Art. 2 ― Se toda bondade e
malícia do acto exterior depende da vontade.
(II
Sent., dis. XL, a . 2).
O
segundo discute-se assim. ― Parece que toda a bondade e malícia do acto
exterior depende da vontade.
2.
Demais. ― Agostinho diz que só a vontade pode pecar 1. Logo, não
havendo pecado nesta, também não haverá no acto exterior, portanto, toda
bondade ou malícia deste daquela depende.
3.
Demais. ― O bem e o mal, de que agora tratamos, são diferenças do acto moral.
Ora, estas por si dividem o género, segundo o Filósofo 2. E como o acto
é moral desde que voluntário, resulta que o bem e o mal de um acto procede da
vontade.
Mas,
em contrário, como diz Agostinho, há coisas que se não podem tornar boas por
nenhum bem e nenhuma boa vontade 3.
Como já se disse 4, podemos considerar duas espécies de bondade e
malícia do acto exterior, a relativa à matéria devida e às circunstâncias, e a
relativa à ordem ao fim. Esta última, que se ordena ao fim, depende totalmente
da vontade, ao passo que a primeira depende da razão, e desta depende a bondade
da vontade na medida em que quer.
Ora,
é mister lembrar-nos que, como já ficou dito 5, para uma coisa ser
má basta um simples defeito, porém para ser boa, absolutamente, não basta uma
bondade qualquer, senão a bondade íntegra. Se pois a vontade for boa pelo seu objecto
próprio e pelo fim, consequentemente o acto exterior há-de ser bom. Mas não
basta, para este último ser bom, a bondade da vontade oriunda do fim intencional,
se porém a vontade for má, quer pelo fim intencional, quer pelo acto querido, consequentemente
o acto exterior há-de ser mau.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. ― A vontade boa, significada pela árvore boa,
deve ser entendida com tirando a sua bondade, do acto querido e do fim
intencional.
RESPOSTA
À SEGUNDA. ― Peca voluntariamente não só quem quer um mau fim, como também quem
quer um mau acto.
RESPOSTA
À TERCEIRA. ― Chama-se voluntário não só o acto interior da vontade, com também
os actos exteriores, por procederem da vontade e da razão. Donde, em relação
aquele e a estes pode haver a diferença de bem e de mal.
Nota: Revisão da tradução portuguesa
por ama.
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Notas:
1. Lib. I Retract., cap. IX.
2.
VII Metaph., lect. XII.
3.
Contra mendacium, cap. XII.
4.
Q. 20, a. 1.
5.
Q. 19, a. 6 ad 1.
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