A santíssima Trindade 2
1. A revelação de Deus uno e trino 2
Em Cristo, Deus abre e entrega a Sua intimidade, que de per si seria inacessível ao homem apenas por meio das suas forças 2. Esta mesma revelação é um acto de amor, porque o Deus pessoal do Antigo Testamento abre livremente o Seu coração e o Unigénito do Pai sai ao nosso encontro, para Se fazer uma só coisa connosco e levar-nos de regresso ao Pai (cf. Jo 1, 18). Trata-se de algo que a filosofia não podia adivinhar, porque radicalmente apenas pode ser conhecido mediante a fé.
2. Deus na Sua vida íntima
Deus
não só possui uma vida íntima, mas Deus é – identifica-se com – a Sua vida
íntima, uma vida caracterizada por eternas relações vitais de conhecimento e de
amor, que nos levam a expressar o mistério da divindade em termos de
processões.
De
facto, os nomes revelados das três Pessoas divinas exigem que se pense em Deus
como o proceder eterno do Filho do Pai e na mútua relação – também eterna – do
Amor que «procede do Pai» (Jo 15, 26) e «toma do Filho» (Jo 16, 14), que é o
Espírito Santo. A Revelação fala-nos, assim, de duas processões em Deus: a
geração do Verbo (Cf. Jo 17. 6) e a processão do Espírito Santo. Com a
característica peculiar de que ambas são relações imanentes, porque estão em
Deus: mais ainda, são o próprio Deus, enquanto Deus é Pessoal; quando falamos
de processão, pensamos habitualmente em algo que sai de outro e implica mudança
e movimento. Visto que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus Uno e
Trino (cf. Gn 1, 26-27), a melhor analogia com as processões divinas podemos
encontrá-la no espírito humano, onde o conhecimento que temos de nós próprios
não sai para o exterior: o conceito que fazemos de nós é distinto de nós
mesmos, mas não está fora de nós. O mesmo se pode dizer do amor que temos para
connosco. De forma parecida, em Deus o Filho procede do Pai e é Imagem Sua, da
mesma forma como o conceito é imagem da realidade conhecida. Só que esta Imagem
em Deus é tão perfeita que é Deus mesmo, com toda a Sua infinitude, a Sua
eternidade, a Sua omnipotência: o Filho é uma só coisa com o Pai, o próprio
Algo, essa é a única e indivisa natureza divina, embora seja outro Alguém. O
Símbolo de Niceia-Constantinopla exprime-o com a fórmula «Deus de Deus, Luz de
Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro». O facto é que o Pai gera o Filho
dando-Se a Ele, entregando-Lhe a Sua substância e a Sua natureza, não em parte,
como acontece na geração humana, mas perfeita e infinitamente.
giulio maspero
Bibliografia
básica:
Catecismo
da Igreja Católica, 232-267.
Compêndio
do Catecismo da Igreja Católica, 44-49.
Leituras
recomendadas:
São
Josemaria, Homilia «Humildade», em Amigos de Deus, 104-109.
J.
Ratzinger, El Dios de los cristianos. Meditaciones, Ed. Sígueme, Salamanca
2005.
(Resumos
da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)
_______________________
Notas:
2 «Deus deixou alguns traços do seu ser trinitário na
criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser como Trindade Santa
constitui um mistério inacessível à razão humana sozinha e mesmo à fé de
Israel, antes da Encarnação do Filho de Deus e do envio do Espírito Santo. Tal
mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os outros
mistérios» (Compêndio, 45).
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.