2.
A Antiguidade Cristã (até 476, ano da queda do Império Romano do Ocidente) 2
No séc. IV, a Igreja teve
que enfrentar uma forte crise interna: a questão ariana. Ário, presbítero de
Alexandria, no Egipto, defendia teorias heterodoxas, pelas quais negava a
divindade do Filho, que seria, assim, a primeira das criaturas, embora superior
às outras. A divindade do Espírito Santo era também negada pelos arianos. A
crise doutrinal, com que se encruzilharam frequentemente intervenções políticas
dos imperadores, perturbou a Igreja durante mais de 60 anos; foi resolvida
graças aos dois primeiros concílios ecuménicos, o primeiro de Niceia (325) e o
primeiro de Constantinopla (381), em que se condenou o arianismo, se proclamou
solenemente a divindade do Filho (consubstantialis Patri, em grego homoousios)
e do Espírito Santo, e se compôs o Símbolo Niceno-Constantinopolitano (o
Credo). O arianismo sobreviveu até ao séc. VII, porque os missionários arianos
conseguiram converter à sua crença muitos povos germânicos, que só pouco a
pouco passaram ao catolicismo.
No séc. V houve, pelo
contrário, duas heresias cristológicas, que tiveram o efeito positivo de
obrigar a Igreja a aprofundar no dogma, para o formular de modo mais preciso. A
primeira heresia é o nestorianismo, doutrina que, na prática, afirma a
existência em Cristo de duas pessoas, além de duas naturezas. Foi condenada
pelo Concílio de Éfeso (431), que reafirmou a unicidade da pessoa de Cristo.
Dos nestorianos derivam as Igrejas siro-orientais e malabares, ainda separadas
de Roma. A outra heresia foi o monofisismo, que defendia, na prática, a existência
em Cristo de uma só natureza, a divina; o Concílio de Calcedónia (451) condenou
o monofisismo e afirmou que em Cristo há duas naturezas, a divina e a humana,
unidas na pessoa do Verbo, sem confusão nem mutação (contra o nestorianismo),
sem divisão nem separação (contra o monofisismo); são os quatro advérbios de
Calcedónia: inconfuse, immutabiliter, indivise, inseparabiliter. Dos
monofisitas derivam as Igrejas coptas, siro-ocidentais, arménias e da Etiópia,
separadas da Igreja Católica.
Nos primeiros séculos da
história do cristianismo assiste-se a um grande florescimento da literatura
cristã, homilética, teológica e espiritual: são as obras dos Padres da Igreja,
de grande importância na reconstrução da Tradição; os mais relevantes foram
Santo Ireneu de Leão, Santo Hilário de Poitiers, Santo Ambrósio de Milão, São
Jerónimo e Santo Agostinho, no Ocidente; Santo Atanásio, São Basílio, São
Gregório Nacianceno, São Gregório de Nissa, São João Crisóstomo, São Cirilo de
Alexandria e São Cirilo de Jerusalém, no Oriente.
carlo
pioppi
Bibliografia básica
J. Orlandis, História
Breve do Cristianismo, Rei dos Livros, 1993.
M. Clemente, A Igreja no
tempo, Grifo, 2000.
A. Torresani, Breve storia
della Chiesa, Ares, Milano 1989.
(Resumos
da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.