26/03/2013

Resumos sobre a Fé cristã 63

Jesus Cristo. Deus e Homem verdadeiro. 2

2. Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro

A Encarnação é «o mistério da união admirável da natureza divina e da natureza humana, na única Pessoa do Verbo» (Catecismo, 483). A Encarnação do Filho de Deus «não significa que Jesus Cristo seja, em parte Deus e em parte homem, nem que seja o resultado de uma mistura confusa do divino com o humano. Ele fez-Se verdadeiro homem, permanecendo verdadeiro Deus. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem» (Catecismo, 464). A divindade de Jesus Cristo, Verbo eterno de Deus, estudou-se ao tratar da Santíssima Trindade. Aqui vamos fixar-nos, sobretudo, no que se refere à Sua humanidade.

A Igreja defendeu e aclarou esta verdade de fé durante os primeiros séculos face às heresias que a falseavam. Já no século I, alguns cristãos de origem judaica, os ebionitas, consideraram Cristo como um simples homem, embora muito santo. No século II surge o adopcionismo, que defendia que Jesus era filho adoptivo de Deus; Jesus seria apenas um homem em quem habita a força de Deus; para eles, Deus era só uma pessoa. Esta heresia, foi condenada no ano 190 pelo Papa São Victor, pelo Concílio de Antioquia, no ano 268, pelo Concílio I de Constantinopla e pelo Sínodo Romano do ano 382 4. A heresia arriana, ao negar a divindade do Verbo, negava também que Jesus Cristo fosse Deus. Arrio foi condenado pelo Concílio I de Niceia no ano 325. Também, recentemente, a Igreja voltou a recordar que Jesus Cristo é o Filho de Deus subsistente desde a eternidade que na Encarnação assumiu a natureza humana na Sua única pessoa divina 5.

A Igreja fez também frente a outros erros que negavam a realidade da natureza humana de Cristo. Entre estes, enquadram-se aquelas heresias que recusavam a realidade do corpo ou da alma de Cristo. Entre as primeiras encontra-se o docetismo, nas suas diversas variantes, que tem um pano de fundo gnóstico e maniqueu. Alguns dos seus seguidores afirmavam que Cristo teve um corpo celeste, ou que o Seu corpo era puramente aparente, ou que apareceu de repente na Judeia sem ter tido que nascer ou crescer. Já São João teve que combater este tipo de erros: «muitos sedutores se têm levantado no mundo, que não confessam que Jesus Cristo tenha vindo em carne» (2 Jo 7; Cf. 1 Jo 4, 1-2).

Arrio e Apolinar de Laodiceia negaram que Cristo tivesse verdadeira alma humana. O segundo teve particular importância neste campo e a sua influência esteve presente durante vários séculos nas controvérsias cristológicas posteriores. Numa tentativa de defender a unidade de Cristo e a Sua impecabilidade, Apolinar defendeu que o Verbo desempenhava as funções da alma espiritual humana. Esta doutrina, no entanto, implicava negar a verdadeira humanidade de Cristo composta, como em todos os homens, de corpo e alma espiritual (cf. Catecismo, 471). Foi condenado no Concílio I de Constantinopla e no Sínodo Romano de 382 6.

josé antonio riestra

Bibliografia básica:

Catecismo da Igreja Católica, 422-483.
Bento XVI-Joseph Ratzinger, Jesus de Nazaré, Esfera dos Livros, Lisboa 2007, pp. 395-435.

Leituras recomendadas:

A. Amato, Jesús el Señor, BAC, Madrid 1998.
F. Ocáriz – L.F. Mateo Seco – J.A. Riestra, El misterio de Jesucristo, 3ª ed., EUNSA, Pamplona 2004.

(Resumos da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)

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Notas:
4 Cf. DS 151 y 157-158.
5 Cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Decl. Mysterium Filii Dei, 21-II-1972, em AAS 64 (1972) 237-241.
6 Cf. DS 151 e 159. 

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