2. Como é Deus? 2
Assim se vê que, para entender o sentido propriamente cristão dos atributos divinos, é necessário unir a afirmação de omnipotência com a de bondade e misericórdia. Só quando se entendeu que Deus é omnipotente e eterno, a pessoa se pode abrir à esmagadora verdade de que este mesmo Deus é Amor, vontade de Bem, fonte de toda a Beleza e de todo o dom 9. Por isso os dados oferecidos pela reflexão filosófica são essenciais embora, de algum modo, insuficientes. Seguindo este percurso a partir das características que se percebem como primeiras até às que se podem compreender apenas mediante o encontro pessoal com Deus que se revela, chega-se a entrever como estes atributos são expressos com termos distintos apenas na nossa linguagem, enquanto na realidade de Deus coincidem e se identificam. O Uno é o Verdadeiro e o Verdadeiro identifica-se com o Bem e com o Amor. Com outra imagem, pode dizer-se que a nossa razão limitada actua um pouco como um prisma que decompõe a luz nas diferentes cores, cada uma das quais é um atributo de Deus; mas que em Deus coincidem com o Seu próprio Ser, que é Vida e fonte de toda vida.
3. Como conhecemos a Deus?
Pelo que foi dito, podemos conhecer como é
Deus a partir das Suas obras: só o encontro com o Deus que cria e que salva o
homem pode revelar-nos que o Único é simultaneamente o Amor e a origem de todo
o Bem. Assim Deus é reconhecido não só como intelecto – Logos segundo os gregos
– que outorga racionalidade ao mundo – ao ponto de que alguns o terem
confundido com o mundo, como acontecia na filosofia grega e como volta a
suceder com algumas filosofias modernas – mas que também é reconhecido como
vontade pessoal que cria e que ama. Trata-se, assim, de um Deus vivo; mais
ainda, de um Deus que é a própria Vida. Assim, enquanto Ser vivo dotado de
vontade, vida e liberdade, na Sua infinita perfeição, Deus permanece sempre
incompreensível; ou seja, irreduzível a conceitos humanos.
giulio maspero
Bibliografia básica
Catecismo da Igreja Católica, 199-231;
268-274.
Compêndio do Catecismo da Igreja
Católica, 36-43; 50.
Leituras recomendadas:
São Josemaria, Homilia «Humildade», em
Amigos de Deus, 104-109.
J. Ratzinger, El Dios de los
cristianos. Meditaciones, Ed. Sígueme, Salamanca 2005.
(Resumos da Fé cristã: © 2013,
Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)
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Notas:
9
«Deus revela-Se a Israel como Aquele que tem um amor mais forte do que o pai ou
a mãe pelos seus filhos ou o esposo pela sua esposa. Ele, em Si mesmo, “é amor”
(1 Jo 4, 8.16), que se dá completa e gratuitamente, “que tanto amou o mundo que
lhe deu o seu próprio Filho unigénito, para que o mundo seja salvo por seu
intermédio” (Jo 3, 16-17). Enviando o seu Filho e o Espírito Santo, Deus revela
que Ele próprio é eterna permuta de amor» (Compêndio, 42).
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