05/02/2013

Carta do Prelado do Opus Dei por ocasião do Ano da Fé. 47


Como o fermento na massa


47. Quando, nalguma ocasião, noteis com especial força o peso do ambiente adverso, no local de trabalho, entre os próprios parentes, no círculo de amigos e conhecidos, pensai com profunda responsabilidade que o Senhor chama os cristãos para ser fermento no meio da massa. O Reino dos céus é comparado ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha e que faz fermentar toda a massa (Mt 13, 33). E S. João Crisóstomo explica: «Como o fermento comunica a sua própria virtude a uma grande massa, assim vós haveis de transformar o mundo inteiro» 86.

Assim atuou e actua Deus na história do mundo. Nas suas mãos está a possibilidade de que todos caiam rendidos a seus pés, porque nenhuma criatura pode resistir ao seu poder; mas então não respeitaria a liberdade que Ele mesmo nos concedeu. Deus não quer vencer pela força, mas convencer pelo amor, contando com a colaboração livre e entusiasta doutras criaturas, sem ignorar que ao Mestre interessam as multidões, as pessoas, os desorientados como ovelhas sem dono. Não quer impor despoticamente a sua Verdade, mas também não fica indiferente ante a ignorância das pessoas ou os desvios morais; e por isso, da boca do bom pai de família que convida para o banquete, brota a indicação: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga todos a entrar, para que se encha a minha casa (Lc 14, 23): compélle intráre!

«Mesmo que, permanecendo no mesmo lugar, Cristo tivesse podido atrair a Si as pessoas para ouvirem a sua pregação, não atuou desse modo; dando-nos exemplo, para que percorramos também nós os caminhos, buscando aqueles que se perdem como o pastor procura a ovelha perdida, como o médico socorre o doente» 87.

Por este trabalho constante produziram-se inúmeras conversões ao longo do caminho que a Igreja foi abrindo no mundo. Raramente surgiram como resultado da ação duma personalidade excecional, ou como resultado duma estratégia pensada até aos menores detalhes. Surgiram como efeito do bom exemplo de homens e mulheres, de famílias inteiras, que com a ajuda da graça praticaram a sua fé com naturalidade e souberam dar com continuidade razão da esperança que neles habitava (cfr. 1 Pd 3 15).

Que grande é a responsabilidade dos cristãos, de cada um de nós! Do nosso comportamento, do zelo pelas almas, dependem tantas tarefas grandes, altamente eficazes e atraentes. Se as pessoas se tornam insípidas, vós podeis devolver-lhes o seu sabor; mas se isso vos acontecer a vós, com a vossa perda arrastaríeis também os outros. Por isso, quanto maiores encargos tendes, mais necessitais de maior fervor e zelo 88.

Copyright © Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei
Nota: Publicação devidamente autorizada

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Notas:
86 S. João Crisóstomo, Homilias sobre o Evangelho de S. Mateus, 46, 2 (PG 58, 478).
87 S. João Crisóstomo, cit. por S. Tomás de Aquino, Suma Teológica, III, q. 40, a. 1 ad 2.
88 S. João Crisóstomo, Homilias sobre o Evangelho de S. Mateus, 15, 7 (PG 57, 231).

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