17/03/2013

Tratado dos actos humanos 63


Questão 17: Dos actos ordenados pela vontade.

Art. 8 ― Se os actos da alma vegetativa estão sujeitos ao império da razão.



(II ª, II ª, q. 148, a. 1, ad 3 III, q. 15, a. 2, ad 1, q. XIX, a. 2, II Sent., dist. XX, q. 1, a. 2, ad 3, De Verit., q. 13, a. 4: Quodl., IV, q. 11, a 1).

O oitavo discute-se assim. ― Parece que os actos da alma vegetativa estão sujeitos ao império da razão.


1. ― Pois, as forças sensitivas são mais nobres que as da alma vegetativa. Ora, aquelas estão sujeitas ao império da razão. Logo, estas também forçosamente, hão-de estar.

2. Demais. ― O homem é chamado um pequeno mundo, porque a alma é para o corpo o que Deus é para o mundo. Ora, Deus está no mundo de modo tal que todas as coisas lhe obedecem ao império. Logo, tudo o que existe no homem, incluindo-se as forças da alma vegetativa, obedece ao império da razão.

3. Demais. ― Só os actos sujeitos ao império da razão são susceptíveis de louvor e de vitupério. Ora, os actos das potências nutritiva e geratriz são susceptíveis de louvor e de vitupério, de virtude e de vício, como o prova a gula, a luxúria e as virtudes opostas. Logo, os actos dessas potências estão sujeitos ao império da razão.

Mas, em contrário, diz Gregório Nisseno (Nemésio): o que diz respeito à potência nutritiva e à geratriz escapa à persuasão da razão 1.

Dos actos, uns procedem do apetite natural, outros, do animal ou intelectual, pois, todo agente tende de certo modo para o fim. Ora, o apetite natural não é consequente a nenhuma apreensão, como acontece com o apetite animal e com o intelectual. A razão, por outro lado, impera ao modo de potência apreensora. Donde, os actos procedentes do apetite intelectivo ou do animal podem ser governados pela razão, mas não os procedentes do apetite natural. E por isso Gregório Nisseno (Nemésio) diz, que se chama natural ao que pertence à potência geratriz e à nutritiva. Donde, o acto da alma vegetativa não está sujeito ao império da razão.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Tanto mais imaterial é um acto e tanto mais nobre é e mais sujeito ao império da razão. Donde, as virtudes da alma vegetativa, não obedecendo à razão, são íntimas.

RESPOSTA À SEGUNDA. ― No caso, a semelhança é parcial, e não total, pois, assim como Deus move o mundo, assim a alma, o corpo, mas a alma não criou o corpo, do nada, com Deus criou o mundo, o que explica que este lhe está totalmente sujeito ao império.

RESPOSTA À TERCEIRA. ― A virtude e o vício, o louvor e o vitupério não se atribuem aos actos próprios da potência nutritiva e da geratriz, a saber, a digestão e a formação do corpo humano, mas aos actos da parte sensitiva ordenados aos das duas sobreditas potências, por exemplo, aos actos de concupiscência relativos à gula e à sensualidade venérea, bem como ao exercício deles, conveniente ou inconveniente.

Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama.

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Notas:
1. De Nat. Hom., cap. XXII.


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