade
espiritual e variedade nas coisas temporais são compatíveis quando não reina o
fanatismo e a intolerância e, sobretudo, quando se vive de fé e se sabe que
nós, os homens, estamos unidos não por meros laços de simpatia ou de interesse,
mas pela acção de um mesmo Espírito, que, fazendo-nos irmãos de Cristo, nos
conduz a Deus Pai.
Um
verdadeiro cristão nunca pensa que a unidade na fé, a fidelidade ao Magistério
e à Tradição da Igreja e a preocupação por fazer chegar aos outros o anúncio
salvador de Cristo, estejam em contraste com a variedade de atitudes nas coisas
que Deus deixou, como se costuma dizer, à livre discussão dos homens. Mais, tem
plena consciência de que essa variedade faz parte do plano divino, é querida
por Deus, que distribui os seus dons e as suas luzes como quer. O cristão deve
amar os outros e portanto respeitar as opiniões contrárias às suas e conviver
com plena fraternidade com aqueles que pensam de outro modo.
Precisamente
porque os sócios da Obra se formaram segundo este espírito, é impossível que
alguém pense aproveitar-se do facto de pertencer ao Opus Dei para conseguir
vantagens pessoais, ou para tentar impor aos outros opções políticas ou
culturais: porque os outras não lho tolerariam e o levariam a mudar de atitude
ou a deixar a Obra. Este é um ponto no qual ninguém no Opus Dei poderá permitir
nunca o menor desvio, porque deve defender não só a sua liberdade pessoal como
também a natureza sobrenatural da actividade a que se entregou. Penso, por
isso, que a liberdade e a responsabilidade pessoais são a melhor garantia da
finalidade sobrenatural da Obra de Deus.
68
Talvez possa pensar-se
que, até agora, o Opus Dei se viu favorecido pelo entusiasmo dos primeiros
sócios, embora sejam já vários milhares. Existe alguma medida que garanta a
continuidade da Obra, contra o risco, conatural a todas as instituições, de um
possível arrefecimento do fervor e do impulso iniciais?
A
Obra não se baseia no entusiasmo, mas na fé. Os anos do princípio - longos anos
- foram muito duros, e só se viam dificuldades. O Opus Dei foi avante, pela
graça divina e pela oração e pelo sacrifício dos primeiros, sem meios humanos.
Só havia juventude, bom humor e o desejo de fazer a vontade de Deus.
Desde
o princípio, a arma do Opus Dei foi sempre a oração, a vida entregue, a
renúncia silenciosa a tudo o que é egoísmo, para servir as almas. Como lhe
dizia antes, ao Opus Dei vem-se receber um espírito que leva precisamente a dar
tudo, enquanto se continua trabalhando profissionalmente por amor a Deus e às
criaturas por Ele.
A
garantia de que não se dê um arrefecimento é que os meus filhos nunca percam
este espírito. Sei que as obras humanas se desgastam com o tempo; mas isto não
acontece com as obras divinas, a não ser que os homens as rebaixem. Só quando
se perde o impulso divino é que vem a corrupção, a decadência. No nosso caso,
vê-se claramente a Providência do Senhor, que, em tão pouco tempo - quarenta
anos - faz que seja recebida e praticada esta específica vocação divina entre
cidadãos correntes iguais aos outros, de tão diversas nações.
O
fim do Opus Dei, repito uma vez mais, é a santidade de cada um dos seus sócios,
homens e mulheres, que continuam no lugar que ocupavam no mundo. Se alguém não
vem ao Opus Dei para ser santo, apesar de todos os pesares - quer dizer, apesar
das misérias próprias, dos erros pessoais - ir-se-á embora imediatamente. Penso
que a santidade atrai a santidade, e peço a Deus que no Opus Dei nunca falte
essa convicção profunda, esta vida de fé. Como vê, não confiamos exclusivamente
em garantias humanas ou jurídicas. As obras que Deus inspira movem-se ao ritmo
da graça. A minha única receita é esta: ser santos, querer ser santos, com
santidade pessoal.
69
Por que é que e que há
sacerdotes numa instituição acentuadamente laical, como o Opus Dei? Todos os
membros do Opus Dei podem chegar a ser sacerdotes, ou só aqueles que são
escolhidos pelos directores?
A
vocação para o Opus Dei pode recebê-la qualquer pessoa, que queira
santificar-se no próprio estado: seja solteiro, casado ou viúvo; seja leigo ou
clérigo.
Por
isso ao Opus Dei associam-se também sacerdotes diocesanos, que continuam a ser
diocesanos como antes, porquanto a Obra ajuda-os a tender para a perfeição
cristã própria do seu estado, mediante a santificação do seu trabalho normal,
que é precisamente o ministério sacerdotal ao serviço do seu bispo, da sua
diocese e de toda a Igreja. Também no caso deles a vinculação ao Opus Dei não
modifica em nada a sua condição: continuam plenamente dedicados às tarefas que
lhes confia o respectivo Ordinário e aos outros apostolados e actividades que
devem realizar, sem que nunca a Obra interfira nessas actividades; e
santificam-se praticando o mais perfeitamente possível as virtudes próprias de
um sacerdote.
Além
desses sacerdotes, que se incorporam ao Opus Dei depois de terem recebido
ordens sacras, há na Obra outros sacerdotes seculares que recebem o sacramento
da Ordem depois de pertencerem ao Opus Dei, ao qual, portanto, se vincularam
quando eram leigos, cristãos correntes. Trata-se de número muito restrito em
comparação com o total de sócios - não chegam a dois por cento - e dedicam-se a
servir os fins apostólicos do Opus Dei com o ministério sacerdotal, renunciando
mais ou menos, segundo os casos, ao exercício da profissão civil que tinham.
São, com efeito, membros de profissões liberais ou trabalhadores, chamados ao
sacerdócio depois de terem adquirido uma habilitação profissional e de terem
trabalhado durante anos na sua ocupação própria: médico, engenheiro, mecânico,
camponês, professor, jornalista, etc. Fazem, além disso, com a máxima
profundidade e sem pressas, o estudo das disciplinas eclesiásticas até obterem
o doutoramento. E isso sem perder a mentalidade característica do ambiente da
sua profissão civil; de modo que, quando recebem as sagradas ordens, são
médicos-sacerdotes, advogados-sacerdotes, operários-sacerdotes, etc.
A
sua presença é necessária para o apostolado do Opus Dei. Este apostolado
realizam-no fundamentalmente os leigos, como já disse. Cada sócio procura ser
apóstolo no seu próprio ambiente de trabalho, aproximando as almas de Cristo
mediante o exemplo e a palavra, isto é, através do diálogo. Mas, no apostolado,
ao conduzir as almas pelos caminhos da vida cristã, chega-se ao muro
sacramental. A função santificadora do leigo tem necessidade da função
santificadora do sacerdote, que administra o sacramento da penitência, celebra
a Eucaristia e proclama a Palavra de Deus em nome da Igreja. E, como o
apostolado do Opus Dei pressupõe uma espiritualidade específica, é necessário
que o sacerdote dê também um testemunho vivo desse espírito peculiar.
Além
desse serviço aos outros sócios da Obra, esses sacerdotes podem prestar, e de
facto prestam, um serviço a muitas outras almas. O zelo sacerdotal, que informa
as suas vidas, deve levá-los a não permitir que ninguém passe ao seu lado sem
receber algum reflexo da luz de Cristo. Mais ainda, o espírito do Opus Dei, que
nada sabe de grupitos nem de distinções, impele-os a sentirem-se íntima e
eficazmente unidos aos seus irmãos, os outros sacerdotes seculares; sentem-se e
são de facto sacerdotes diocesanos em todas as dioceses em que trabalham e às
quais procuram servir com empenho e eficácia.
Quero
fazer notar, porque é uma realidade muito importante, que esses sócios leigos
do Opus Dei que recebem a ordenação sacerdotal, não mudam de vocação. Quando
abraçam o sacerdócio, respondendo livremente ao convite dos directores da Obra,
não o fazem com a ideia de que assim se unem mais a Deus ou tendem mais
eficazmente para a santidade: sabem perfeitamente que a vocação laical é plena
e completa em si mesma, que a sua dedicação a Deus no Opus Dei era desde o
primeiro momento um caminho claro para alcançar a perfeição cristã. A ordenação
sacerdotal não é, por isso, de modo algum, uma espécie de coroamento da vocação
para o Opus Dei: é uma chamada que se faz a alguns, para servir de um modo novo
os outros. Por outro lado, na Obra não há duas espécies de sócios, os clérigos
e os leigos; todos são e se sentem iguais e todos vivem o mesmo espírito: a
santificação no seu próprio estado. [3]
70
Tem falado com frequência
do trabalho. Poderia dizer que lugar ocupa o trabalho profissional na
espiritualidade do Opus Dei?
A
vocação para o Opus Dei não altera nem modifica de modo algum a condição, o
estado de vida, de quem a recebe. E como a condição humana é o trabalho, a
vocação sobrenatural para a santidade e para o apostolado, segundo o espírito
do Opus Dei, confirma a vocação humana para o trabalho. A imensa maioria dos
sócios da Obra são leigos, cristãos correntes: a sua condição é a de quem tem
uma profissão, um ofício, uma ocupação, com frequência absorvente, com a qual
ganha a vida, mantém a família, contribui para o bem comum, desenvolve a sua
personalidade.
A
vocação para o Opus Dei vem confirmar tudo isso, até ao ponto de que um dos
sinais essenciais dessa vocação é precisamente viver no mundo e realizar aí um
trabalho - contando, volto a dizer, com as próprias imperfeições pessoais - da
maneira mais perfeita possível, tanto do ponto de vista humano, como do ponto
de vista sobrenatural. Quer dizer, um trabalho que contribua eficazmente para a
edificação da cidade terrena - e que seja, por isso, feito com competência e
com espírito de servir - e para a consagração do mundo, e que, portanto, seja
santificador e santificado.
Os
que querem viver com perfeição a sua fé e praticar o apostolado segundo o
espírito do Opus Dei, devem santificar-se com a profissão, santificar a
profissão e santificar os outros com a profissão. Vivendo assim, sem se
distinguirem dos outros cidadãos iguais a eles, que com eles trabalham,
esforçam-se por se identificar com Cristo, imitando os seus trinta anos de
trabalho na oficina de Nazaré.
Porque
essa tarefa habitual é, não só o âmbito em que se devem santificar, como também
a própria matéria da sua santidade: no meio das incidências do dia a dia
descobrem a mão de Deus, e encontram estímulo para a sua vida de oração. A
própria actividade profissional põe-nos em contacto com outras pessoas -
parentes, amigos, colegas - e com os grandes problemas que afectam a sua
sociedade ou o mundo inteiro e oferece-lhes assim a ocasião de viverem a
entrega ao serviço dos outros, que é essencial aos cristãos. Assim, devem
esforçar-se por dar um verdadeiro e autêntico testemunho de Cristo, para que
todos aprendam a conhecer e a amar o Senhor, a descobrir que a vida normal no
mundo, o trabalho de todos os dias, pode ser um encontro com Deus.
Por
outras palavras: a santidade e o apostolado constituem uma só coisa com a vida
dos sócios da Obra, e por isso o trabalho é o alicerce da sua vida espiritual.
A sua entrega a Deus enxerta-se no trabalho que faziam antes de virem para a
Obra e que continuam a fazer depois.
Quando,
nos primeiros anos da minha actividade pastoral, comecei a pregar estas coisas,
algumas pessoas não me compreenderam, outras escandalizaram-se: estavam
habituadas a ouvir falar do mundo sempre em sentido pejorativo. O Senhor
tinha-me feito compreender, e eu procurava fazê-lo compreender aos outros, que
o mundo é bom, porque as obras de Deus são sempre perfeitas, e que somos nós os
homens que, pelo pecado, fazemos o mundo mau.
Dizia
então, e continuo a dizer agora, que temos de amar o mundo, porque no mundo
encontramos a Deus, porque nos factos e acontecimentos do mundo Deus Se nos
manifesta e revela.
O
mal e o bem misturam-se na história humana e por isso o cristão deve saber
discernir; mas nunca esse discernimento o deve levar a negar a bondade das
obras de Deus, antes, pelo contrário, a reconhecer o divino que se manifesta no
humano, inclusivamente por trás das nossas fraquezas. Um bom lema para a vida
cristã pode encontrar-se naquelas palavras do Apóstolo: todas as coisas são
vossas, e vós de Cristo, e Cristo de Deus (1 Cor. 3, 22-23), para realizar
assim os desígnios desse Deus que quer salvar o mundo.
71
Poderia fornecer-me alguns
dados sobre a expansão da Obra durante estes quarenta anos de vida? Quais são
as actividades apostólicas mais importantes?
Antes
de mais, devo dizer que agradeço muito a Deus Nosso Senhor ter-me permitido ver
a Obra, apenas quarenta anos depois da sua fundação, estendida por todo o
mundo. Quando nasceu em 1928, em Espanha, já nasceu romana, o que para mim quer
dizer católica, universal. E o seu primeiro impulso foi, como era inevitável, a
expansão por todos os países.
Ao
pensar nestes anos decorridos, vêm-me à memória muitos acontecimentos que me
enchem de alegria: porque, à mistura com as dificuldades e as penas, que de
certo modo são o sal da vida, recordam-me a eficácia da graça de Deus e a
entrega - sacrificada e alegre - de tantos homens e mulheres que têm sabido ser
fiéis. Porque quero deixar bem claro que o apostolado essencial do Opus Dei é o
que cada sócio realiza individualmente no lugar em que trabalha, com a sua
família, entre os seus amigos. Uma actividade que não chama a atenção, que não
é fácil traduzir em estatísticas, mais que produz frutos de santidade em
milhares de almas, que vão seguindo a Cristo, silenciosa e eficazmente, no meio
da actividade profissional de todos os dias.
Sobre
este tema não é possível dizer muito mais. Poderia contar-lhe a vida exemplar
de muitas pessoas, mas isso desnaturalizaria a formosura humana e divina dessa
actividade, na medida em que lhe tirava intimidade. Reduzi-la a números e
estatísticas seria ainda pior, porque equivaleria a querer catalogar em vão os
frutos da graça nas almas.
Posso
falar-lhe das actividades apostólicas que os sócios da Obra dirigem em muitos
países. Actividades com fins espirituais e apostólicos, nas quais se procura
trabalhar com esmero e com perfeição também humana e nas quais colaboram muitas
outras pessoas que não são do Opus Dei, mas que compreendem o valor
sobrenatural desse trabalho, ou que apreciam o seu valor humano, como é o caso
de tantos não cristãos que nos ajudam eficazmente. Trata-se sempre de
actividades laicais e seculares, promovidas por cidadãos correntes no exercício
dos seus direitos cívicos normais, de acordo com as leis de cada pais
executadas sempre com critério profissional. Quer dizer, são tarefas que não
aspiram a nenhum tipo de privilégio ou tratamento de favor.
Com
certeza que conhece uma das actividades deste tipo que se desenvolve em Roma: o
centro Elis, que se dedica à qualificação profissional e à formação integral de
operários, mediante escolas, actividades desportivas e culturais, bibliotecas,
etc. É uma actividade que responde às necessidades de Roma e às circunstâncias
particulares do ambiente humano em que surgiu, o bairro do Tiburtino. Obras semelhantes
se levam a cabo em Chicago, Madrid, México, e em muitos outros lugares.
Outro
exemplo poderia ser o Strathmore College of Arts and Science, de Nairobi.
Trata-se de um college pré-universitário, por onde têm passado centenas de
estudantes do Quénia, do Uganda e da Tanzânia. Através dele, alguns queniatas
do Opus Dei, juntamente com os outros seus concidadãos, têm realizado um
profundo labor docente e social; foi o primeiro centro da East Africa que
realizou a integração racial completa, e com a sua actividade contribuiu muito
para a africanização da cultura. Coisas semelhantes se podem dizer do Kianda
College também de Nairobi, que está a realizar uma tarefa de primeiro plano na
formação da nova mulher africana.
Posso
referir-me também, ainda a título de exemplo, a outra actividade: a
Universidade de Navarra. Desde a sua fundação, em 1952, desenvolveu-se até
contar agora 18 faculdades, escolas e institutos, nos quais prosseguem estudos
mais de seis mil alunos. Contra o que escreveram recentemente alguns jornais,
devo dizer que a Universidade de Navarra não tem sido mantida por subsídios
estatais. O Estado espanhol não custeia de modo nenhum os gastos de manutenção;
apenas contribuiu com alguns subsídios para a criação de novos postos
escolares. A Universidade de Navarra mantém-se graças à ajuda de pessoas e
associações privadas. O sistema de ensino e de vida universitária, inspirado no
critério da responsabilidade pessoal e da solidariedade entre todos os que ali
trabalham, mostrou-se eficaz, constituindo uma experiência muito positiva na
actual situação da universidade no Mundo.
Poderia
falar-lhe de actividades de outro tipo nos Estados Unidos, no Japão, na
Argentina, na Austrália, nas Filipinas, na Inglaterra, em França, etc. Mas não
é necessário. Bastará dizer que o Opus Dei actualmente está espalhado pelos
cinco continentes e que a ele pertencem pessoas de mais de 70 nacionalidades, e
das mais diversas raças e condições.
72
Para terminar: está
satisfeito, depois destes quarenta anos de actividade? As experiências destes
últimos anos, as modificações sociais, o Concílio Vaticano lI, etc.
sugeriram-lhe algumas alterações de estrutura?
Satisfeito?
Não posso deixar de o estar, quando vejo que, apesar das minhas misérias
pessoais, o Senhor fez em torno desta Obra de Deus tantas coisas maravilhosas.
Para um homem que vive da fé, a sua vida será sempre a história das
misericórdias de Deus. Em alguns momentos, essa história talvez seja difícil de
ler, porque tudo pode parecer inútil e até um fracasso; outras vezes, o Senhor
deixa ver copiosos os frutos e então é natural que o coração transborde em
acção de graças.
Uma
das minhas maiores alegrias foi precisamente ver como o Concílio Vaticano II
proclamou com grande clareza a vocação divina do laicado. Sem jactância alguma,
devo dizer que, pelo que se refere ao nosso espírito, o Concílio não significou
um convite a mudar, antes, pelo contrário, confirmou o que - pela graça de Deus
- vínhamos vivendo e ensinando há muitos anos. A principal característica do
Opus Dei não são determinadas técnicas ou métodos de apostolado, nem umas
estruturas determinadas; é um espírito que leva precisamente a santificar o
trabalho de cada dia.
Erros
e misérias pessoais, repito, todos os temos. E todos devemos examinar-nos seriamente
na presença de Deus e confrontar a nossa própria vida com o que o Senhor nos
exige. Mas sem esquecer o mais importante: si scires donum Dei!... (Jo. 4,
10), se conhecesses o dom de Deus!, disse Jesus à Samaritana. E São Paulo
acrescenta: levamos esse tesouro em vasos de barro, para que se reconheça, que
a excelência do poder é de Deus e não nossa (11 Cor. 4, 7).
A
humildade, o exame cristão, começa por reconhecer o dom de Deus. É algo bem
diferente de encolher-se diante do curso que tomam os acontecimentos, da
sensação de inferioridade ou de desalento perante a história. Na vida pessoal,
e às vezes também na vida das associações ou das instituições, pode haver
coisas a mudar, inclusivamente muitas; mas a atitude com que o cristão deve
enfrentar esses problemas há-de ser, antes de mais, a de se admirar diante da
magnitude das obras de Deus, comparadas com a pequenez humana.
O
aggiornamento deve fazer-se, antes de mais na vida pessoal, para a pôr de
acordo com essa velha novidade do Evangelho. Estar em dia significa
identificar-se com Cristo, que não é um personagem que passou: Cristo vive e
viverá sempre: ontem, hoje e pelos séculos (Heb. 13, 8).
Quanto
ao Opus Dei considerado em conjunto, bem pode afirmar-se, sem nenhuma espécie
de arrogância, com agradecimento â bondade de Deus, que nunca terá problemas de
adaptação ao mundo: nunca se encontrará na necessidade de se pôr em dia. Deus
Nosso Senhor pôs em dia a Obra de uma vez para sempre, dando-lhe essas
características peculiares, laicais; e jamais terá necessidade de se adaptar ao
mundo, porque todos os seus sócios são do mundo; não terá de ir atrás do
progresso humano, porque são todos os sócios da Obra, juntamente com os demais
homens que vivem no mundo, que fazem esse progresso com o seu trabalho
quotidiano.
(Entrevista realizada por Enrico Zuppi
e António Fugardi, publicada em L'Osservatore della Domenica (Cidade do
Vaticano) nos dias 19 e 26 de Maio e 2 de Junho de 1968)
[1] são josemaria escrivá
[2] Cfr. a nota do n.º
35. Desde a erecção do Opus Dei como Prelatura pessoal, em vez de Presidente
Geral o termo correcto é Prelado, que é o Ordinário próprio do Opus Dei, e que
é ajudado no exercício do trabalho de governa pelos seus Vigários e Conselhos.
O Prelado é eleito pelo Congresso Geral do Opus Dei; esta eleição requer a
confirmação do Papa, como é norma canónica tradicional para os Prelados com
jurisdição eleitos por um Colégio.
[3]
Mons. Escrivá de Balaguer fala nesta resposta de dois modos pelos quais os
sacerdotes seculares podem pertencer ao Opus Dei:
a) os sacerdotes que provêm dos membros
leigos do Opus Dei, que são chamados às Ordens Sagradas pelo Prelado e que se
incardinam na Prelatura, constituindo o seu presbitério. Dedicam-se
fundamentalmente, ainda que não exclusivamente, à assistência pastoral dos
fiéis incorporados no Opus Dei e, com estes, levam a cabo o apostolado
específico de difundir, em todos os ambientes da sociedade, uma profunda tomada
de consciência do chamamento universal à santidade e ao apostolado (Cfr.
Apresentação);
b) os sacerdotes seculares já incardinados
numa diocese podem também participar da vida espiritual do Opus Dei, como
assinala Mons. Escrivá de Balaguer no início desta resposta. Para isso, podem
associar-se à Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, que está intrinsecamente
unida à Prelatura e da qual é Presidente Geral o Prelado do Opus Dei, Cfr. o
texto da Apresentação, pág. 11 onde se dá uma explicação sucinta desta
Associação Sacerdotal, em termos jurídicos precisos que Mons. Escrivá de
Balaguer ainda não podia utilizar ao conceder esta entrevista.
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