Jesus Cristo. Deus e Homem
verdadeiro. 2
2. Jesus Cristo, Deus e
homem verdadeiro
A
Encarnação é «o mistério da união admirável da natureza divina e da natureza
humana, na única Pessoa do Verbo» (Catecismo, 483). A Encarnação do Filho de
Deus «não significa que Jesus Cristo seja, em parte Deus e em parte homem, nem
que seja o resultado de uma mistura confusa do divino com o humano. Ele fez-Se
verdadeiro homem, permanecendo verdadeiro Deus. Jesus Cristo é verdadeiro Deus
e verdadeiro homem» (Catecismo, 464). A divindade de Jesus Cristo, Verbo eterno
de Deus, estudou-se ao tratar da Santíssima Trindade. Aqui vamos fixar-nos,
sobretudo, no que se refere à Sua humanidade.
A
Igreja defendeu e aclarou esta verdade de fé durante os primeiros séculos face
às heresias que a falseavam. Já no século I, alguns cristãos de origem judaica,
os ebionitas, consideraram Cristo como um simples homem, embora muito santo. No
século II surge o adopcionismo, que defendia que Jesus era filho adoptivo de
Deus; Jesus seria apenas um homem em quem habita a força de Deus; para eles,
Deus era só uma pessoa. Esta heresia, foi condenada no ano 190 pelo Papa São
Victor, pelo Concílio de Antioquia, no ano 268, pelo Concílio I de
Constantinopla e pelo Sínodo Romano do ano 382 4. A heresia arriana,
ao negar a divindade do Verbo, negava também que Jesus Cristo fosse Deus. Arrio
foi condenado pelo Concílio I de Niceia no ano 325. Também, recentemente, a
Igreja voltou a recordar que Jesus Cristo é o Filho de Deus subsistente desde a
eternidade que na Encarnação assumiu a natureza humana na Sua única pessoa
divina 5.
A
Igreja fez também frente a outros erros que negavam a realidade da natureza
humana de Cristo. Entre estes, enquadram-se aquelas heresias que recusavam a
realidade do corpo ou da alma de Cristo. Entre as primeiras encontra-se o
docetismo, nas suas diversas variantes, que tem um pano de fundo gnóstico e
maniqueu. Alguns dos seus seguidores afirmavam que Cristo teve um corpo
celeste, ou que o Seu corpo era puramente aparente, ou que apareceu de repente
na Judeia sem ter tido que nascer ou crescer. Já São João teve que combater
este tipo de erros: «muitos sedutores se têm levantado no mundo, que não
confessam que Jesus Cristo tenha vindo em carne» (2 Jo 7; Cf. 1 Jo 4, 1-2).
Arrio
e Apolinar de Laodiceia negaram que Cristo tivesse verdadeira alma humana. O
segundo teve particular importância neste campo e a sua influência esteve
presente durante vários séculos nas controvérsias cristológicas posteriores.
Numa tentativa de defender a unidade de Cristo e a Sua impecabilidade, Apolinar
defendeu que o Verbo desempenhava as funções da alma espiritual humana. Esta
doutrina, no entanto, implicava negar a verdadeira humanidade de Cristo
composta, como em todos os homens, de corpo e alma espiritual (cf. Catecismo,
471). Foi condenado no Concílio I de Constantinopla e no Sínodo Romano de 382 6.
josé antonio riestra
Bibliografia
básica:
Catecismo
da Igreja Católica, 422-483.
Bento
XVI-Joseph Ratzinger, Jesus de Nazaré, Esfera dos Livros, Lisboa 2007, pp.
395-435.
Leituras
recomendadas:
A.
Amato, Jesús el Señor, BAC, Madrid 1998.
F.
Ocáriz – L.F. Mateo Seco – J.A. Riestra, El misterio de Jesucristo, 3ª ed.,
EUNSA, Pamplona 2004.
(Resumos
da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)
_______________________
Notas:
4
Cf. DS 151 y 157-158.
5
Cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Decl. Mysterium Filii Dei, 21-II-1972,
em AAS 64 (1972) 237-241.
6
Cf. DS 151 e 159.
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