A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Lc 2, 41-52
41 Seus pais iam
todos os anos a Jerusalém pela festa da Páscoa. 42 Quando chegou aos
doze anos, indo eles a Jerusalém segundo o costume daquela festa, 43
acabados os dias que ela durava, quando voltaram, o Menino ficou em Jerusalém,
sem que os Seus pais o advertissem. 44 Julgando que Ele fosse na
comitiva, caminharam uma jornada, e depois procuraram-n'O entre os parentes e
conhecidos. 45 Não O encontrando, voltaram a Jerusalém à procura
d'Ele. 46 Aconteceu que, três dias depois, encontraram-n'O no templo
sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. 47 E
todos os que O ouviam estavam maravilhados da Sua sabedoria e das Suas
respostas. 48 Quando O viram, admiraram-se. E Sua mãe disse-Lhe:
«Filho, porque procedeste assim connosco? Eis que Teu pai e eu Te procuravámos
cheios de aflição». 49 Ele disse-lhes: «Porque Me procuraveis? Não
sabíeis que devo ocupar-Me nas coisas de Meu Pai?». 50 Eles, porém,
não entenderam o que lhes disse. 51 Depois desceu com eles e foi
para Nazaré; e era-lhes submisso. A Sua mãe conservava todas estas coisas no
seu coração. 52 Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça,
diante de Deus e dos homens.
C. I. C. nr. 1716 a 1748
A NOSSA VOCAÇÃO PARA A
BEM-AVENTURANÇA
I. As bem-aventuranças
1716.
As bem-aventuranças estão no coração da pregação de Jesus. O seu anúncio
retorna as promessas feitas ao povo eleito, desde Abraão. A pregação de Jesus
completa-as, ordenando-as, não já somente à felicidade resultante da posse duma
tema, mas ao Reino dos céus:
«Bem-aventurados
os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus.
Bem-aventurados
os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados
os mansos, porque possuirão a tema.
Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados
os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados
os puros de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados
os que promovem a paz. porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados
os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino dos céus.
Bem-aventurados
sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo,
disserem todo o mal de vós. Alegrai-vos e exultai, pois é grande nos céus a
vossa recompensa» (Mt 5, 3-12).
1717.
As bem-aventuranças retratam o rosto de Jesus Cristo e descrevem-nos a sua
caridade: exprimem a vocação dos fiéis associados à glória da sua paixão e
ressurreição; definem os actos e atitudes características da vida cristã; são
as promessas paradoxais que sustentam a esperança no meio das tribulações;
anunciam aos discípulos as bênçãos e recompensas já obscuramente adquiridas; já
estão inauguradas na vida da Virgem Maria e de todos os santos.
II. O desejo de felicidade
1718.
As bem-aventuranças respondem ao desejo natural de felicidade. Este desejo é de
origem divina; Deus pô-lo no coração do homem para o atrair a Si, o único que o
pode satisfazer:
«Todos
nós, sem dúvida, queremos viver felizes, e não há entre os homens quem não dê o
seu assentimento a esta afirmação, mesmo antes de ela ser plenamente enunciada»
(16)
«Como
é então, Senhor, que eu Te procuro? De facto, quando Te procuro, ó meu Deus, é
a vida feliz que eu procuro. Faz com que Te procure, para que a minha alma
viva! Porque tal como o meu corpo vive da minha alma, assim a minha alma vive
de Ti» (17).
«Só
Deus sacia» (18).
1719.
As bem-aventuranças descobrem a meta da existência humana, o fim último dos
actos humanos: Deus chama-nos à sua própria felicidade. Esta vocação dirige-se
a cada um, pessoalmente, mas também ao conjunto da Igreja, povo novo
constituído por aqueles que acolheram a promessa e dela vivem na fé.
III. A bem-aventurança
cristã
1720.
O Novo Testamento emprega muitas expressões para caracterizar a bem-aventurança
a que Deus chama o homem: a chegada do Reino de Deus (19); a visão de Deus:
«Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus» (Mt 5, 8) (20); a
entrada na alegria do Senhor (21) a entrada no repouso de Deus (22):
«Lá,
descansaremos e veremos: veremos e amaremos; amaremos e louvaremos. Eis o que
acontecerá no fim sem fim. E que outro fim temos nós, sendo chegar ao Reino que
lido tem fim ?» (23).
1721.
De facto, Deus colocou-nos no mundo para O conhecermos, servirmos e amarmos, e
assim chegarmos ao paraíso. A bem-aventurança faz-nos participantes da natureza
divina (1 Pe 1, 4) e da vida eterna (24). Com ela, o homem entra na glória de
Cristo (25) e no gozo da vida trinitária.
1722.
Uma tal bem-aventurança ultrapassa a inteligência e as simples forças humanas.
Resulta de um dom gratuito de Deus. Por isso se classifica de sobrenatural, tal
como a graça, que dispõe o homem para entrar no gozo de Deus.
«"Bem-aventurados
os puros de coração, porque verão a Deus". É certo que "ninguém pode
ver a Deus" na sua grandeza e glória inenarrável e "continuar a
viver", porque o Pai é inacessível. Mas, no seu amor, na sua bondade para
com os homens e na sua omnipotência, vai ao ponto de conceder aos que O amam
esta graça: ver a Deus [...] porque "o que é impossível aos homens é
possível a Deus"» (26).
1723.
A bem-aventurança prometida coloca-nos perante as opções morais decisivas.
Convida-nos a purificar o nosso coração dos seus maus instintos e a procurar o
amor de Deus acima de tudo. E ensina-nos que a verdadeira felicidade não reside
nem na riqueza ou no bem-estar, nem na glória humana ou no poder, nem em
qualquer obra humana, por útil que seja, como as ciências, as técnicas e as
artes, nem em qualquer criatura, mas só em Deus, fonte de todo o bem e de todo
o amor:
«A riqueza á a grande divindade deste tempo: é
a ela que a multidão, toda a massa dos homens, presta instintiva homenagem.
Mede-se a felicidade pela fortuna, como pela fortuna se mede a honorabilidade
[...] Tudo provém desta convicção: com a riqueza, tudo se pode. A riqueza é,
pois, um dos ídolos actuais: outro, é a notoriedade. [...] A notoriedade, o
facto de se ser conhecido e de dar brado no mundo (a que poderia chamar-se fama
de imprensa), acabou por ser considerada como um bem em si mesma, um bem
soberano, objecto, até, de verdadeira veneração» (27).
1724.
O decálogo, o sermão da montanha e a catequese apostólica descrevem-nos os
caminhos que conduzem ao Reino dos céus. Por eles avançamos, passo a passo,
pelos actos de cada dia, amparados pela graça do Espírito Santo. Fecundados
pela Palavra de Cristo, pouco a pouco, damos frutos na Igreja para a glória de
Deus (28).
Resumindo:
1725.
As bem-aventuranças retomam e aperfeiçoam
as promessas de Deus, desde Abraão, ordenando-as para o Reino dos céus.
Correspondem ao desejo de felicidade que Deus colocou no coração do homem.
1726.
As bem-aventuranças ensinam-nos qual o
fim último a que Deus nos chama: o Reino, a visão de Deus, a participação na
natureza divina, a vida eterna, a filiação, o repouso em Deus.
1727.
A bem-aventurança da vida eterna é um dom
gratuito de Deus; é sobrenatural, como a graça que a ela conduz.
1728.
As bem-aventuranças colocam-nos perante
opções decisivas relativamente aos bens terrenos; purificam o nosso coração,
para nos ensinarem a amar a Deus sobre todas as coisas.
1729.
A bem-aventurança do céu determina os
critérios de discernimento no uso dos bens terrenos, em conformidade com a Lei
de Deus.
A LIBERDADE DO HOMEM
1730.
Deus criou o homem racional, conferindo-lhe a dignidade de pessoa dotada de
iniciativa e do domínio dos seus próprios actos. «Deus quis "deixar o
homem entregue à sua própria decisão" (Sir 15, 14), de tal modo que
procure por si mesmo o seu Criador e, aderindo livremente a Ele, chegue à total
e beatífica perfeição» (29):
«O
homem é racional e, por isso, semelhante a Deus, criado livre e senhor dos seus
actos» (30).
I. Liberdade e
responsabilidade
1731.
A liberdade é o poder, radicado na razão e na vontade, de agir ou não agir, de
fazer isto ou aquilo, praticando assim, por si mesmo, acções deliberadas. Pelo
livre arbítrio, cada qual dispõe de si. A liberdade é, no homem, uma força de
crescimento e de maturação na verdade e na bondade. E atinge a sua perfeição
quando está ordenada para Deus, nossa bem-aventurança.
1732.
Enquanto se não fixa definitivamente no seu bem último, que é Deus, a liberdade
implica a possibilidade de escolher entre o bem e o mal, e portanto, de crescer
na perfeição ou de falhar e pecar. É ela que caracteriza os actos propriamente
humanos. Torna-se fonte de louvor ou de censura, de mérito ou de demérito.
1733.
Quanto mais o homem fizer o bem, mais livre se torna. Não há verdadeira
liberdade senão no serviço do bem e da justiça. A opção pela desobediência e
pelo mal é um abuso da liberdade e conduz à escravidão do pecado (31).
1734.
A liberdade torna o homem responsável pelos seus actos, na medida em que são
voluntários. O progresso na virtude, o conhecimento do bem e a ascese aumentam
o domínio da vontade sobre os próprios actos.
1735.
A imputabilidade e responsabilidade dum acto podem ser diminuídas, e até
anuladas, pela ignorância, a inadvertência, a violência, o medo, os hábitos, as
afeições desordenadas e outros factores psíquicos ou sociais.
1736.
Todo o acto directamente querido é imputável ao seu autor.
Assim,
depois do pecado no paraíso, o Senhor pergunta a Adão: «Que fizeste'?» (Gn 3,
13). O mesmo faz a Caim (32). Assim também o profeta Natan ao rei David, após o
adultério com a mulher de Urias e o assassinato deste (33).
Uma
acção pode ser indirectamente voluntária, quando resulta duma negligência
relativa ao que se deveria ter conhecido ou feito, por exemplo, um acidente de
trânsito, provocado por ignorância do código da estrada.
1737.
Um efeito pode ser tolerado, sem ter sido querido pelo agente, por exemplo, o
esgotamento duma mãe à cabeceira do seu filho doente. O efeito mau não é
imputável se não tiver sido querido nem como fim nem como meio do acto, como a
morte sofrida quando se levava socorro a uma pessoa em perigo. Para que o
efeito mau seja imputável, é necessário que seja previsível e que aquele que
age tenha a possibilidade de o evitar como, por exemplo, no caso dum homicídio
cometido por um condutor em estado de embriaguez.
1738.
A liberdade exercita-se nas relações entre seres humanos. Toda a pessoa humana,
criada à imagem de Deus, tem o direito natural de ser reconhecida como ser
livre e responsável. Todos devem a todos este dever do respeito. O direito ao
exercício da liberdade é uma exigência inseparável da dignidade da pessoa
humana, nomeadamente em matéria moral e religiosa (34). Este direito deve ser
civilmente reconhecido e protegido dentro dos limites do bem comum e da ordem
pública (35).
II. A liberdade humana na
economia da salvação
1739.
Liberdade e pecado. A liberdade do homem é finita e falível. E, de facto, o
homem falhou. Livremente, pecou. Rejeitando o projecto divino de amor,
enganou-se a si mesmo; tornou-se escravo do pecado. Esta primeira alienação
gerou uma multidão de outras. A história da humanidade, desde as suas origens,
dá testemunho de desgraças e opressões nascidas do coração do homem, como
consequência de um mau uso da liberdade.
1740.
Ameaças à liberdade. O exercício da liberdade não implica o direito de tudo
dizer e fazer. É falso pretender que «o homem, sujeito da liberdade, se basta a
si mesmo, tendo por fim a satisfação do seu interesse próprio no gozo dos bens
terrenos»(36). Por outro lado, as condições de ordem económica e social,
política e cultural, requeridas para um justo exercício da liberdade, são com
demasiada frequência desprezadas e violadas. Estas situações de cegueira e de
injustiça abalam a vida moral e induzem tanto os fracos como os fortes na
tentação de pecar contra a caridade. Afastando-se da lei moral, o homem atenta
contra a sua própria liberdade, agrilhoa-se a si mesmo, quebra os laços de
fraternidade com os seus semelhantes e rebela-se contra a verdade divina.
1741.
Libertação e salvação. Pela sua cruz gloriosa, Cristo obteve a salvação de
todos os homens. Resgatou-os do pecado, que os retinha numa situação de
escravatura. «Foi para a liberdade que Cristo nos libertou» (Gl 5, 1). N'Ele,
nós comungamos na verdade que nos liberta (37). Foi-nos dado o Espírito Santo
e, como ensina o Apóstolo, «onde está o Espírito, aí está a liberdade» (2 Cor
3, 17). Já desde agora nos gloriamos da «liberdade dos filhos de Deus» (38).
1742.
Liberdade e graça. A graça de Cristo não faz concorrência de modo nenhum, à
nossa liberdade, quando esta corresponde ao sentido da verdade e do bem que
Deus colocou no coração do homem. Pelo contrário, e como o certifica a
experiência cristã sobretudo na oração, quanto mais dóceis formos aos impulsos
da graça, tanto mais crescem a nossa liberdade interior e a nossa segurança nas
provações, como também perante as pressões e constrangimentos do mundo
exterior. Pela acção da graça, o Espírito Santo educa-nos para a liberdade
espiritual, para fazer de nós colaboradores livres da sua obra na Igreja e no
mundo:
«Deus
eterno e misericordioso, afastai de nós toda a adversidade, para que, sem
obstáculos do corpo ou do espírito, possamos livremente cumprir a vossa
vontade» (39).
Resumindo:
1743.
«Deus [...] deixou o homem entregue à sua
própria decisão» (Sir 15, 14), para que ele possa aderir livremente ao seu
Criador e chegar assim à perfeição beatífica (40).
1744.
A liberdade é a capacidade de agir ou não
agir e, assim, de realizar por si mesmo acções deliberadas. Atinge a perfeição
do seu acto, quando está ordenada para Deus, supremo Bem.
1745.
A liberdade caracteriza os actos
propriamente humanos. Torna o ser humano responsável pelos actos de que é autor
voluntário. O seu agir deliberado pertence-lhe como próprio.
1746.
A imputabilidade ou responsabilidade duma
acção pode ser diminuída, ou suprimida, por ignorância, violência, medo e
outros factores psíquicos ou sociais.
1747.
O direito ao exercício da liberdade é uma
exigência inseparável da dignidade do homem, sobretudo em matéria religiosa e
moral. Mas o exercício da liberdade não implica o suposto direito de tudo dizer
ou de tudo fazer.
1748.
«Foi para a liberdade que Cristo nos
libertou» (Gl 5, 1).
__________________
Notas:
16.
Santo Agostinho, De moribus Ecclesiae catholicae 1. 3, 4: CSEL 90, 6 (PL 32,
1312).
17.
Santo Agostinho, Confissões, 10, 20, 29: CCL 27, 170 (PL 32, 791).
18.
São Tomás de Aquino, In Symbolum Apostolarum scilicet «Credo in Deum»,
expositio, c. 15: Opera omnia, v. 27 (Parisiis 1875) p. 228.
19.
Cf. Mt 4, 17.
20.
Cf. 1 Jo 3, 2; 1 Cor 13.
21.
Cf. Mt 25, 21. 23.
22.
Cf. Heb 4, 7-11.
23.
Santo Agostinho, De civitate Dei, 22, 30 CSEL 40/2, 670 (PL 41, 804).
24.
Cf. Jo 17, 3.
25.
Cf. Rm 8, 18.
26.
Santo Ireneu de Lião, Adversus Haereses, 4, 20, 5: SC 100, 638.
27. Johannes Henricus Newman,
Discourses addressed to Mixed Congregations, 5 [Saintliness the Standard of
Christian Principle] (Westminister 1966), p. 89-91.
28.
Cf. parábola do semeador: Mt 13, 3-23.
29.
II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 17: AAS 58 (1966) 1037.
30.
Santo Ireneu de Lião, Adversus Haereses, 4, 4, 3: SC 100, 424 (PG 7, 983).
31. Cf. Rm 6, 17.
32. Cf. Gn 4, 10.
33. Cf. 2 Sm 12, 7-15.
34.
Cf. II Concílio do Vaticano, Decl. Dignitatis humanae, 2: AAS 58 (1966)
930-931.
35.
Cf. II Concílio do Vaticano, Decl.
Dignitatis humanae, 7: AAS 58 (1966) 934-935.
36.
Congregação para a Doutrina da Fé, Instr. Libertatis conscientia, 13: AAS 79
(1987) 559.
37.
Cf. Jo 8, 32.
38.
Cf. Rm 8, 21.
39.
Domingo XXXII do Tempo Comum, Colecta: Missale Romanum, editio typica (Typis
Polyglottis Vaticanis 1970), p.371 [Missal Romano, Gráfica de Coimbra 1992,
426].
40.
Cf. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 17: AAS 58 (1966) 1037.
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