1. Quem é Deus? 2
Ao mesmo tempo, é preciso reconhecer que, em abono do que se acaba de assinalar, Deus é pessoa que actua com liberdade e amor. As religiões e a filosofia interrogavam-se sobre o que é Deus; pelo contrário, pela Revelação, o homem é impulsionado a perguntar-se quem é Deus (cf. Compêndio, 37); um Deus que sai ao seu encontro e procura o homem para lhe falar como a um amigo (cf. Ex 33, 11). Tanto é assim que Deus revela a Moisés o Seu nome, «Eu sou aquele que sou» (Ex 3, 14), como prova da sua fidelidade à aliança e de que o acompanhará no deserto, símbolo das tentações da vida. É um nome misterioso 3 que, em todo o caso, nos dá a conhecer as riquezas do seu mistério inefável: só Ele é, desde sempre e para sempre, Aquele que transcende o mundo e a história, mas que também se preocupa com o mundo e conduz a história. Foi Ele que fez o céu e a terra, e os conserva. Ele é o Deus fiel e providente, sempre próximo do Seu povo para o salvar. Ele é o Santo por excelência, “rico em misericórdia” (Ef 2, 4), sempre pronto a perdoar. É o Ser espiritual, transcendente, omnipotente, eterno, pessoal, perfeito. É verdade e amor (cf. Compêndio, 40).
Assim
sendo, a Revelação apresenta-se como uma absoluta novidade, um dom que o homem
recebe do alto e que deve aceitar com reconhecimento agradecido e religioso
obséquio. Portanto, a Revelação não pode ser reduzida a meras expectativas
humanas, vai muito mais além: diante da Palavra de Deus que se revela só pode
ter lugar a adoração e o agradecimento, o homem cai de joelhos diante do
assombro de um Deus que, sendo transcendente, se faz interior intimo meo 4,
mais próximo de mim do que eu próprio e que procura o homem em todas as
situações da sua existência: «O criador do céu e da terra, o Deus único que é
fonte de todo o ser, este único Logos criador, esta Razão criadora, ama
pessoalmente o homem, mais ainda, ama-o apaixonadamente e quer, por sua vez,
ser amado. Por isso, esta Razão criadora, que ao mesmo tempo ama, dá vida a uma
história de amor (...), amor que se manifesta cheio de inesgotável fidelidade e
misericórdia; é um amor que perdoa para além de todo o limite» 5.
giulio maspero
Bibliografia básica
Catecismo da Igreja Católica, 199-231;
268-274.
Compêndio do Catecismo da Igreja
Católica, 36-43; 50.
Leituras recomendadas:
São Josemaria, Homilia «Humildade», em
Amigos de Deus, 104-109.
J. Ratzinger, El Dios de los
cristianos. Meditaciones, Ed. Sígueme, Salamanca 2005.
(Resumos da Fé cristã: © 2013,
Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)
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Notas:
3
«Deus revela-Se a Moisés como o Deus vivo: “o Deus de Abraão, o Deus de Isaac,
o Deus de Jacob” (Ex 3, 6). Ao mesmo Moisés, Deus revela também o seu nome
misterioso: “Eu Sou aquele que Sou (YHWH)”. O nome inefável de Deus, já nos
tempos do Antigo Testamento, foi substituído pela palavra Senhor. Assim, no
Novo Testamento, Jesus, chamado o Senhor, aparece como verdadeiro Deus»
(Compêndio, 38). O nome de Deus admite três possíveis interpretações: 1) Deus
revela que não é possível conhecê-Lo, afastando do homem a tentação de se
aproveitar da sua amizade com Ele como se fazia com as divindades pagãs
mediante as práticas mágicas, e afirmando a Sua própria transcendência; 2) de
acordo com a expressão hebraica utilizada, Deus afirma que estará sempre com
Moisés, porque é fiel e está ao lado de quem confia n’Ele; 3) de acordo com a
tradução grega da Bíblia, Deus manifesta-Se como o próprio Ser (Cf. Compêndio,
39), em harmonia com as intuições da filosofia.
4
Santo Agostinho, Confissões, 3, 6, 11.
5
Bento XVI, Discurso na IV Assembleia Eclesial Nacional Italiana, 19-X-2006.
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