24/02/2013

Resumos da Fé Cristã


A santíssima Trindade 4

3. A nossa vida em Deus

Sendo Deus eterna comunicação de Amor, é compreensível que esse Amor transborde para fora d’Ele na Sua actuação. Toda a actuação de Deus na história é obra conjunta das três Pessoas, dado que se distinguem apenas no interior de Deus. Não obstante, cada uma imprime nas acções divinas “ad extra” a sua característica pessoal 5. Com uma imagem, poder-se-ia dizer que a acção divina é sempre única, como o dom que nós poderíamos receber da parte de uma família amiga, que é fruto de um só acto; mas, para quem conhece as pessoas que formam essa família, é possível reconhecer a mão ou a intervenção de cada uma, pela marca pessoal deixada por elas na prenda única.

Este reconhecimento é possível, porque conhecemos as Pessoas divinas na Sua distinção pessoal mediante as missões, quando Deus Pai enviou juntamente o Filho e o Espírito Santo na história (cf. Jo 3, 16-17 e 14, 26), para que se fizessem presentes entre os homens: «São sobretudo as missões divinas da Encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo que manifestam as propriedades das pessoas divinas» (Catecismo, 258). Eles são como que as duas mãos do Pai 6 que abraçam os homens de todos os tempos, para os levar ao seio do Pai. Se Deus está presente em todos os seres enquanto princípio do que existe, com as missões do Filho e do Espírito fazem-se presentes de uma forma nova 7. A própria Cruz de Cristo manifesta ao homem de todos os tempos o eterno Dom que Deus faz de Si mesmo, revelando na Sua morte a íntima dinâmica do Amor que une as três Pessoas.

Isto significa que o sentido último da realidade, o que todo o homem deseja, o que foi procurado pelos filósofos e pelas religiões de todos os tempos é o mistério do Pai que eternamente gera o Filho no Amor que é o Espírito Santo. Assim, na Trindade encontra-se o modelo original da família humana 8 e a Sua vida íntima é a aspiração verdadeira de todo o amor humano. Deus quer que todos os homens sejam uma só família, ou seja, uma só coisa com Ele próprio, sendo filhos no Filho. Cada pessoa foi criada à imagem e semelhança da Trindade (cf. Gn 1, 27) e está feita para viver em comunhão com os outros homens e, sobretudo, com o Pai Celestial. Aqui se encontra o fundamento último do valor da vida de cada pessoa humana, independentemente das suas capacidades ou das suas riquezas.

giulio maspero

Bibliografia básica:

Catecismo da Igreja Católica, 232-267.
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 44-49.

Leituras recomendadas:

São Josemaria, Homilia «Humildade», em Amigos de Deus, 104-109.
J. Ratzinger, El Dios de los cristianos. Meditaciones, Ed. Sígueme, Salamanca 2005.

(Resumos da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)

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Notas:
5 «Inseparáveis na sua única substância, as Pessoas divinas são também inseparáveis no seu operar: a Trindade tem uma só mesma operação. Mas no único agir divino, cada Pessoa está presente segundo o modo que lhe é próprio na Trindade» (Compêndio, 49).
6 Cf. Santo Ireneu, Adversus Haereses, IV, 20, 1.
7 Cf. São Tomás de Aquino, Summa Theologiae, I, q. 43, a. 1, c. e a. 2, ad. 3.
8 «O “Nós” divino constitui o modelo eterno do “nós” humano; antes de tudo, daquele “nós” que está formado pelo homem e a mulher, criados à imagem e semelhança divina» (João Paulo II, Carta às Famílias, 2-II-1994, 6).

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