O
ensino dogmático da Igreja – dogma que significa doutrina, ensino – está
presente desde os primeiros séculos. Os principais conteúdos da pregação
apostólica foram postos por escrito, dando origem às profissões de fé exigidas
a todos os que recebiam o baptismo, contribuindo, assim, para definir a
identidade da fé cristã. Os dogmas crescem em número com o desenvolvimento
histórico da Igreja: não porque mude ou aumente a doutrina, aquilo em que há
que acreditar, mas porque há frequentemente necessidade de esclarecer algum
erro ou de ajudar a fé do povo de Deus com oportunos aprofundamentos, definindo
aspectos de modo claro e preciso. Quando o Magistério da Igreja propõe um novo
dogma não está a criar nada novo, mas somente a explicitar quanto já está
contido no depósito revelado. «O Magistério da Igreja faz pleno uso da
autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando propõe,
dum modo que obriga o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé, verdades
contidas na Revelação divina ou quando propõe, de modo definitivo, verdades que
tenham com elas um nexo necessário» (Catecismo, 88).
O
ensino dogmático da Igreja, como por exemplo os artigos do Credo, é imutável,
visto que manifesta o conteúdo de uma Revelação recebida de Deus e não feita
pelos homens. No entanto, os dogmas admitiram e admitem um desenvolvimento
homogéneo, quer porque o conhecimento da fé se vai aprofundando com o tempo,
quer porque em culturas e épocas diversas surgem problemas novos, aos quais o
Magistério da Igreja deve dar respostas que estejam de acordo com a palavra de
Deus, explicitando quanto está implicitamente nela contido 20.
Fidelidade
e progresso, verdade e história, não são realidades em conflito em relação à
Revelação 21: Jesus Cristo, sendo a Verdade incriada é também o
centro e o cumprimento da história; o Espírito Santo, Autor do depósito da
Revelação é O garante da sua fidelidade e também Aquele que a faz aprofundar ao
longo da história no sentido adequado, conduzindo «à verdade total» (cf. Jo
16,13). «Apesar da Revelação já estar completa, ainda não está plenamente
explicitada. E está reservado à fé cristã apreender gradualmente todo o seu
alcance, no decorrer dos séculos» (cf. Catecismo, 66).
Os
factores de desenvolvimento do dogma são os mesmos que fazem progredir a
Tradição viva da Igreja: a pregação dos Bispos, o estudo dos fiéis, a oração e
a meditação da palavra de Deus, a experiência das coisas espirituais, o exemplo
dos santos. Frequentemente o Magistério recolhe e ensina de modo autorizado
coisas que previamente foram estudadas pelos teólogos, acreditadas pelos fiéis,
pregadas e vividas pelos santos.
giuseppe
tanzella-nitti
Bibliografia básica:
Catecismo da Igreja Católica, 50-133.
Concílio Vaticano II, Const. Dei
Verbum, 1-20.
João Paulo II, Enc. Fides et Ratio,
14-IX-1988, 7-15.
© 2013, Gabinete de Informação do Opus
Dei na Internet
____________________________
Notas:
20
«É conveniente, portanto, que através de todos os tempos e de todas as épocas,
cresça e progrida a inteligência, a ciência e a sabedoria de cada uma das
pessoas e do conjunto dos homens, quer por parte da Igreja inteira, quer por
parte de cada um dos seus membros. Mas este crescimento deve seguir a sua
própria natureza, ou seja, deve estar de acordo com as linhas do dogma e deve
seguir o dinamismo de uma única e idêntica doutrina», São Vicente de Lerins,
Commonitorium, 23.
21
Cf. João Paulo II, Enc. Fides et Ratio, 11-12, 87.
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